A importância das Guias ou Fios de Conta na Umbanda
A importância das Guias ou Fios de Conta na Umbanda
O uso de adereços como colares guias, talismãs e pulseiras é tão antigo, que não se tem uma data certa de quando essa prática iniciou. O que pode-se constatar, é que eles sempre tiveram um significado muito amplo por entre as culturas.
Para algumas tribos esses adornos protegiam de ataques de animais, de influências negativas vindas de outros mundos e de inimigos de tribos rivais.
Dentes, unhas, maços de cabelos…
Os primeiros colares não eram confeccionados com miçangas coloridas e polidas como as guias de hoje. Alguns elementos eram bem diferentes.
Crinas e unhas de animais, cabelos humanos, pedaços de ossos eram alguns dos componentes das vovós da guia.
Ainda hoje, algumas guias são confeccionadas com dentes de animais. Já os maços de cabelo humano (pelo menos na maioria) estão dispensados!
Representação atual
Guias e colares na Umbanda é um tema que requer alguns esclarecimentos.
Observamos que os sacerdotes e fiéis usam esse recurso mágico para se proteger do mundo sobrenatural.
Logo, o uso de guias e colares, braceletes, pulseiras, tiaras (proteção à cabeça ou coroa), etc. tem fundamento mágico.
Desde o seu início, fomos instruídos a usá-los pelos nossos Guias espirituais.
Eles os consagram e usam durante os passes magísticos-energéticos dados nos consulentes em dias de trabalho.
Estes “colares” são verdadeiros pára-raios em defesa dos os médiuns.
É um objeto no qual os Guias e Protetores imantam com determinadas forças para servirem de instrumentos em ocasiões precisas.
A Guia é então, uma das muitas ferramentas utilizadas pelo médium que serve como defesa deste que, muitas vezes, se vê obrigado a entrar em contato com energias às quais ele não poderia suportar, daí a explicação para as guias que arrebentam de repente. Por ser de material altamente atrativo, a guia recebe toda a carga negativa que foi direcionada ao médium e arrebenta.
A guia não serve somente como proteção do médium. Esta tem muitas outras utilidades como, por exemplo;
-serve como instrumento de ligação psíquica entre Médium e Espírito,
-serve como instrumento de tratamento,
-serve como material de trabalho das Entidades, atraindo ou emitindo energias e etc.
Como elas são?
As guias são feitas normalmente com miçangas, louça, cristal, contas de rosário, sementes como as popularmente chamadas olho de boi e olho de cabra, búzios, pingentes de aço, coquinho e etc. Algumas pessoas usam o nylon e outras o cordonê para transpassar os adereços. Essa escolha será defina pela própria pessoa ou pela orientação do guia ou sacerdote.
Qual o objetivo?
São condensadores de energia dos guias da lei. Mas o que isso significa? Significa que elas absorvem os acúmulos negativos dos campos eletromagnéticos, protegendo os médiuns contra influências ruins durante o trabalho.
A guia assimila cargas negativas e não deixa que elas atinjam o médium incorporado. Ela também pode ser usada no dia-a-dia como um pára-raio de energias pesadas. Energias estas, das quais ninguém está imune do contato diário (a não ser que você esteja sozinho em um retiro no alto de uma montanha, mas se isso fosse verdade você nem estaria lendo esse artigo).
Confecção
Na Umbanda as guias são confeccionadas após o pedido de alguma entidade ou até mesmo o sacerdote, que irá dar a orientação correta sobre suas características e finalidade – contra quais influências – ela precisa trabalhar.
Pode acontecer também, da pessoa intuir ou sentir a necessidade de montar uma guia. Então ela pode levar isso a espiritualidade buscando sempre a orientação correta.
Cuidados
As guias precisam ser descarregadas, que nada mais é do que purificá-la das energias negativas acumuladas durante os trabalhos. A periodicidade desse rito será a entidade que irá definir e quando isso acontecer o médium precisa realizar os procedimentos de limpeza da guia.
No livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista, Pai Rubens Saraceni dá algumas orientações de uso desse elemento:
Devem ser cuidadas com respeito e carinho
Devem passar por defumação no início do trabalho
Deve ser usada por médiuns mais experientes, bem preparados ou quando pedidas pelas entidades.
Cuidados no Uso das Guias
Existem guias de trabalho, ou seja, aquelas que só podem ser usadas pelo médium enquanto estiver no terreiro; não devendo ser usada fora dele;
Existem as guias de proteção, geralmente são confeccionadas com apenas um volta e esta pode ser usada em qualquer lugar. Ela como o nome já diz, é feita para proteção espiritual do médium onde quer que ele esteja;
E existe ainda a guia ou Brajá usado exclusivamente pela entidade do médium quando está incorporada. O médium não pode usá-la sob nenhuma hipótese. Este elemento é único e exclusivo da entidade.
Na literatura existem outras formas de classificação dos tipos de Guias. A seguir elencarei.
TIPOS DE GUIAS
Existem pelo menos quatro tipos de guias que são utilizadas freqüentemente pelos filhos de fé.
São elas:
•Guia de proteção
•Guia de tratamento
•Guia do Orixá
•Guias das Entidades
Cada guia tem seu formato e cores específicas, como já lemos acima, ela será de acordo com a necessidade a que se destina.
Veja a seguir algumas características das guias mais utilizadas.
GUIA DE PROTEÇÃO
Geralmente, quando um médium entra para a religião e começa a trabalhar numa casa de Umbanda, pede-se para que ele providencie a sua guia de proteção.
Essa guia, não é uma regra, mas geralmente pede-se uma Guia de Oxalá, ou de Sete Linhas, em algumas casas utiliza-se uma guia “incomum”, ou seja, uma guia com cores e formatos diferentes do tradicional, de acordo com as instruções do Mentor da Casa é preparada uma guia “Daquele Centro”.
A guia de Oxalá é de cor branca. Oxalá é o Orixá Maior representado por Jesus.
Essa é a mais usada nos casos de proteção e tratamentos.
Já a guia de Sete Linhas, é aquela que tem sete cores, ou seja, representa os sete Orixás da Umbanda.
É utilizada também para proteção, pois significa que o médium está sob a proteção das Sete Linhas da Umbanda.
GUIA DE TRATAMENTO
Como vimos acima, usa-se muito a guia branca, pois ela tem, “também”, um efeito psicológico no tratamento.
Quando uma pessoa vai passar por um tratamento utilizando essa guia, é dito ao paciente que é uma guia devidamente cruzada para aquele tratamento, e que essa guia branca é a guia que representa a força ou vibração de Jesus, Oxalá na Umbanda.
Dito isso, a pessoa acaba tendo sua fé aumentada, só por ter dito que é de Jesus; e com isso se obtém melhores resultados no tratamento, não que outras guias não sirvam, mas a parte psicológica conta e muito.
Existem casos em que a entidade lhe empresta ou te dá a guia Dele. Nestes casos, quando você for presenteado com uma, não precisa repor; mas, quando for solicitada a sua reposição, não se esqueça de faze-la, existe aí uma grande ligação entre paciente e entidade.
Não precisa pressa, não; mas a devolução é um meio pelo qual a Entidade tem a certeza de que você ao menos tem interesse pelo "teu caso" e respeita o que o Caboclo ou Preto-Velho falou.
GUIA DO ORIXÁ
É a guia que está ligada à faixa vibratória do médium e também é a guia que representa a linhagem das entidades que trabalham com esse médium.
A guia do Orixá é feita na cor relacionada ao Orixá, geralmente de uma cor só, apesar de existirem centros que trabalham com Orixás cruzados. Nesses casos as guias são de duas ou mais cores.
Por exemplo, um Filho de Ogum, usa uma guia vermelha e um Filho de Oxossi usa uma guia verde.
Ogum (guerreiro) tem sua vibração nos campos abertos, já Oxossi (caçador) tem sua vibração nas matas, então não sei como pode existir esse cruzamento de vibrações e Orixás, mas existe...
GUIAS DAS ENTIDADES
São aquelas guias que não tem um padrão, ou seja, cada entidade pede sua guia de trabalho de acordo com suas necessidades. Por isso é que temos tantos modelos de guias tão diferentes umas das outras; temos guias feitas com contas (bolinhas) coloridas e intercaladas com outros materiais, como dentes, olho de cabra, coquinhos e etc.
As guias das entidades devem ser feitas exatamente como elas pediram, pois tem grandes significados para elas que nós nem sequer imaginamos, é como um ponto riscado, cheio de mistérios. Algumas dão até para adivinhar, por exemplo, uma guia toda verde com sete flechas intercaladas e com o fechamento vermelho.
Bem, vamos lá... A cor verde quer dizer que é um Caboclo (jamais vi um Preto-Velho ou um Exu com uma guia verde), as sete flechas poderia indicar o nome desse Caboclo e o fechamento vermelho pode estar indicando a linha que a entidade trabalha, nesse caso linha de Ogum. Então teríamos aí o Caboclo Sete Flechas de Ogum.
Isso foi só um exemplo, bem fácil por sinal. Existem muitas outras guias que são indecifráveis para nós.
CORES DAS GUIAS
Existem cinco tipos de guias que tem cores e formato “padrão”.
•Branco e Verde - Caboclo
•Branco e Preto - Preto Velho
•Azul e Rosa - Crianças
•Vermelho e Preto - Exu
•Branco, Vermelho, Azul, Verde, Amarelo, Marrom e Roxo - 7 Linhas (Orixás)
O uso físico das Guias
As guias são geralmente usadas no pescoço, porém em alguns casos pode-se notar que alguns médiuns as usam atravessadas no peito, outros na mão e etc.
Isso ocorre por vários motivos.
Vejamos alguns:
•As guias usadas no pescoço servem como um elo de ligação entre seu Orixá (faixa vibratória) e a entidade atuante naquele momento.
Usa-se a guia no pescoço para dar mais intensidade no lado mental do médium, melhorando a comunicação ou transmissão daquilo que a entidade pretende passar ou até mesmo ajudando na ligação do médium ao espírito na hora da incorporação das entidades, onde o médium precisa elevar a sua faixa vibratória e a entidade descer a sua para que ocorra a comunicação.
•Quando um médium utiliza a guia atravessada no peito, geralmente do lado direito para o esquerdo, é por causa do coração (estado emocional).
A entidade percebe que seu filho está ou tem algum problema ou desvio emocional que poderia influenciar no trabalho, geralmente corações endurecidos, então a guia será imantada para agir na parte emocional do médium.
Utiliza-se a guia atravessada também em tratamentos de certas partes do corpo, mas somente quando for ordenado que seja dessa forma, caso contrário a guia deve ser colocada no pescoço normalmente.
•Guias nas mãos ou enroladas no pulso, somente quando o médium está incorporado. Nesse caso, a entidade utiliza a guia para dar passes.
Quando a entidade enrola sua guia na mão, às vezes nas mãos do consulente, ela está direcionando energias.
Uma guia enrolada na mão da entidade serve como um condutor de energia que será emitida àquela pessoa, quando enrolada nas mãos do consulente, pode ser que a entidade esteja retirando energias negativas daquela pessoa.
Lembre-se que nem todas entidades trabalham dessa forma, cada um com seu jeito de trabalhar. Muitas entidades, ao invés de usar a guia para retirar ou emitir energias, preferem trabalhar com seu charuto ou cachimbo.
•Existem entidades que colocam suas guias no chão e pedem para que o consulente entre dentro daquele círculo na hora que forem passar pelo passe.
Esse círculo forma um campo magnético, onde a entidade vai trabalhar as diversas energias que está sendo trazida pelo consulente.
Existem entidades que não colocam sua guia, mas fazem um círculo riscado no chão, e trabalham da mesma maneira.
•Algumas entidades usam suas guias no pescoço do consulente na hora do passe, outras usam as guias para formar um círculo no ponto riscado e etc.
Muito bem, aí foram algumas formas que as guias são usadas nos trabalhos. Podem existir muitas outras maneiras diferentes de se usar uma guia, mas tudo deve ser feito com orientação.
Uma guia cruzada, usada sem orientação ou de forma errada, pode causar problemas a quem as utiliza
Saravá!!!