quinta-feira, 24 de março de 2022

OS DESPACHOS Ciência e Métodos

 

 OS DESPACHOS
Ciência e Métodos


Nenhuma descrição de foto disponível.Os despachos se consistem de elementos variados que possuem propriedades a serem volatizadas, em benefício ou detrimento de outrem. Na Linha Negra os despachos, geralmente, são presentes, pagas ofertadas a entidades mórbidas que os aceitam em troca de um favor, sempre com o fito de embarafustar e tolher a vida do encomendado. Revelam sua baixeza ao solicitarem ou mesmo receberem de bom grado comedorias funestas e objetos vis. Decerto não as come, pois não lhes é possível, no entanto, extraem as propriedades volatizadas desses elementos de modo a terem a sensação de que comeram, beberam, etc.
Os despachos da Linha Negra exercem sua influência de quatro modos distintos. Primeiro, pela ação pessoal e individual dum feiticeiro, sem o auxílio de espíritos. Nessa hipótese, o despacho é a conjugação dos elementos necessários para que se estabeleça uma ligação fluídica com a vítima, exercendo-lhe terríveis sugestões telepáticas, à distância, enfermando-a psiquicamente de diversos modos. Nesta categoria entram-se as simpatias e antipatias de fins
calamitosos, pois sabem eles como confeccionar pós, líquidos, trouxinhas, agulhas, etc., que para funcionarem dependem unicamente de dois fatores, as ligações simpáticas e antipáticas corretas e o exercício de concentração. Deixam esses despachos nas ruas, portas das casas, caminhos, locais de trabalho, sapatos, enfim, daquele que se quer maleficiar.
O segundo modo está em que há a ação do feiticeiro por meio dos elementos volatizados pelo despacho, como na hipótese supracitada, porém conjugado com o auxílio de entidades sinistras que obsedam a vítima causando-lhe tormentos ásperos, enfermando-a de vários modos, levando-a da melancolia à loucura, ao suplício do suicídio, e até mesmo, a morte. Neste caso o despacho em geral será uma paga a essas entidades propiciadoras dos aziagos sofridos pela pessoa encomendada. Porém trabalham também com outro tipo de entidades as quais chamam eles de “Eguns”, que são almas, espíritos quase que inconscientes de seus estados,
que ignoram a sua morte, e permanecem em total desentendimento conquanto a sua situação, rondando o campo santo, ouvindo as preces e recebendo de quando em quando, uma luz no cruzeiro. Fazem parte do Povo do Cemitério. São espíritos infelizes, outros são rebeldes, pois
não aceitam o seu desprendimento do corpo que ali jaz. Fazem, então esses feiticeiros da Linha Negra, e muitos, africanistas, ritos nos cemitérios com despachos com o fito de atraírem a atenção desses espíritos a fim de lhes usar. Junto despacham a Exús que lhes são afins, com faustosas comedorias, para que arrastem esses espíritos ao seu comando. Quando o conseguem procedem de duas maneiras. Ou lhes amarra ao corpo de um sapo ritualizado, ou por meio de contínuos despachos lhes faz acreditar que continuam encarnados podendo retomar o corpo que lhes pertencera. Dirigem-se a casa da vítima, e lá incidem terra do
cemitério com outras cousas, e incumbe esse espírito atormentado de ir a esse ponto de atração a fim de reaver seu corpo. Com isso, acostam-se a pessoa numa desesperada tentativa de roubar-lhe o corpo físico, produzindo abalos profundíssimos com moléstias psíquicas e físicas, pois trazem consigo todas as vibrações, as propriedades volatizadas dos corpos em decomposição do cemitério que habitava. E nas situações mais graves chegam a sucumbir a vítima arrastando-a para o cemitério em busca de sua tumba. Há uma passagem do Evangelho, na qual Jesus liberta um obsedado deste tipo, que buscava agrilhoado, viver entre as tumbas de Cafarnaum.
O terceiro modo que a Linha Negra age com seus diabólicos despachos está em refletir propriedades de corpos naturais, incidindo-os ordinariamente em bonecos, fotos, múmias
(Sangue, cabelos, sêmen, unhas etc.) da vítima, que são afligidos das maneiras mais cruéis. Mergulham sua efígie em água fria, e instantaneamente, o enfeitiçado ressente de calafrios angustiantes. Aproximam-na do fogo, refletindo o calor por meio do boneco, e a vítima ressente dessa propriedade como uma febre sem melhora. E muitos outros são os feitos. Nesse modo de despachar, o feiticeiro cria uma ligação fluídica entre o boneco, foto, efígie, etc., com
a pessoa em questão, e é por meio desse cordão fluídico que quando vibrado pelas propriedades naturais dos corpos, faz ressentir quem está no outro lado. Fazem-no comumente
sem o concurso de espíritos.
A quarta maneira que procedem na Linha Negra, é quando exercem uma força combinada das três formas de despacho supracitado.
A Linha Branca anula e neutraliza esses despachos por métodos correspondentes. No primeiro caso, quando se trata da atuação individual e pessoal de um feiticeiro, desvia-se o seu pensamento, deixando-o perder-se no espaço, para dar-lhe a impressão de sua fraqueza e evitar o choque de retorno, que lhe demonstraria que o seu esforço foi contrariado,
estimulando-o a recomeçá-lo. Fornecendo um contra-despacho necessário a anular as ligações simpáticas e antipáticas forjadas com as propriedades naturais dos pós, trouxinhas, etc., que porventura, foram aligadas à vítima.
No segundo caso, quando o feiticeiro age em conjunto com entidades nefandas tais como Exús ou mesmo, os espíritos perturbados do Povo do Cemitério, se faz comum propiciar a esses espíritos um despacho igual ao que as lançou à prática do mal, com o fito delas se afastarem do maleficiado. Noutras vezes, faz-se a sua atração às Sessões na tentativa de convencê-las a abandonar o mal. Quando muito, auxilia-se a despertar esses espíritos de outras maneiras.
Ficando aos encargos dos formadores da Linha de Santo, seduzir, mais tarde, essas entidades para a prática do bem. Quando não se submetem a doutrina, e procuram até mesmo, atacar a Tenda ou um dos seus protegidos, devem então energicamente ser amarradas no espaço, conduzindo-se ao lugar donde Xangô determinar para a sua regeneração e para que, não volte à prática do mal. E frequentemente, nestes casos, fazem-se despachos aos Guias e Protetores da Linha Branca, os que são mais afins a pessoa vitimada para que com ele, possam ser atraídos e utilizem as propriedades dos elementos dispostos em sua intenção no objetivo de auxiliarem no restabelecimento físico e mental da pessoa.
No terceiro modo, buscam tomar conhecimento do que fora utilizado para o envultamento, cortando a ligação fluídica existente entre as efígies, bonecos, etc., e a vítima, libertando-a das mãos do feiticeiro. Propiciando um contra-despacho necessário a volatização das propriedades dos corpos utilizados na Magia.
Na quarta maneira, devem-se conjugar todas as disposições que foram citadas.
E em muitos dos casos supracitados, deve-se despachar para uma das Sete Linhas Brancas, ou mais, e até mesmo a todas, para que conjuguem as forças materiais necessárias a
neutralização dos despachos da banda negra.
Os despachos, por sua vez, na Linha Branca de Umbanda são sempre benéficos, com fundo caritativo e sublime. No Espiritismo de Linha, os despachos, são designados para quatro funções. A primeira é para atrair o auxílio dos labutadores incansáveis das falanges do espaço
que formam as Sete Linhas Brancas, constando-se de elementos tais como velas, flores e bebidas. Na segunda hipótese, são ações de graças por favores recebidos constituídos de comedorias próprias a natureza do Protetor ou da falange, flores, velas, fitas, bebidas, afins, fumos, etc. Na terceira, são elementos que possuem as propriedades voláteis necessárias para que um Protetor, falange, ou mesmo uma Linha, atue em algum caso, sendo necessária uma base material para desencadear fenômenos. E em quarto lugar, fornece-se por esse meio os contra-despachos necessários à neutralização daqueles que são laborados pela Linha Negra.
A Linha Branca despacha nos locais naturais que são de
competência e diligência das faculdades e poderes das falanges. Os de Euxoce e Ogum são arriados nas matas. Os de Xangô e Iansã nas pedreiras. Os de Amanjar e Axum são arriados à beira de rios, cachoeiras e mares. Os de Oxalá e de São Cosme e São Damião que se dirigem como padroeiros e chefes dos espíritos que desencarnaram ainda crianças, nos gramados dos jardins e prados floridos. Os dos Exús e demais espíritos formadores das falanges da Linha de Santo (Almas) despacha-se nas Encruzilhadas, Cemitérios, lodeiros, e onde se lhes solicite, porventura, mas de um geral nas próprias esquinas, onde emergem os gases fluídicos densos, por conta do rastro anímico deixado pelas pessoas ao transitarem.

Fonte: Cartilha Teórica aos humildes e infatigáveis labutadores da Linha Branca de Umbanda e Demanda, escrito por Felipe D. Hlibka.