Sinopse: a meditação sobre o anāhata cakra facilita o controle sobre o prāṇa, o elemento vāyu (ar) e os indriyas (sentidos e órgãos de ação).
Sinopse: a meditação sobre o anāhata cakra facilita o controle sobre o prāṇa, o elemento vāyu (ar) e os indriyas (sentidos e órgãos de ação). A meditação inclui kaya sthairyam, ākāśa prāṇāyāma, bīja mantra e visualização.
Tempo: 35 a 50 minutos
॥ हरिः ॐ ॥
Sente numa posição de meditação com as costas eretas e as mãos em cinmudrá. Mantenha os olhos fechados. Inspire profundamente e vocalize o mantra Om durante sete fôlegos: Om, Om, Om, Om, Om, Om, Om. Permaneça consciente do corpo. Construa uma imagem mental do corpo. Ou sinta seu corpo. Ou as duas. Como você quiser.
Permaneça consciente do corpo inteiro. Tome consciência da sua espinha dorsal, que está perfeitamente ereta, sustentando o pescoço e a cabeça. Tome consciência da posição equilibrada dos braços e pernas. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, dos pés à cabeça.
Imagine-se como se estivesse crescendo a partir do chão, como se fosse uma árvore. Suas pernas são as raízes da árvore. O resto do corpo é o tronco. Vivencie isto com intensidade. Você está crescendo a partir do chão, fixando-se no chão. Absolutamente estável. Absolutamente imóvel.
Como se fosse uma árvore enorme e forte. Perceba-se, vivencie-se crescendo a partir do chão. Fixando-se no chão. Unindo-se com o chão. Não há diferença entre o corpo e o chão. Você está absolutamente estável. Absolutamente imóvel. Consciência intensa.
Concientize-se das partes do corpo, começando pela cabeça. Visualize a sua cabeça e mantenha consciência total nela. Faça o mesmo com o pescoço. Visualize o seu pescoço e mantenha consciência total nele. Faça o mesmo com o ombro direito. Com o ombro esquerdo. Com o braço direito. Com o braço esquerdo. Com a mão direita. Com a mão esquerda.
Permaneça consciente das costas inteiras. Do peito. Do abdômen. Do glúteo direito. Do glúteo esquerdo. Mantenha-se consciente da perna direita. Da perna esquerda. Do pé direito. Do pé esquerdo. E depois, do corpo inteiro. O corpo inteiro de uma só vez. Consciência total no seu corpo inteiro. O corpo inteiro, como uma unidade.
Agora visualize o exterior do corpo. Como se você estivesse se vendo num espelho. Veja seu corpo na posição de meditação. Pela frente. Pelo lado direito. Pelo lado esquerdo. Por trás. Por cima. E depois, de todos os lados ao mesmo tempo.
Consciência total no seu corpo inteiro. Seu corpo inteiro, como uma unidade. Tome consciência das sensações físicas que o seu corpo experimenta. Consciência total em todas as sensações físicas. Permita que estas sensações se transformem num foco para o seu pensamento. Consciência total.
Faça um saṅkalpa: tome a resolução de permanecer absolutamente estável e imóvel durante toda a prática. Repita mentalmente: ‘durante toda a prática fico absolutamente estável, absolutamente imóvel. Absolutamente estável e imóvel’. Fique atento aos sinais de desconforto do corpo.
Consciência total em todos os sinais de desconforto: dor, coceira, formigamento, necessidade de deglutir saliva, o que for. E permaneça absolutamente firme e imóvel. Quando você se prepara para permanecer atento e evitar todo e qualquer movimento, o corpo permanece imóvel e rígido como uma estátua. E você percebe uma sensação de levitação astral.
Se houver algum movimento inconsciente, tome consciência desse movimento. Torne-o consciente. Consciência total no corpo e na estabilidade. Consciência total no corpo e na imobilidade. Seu corpo está totalmente estável e imóvel. Absolutamente firme e descontraído. Esta é a forma da sua consciência agora.
Você está preparado para manter esse estado. Sinta seu corpo ficando mais e mais rígido. Mais e mais firme. Tão rígido e firme que, depois de algum tempo, você não consegue mais se mexer. Consciência total no corpo e na rigidez. Consciência total no corpo e na firmeza. Seu corpo está absolutamente firme.
Firme, porém, perfeitamente descontraído e relaxado. Absolutamente imóvel. Consciência intensa. Ao manter a consciência centrada, você sente o seu corpo ficar cada vez mais leve, cada vez mais sutil. Tão leve e sutil, que a consciência do corpo se esvai. A consciência do corpo se esvai.
Este é o momento para transferir a atenção para o ritmo natural da sua respiração. Consciência total no ritmo natural da sua respiração, mantendo-a tão silenciosa quanto for possível. Agora coloque a consciência no limite exterior das narinas, no ponto que define se o ar está dentro ou fora delas. Dentro ou fora do seu organismo. Consciência total.
Leve a consciência para além do limite das narinas. Observe o movimento de entrada e saída do ar. Ao exalar, o ar de fora é deslocado pelo ar que sai das narinas. Ao inalar, o ar nos pulmões é comprimido pelo ar novo que entra.
Consciência total no processo respiratório, mantendo a respiração tão silenciosa quanto for possível. Torne a respiração mais sutil. Prolongue aos poucos a duração da inspiração e da expiração. Não force nada. Respiração leve e sutil.
A sua respiração fica tão sutil que ao inspirar, não há compressão do ar dentro dos pulmões, e ao exalar, não há deslocamento do ar de fora. A sua respiração está absolutamente silenciosa. Aqui você experiencia ākaśa, o princípio do espaço.
O Anāhata
anahata
Coloque a atenção no anāhata cakra, no centro do peito. Consciência total no anāhata. Ao mesmo tempo, faça mentalmente o bíja mantra Yam. Repita este mantra de maneira contínua e rítmica, associando o ritmo com a respiração: Yam, Yam, Yam, Yam, Yam.
Este bīja facilita o controle sobre o prána e a respiração. Faça japa mentalmente, criando uma textura sonora constante e uniforme. Sinta a vibração do mantra ressoando no cakra.
Para revelar seu poder, o bīja mantra precisa fazer-se junto com visualizações. Se não for assim, a repetição será inútil. Consciência contínua e intensa no anāhata cakra.
Associe agora ao bīja mantra a imagem de dois triângulos superpostos de cor cinza escuro, símbolo de ākaśa, o elemento ar. Este símbolo fica sobre um lótus vermelho escuro de doze pétalas. Visualize o bíja mantra Yam na cor dourada, pulsando sobre o hexagrama.
[Atenção: nas primeiras práticas, se você for iniciante ou tiver dificuldades para visualizar claramente, omita esta parte da meditação e passe diretamente à visualização do redemoinho de luz.]
Dentro do círculo de doze pétalas há outro chakra menor, com oito pétalas rosadas. Esse é o Ānanda Kaṇḍa, coração do corpo sutil. O veículo do anāhata cakra é o antílope negro, que simboliza o coração: pureza, consciência e sensibilidade são seus atributos. Sobre o anāhata, do lado direito, está Īśāna Rudra Śiva.
Sua pele é de cor azul e veste uma pele de tigre, símbolo da vitória do yogi sobre a mente e os sentidos. As serpentes, enroscadas ao redor dos braços e tronco, representam o domínio sobre as latências subconscientes.
O Ganges sagrado flui dos seus cabelos. Com a mão esquerda ele sustenta o dhamaru, tambor em forma de ampulheta, com que marca o ritmo de dissolução do Universo. Com a mão direita segura um tridente.
Do lado de Īśāna Rudra Śiva está Kakiṇī, a shaktí do cakra. Ela tem uma cabeça e quatro braços. Sua pele é cor de rosa. Veste um sari vermelho. Seus olhos são vermelhos. Com a mão superior esquerda segura um tridente. Na outra mão esquerda tem uma caveira. Na mão inferior direita, um escudo. Na outra, uma espada.
Este cakra contém o bāna liṅgam, o liṅgam da flecha, que brilha com luz dourada. A força dele age como o guia interno, pois qualquer mudança no ritmo cardíaco é sinal de que houve uma alteração na prática. Fique atento. Ouça o pulsar do seu coração.
No liṇgam aparece Sadaśiva, que representa a Consciência plena, o Om eterno. Sua pele é azul: ele está em pé, com um tridente na mão esquerda e o tambor dhamaru na outra, com o que mantém a pulsação do coração. Veste uma pele de tigre. Sob o liṅgam, dentro de um triângulo, aparece Kuṇḍalinī Śakti.
O vértice deste triângulo aponta para cima, e representa o movimento ascendente da energia. A forma de kuṇḍalinī não é mais a da serpente enroscada, mas a de uma deusa resplandecente, sentada na posição do lótus e vestindo um sari branco. Ela simboliza o som anáhata, o som do coração.
Consciência total na representação d
o anáhata chakra. Se em algum momento você perder a imagem, construa tudo de novo: respiração lenta e consciente, repetição mental do bíja mantra Yam, o hexagrama cinza, símbolo do elemento ar, as doze pétalas vermelhas, o cakra menor, com oito pétalas, o bīja mantra pulsando sobre o yantra, o antílope, Īśāna Rudra Śiva, Kakiṇī Śakti, o bāna liṅgam, Sadaśiva, e Kuṇḍalinī Śaktī dentro do triângulo.
Agora visualize que o anāhata se transforma num lótus vermelho escuro com o centro cinza. Aos poucos, esse lótus começa a girar. Um vórtice de energia girando vertiginosamente.
Observe o sentido do giro. Mergulhe nesse redemoinho. Sinta a vibração da energia primal pulsando através de você. Consciência intensa e contínua.
Nesse momento, a imagem do lótus desaparece. Conclua a meditação. Mantenha os olhos fechados. Fique atento ao momento presente, aos seus sentimentos, ao efeito da prática, ao lugar onde você está. Então, movimente-se devagar. Abra os olhos. A prática da meditação está completa. Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ.
॥ हरिः ॐ ॥
Atenção.
Estas práticas de meditação sobre o anāhata e os demais cakras são apresentadas aqui a título de registro e para fins de estudo e referência. Elas não têm a intenção (nem a capacidade) de substituir a presença do professor na sala de aulas.
Não aconselhamos que você pratique isto sozinho em casa, se não tiver experiência prévia nesse tipo de meditação.
Recomendamos calorosamente que as aprenda, assim como todas as demais técnicas de Haṭha Yoga, pessoalmente, na presença de um professor qualificado.