O ancião ia rumo a sua cidade,
Pé ante pé em seus passos lentos
Caminhando na estrada,
Então um jovem se aproximou correndo
E até meio esbaforido,
Era um mensageiro que
Fez logo a saudação e desatou a falar:
O ancião ia rumo a sua cidade,
Pé ante pé em seus passos lentosCaminhando na estrada,
Então um jovem se aproximou correndo
E até meio esbaforido,
Era um mensageiro que
Fez logo a saudação e desatou a falar:
— Babá Oxala! Tenho notícias das terras de Oyó! Xango foi coroado Rei!
Oxalá muito se espantou,
Ele conhecia Xango e sabia
Que ele não era herdeiro
Pois não era o filho mais velhos
Do antigo Rei,
E em sua surpresa decidiu
Enviar a Xango um presente
Como sinal de felicitação,
Levou o mensageiro até Ifé
E lá escolheu em estábulo o cavalo
Mais bonito, um cavalo branco
De porte nobre
E o mensageiro levou o alazão
Para ser presenteado a Xango.
O tempo passou e Oxalá
Foi convidado a ir até Oyó
Para uma grande celebração,
E a presença dele era muito importante
Pois Oxalá era a pessoa mais respeitada
De sua época.
Então foi,
Porém ele mesmo já sendo idoso
Gostava muito de caminhar,
E foi andando devagarzinho
Apoiado em seu Opaxorô
Gostando de estar indo
pelas trilhas dentro das florestas
Onde tudo era verde e bonito.
Caminhou muito
Até que avistou ao longe
A grande e majestosa cidade de Oyó.
Quando chegou aos portões
Viu o cavalo Branco pastando sozinho
Do lado de fora,
Imaginou então que o bicho
Havia fugido e por isso
Apanhou a corda que estava
No pescoço e o guiou
O cavalo de volta para
A cidade.
Quando Oxalá estava chegando no Palácio
Dois guardas o abordaram,
Eles estavam furiosos,
Tomaram a corda das mãos
De Oxalá e imediatamente
Passaram a agredir o ancião.
— Velho vagabundo! Ladrão! Achou que ir roubar o cavalo do Rei e sair impune? — Disse um deles.
Oxalá tentou se defender
Mas eles não ouviram nenhuma
Das palavras que ele dizia,
E nem respeitaram sua idade,
Bateram nele, quebraram seu Opaxorô
e o arrastaram
Ate uma cela imunda na prisão da cidade.
Sete anos se passaram
E o Rei Xango em seu trono
Estava preocupado com duas coisas,
A primeira era que o reino
Havia caído em desgraça,
Havia fome, seca e tudo que
Era em prol do sucesso falhava,
A segunda era que o velho Oxalá
Estava desaparecido já
A muito tempo a ninguém sabia
De seu paradeiro.
De tão aflito
Xango pediu que Orunmilá
Fosse até Oyó e descobrisse
Através dos búzios o motivo
De toda aquela desgraça.
Orunmilá foi até o Palácio
E diante do trono de Xango
Os búzios revelaram
E Orunmilá disse:
— Rei Xango o motivo de todo o malefício é um só, há uma terrível injustiça acontecendo dentro desta cidade, há um homem sendo punido por um crime que não cometeu.
Xango imediatamente
Se levantou do trono,
Saiu do Palácio e correu até a prisão.
Os guardas ficaram espantados,
O rei nunca ia até lá,
Então o Xango começou a percorrer
Cela por cela e perguntar
Quem era o prisioneiro que a ocupava
E que crime havia cometido.
Cada pessoa ali confinada
Era realmente criminosa,
Mas Xango chegou a última cela,
A mais escura no fundo da cadeia.
Ele olhou para dentro e viu
Um velho encurvado sentado no chão
Sujo e desnutrido e que
Se mantinha na parte mais escura da cela.
— Guarda quem é este homem e o que ele fez para estar aqui? — Xango perguntou.
— Não sabemos quem é, mas está aqui por ter tentado roubar o seu cavalo Branco majestade.
— Eu não roubei nada. — O velho falou com a voz fraca.
— Então conte o que aconteceu. — Xango pediu.
— Eu recebi um convite para vir a uma festa, quando cheguei na cidade encontrei o cavalo solto do lado de fora, o reconheci como o cavalo do Rei e apanhei sua rédea para trazer para o Palácio, mas os guardas pensaram que eu tinha roubado e me jogaram aqui. Nunca fui julgado, nunca me ouviram, apenas fui esquecido na escuridão.
Xango ouviu a história
— Mas me diga uma coisa, se você não é da cidade, se veio de fora como disse, como sabia que o cavalo era meu?
O velho se ergueu e se aproximou da entrada da cela
Onde havia luz,
Então disse:
— Porque eu é quem lhe dei o cavalo.
Xango ouviu aquilo e então
Finalmente viu o rosto do velho
E ficou chocado, não podia crer
No que seus olhos viam,
Ele estava diante de Oxalá,
Oxalá estava confinado ali
Por todos aqueles anos
E Xango nunca soube.
Ele tentou se explicar,
Disse inumeras vezes que não
Tinha conhecimento sobre aquilo
E pediu perdão
E Oxalá por fim disse
— Eu o perdoo, mas perdoar não é esquecer. Eu não me esquecerei disto e tu também não se esqueça para que nunca mais algo assim venha a acontecer de baixo do teu nariz.
Oxala então saiu da cela
E sofregamente caminhou para fora
Rumo a saída da cidade.
Xango foi atras e ofereceu ele
Cavalos para poder partir
Mas Oxala não deu ouvidos
E foi andando.
Quando chegou nos portões da cidade
Um homenzarrão apareceu,
E com um tranco ligeiro
Tirou Oxalá do chão
E o colocou sobre suas costas.
— Ayrá! O que está fazendo?
— O senhor é mais velho que eu e fui ensinado a respeitar quem veio antes. Diga para onde e eu vou.
Oxalá ficou muito comovido
Pois ele não precisou pedir nada,
Ayrá viu e tomou a atitude imediatamente,
Quis ajudar sem falar nada.
Oxalá conhecia Ayrá,
Um orixá dos raios como Xango
Mas que era mais brando e consciente
E que sempre o havia tratado com respeito.
Então apenas deu o destino:
— Quero ir para Ejigbo, casa do meu filho, lá eu sei que estarei seguro.
Rapidamente as pernas musculosas
Do grande Ayrá começaram a correr,
Oxala se segurou com força
Enquanto era levado nas costas.
Em pouco tempo
Oxalá avistou a casa de seu filho Oxaguian.
Ayrá desceu o velho de suas costas,
E então Oxalá agradeceu.
— Fico grato por essa ajuda e por conta dela a partir de hoje você, Ayrá rei da cidade de Itilé será meu amigo. Ayra Intilé, a você concedo as chaves da minha casa.
— Sempre que precisar de mim, me chame e eu virei.
Oxalá entrou no Palácio de Oxaguian
E seu filho logo veio correndo,
Muito emocionado pois
Havia procurado por Oxalá
Por todo aquele tempo.
Após Oxalá contar onde estava,
Oxaguian Perguntou
— Mas se o senhor saiu de Oyó hoje, como chegou aqui tão rapido?
Oxala olhou para fora do Palácio
E viu ao longe na estrada um ponto Branco
Correndo em Grande velocidade,
E quando voltou a atenção para o filho
Respondeu:
— Tive a ajuda de um bom amigo.
Ayrá Lê!
Eepa Babá Oxalá!
Até os dias de hoje nos terreiros de Candomblé
Quando Ayrá encontra seu amigo Oxalá
ele o carrega nas costas
Para relembrar este dia.
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Espero que tenham gostado!
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Muito obrigado!