INFÂNCIA – O INICIO DE UMA REENCARNAÇÃO – PARTE 2
Esta é a segunda parte do estudo de uma preparação e reencarnação na infância, como funciona o processo de reencarnação de um espírito e os primeiros 7 anos de vida física.
Para isto, estamos nos baseando no Livro Missionários da Luz através do ensino do Espírito André Luiz e psicografia de Francisco Cândido Xavier.
No artigo anterior apresentamos a preparação para as novas experiências na Terra.
Neste artigo vamos falar sobre a reencarnação de Segismundo. O capítulo é extenso e rico em ensinamentos, pois, pela primeira vez, o plano espiritual nos faz revelações sobre como se dá, na prática, o processo reencarnatório.
(VEJA AQUI A PARTE 1 DESTE ESTUDO)
Algumas perguntas serão respondidas durante o relato de André Luiz, como por exemplo:
1) A reencarnação pode atender a vários tipos de necessidade. No caso de Segismundo, qual delas podemos identificar?
2) O estado mental dos futuros pais e o seu nível evolutivo exercem alguma influência no processo reencarnatório?
3) Qual deve ser o papel do sexo na vida do espírito encarnado?
4) Qual a importância do perispírito na reencarnação? Como ele influi na formação do futuro corpo material?
5) O espírito reencarnante participa sempre do ato reencarnatório?
6) O que acontece ao espírito no momento de sua ligação material à mãe?
7) O corpo físico do reencarnante é resultado das condições de hereditariedade ou de suas ações no passado?
8) O novo corpo guarda semelhança com o anterior e com o utilizado na erraticidade?
9) Pelo que explicou Alexandre, podemos concluir que o nosso destino é traçado no momento em que se decide a reencarnação?
10) De tudo o que nos foi relatado, que tipo de atuação têm os mentores espirituais no processo reencarnatório?
MISSIONÁRIOS DA LUZ – CAPÍTULO 13 – REENCARNAÇÃO
Após o trabalho de preparação estudado no capítulo anterior, Alexandre iniciou os procedimentos visando concretizar o processo reencarnatório de Segismundo. Para tanto, juntamente com André Luiz, compareceu à residência do casal Adelino e Raquel, protagonistas dos episódios pretéritos e com os quais o reencarnante deveria se harmonizar. Relata André Luiz:
” … Depois de confortadora e instrutiva conversação, alcançamos o lar de Adelino.
Eram dezoito horas, aproximadamente.
Com surpresa, verifiquei que Herculano nos esperava no limiar. O instrutor, porém, informou-me que havia notificado o amigo sobre a nossa visita, recomendando-lhe trouxesse Segismundo para o trabalho de aproximação.
– Segismundo veio em minha companhia e espera-nos lá dentro. …”
” … Notei que o desencarnado abraçara-se com Alexandre, chorando convulsivamente.
O instrutor acolhia-o como pai, e, após ouvi-lo durante alguns minutos, falou-lhe compassivamente:
– Acalme-se, meu amigo! quem não terá suas lutas, seus problemas, suas dores?
E se todos somos devedores uns dos outros não será motivo de júbilo e glorificação receber as sublimes possibilidades de resgate e pagamento? Não chore! Tenha coragem. O ensejo próximo é divino para o seu futuro espiritual. Organizaremos as coisas, não tenha receio.
– Entretanto, meu amigo – falou o interlocutor, em lágrimas -, experimento grandes obstáculos.
E acentuava em tom humilde:
– Reconheço que fui um grande criminoso, mas pretendo redimir as velhas culpas.
Adelino, porém, apesar das promessas na esfera espiritual, esqueceu, na recapitulação presente, o perdão aos meus antigos erros…”.
Sobre Adelino, que se encontrava à mesa de jantar com Raquel e o filho, o instrutor relata:
” – Em verdade, a condição espiritual de Adelino é das piores, porque o sublime amor do altar doméstico anda muito longe, quando os cônjuges perdem o gosto de conversar entre si. Em semelhante estado psíquico, não poderá ser útil, de modo algum, aos nossos propósitos
Assim dizendo, o devotado orientador aproximou-se da criança … e colocou-lhe a destra sobre o coração. Vi que o pequeno sorriu, mostrando novo brilho nos olhos azuis …
O chefe da pequena família, tocado nas fibras recônditas da alma pela ternura do filhinho e pela humildade sincera da companheira, sentiu que a nuvem de sombra dos seus próprios pensamentos dava lugar a repousantes sensações de alívio confortador…”.
E falando sobre os sonhos que vinha tendo, relatou Adelino à esposa:
” – Sempre vejo que um homem se aproxima de mim, estendendo as mãos, à maneira
dum mendigo vulgar a implorar socorro, mas, ao lhe fixar a fisionomia, inexplicável terror invade-me o espírito… Tenho a impressão de que ele deseja assassinar-me pelas costas…”.
” … O quadro interior era dos mais comoventes. O pequenino pusera-se de joelhos e fazia a oração dominical, com infantil emotividade. Adelino e a companheira seguiam-lhe a prece com grande atenção. … Muito sensibilizado, Adelino deixou escapar uma lágrima furtiva, quando o filho, terminando as preces, curtas em palavras e grandiosas em espiritualidade, lhe beijou carinhosamente as mãos..
Mais alguns minutos e todos se recolhiam sob os cobertores, felizes e tranqüilos.
Nesse instante, Alexandre falou:
– Agora, meus amigos, façamos o nosso serviço de oração cooperadora. Precisamos conversar seriamente com Adelino, relativamente à situação. …”
” … Nesse momento, o esposo de Raquel afastava-se do corpo físico. .
O bondoso instrutor dirigiu-se para ele …:
– Que temes, meu irmão?
– Esse fantasma enlouquece-me! Sinto-me doente, desventurado!…
– É assim que recebes os irmãos mais infelizes? Recebe com caridade o mendigo que te bate à porta. …”
” … Amparando a ex-vítima, Alexandre indicou-lhe a figura do ex-assassino e apresentou:
– Este é o nosso amigo Segismundo que necessita de tua cooperação no serviço redentor. Estende-lhe as mãos fraternas e atende em nome de Jesus!
– Perdoe-me, irmão! – murmurou Segismundo, com infinita humildade. – O Senhor recompensá-lo-á pelo bem que me faz! …
– Disponha de mim…serei seu amigo!…”
” Ao se retirar, Alexandre, satisfeito, comentou paternalmente:
– Com o auxílio de Jesus, a tarefa foi executada com êxito.
E, fixando Segismundo, acrescentou:
– Creio que na próxima semana poderá iniciar o seu serviço definitivo de reencarnação. Acompanhá-lo-emos com carinho. Não receie coisa alguma.”
Indagado por André Luiz sobre por que não seria lícito providenciar a reencarnação do necessitado, sem quaisquer delongas, Alexandre explicou:
” – … O pensamento envenenado de Adelino destruía a substância da hereditariedade…. Ora, no caso de Segismundo, unido a ele em processo ativo de redenção, não podemos dispensar-lhe o concurso amoroso e fraterno. Daí a necessidade desse trabalho intenso para despertar-lhe os valores afetivos. Somente o amor proporciona vida, alegria e equilíbrio. Adelino emitirá doravante forças magnéticas protetoras dos elementos destinados ao serviço elevado da procriação.”
Em seguida, o instrutor fez uma explanação a André Luiz expondo o papel do sexo no ato reencarnatório:
” … – O sexo tem sido tão aviltado pela maioria dos homens reencarnados na Crosta que é muito difícil para nós outros, por enquanto, elucidar o raciocínio humano, com referência ao assunto. Basta dizer que a união sexual entre a maioria dos homens e mulheres terrestres se aproxima dessa natureza entre os irracionais….
“… – É lamentável que a maioria dos nossos irmãos encarnados na Crosta tenha menosprezado as faculdades criativas do sexo, desviando-as para o vórtice de prazeres inferiores. Todos pagarão, porém, ceitil por ceitil, o que devem ao altar santificado …
“… – Ninguém contesta esse caráter das manifestações sexuais nos círculos da carne, mas todas as leis naturais na experiência humana devem ser exercidas sobre as bases da lei universal do bem e da ordem…. As uniões sexuais, portanto, que se efetuem a
distância desses sublimes imperativos, transformam-se em causas geradoras de sofrimento e perturbação. …”
Mais tarde, Alexandre e André Luiz retornaram à casa de Adelino e Raquel, encontrando o auxiliar Herculano e Segismundo em companhia de outros espíritos, espíritos construtores, que iam cooperar na formação fetal do reencarnante. Enquanto Alexandre examinava os mapas cromossômicos que ensejariam o novo corpo, Segismundo conversava com André Luiz:
” – Já estive mais animado, entretanto, agora, falece-me a energia… Sinto-me fraco, incapacitado… agora que consegui a dádiva do retorno à luta, tenho receio de novos fracassos… Ai de mim, se cair outra vez!…”
Findo o exame da documentação, Alexandre aproximou-se e disse:
” – Segismundo, é incrível que desfaleça no momento culminante de suas atuais realizações. Restaure a sua fé, regenere a esperança, porque você não pode entrar na corrente material, à maneira dos nossos irmãos ignorantes e infelizes, que reclamam quase absoluto estado de inconsciência para penetrarem, de novo, o santuário maternal…”
Explicou, então, Alexandre que existem espíritos que reencarnam inconscientes do ato que realizam, assim como os que desencarnam sem a menor noção do ato que experimentam. ” … A maioria dos que retornam à existência corporal na esfera do Globo é magnetizada pelos benfeitores espirituais, que lhe organizam novas tarefas redentoras, e quantos recebem semelhante auxílio são conduzidos ao templo maternal de carne como crianças adormecidas. O trabalho inicial, que a rigor lhes compete na organização do feto, passa a ser executado pela mente materna e pelos amigos que os ajudam de nosso plano…”, explanou o instrutor. E concluiu:
” – Voltaremos na noite de amanhã, para a ligação inicial, fazendo a entrega de nosso irmão reencarnante aos nossos amigos.”
André Luiz aguardava ansioso o momento de retornar ao lar do casal para a conclusão do trabalho. “Em que momento aconteceria?”…, pensava. Alexandre, então, esclareceu:
” – Não é necessária a nossa presença ao ato de união celular. Semelhantes momentos do tálamo conjugal são sublimes e invioláveis nos lares em bases retas. Você sabe que a fecundação do óvulo materno somente se verifica algumas horas depois da união genésica. O elemento masculino deve fazer extensa viagem antes de atingir o objetivo.”
” … Eram aproximadamente vinte e duas horas, quando nos pusemos a caminho da residência de Raquel.
Passamos, em seguida, à pequena câmara, onde Segismundo repousava. Permanecia ele aflito, de olhar triste e vagueante.
” – Por que motivo Segismundo sofre tanto? – indaguei de Alexandre, em tom discreto.
– Desde muito, particularmente, desde a semana passada, está em processo de ligação fluídica direta com os futuros pais. Herculano está encarregado de ajudá-lo nesse trabalho.
À medida que se intensifica semelhante aproximação, ele vai perdendo os pontos de contato com os veículo que consolidou em nossa esfera…. Semelhante operação é necessária para que o organismo perispiritual possa retomar a plasticidade que lhe é característica e, no estágio em que ele se encontra, o serviço impõe-lhe sofrimentos….”
” Os Espíritos Construtores começaram o trabalho de magnetização do corpo perispirítico, no que eram amplamente secundados pelo esforço do abnegado orientador….
… Sem que me possa fazer compreendido de pronto pelo leitor comum, devo dizer que “alguma coisa da forma de Segismundo estava sendo eliminada”. Quase que imperceptivelmente, à medida que se intensificavam as operações magnéticas, tornava-se mais pálido. Seu olhar parecia penetrar outros domínios. Tornava-se vago, menos lúcido….
” – Agora – continuou o instrutor – sintonize conosco relativamente à forma pré-infantil.
Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem!”
” Surpreendido, reconheci que, ao influxo magnético de Alexandre e dos Construtores Espirituais, a forma perispiritual de Segismundo tornava-se reduzida. …
Segismundo parecia cada vez menos consciente. Não nos fixava com a mesma lucidez e suas repostas às nossas perguntas afetuosas não se revelavam completas.
Por fim, com grande assombro meu, verifiquei que a forma de nosso amigo assemelhava-se à de uma criança.”
O fenômeno observado espantou André Luiz, que indagou do instrutor se o procedimento adotado para a reencarnação de Segismundo era regra geral.
” – De modo algum – respondeu o instrutor – os processos de reencarnação, tanto quanto os da morte física, diferem ao infinito, não existindo, segundo cremos, dois absolutamente iguais. As facilidades e obstáculos estão subordinados a fatores numerosos, muitas vezes relativos ao estado consciencial dos próprios interessados no regresso à Crosta ou na libertação dos veículos carnais. Há companheiros de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa em apostolado de serviço e iluminação, quase dispensam o nosso concurso. Outros irmãos nossos, contudo, procedentes de zonas inferiores, necessitam de cooperação muito mais complexa que a exercida no caso de Segismundo….
” … – Não podemos esquecer, no entanto, que a reencarnação é o curso repetido de lições necessárias. A esfera da Crosta é uma escola divina. E o amor, por intermédio das atividades “intercessórias”, reconduz diariamente ao banco escolar da carne milhões de aprendizes….
” … – A reencarnação de Segismundo obedece às diretrizes mais comuns… porquanto o nosso irmão pertence à enorme classe média dos Espíritos que habitam a Crosta, nem altamente bons, nem conscientemente maus….”
Quis, ainda, André Luiz saber do instrutor ” … e se nos achássemos numa casa típica de deboche carnal? E se fôssemos aqui defrontados por paixões criminosas e desvarios desequilibrantes?” Explicou-lhe, então, Alexandre:
” – As vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio, comprometem os nossos melhores esforços, e, muitas vezes, nessas paisagens de irresponsabilidade e viciação, para ajudar, em obediência ao nosso ministério, devemos, antes de tudo, lutar contra entidades monstruosas, dominadoras dos círculos de vida dos homens e das mulheres que, imprevidentemente, escolhem o perigoso caminho da perturbação emocional, onde tais entidades ignorantes e desequilibradas transitam…. Certas almas heróicas escolhem semelhante entrada na existência carnal, a fim de se fortalecerem nas resistências supremas contra o mal, desde os primeiros dias de serviço uterino. … Muitos fracassam; todavia, há sempre grande quantidade que retiram os melhores lucros espirituais…”.
” Em seguida Alexandre convidou os Construtores a examinarem os mapas cromossômicos, em companhia dele, junto de Herculano. …
” – Com exceção do tubo arterial, na parte a dilatar-se para o mecanismo do coração, tudo irá muito bem. Todos os genes poderão ser localizados com normalidade absoluta…. Os membros e os órgãos serão excelentes. E se o nosso amigo souber valorizar as oportunidades do futuro, possivelmente conquistará o equilíbrio circulatório…. Depende dele o êxito preciso.
Voltando-se para os Construtores, falou-lhes, afável:
– Meus amigos, o nosso Herculano permanecerá em definitivo junto de Segismundo, na nova experiência, até que ele atinja os sete anos, após o renascimento, ocasião em que o processo reencarnacionista estará consolidado. Depois desse período, a sua tarefa de amigo e orientador será amenizada, visto que seguirá o nosso irmão em sentido mais distante…”.
” Enquanto se estendia, sob meus olhos, aqueles microscópicos sinais, facultando amplo exame da célula-ovo,… perguntei:
– Temos, nestes mapas, a geografia dos genes da hereditariedade distribuídos nos cromossomos. A lei da herança, porém, será ilimitada? A criatura receberá, ao renascer, a total imposição dos característicos dos pais? As enfermidades ou as disposições criminosas serão transmissíveis de maneira integral?
– Não, André – … O organismo dos nascituros, em sua expressão mais densa, provém do corpo dos pais, que lhes entretêm a vida e lhes criam os caracteres com o próprio sangue; todavia … não devemos ver a subversão dos princípios de liberdade espiritual, imanente na ordem da Criação Infinita. Por isso mesmo, a criatura herda tendências e não qualidades. … Se o Espírito reencarnado estima tendências inferiores, desenvolvê-las-á, ao reencontrá-las. … se a alma que regressa ao mundo permanece disposta ao serviço de auto elevação, sobrepairará a quaisquer exigências menos nobres do corpo ou do ambiente, triunfando sobre as condições adversas e obtendo títulos de vitória da mais alta significação para a vida eterna. …”.
” Congregando todos os companheiros em torno de si, como figura máxima daquela reunião, Alexandre falou, gravemente:
– Agora, meus irmãos, penetremos a câmara de nossos dedicados colaboradores para que se efetue o júbilo da união espiritual.
E depositando Segismundo nos braços da entidade que fora na Crosta Terrestre a carinhosa mãe de Raquel, acentuou:
– Seja você, minha irmã, a portadora do sagrado depósito. … Faremos agora o ato de ligação inicial, em sentido direto, de Segismundo com a matéria orgânica. Espero, porém, a visita reiterada de todos vocês ao nosso irmão reencarnante, principalmente no período de gestação do seu corpo futuro. …”.