Exu Mirim é pequenininho, mas é bom trabalhador!
A afirmação do título pode chocar muita gente que já viu Exu-Mirim incorporar e afirmar ter sido “moleque de rua” em outras vidas.
Exu Mirim é pequenininho, mas é bom trabalhador!
A afirmação do título pode chocar muita gente que já viu Exu-Mirim incorporar e afirmar ter sido “moleque de rua” em outras vidas.
E se formos pensar assim os Erês seriam as crianças “boazinhas” enquanto os Exus-Mirins ficariam com o posto de trombadinhas.
A concepção remonta um histórico de incorporações infelizes em sua compreensão e inflamada de mistificações. O comportamento grosseiro, desleixado e vulgar se tornou uma praxe em muitos terreiros e ao mesmo tempo que chamava a atenção de quem passava pela consulência, também trazia muitas dúvidas quanto a sua origem e o propósito de sua manifestação.
A questão dizendo não haver caridade em uma versão que entende Exu-Mirim como alguém que desencarnou ainda criança em razão da vida desgraçada que teve e por isso obriga-se a trabalhar como Exu no pós-vida.
Que caridade que amor pode existir se acreditarmos numa história dessas?!
Em que uma criança que teve uma vida terrena não muito feliz e desencarna ainda criança se vendo relegada a ser e trabalhar como Exu Mirim?!
Mas a dúvida ainda permanece.. afinal quem são esses espíritos que pisam na linha de Umbanda? Se não são humanos, o que são?
Seres Encantados
Presente na sétima dimensão à esquerda da nossa (humana), pertencentes ao estágio da vida denominado Plano Encantado e dotados de fatores ainda pouco compreendidos à nossa realidade, os espíritos que se manifestam na Umbanda se identificando como Exu-Mirins tem como marca registrada a exaltação do caráter antagônico, oposto e contrastante das coisas.
É neste estágio em que começamos a adquirir certa consciência, somos considerados “seres encantados”, onde somos conduzidos por nossos sentidos, onde nossas faculdades relacionadas a tal sentido afloram e amadurecem de tal forma que passam a expandir nossa capacidade mental.
Diferente da bença de um Preto Velho e de suas palavras profundas, esses pequenos trabalhadores vêm para rir dos nossos conflitos e nesse riso sarcástico e contínuo mostrar que tanto a dificuldade quanto a sua resolução surgem de dentro pra fora e que também, não há o que se pedir para o externo se o interno não estiver a fim.
Nesse momento vale uma ressalva: não confundir com a manifestação e mistério que Exu atua, onde também tem gargalhada, mas junto disso idealiza-se outro propósito, que pode ser o de observância, guia, determinação, força, proteção e retidão para os nossos desvios.
Exu-Mirim traz outra pegada, vem para nos fazer repensar e introduz assim o paradoxo entre o que é moral e imoral a nossa razão. Com isso essa manifestação traz consigo o fator do Orixá Exu-Mirim. Nossa, pera, agora isso ficou mais confuso! Orixá??
Coincidentemente confusão é coisa de Exu-Mirim! hehe
Mistério Divino do Orixá Exu-Mirim
Na gênese da Umbanda esse orixá corresponde ao estado do nada e ao estágio das intenções, que vem antes mesmo do vazio (Orixá Exu) e da plenitude e criação (Orixá Oxalá). Por isso Orixá Exu-Mirim por excelência está em todos os outros mistérios, pois tudo o que se realiza é antes intencionado.
Em outras palavras Exu-Mirim é a regência que nos toca quando paramos para pensar sobre nossas ações e intenções. É aquele momento que nos autoavaliamos e colocamos na balança nossos feitos. Bom, essa é a primeira intervenção de Exu-Mirim.
Se após ser atuado em seu próprio íntimo e mesmo assim não reconhecer seus erros, o ser passa a regredir no sentido em qual está desequilibrado e isso também é atuação de Exu-Mirim.
O que vale são as intenções, todas passam pelo crivo rigoroso de Exu-Mirim e muito do que nós, espíritos encarnados, julgamos certo ou correto para ele não é, e vice-versa, pois nem sempre o que julgamos errado, de fato o é.
“regredir no sentido em qual está desequilibrado” é algo que foge a nossa compreensão e nada tem a ver com os valores de pecado truncados em nosso consciente social, histórico, político, regional e religioso.
Bom, então até aqui entendemos que Exu-Mirim no terreiro não é delinquente infantil desencarnado e que enquanto mistério divino (orixá) ele tem seu campo específico de atuação nas intenções e é a partir delas que o seus outros fatores se realizam.
Agora voltaremos a falar um pouco sobre a manifestação de Exu-Mirim incorporado no terreiro.
Exu-Mirim: o espelho do médium
Se Exu-Mirim não é criança por que trazem trejeitos infantis na incorporação?
À essa pergunta podemos dizer que as características a qual podemos comparar ao comportamento de crianças em nosso plano, fazem parte da essência dos seres encantados, mas que o caráter briguento, mal-educado e desrespeitoso não se relaciona com essa manifestação e o arquétipo que fala palavrão, apresenta-se com gestos obscenos e bebe e fuma sem moderação NÃO É em hipótese alguma atributo de Exu-Mirim.
O que explica então essas manifestações desvirtuadas, é o processo osmótico espiritual que são particularidades presentes também em Exu e Pombagira.
O processo osmótico é responsável por refletir na incorporação o inconsciente de seus médiuns. Sendo assim, são eles nossos refletores naturais.
“Mentes distorcidas criaram falsos arquétipos para eles, que também não são Erês; são seres encantados da esquerda, curiosos, agitados, atentos, mas jamais desrespeitosos, mal-educados ou irreverentes.”
O que aconteceu é que foi se criando ao longo do tempo um tipo de comportamento na incorporação de Exu-Mirim onde médiuns despreparados extrapolavam tanto do bom-senso, que essa linha de trabalho chegou a ser banida de alguns terreiros e colocada como algo ruim, o que na verdade é um prejuízo sem precedentes, pois o campo de atuação desses encantados é extremamente importante.
Exu Mirim ele é infantil, ele vem de outra realidade, outro mundo, por isso que ele pode sim fumar, pode sim beber, porque ele não é espírito humano, ele não é uma criança, ele não vive segundo nossos padrões, não vive segundo nossos valores e não precisa porque ele não é, não foi e não será.
Supracitada que nós temos uma ligação mental à Exu-Mirim, que se sustenta por meio de cordões energéticos, e sendo assim, devemos nos manter em equilíbrio com eles e também com outros seres e espécies de diferentes dimensões da vida, para que assim estejamos em harmonia com o Todo.
“A Umbanda não trabalha apenas com espíritos humanos isso é fundamental de se aprender. Ela não está limitada a ser espiritismo. Umbanda trabalha com espíritos e principalmente com espíritos, mas não somente com espíritos. Umbanda trabalha também com seres encantados, seres elementais, com forças da natureza, com Divindades..”
O Nome a essa linha de trabalho. Nos referimos à Exu-Mirim no texto chamando-os de pequenos e não é só pela personalidade infantilizada não! De acordo com alguns clarividentes os Exus-Mirins são mirins mesmo e se assemelham aos povos pigmeus, além de que possuem orelhas avantajadas.
Para quem já assistiu O Senhor dos Anéis automaticamente já deve ter relacionado eles com os hobbits! hehe Enfim, o fato é que pequeno ou não Exu-Mirim é bom trabalhador! E é uma oportunidade única de tê-los conosco. Além do autoconhecimento que é mistério próprio deles é a chance também de conhecer por meio dessa manifestação uma realidade paralela à nossa.
MOJUBÁ EXU-MIRIM!! SALVE SUA FORÇA E VIGIE NOSSAS INTENÇÕES!!