As vezes quando se fecha
Os olhos se torna possível
ver as coisas do outro mundo.
E um dia eu vi algo assim...
Ouço a voz calma da mulher
Cantar uma cantiga de ninar
De letra curta e bela, algo como:
As vezes quando se fechaver as coisas do outro mundo.
E um dia eu vi algo assim...
Ouço a voz calma da mulher
Cantar uma cantiga de ninar
De letra curta e bela, algo como:
"Flor de Laranjeira...
Brotando no verão...
Como as joias preciosas...
Da estação...
Pequeno menininho...
Brilha como o clarão...
Precioso menininho...
Mora em meu coração..."
A festa era na casa de Yemanjá,
Uma mulher que era amada
Por muita gente por ser
Gentil com todos.
Yemanjá sempre teve a casa
Cheia de filhos,
Eles eram as coisas mais belas
Que o mundo ja viu.
Ela observava a festa,
O povo dançava e cantava,
Gente cheia de beleza
E graça.
Então Yemanjá o viu,
Era seu filho caçula,
Um menininho,
Pequenino pela pouca idade.
Estava encolhido
Em um canto,
Usando sua roupa de palha
Para esconder o corpo.
Sempre que alguem
Se aproximava ele se encolhia,
Então o que povo via
Era nada além de um
Pequeno monte de palha,
Achavam que ali não
tinha ninguém.
Yemanjá se aproximou
E o menino se encolheu
Ainda mais,
Então ela o ignorou
Pois percebeu que
Era o que ele precisava
Naquele momento.
A festa acabou e depois
que todos foram embora
Yemanjá foi para a beira
Do rio se lavar.
Então pelo canto do olho
Vê aquela figura pequenina
a observando por de trás
Dos troncos das árvores.
O menininho sai
De trás das árvores
E vai ate ela.
Yemanjá com carinho
Abre uma fenda na roupa
De palha para que pudesse
ver aquele rostinho redondo,
Mas se surpreende ao se deparar
Com um par de olhos
Cheios de tristeza.
Ele só balança os ombros
Daquele jeito que criança faz
Quando não quer falar.
O menino espicha duas
Perninhas e dois bracinhos
Para fora da palha,
Yemanjá olha com atenção
E entende.
A criança exibia inumeras
Cicatrizes, marcas de antigas
feridas de varíola.
Yemanjá pega seu espelho
E mostra para o menino.
Ele a princípio pensa que
Ela está a falar daquele objeto
Tão caro e precioso,
Mas então olha com mais
Atenção e vê seu próprio rosto
refletido ali.
O menino abraça a mãe
E ela canta para ele a
Costumeira cantiga de ninar
"Flor de Laranjeira...
Brotando no verão...
Como as joias preciosas...
Da estação...
Pequeno menininho...
Brilha como o clarão...
Precioso menininho...
Mora em meu coração..."
Relatos e Contos do Axé, Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!