Aquele belo homem estava
Adormecido em cima da esteira de Palha.
Ela, Yemoja Asesu se ajoelhou ao lado dele,
A faca afianda na mão direita,
Ela lentamente abriu a boca dele com os dedos
E fez o que tinha de fazer.
Aquele belo homem estava
Adormecido em cima da esteira de Palha.Ela, Yemoja Asesu se ajoelhou ao lado dele,
A faca afianda na mão direita,
Ela lentamente abriu a boca dele com os dedos
E fez o que tinha de fazer.
Mas para contar essa história
É necessário ir do início.
Ele era Erinlé, um Orixá do Rio
Que também era Guerreiro e caçador,
Para os amigos era chamado apenas de Odé Inle.
Ela era Yemoja, mas não qualquer Yemoja,
Ela era Yemoja Asesu.
E qual a diferença de Asesu para os outros
Caminhos de Yemoja?
Bem... Asesu é louca.
Não, não falo isso pra ofender
Nem para desrespeitar,
É apenas a verdade, Asesu é
Yemoja em um momento de sua existência
Onde a mente dela não estava ordenada
De modo que suas atitudes e seu comportamento
Eram... estranhos, incomuns.
Pois bem, ela estava em seu rio,
Era chamada de "Yemoja das águas sujas"
Por ter tingido as águas de
Tons azulados ou esverdeados.
Porque ela tingiu as águas?
Existia, ou ainda existe, algo
Que ela esconde no fundo do Rio,
São segredo que ela não quer que ninguém saiba.
Como a água era naturalmente transparente
Ela fez deixar de ser.
Estava lá na beira do Rio
Com o Pepeye, seu pato de estimação,
Ela o aninhava no colo
E com os dedo ia levantando as penas da ave,
Ia contando quantas ele tinha
Mas sempre perdia a conta a voltava ao início.
Então ela ouve um som,
Eram passos na outra margem do rio.
Ela ergue a cabeça e o vê,
Odé Inlé, belíssimo, corpo forte e olhos sedutores.
Ele para sua caminhada quando a percebe ali
E sorri para ela.
Ora não é difícil imaginar que ele
Gostou do que viu,
Yemoja Asesu é linda, tem cabelos longos trançados,
Labios fartos e olhos grandes,
É como uma boneca.
Não é preciso dizer o que aconteceu,
Vocês ja devem imaginar, eles se apaixonaram.
Logo estavam vivendo juntos.
Yemoja Asesu o amou muito
E ele a amou também porém de modo diferente.
Inlé é um Odé e os Odé não esquentam banco,
Eles ficam por um tempo mas depois se vão.
Só que Yemoja não sabia disso,
Ela achou que havia encontrado um amor
Para a eternidade
E então confiou nele.
Certo dia ela o levou para o fundo do rio
E mostrou a ele todas as coisas ocultas lá,
Mostrou a ele todos os seus segredos.
Quando Inle viu ficou maravilhado!
Ora eu não sei dizer o que ele viu,
Até hoje é segredo
Mas é sabido que as coisas contidas ali
São de tão alto valor que um ser humano
Nem pode imaginar,
É algo apenas para os olhos dos Deuses.
O tempo passou
E um dia Inle entrou em casa,
Na cabana de palha que morava com Yemoja
E falou como se não fosse nada
"Amanhã eu vou embora."
Ela arregalou os olhos Supresa
"Embora? Embora pra onde? Porque?"
Ele com seu jeito tranquilo explicou
"Ah não fique chateada, eu sou assim mesmo, sou bicho solto. Vou sair em busca de aventura."
"Mas... e eu?"
"Quando eu te conheci você estava sozinha e estava muito bem. Não é nada demais, é como tem que ser."
A cabeça de Yemoja Asesu começou
A se movimentar em varios pensamentos,
A princípio a tristeza do término
Mas logo qualquer tristeza foi substituída
Pelo medo de que ele revelasse
Os segredos que tinha tido acesso.
O pânico tomou conta dela
E ela pensou em ir pra cima dele
O prender impedindo de partir,
Mas logo percebeu que seria inútil
Pois uma hora ele escaparia.
Foi então que a ideia perversa apareceu
E ela sorriu diabolicamente.
"Ora Inle, se é sua última noite aqui então vou fazer algo especial para comermos, será um jantar de despedida."
Ele imediatamente se animou com a idéia
E ela cozinhou quitutes maravilhosos
Mas antes de servir
Misturou neles seus pós de feitiço.
Inle comeu, após engolir alguns bocados
Ele simplesmente apagou, caiu desacordado
Em cima da esteira.
Então Asesu começou a por sua idéia em prática.
Apanhou uma faça bem afiada
E preparou a lâmina para ficar ainda mais cortante.
Aquele belo homem estava
Adormecido em cima da esteira de Palha.
Ela se ajoelhou ao lado dele,
A faca afianda na mão direita,
Lentamente abriu a boca dele com os dedos
Pressionando o queixo para baixo
Ate que a boca estivesse totalmente aberta
E fez o que tinha de fazer.
Na manhã seguinte Inle acordou tonto,
Estava cheio de dor na boca
E quando abriu os olhos viu Yemoja ali diante dele
Sentada acariciando o pato no colo.
Ele tentou dizer a ela que não estava bem
Mas assim que tentou falar
O que saiu de sua boca foi apenas um grunhido.
Ele então percebeu o sangue na esteira,
O gosto de sangue na boca
E a sensação de dor e de ausência dentro dela.
Enfiou os dedos da boca e não achou o que buscava,
Não encontrou... a língua.
Ele se desesperou, cobriu a boca com as mãos
E encarou Yemoja horrorizado.
Ela sorriu para ele
"Ah não fique chateado, eu sou assim mesmo... Fiz o que tinha de fazer, afinal uma mulher precisa saber se defender."
Inle continuava encarando, incrédulo.
"Você não disse que ia embora? Agora pode ir, estou segura de que não vai contar meus segredos por ai, estou confiante nisso."
Inle soltou alguns grunhidos,
Estava claro que queria dizer algo
Mas quem poderia entender?
Ele de tão horrizado se levantou e saiu,
Partiu dali para nunca mais voltar.
Yemoja continuou ali acariciando o pato
Com um leve sorriso nos lábios.
Omi o! Odoiya! Yemoja o!
Ela é Yemoja Asesu, ela não é de brincadeira!
Yemoja Asesu é ardilosa e feiticeira!
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Espero que tenham gostado!
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Muito obrigado!