A doença do eu sou isso, eu sou o tal, eu sou o melhor...etc...
A doença do eu sou isso, eu sou o tal, eu sou o melhor...etc...
As coisas do mundo e seus habitantes estão sujeitos a mudanças. São produtos de algo
que já existiu anteriormente. Todo ser vivente é produto de seus actos anteriores; porque a lei
de causa e efeito é inflexível e sem excepções.
Mas nas coisas que mudam sem cessar, jaz sempre uma verdade oculta. A Verdade dá
realidade às coisas. A Verdade é imutável.
E a Verdade deseja revelar-se; a Verdade aspira a ser consciente; a Verdade esforça-se
em conhecer-se a si mesma.
A Verdade existe na pedra, porque a pedra existe verdadeiramente; e não há força no mundo, deus, homem ou demónio, que possa fingir que não exista. Porém, a pedra não é consciente.
A Verdade existe na planta, e a sua vida pode expressar-se: nasce, floresce e frutifica.
A sua beleza é maravilhosa, porém, não é consciente.
A Verdade existe no animal: o animal move-se, percebe as coisas que o rodeiam, distingue e escolhe. Nele há consciência; porém não tem ainda a consciência da Verdade. Existe unicamente a consciência do eu.
A consciência do eu cega os olhos do Espírito e oculta a verdade, é a origem do erro, a
fonte das ilusões e o gérmen do pecado.
O euengendra o egoísmo. Todo mal procede do eu. Toda a injustiça é produto da afirmação do eu.
O eu é o princípio de todo o ódio, da iniquidade, da calúnia, da impudicícia, da obscenidade, do roubo, da fadiga, da opressão e do derramamento de sangue. O eu é Mara, o tentador, o malfeitor, o criador do mal.
O eu seduz pelos prazeres. O eu promete um paraíso encantador. O eu é o véu do feiticeiro Mara. Porém os prazeres do eu são ilusórios. O seu labirinto paradisíaco é o caminho do inferno, e a sua beleza uma chama ao calor do desejo.
Quem nos livrará da tirania do eu? Quem nos salvará das nossas misérias? Quem nos
ajudará restabelecer a vida feliz?
Tudo é miséria no mundo de Samsara; tudo é miséria e sofrimento. Porém, a felicidade
da Verdade sobrepuja toda a miséria. A Verdade dá a paz ao Espírito ansioso; vence o erro,
extingue as chamas do desejo e conduz ao Nirvana.
Bem-aventurado o que encontra a paz no Nirvana. Está livre das lutas e das tribulações da Vida; está ao abrigo de todas as transformações; desafia o nascimento e a morte, e permanece indiferente aos males da vida.
Bem-aventurado é aquele em que encarnou a Verdade, porque atingiu a sua meta e
unificou-se com a Verdade. É vencedor sem que nada mais possa feri-lo; é glorioso e feliz
sem sofrimento; é forte mesmo sobrecarregado sob o peso do trabalho; é imortal embora morra. A imortalidade é a essência da sua Alma.
Bem-aventurado aquele que alcançou o sacro estado de Buda, porque salvará os seus
irmãos. A Verdade reside nele. A perfeita sabedoria esclarece o seu entendimento. A justiça inspira as suas acções.
A Verdade é um poder activo para o Bem, indestrutível e invencível. Cultivai a Verdade em vosso Espírito e difundi-a pela Humanidade, porque unicamente a Verdade salva do
pecado e da miséria. A Verdade é o Buda e o Buda é a Verdade. Bendito seja o Buda.
O Homem é formado por dois eus: o eu exterior que é a personalidade ligada ao mundo material e o
Eu Interior ou Eu Superior, que é o Espírito imortal. O eu exterior (também chamado “inferior”) é
mortal, material e transitório. O Eu Interior é eterno, imortal. A Psicologia chama ao eu exterior “personalidade” ou “ego” e ao Eu Interior, “Inconsciente”.
Desonestidade, impureza.
O estado de perfeição que Buda alcançou. Muitas vezes fala-se de vários Budas. Buda há só um.
Quando alguns textos falam em “vários Budas”, apenas faz sentido encarar essa expressão com pessoas que atingiram um estado de perfeição semelhante ao que Buda atingiu. “Estado de Buda” diz respeito a esse estado de perfeição que todo o Ser Humano pode alcançar por seu esforço e mérito.