Os Malandros
A Linha dos Malandros da Umbanda traz para dentro do ambiente Sagrado os excluídos da sociedade. Espíritos que em alguma encarnação, por conta do preconceito racial, cultural ou social foram considerados párias e marginalizados pela sociedade, mas que lidaram com essa adversidade sem perder sua Fé, sua identidade e seu bom humor, certamente que já apresentavam um bom nível pessoal de evolução.
E após desencarnarem continuaram suas evoluções, até alcançarem um Grau perante a Espiritualidade, o qual lhes permitiu voltar à Terra na condição de Guias Espirituais, para nos reconduzir ao Divino.Ao mesmo tempo, a Linha dos Malandros simboliza a aproximação dos excluídos com o Divino e ainda, para todas as pessoas, a possibilidade de uma reflexão sobre o preconceito e as exclusões sociais.
Mas, afinal, alguns se perguntam o quê um “malandro” teria para nos ensinar, qual seria a sua contribuição dentro da religião? Primeiro, cabe lembrar que não estamos falando do “malandro” no sentido vulgar da palavra.
Os Espíritos que se apresentam na Umbanda dentro da Linha que corresponde ao Grau Malandro vêm nos ensinar a flexibilidade, a capacidade de adaptação diante dos obstáculos, o “jogo de cintura” e o bom humor, que se obtêm através do sentimento de Fé na Vida e em si mesmo e do equilíbrio das emoções, dos pensamentos e dos sentimentos.
De alguma forma, em algum momento das suas existências, eles vivenciaram tudo isso e podem nos auxiliar.
Os Malandros nos ensinam: que a vida é feita de experiências e toda experiência visa a nos ensinar algo de positivo; que não há obstáculos insuperáveis, pois isso nos condenaria à destruição, o que é inconcebível porque não há “morte” em nenhum ponto do Universo e sim, transformações que promovem renovação e evolução constantes; que é preciso confiar nas Leis da Vida e manter a alegria e o bom humor, para estar em sintonia com faixas vibratórias positivas e atrair a cura espiritual, emocional, mental e física, pois todo filho de Deus é um co-criador.
Sua linguagem é altamente simbólica. Muitas vezes, eles falam conosco e comparam a vida a um jogo de cartas ou de dados:
Nesse “jogo”, uma “jogada” ruim seria um imprevisto, uma adversidade. O que não significa a perda da partida (motivo para desespero, descrença e desistência), pois a próxima “jogada” (a nova oportunidade, o próximo passo) poderá ser melhor, só depende de nós;
Nesse “jogo”, é preciso estar atento a cada passo, observando o “adversário” (o desafio externo, bem como os próprios pensamentos, convicções, emoções e sentimentos), para se enfrentá-lo em melhores condições e se alcançar “a vitória”;
“A vitória” pode ser a superação do obstáculo em si. Mas a grande “vitória” é o entendimento das causas da dificuldade e a aceitação da nossa responsabilidade por essa realidade que de algum modo criamos. O erro ensina e nos dá oportunidade de recomeçar e acertar;
No caso de uma derrota, saber esperar outra oportunidade e tentar de novo, sem nunca desistir. Podemos “virar o jogo” através da persistência, da alegria e da Fé no amanhã. É a valorização da vida, da própria existência, do momento atual e de cada momento.
O seu “gingado”, a sua musicalidade, a sua dança e a sua “malandragem” não são simples repetição das características “dos malandros do mundo”, vamos dizer assim. Esses Espíritos não estão entre nós para fazer apologia do que foram, possivelmente, em alguma encarnação, mas para nos ensinar o que é possível extrair das lições da vida.
A grande “malandragem” que eles nos ensinam é como sermos flexíveis, nos desapegando e abrindo mão de idéias antigas, para nos renovarmos a cada dia; encarar a vida com leveza, sem guardar rancores e levar tudo para o campo pessoal; não perder o humor e estragar um dia por causa de um obstáculo, por maior que pareça; aprender com os próprios erros, para não repeti-los, pois quem anda atento na vida não vive caindo em buraco…
No aspecto social, a Linha dos Malandros simboliza a inclusão de negros, mulatos e mestiços que viviam marginalizados em nossa sociedade desde o período pós-abolição. Claro que os Espíritos que tiveram uma encarnação assim, como excluídos, continuaram evoluindo e não precisam ser “incluídos em nosso meio social”. Nós é que precisamos refletir sobre as exclusões que já aconteceram e ainda acontecem por aqui, baseadas em preconceitos, para não repeti-las. E só alcançaremos isso a partir de uma conduta fraterna e de respeito integral ao “outro”. Por outro lado, a presença desses Espíritos nos Terreiros de Umbanda, acolhendo a todos com sua alegria e suas magias, é um braço de atração dos mais humildes, que se identificam com essa maneira despojada de ser, despertam a autoconfiança e podem melhor se expressar e progredir. Existiria melhor exemplo de “aprender com os erros”?
Quanto à questão social, vale lembrar que a “abolição” da escravatura não pôs fim ao preconceito racial. Historicamente, continuou existindo em nosso país um preconceito velado em relação aos homens e mulheres de pele negra, aos mulatos e aos mestiços.
Não se pretende, aqui, discutir a validade da Lei Áurea, que libertou os escravos no Brasil, enquanto ferramenta jurídica. Na época, o advento dessa Lei foi importante porque seus infratores passaram a ser considerados criminosos, e isto encerrou um capítulo sombrio do nosso passado. Mas o entendimento de que todos somos filhos de Deus e iguais perante a Lei e a Justiça Divinas não é algo que se alcance por meio de leis humanas, por mais bem intencionados que estejam os seus autores. Isto só se alcançará com a expansão de consciência de cada ser humano, com o decorrer do tempo e a vivência das lições que a Vida Maior nos proporciona. A “libertação” de opressores e oprimidos vem da expansão da consciência: conhecendo sua origem e natureza Divina, o ser humano se desinteressa pelo desejo de posse a qualquer custo e, aí sim, começa a se “humanizar”, começa a compreender a razão de existirmos e a agir como quem é Um com o Todo.
Enfim, com o decreto da abolição no Brasil, um imenso contingente de homens e mulheres recém libertos não conseguia uma colocação de trabalho remunerado. Antigos escravocratas defendiam a idéia de que os negros só renderiam se forçados a trabalhar, como no tempo da escravidão. Houve uma propaganda intensa no sentido de que seria muito melhor trazer para cá os colonos europeus, obviamente brancos. Os europeus vieram e ocuparam a maior parte das colocações de trabalho, sendo sempre preferidos em relação aos ex-escravos. Destes últimos, a maioria ficava sem uma ocupação condigna e sem acesso às escolas e a um aprimoramento, enquanto alguns conseguiam apenas ocupações menores. Em consequência, pouco a pouco se formaram os primeiros grandes grupos de pessoas colocadas a viver à margem da sociedade brasileira.
Depois da abolição dos escravos e no correr dos anos, a idéia de que os negros e seus descendentes eram preguiçosos e menos capazes de aprender do que os brancos foi um pensamento disseminado em boa parte do nosso meio social. Fato é que a mão-de-obra escrava sempre deu conta de enriquecer os que dela se utilizavam; sinal de que os escravos, mesmo em condições absolutamente adversas, tinham competência no que faziam…
Mas por toda a parte, no mundo, então se insinuava uma perigosa teoria: a “da supremacia racial branca”, que de certa forma contaminou o nosso país.
Existia no Brasil, à época, um clima de discriminação muito pesado, embora silencioso. Não havia, propriamente, episódios de violência física contra os negros, mulatos e mestiços, ao contrário do que ocorria em muitos países. Mas os costumes sociais sinalizavam no sentido de que era preciso “alisar o cabelo” para se ter boa aparência; que a música, a dança e o gingado dos negros “não eram boa coisa” etc. etc. Essa propaganda infeliz pretendia fazer com que os negros, os mulatos e os mestiços negassem sua identidade, forçando-os a “um branqueamento”. Afinal, para os opressores de sempre, a grande meta era continuar a escravizar e a melhor forma de fazer isso era pela via indireta, ou seja, fazendo com que os excluídos se sentissem inferiores e se colocassem em posição subalterna perante a sociedade que “os libertara”. Irônico? Não, apenas triste, muito triste esse capítulo da história do nosso país…
De alguma forma, os poderosos da época continuaram a vender a idéia de que aquelas pessoas eram inferiores. Os ideais dos Inconfidentes e dos Abolicionistas, que algum tempo antes comoveram e convenceram a muitos sobre o absurdo da escravidão humana, culminando com o advento da Lei Áurea, aqueles ideais agora ficavam para trás, esquecidos, sepultados sob a voracidade da sede de poder dos capitalistas extremados. Tudo o que importava era o lucro pelo lucro. Desqualificando, dessa forma, a mão-de-obra dos recém “libertos”, os detentores do poder político-econômico tomavam-lhes força de trabalho em troca de quase nada, porque muitos se sujeitaram a isso para não morrer de fome…
De qualquer maneira e de modo geral, aquelas pessoas e seus descendentes não eram bem vistos. E, com o tempo, vão surgindo as rodas da marginalidade. Não, necessariamente, a marginalidade do crime. Mas uma condição de vida à margem do quadro social. A música e a dança apreciadas por aqueles que a sociedade marginalizava não eram bem vistas, nem as suas atividades de recreação (jogos, carteado, capoeira etc.); e então surgiram grupos localizados para essas atividades. Frequentá-los, muitas vezes, era motivo bastante para ser alvo da polícia. Obviamente que esses lugares acabavam atraindo também pessoas já antes voltadas para o crime. Esses locais acabaram por tornarem-se perigosos o bastante para explicar que muitos de seus frequentadores andassem armados, ainda que não fossem propriamente criminosos. Daí dizer-se que os “malandros” andavam com faca ou navalha etc.
Quando se fala em “malandro”, na linguagem cotidiana, a primeira idéia que nos ocorre é a do boêmio, do jogador inveterado de cartas ou de dados, do amante da noite, da música e das rodas de danças, que vivia de expedientes, carregava navalha ou faca e fugia da polícia.
O “malandro” carioca faz lembrar aquele que vivia na Lapa, que gostava de samba e passava as noites na gafieira, chegando a ser personagem de peças teatrais, de músicas e de muitas histórias. Já o “malandro” de Pernambuco vivia nas danças do côco e do xaxado, passando as noites no forró. O que eles têm em comum? Eram todos marginalizados pela sociedade, vistos como “gente à toa”. Porém, sobreviveram a esse clima adverso, vivendo sem acesso a uma boa instrução ou a bons empregos; nem sempre conseguiram, senão com muita dificuldade, dar alguma instrução aos filhos. Nem por isso perderam a alegria, o gosto pela música e pela dança, pelo carteado, pela conversa noite adentro, de alguma forma conseguindo manter suas raízes religiosas e tradições ancestrais, dando “um jeitinho” de ser felizes.
Por trás dos arquétipos da Umbanda, vamos encontrar, no mais das vezes, a Mão da Espiritualidade Superior a corrigir grandes equívocos e injustiças sociais e a nos fazer refletir, enquanto nos auxilia nos problemas do cotidiano. E hoje temos, na presença da Linha de Malandros, uma excelente oportunidade de refletir sobre algumas questões, em especial: primeiro, que nem tudo que parece ruim de fato o é; e segundo, que de tudo se pode extrair algo de bom e de positivo. Do que poderia ter sido uma experiência de todo ruim, esses Espíritos extraíram uma lição de flexibilidade. E aquilo que para uma sociedade hipócrita parecia ser neles um mal era, muito ao contrário, a prova de valor de um povo que manteve fidelidade às suas raízes e não se deixou vencer pelo meio hostil.
Os Malandros vêm até nós, pelas Mãos do Alto, para nos ensinar “a boa malandragem”: fazer limonada com os limões azedos que recebemos dos outros; escorregar e levantar rapidinho, sem perder a compostura e a elegância, e já sair dançando e cantando; aprender jogar “o jogo da vida” e ser um bom parceiro de jogo, aprendendo a rir das tristezas e de si mesmo; assumir ser o que se é, sem hipocrisias, e fazer todo o Bem que se possa; não se prender a padrões e valores externos, mas ficar centrado em si mesmo e na sua Fé, sem nunca desacreditar da Vida Maior, cujo amparo permeia todos os nossos caminhos diários.
Pensar que os Malandros podem nos ensinar tudo isso brincando, de um jeito tão despojado, é o bastante para se quebrar velho ditado que dizia: ”de onde não se espera é que não sai nada”. Porque as aparências enganam!…
Então, não vamos viver de aparências e nem pelas aparências. Vamos viver a vida com Amor, Respeito e Fé. Vamos acreditar em nosso poder interior, que é Deus em nós. Vamos aprender a nos centrar e a nos conhecer intimamente, despertando nossas capacidades e valores acumulados ao longo desta e de outras encarnações e que ainda dormem dentro de nós, mas que podem ser despertados pelo nosso querer, por nossa vontade de superar as dificuldades, por nossa firme determinação de curar nossos pensamentos menos felizes e de encontrar respostas para as nossas necessidades, para enfim chegarmos a um caminho de felicidade, aqui e agora.
Quando se está na frente de um Malandro da Umbanda, é bom que a gente reflita sobre isso.
Essas Entidades estão entre nós por um recurso da Misericórdia Divina, trabalhando pela continuidade da própria evolução e também em nosso favor. Então, nada de o consulente adotar “julgamentos apressados”, no sentido de que se poderia pedir a eles algum mal, um trabalho de magia negativa ou coisa do gênero. E nós, médiuns, não podemos cair na bobagem de achar que podemos dar vazão aos nossos impulsos menos nobres e começar a usar de palavreado chulo, ou desandar a beber e a fumar etc. etc., sob o pretexto de que foi “o malandro” (aqui, com “m” minúsculo, porque um Malandro, um Guia de Umbanda, não faz isso nunca!… ).
Vamos recordar que os Malandros são Espíritos a serviço da Luz que vêm nos guiar, orientar e auxiliar; e que um Guia é sempre alguém mais elevado do que nós. Precisamos nos conduzir com honra, respeito, devoção e gratidão aos nossos Guias de Umbanda, para darmos continuidade à nossa evolução. É preciso estar no Terreiro, com em qualquer Templo, de alma e corpo presentes, por inteiro, pra valer.
Os Malandros são simples, amigos, leais e verdadeiros.
Mas se alguém pensa que pode enganá-los, então é desmascarado sem a menor cerimônia e na frente de todos, porque os Malandros não toleram a maldade, a injustiça ou a tentativa de se enganar aos mais fracos.
Nos Terreiros que adotam vestimentas características, quando incorporados em seus médiuns, os Malandros se apresentam vestidos com camisas listradas, alguns com camisas de seda, outros de terno e gravata brancos e chapéu ao estilo Panamá e às vezes de palha. Usam sapatos brancos, ou então bicolores (branco/preto; preto/vermelho) e gravata vermelha. Alguns usam cartola; outros, uma bengala (cajado).
Manipulam magisticamente fumos como charutos e cigarrilhas; e bebidas que vão desde aguardente, batidas, batida de côco, conhaque até uísque.
São cordiais e alegres. Parecem dançar a maior parte do tempo, mas com seus movimentos estão é recolhendo negatividades e purificando as pessoas e o ambiente.
Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los. Trabalham para curar, desmanchar magias negativas, proteger e abrir caminhos. Atuam muito na cura de problemas de cunho espiritual e emocional, particularmente no campo das chamadas doenças mentais (ansiedade, fobias, depressão, síndrome do pânico, compulsões, esquizofrenia etc.), pois seu magnetismo é bastante eficaz sobre os distúrbios originários de desequilíbrios do Sentido da Fé.
De modo geral, os Malandros se apresentam com uma fita vermelha no chapéu. Mas os que atuam na cura usam uma fita branca, símbolo do curador, ligado ao Pai Oxalá.
Dentro da Linha existem também as manifestações femininas, das quais Maria Navalha e Maria do Cais são os exemplos mais conhecidos.
Como regra geral, os Malandros não são Exus. São Entidades que integram Linhas de Trabalho distintas. Mas alguns Malandros se manifestam nas sessões de Esquerda, junto com os Exus.
Uma figura bastante conhecida dentro desta Linha é Seu Zé Pelintra.
Seu Zé, como é conhecido popularmente, é uma Entidade peculiar, pois tanto se manifesta na Direita quanto na Esquerda. Na Direita, ele vem como Malandro mesmo, ou como Baiano, ou ainda como Preto Velho quimbandeiro (isto é, voltado para o corte de magias negativas). E pode vir na Esquerda, como Exu.
Por que será? Ora, uma das grandes características dos Malandros não é a flexibilidade? Pois então… Seja como for, ele é um Guia a serviço da Luz.
Já no Catimbó, Zé Pelintra é “doutor”, é um curador, é um Mestre da Jurema bastante respeitado. Na Jurema, Seu Zé Pelintra não tem a conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de Esquerda, porque os Mestres da Jurema têm essa capacidade de pode vir tanto na Direita quanto na Esquerda. Na Esquerda, os Mestres vêm para cortar o mal.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala (que pode ser qualquer cajado), cachimbo e faz uso ritualístico da cachaça. Dança côco, baião e xaxado e abençoa a todos, que o abraçam e o chamam de padrinho.
A personagem principal da “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque de Holanda, ao que consta, foi baseada nos modos e trejeitos de Seu Zé Pelintra.
E Itamar Assumpção, em parceria com Wally Salomão, compôs para Seu Zé Pelintra esta música, que leva o nome da Entidade:
Zé Pelintra desceu
Zé Pelintra baixou
É ele que chega e parte a fechadura
Do portão cerrado.
Zé Pelintra desceu
Zé Pelintra baixou
É ele quem chamega, quem penetra
Em cada fresta e rompe o cadeado.
E quando Zé Pelintra pinta na aldeia
O povo todo saracoteia
Aparta briga feia, terno branco alinhado
Cabelo arapuá de brilhantina besuntado.
Ele, do ovo, é a porção gema, bebe suco da jurema
Resolve impossível demanda
Homem elástico, homem borracha
Desliza quem nem vaselina
Saravá a sua banda.
É ele quem abre uma brecha
Acende uma tocha no breu
Desparafusa a rosca
Seu cavalo sou eu.
Contam-se muitas estórias sobre quem teria sido Zé Pelintra quando encarnado. Alguns dizem que viveu em Pernambuco, outros afirmam que viveu no Rio de Janeiro.
Porém, não podemos nos esquecer de que dentro da Linha dos Malandros, como nas demais Linhas de Trabalho da Umbanda, estão agrupados espíritos que tiveram encarnações diferentes entre si. O ponto central é sabermos que esses Espíritos não estão presos a seus antigos nomes e sim, que foram agrupados a partir de suas afinidades vibratórias e evolutivas e de suas especialidades (campos de atuação).
Nomes Simbólicos: Zé Pelintra, Zé Malandro, Zé do Côco, Zé da Luz, Zé de Légua, Zé Moreno, Zé Pereira, Zé Pretinho, Malandrinho, Camisa Preta, Camisa Listrada, Sete Navalhas, Malandro do Morro.
Algumas Entidades Femininas que se manifestam nesta Linha: Maria do Cais, Maria Navalha.
Dia da semana: Não há um dia específico, tendo em vista que a Linha tem um campo de atuação muito vasto e se manifesta tanto na Direita quanto na Esquerda. Os Malandros que trabalham na cura costumam ser mais associados ao sábado, regido por Saturno e Urano, planetas relacionados ao Orixá Obaluayê. Já os que trabalham no corte de demandas têm uma associação mais direta com a terça-feira, regida por Marte e relacionada aos Orixás Ogum, Yansã e Omolu.
Campo de atuação: Limpeza energética, purificação e equilíbrio; quebra de preconceitos; desapego; corte de magias negativas; abertura de caminhos para a prosperidade em geral (espiritual e material); cura espiritual, emocional, mental e física.
Ponto de Força: O Ponto de Força dos Malandros é na subida de morros, nas esquinas e encruzilhadas, aos pés de coqueiros e até em cemitérios, dependendo do seu campo específico de atuação.
Cor: Branco/preto; branco/vermelho; vermelho/preto.
Guias ou colares: Suas guias ou colares podem ser de vários tipos, tais como: confeccionadas com coquinhos; de contas de porcelana vermelhas e pretas, ou vermelhas e brancas, ou ainda pretas e brancas; de sementes (olho de cabra, olho de boi, obi branco); de pedras; de palha da costa com búzios.
Elementos de trabalho: Baralho, moedas, dados, palitos, palha da costa, pedras, pembas, sumos de ervas, barbante, linhas, fitas, búzios, sementes, côco, água de côco, terra, dendê, azeite de oliva.
Ervas: Quebra demanda; arruda; guiné; comigo-ninguém-pode; aroeira; palha da costa; levante; anis estrelado; algodoeiro; tapete de Oxalá; alecrim; jasmim; manjericão roxo; folha de bambu; folhas de laranja e de limão; folha de café; folha e semente de cacau; folha de beterraba; rama de cenoura; café em grão e em pó; urucum; folha de pitanga; folhas de palmeira e de coqueiro; folha de bananeira; tiririca; barba de velho; raízes; cipós; cabelo e palha de milho; louro; losna; agrião; coentro; orégano; noz moscada; pára-raio; espada de São Jorge; espada de Santa Bárbara; lança de São Jorge; mentas (vários tipos de hortelã); boldos (vários tipos); ervas amargas; salsinha.
Sementes: Olho de boi, olho de cabra, obi branco (ou noz de cola).
Fumo/defumação: Charutos, cigarrilhas, fumo de corda, ervas enroladas na palha.
Pedras: Variam, dependendo da forma de manifestação da Entidade Malandro.
Flores: Rosas e cravos vermelhos e brancos; flores vermelhas e amarelas.
Oferendas:
Incensos: Quebra demanda, sete ervas.
Saudação: Salve os Malandros!
Cozinha ritualística:
Carne seca com abóbora: Dessalgar a carne seca, cortar em cubos e cozinhar. Guardar a água do cozimento. Refogar a carne já cozida com um pouquinho de dendê, azeite de oliva, cebola, alho, tomate e pimentão amarelo picados. Reservar. Na água do cozimento da carne, colocar para cozinhar pedaços de abóbora cortada em cubos, com o cuidado de não deixar amolecer demais. Juntar os pedaços de abóbora cozidos ao refogado da carne, misturar delicadamente e refogar por uns minutos, em fogo mínimo, com a panela tampada. Temperar com molho de pimenta, orégano e cheiro-verde (temperos a gosto).
Farofa de carne seca – Ingredientes: 350 g de carne seca; um pouquinho de dendê; 1 cebola grande picada; 2 dentes de alho amassados; 2 xícaras de farinha de mandioca torrada; cheiro-verde picadinho.