CIÚMES DOS MAIS NOVOS DO TERREIRO
Esta é mais uma situação comum que nos deparamos em nossa experiência na religião. O estranho ciúmes que alguns mais velhos desenvolvem para aqueles que recém entraram na casa. Incomodados pela energia, boa vontade, participação que os novatos apresentam pelas tarefas do terreiros, fecham-se em rodas de amargura e crítica. Talvez vejam neles um reflexo daquilo que deixaram de ser.
Quando uma pessoa entra no terreiro, é natural que ele se empolgue com todas as atividades. Querem fazer de tudo: estudar, por a mão na massa, participar da gira, falar sobre a espiritualidade. Tudo o que você pedir eles cumprem sem reclamação. E alguns, ao se mostrarem responsáveis, vão ganhando seu espaço.
É nesta situação que o ciúmes surge. O mais velho se ressente, uma vez que ele já tinha seu lugar ali. Teme que seu valor seja ameaçado, receia ser esquecido, ignorado. Há quem até se sinta “dono" de alguma tarefa. Chega ao ponto de ouvirmos frases como: “aqui só eu acendo defumação”, “o banheiro só eu lavo", “aquela entidade só eu cambono”. E se o Pai/Mãe de Santo elogia algum novato é um alvoroço!
Este comportamento, contudo, é problemático. Lembre, você também foi iniciante um dia. Conhecia poucas pessoas e quiz mostrar o seu valor. E da mesma maneira que esperava ser bem recebido pelo seus irmãos de corrente, também deve fazer o mesmo. O novato deve ser acolhido, e não julgado. E se ele está disposto a ajudar, que bom, o terreiro precisa mais disso.
Em vez de olhar para outro, reacenda sua própria chama. É preciso alimentar nosso encanto pela religião; caso contrário, o tédio e desânimo encontrarão espaço no seu coração. Triste é ver médiuns que anteriormente eram tão ativos no terreiro hoje fazerem o mínimo do mínimo. É aquele que chega tarde, vai embora cedo e acha que já fez muito.
Todos merecem respeito, independente de quando entraram na casa. O mais velho tem a sua importância, o valor que não é pequeno; porém, não espere também ser adorado pelos mais novos. Antes de tudo, somos irmãos de corrente. Não tolhe a iniciativa alheia; ao contrário, incentive o quanto puder a boa vontade no cumprimento de nossa missão.
Saravá a todos!