Ela é "Praiana"
Brasileira como todos nós.
O pai, branco português, tentou levar a filha para a igreja, mas ela não quis
Ela é "Praiana"
Brasileira como todos nós.
O pai, branco português, tentou levar a filha para a igreja, mas ela não quis.
Ela, moça bonita pela mãe batizada de Janaína, preferiu seguir a fé materna, a fé na Sereia do mar.
Era uma Menina como tantas outras que levavam barquinhos de madeira
Branca para por nas ondas como oferendas sempre no dia de Nossa Senhora dos Navegantes para louvar a deusa que servia.
Loira, dourada mas macumbeira de berço.
Ela era filha de pescador e neta de rendeira.
Faladeira, animada, viva!
Sambava na areia Vestida de azul e pérolas...
Amava estar na água, mas essa mesma água foi a que lhe tirou a vida.
Quando o conheceu ficou encantada, o nome era Jorge então achou que seria bravo e Nobre como o santo, e por fora de fato parecia mas por dentro não tinha nenhuma gota de vigor.
Janaína trabalhava de sol a sol, sempre estava com as Mãos ocupadas, ora na barraca dos peixes vendendo ao povo, ora sentada no banquinho com as agulhinhas tilintando ajudando a mãe na renda, hora sentada na areia remendando as redes de pesca do pai. O pai e a mãe eram muito diferentes, enquanto o pai fazia o sinal da cruz e rezava o terço a Nossa Senhora, a mãe fazia manjar de leite do coco e batia paó na frente da estátua da Sereia, porém com tudo isso a mãe e o pai eram felizes no casamento e isso criou a ilusão em Janaína de que com ela seria igual.
Ela merecia ser feliz e Deus sabe como merecia, mas na vida nem sempre se tem aquilo que se merece ter.
Então aquele bonitão de barba farta e sorriso largo colocou um anel em seu dedo e lhe chamou de noiva, e ela aceitou sorrindo já imaginando o que seria mãe de muitos filhos e senhora muito feliz.
Mas Jorge gostava do corpo e do rosto de Janaína mas não de seu jeito de ser. Janaína sempre foi moça arredia e faceira que no final do dia de trabalho ia para praia junto com seu povo, que é o povo Caiçara, e lá batucando cantigas de roda e samba da moda antiga ela dançava na beira do mar junto de toda a sua gente.
Mas Jorge não queria mulher assim, ele queria mulher de cabeça baixa para esquentar a barriga no fogão e esfriar na tanque.
A mãe aconselhou a não levar aquilo adiante porque o jeito do rapaz não combinava com o dela mas Janaína não deu ouvidos, estava mesmo apaixonada e ainda que vivesse as turras com o noivo pois ela resistia em ser quem era, ela ainda assim queria se casar.
Então a vizinha de porta com porta que era amiga da família já há muito tempo, trouxe a fofoca de que Jorge era Canalha e que durante todo o tempo de namoro e noivado nunca respeitou Janaína pois todo dia e toda hora andava de chamego com uma e outra na beira do cais, até mesmo no Cabaré era cliente frequente e quando lhe perguntavam de Janaína falava dela com desdém.
Janaína não acreditou porque era moça inocente, e por mais que fosse muito trabalhadeira o que tinha de esforçada tinha de esperançosa.
Não acreditou na vizinha mas a mãe lhe pediu para tirar a prova dos nove.
Um dia Janaína ficou parada na rua do cais escondidinha no meio de amigos antigos enquanto bebia com eles, então viu aquele moço alto passando pela rua sem olhar para os lados ou para trás pois ia para frente com muito ímpeto. Ela o seguiu e Jorge dobrou a direita indo até uma vila de pescadores e Janaína foi em seu encalço.
Ali na porta da casa de uma fulana Janaína viu Jorge agarrar a moradora do lugar e lhe tascar um beijo daqueles. Depois de beijar chamou ela até de meu amor e pareceu que já se conheciam há muito tempo.
Janaína que nunca foi moça de sangue de barata pulou em cima dos dois e mesmo com Jorge sendo um brutamontes fez o homem sair correndo dali com o olho roxo e metade da cara arranhada, e com a outra moça assanhada ela se resolveu lhe arrancando tufos de seu cabelo até a menina chorar desesperada.
Ali estava acabado um sonho, Jorge realmente não prestava e não valia nada, e isso deixou Janaína extremamente infeliz, verdadeiramente arrasada.
Porém terminar com o namorado não é coisa a ser dita que é fim do mundo. Quando se lida de maneira sã sabe que é só um momento da vida. Mas Janaína não lidou com aquilo de mente limpa.
Voltou nervosa cuspindo fogo até a roda de amigos mas não conto nada a ninguém pois não queria passar vergonha mostrando a todos que tinha sido humilhada pelo coração partido. Tirou sua bolsinha de moedas da cintura e lançou ao dono do bar pedindo uma dose daquela das fortes. Bebeu uma dose e depois duas e depois três e quatro e no fim pagou pela garrafa toda e depois mais uma garrafa e foi whisky, conhaque, vinho, cachaça, foi batida de coco e amendoim e caipirinha até a boca ficar amarga.
Os amigos tentaram ajudar a voltar para casa mas ela é muito nervosa os empurrava e gritava para deixá-la em paz.
Bêbada feito um gamba...
E naquela noite ela não foi para casa, cambaleante meio tonta foi com os pés descalços para a areia da praia. Ali ajoelhada diante das ondas ela chorava para sereia, e balbuciava baixinho sobre o fato de agora não ter dinheiro nenhum pois Jorge era durango e não pôde ajudar com os gastos do casamento, então ela do próprio bolso pois tinha suas economias comprou o vestido branco bonito que veio da cidade, já tinha pago a doceira e a boleira, o padre também embolsou uma boa grana para fazer correr os proclamas, e até o vestido da mãe e da sogra fora ela que pagou. Quinze anos de poupança se foram e agora Janaína estava ali ajoelhada na praia sem um tostão no bolso e sem o amor no coração.
Ela era moça direita, por mais que na vida que ele sabia ter sido muito namoradeira, ainda assim não achava justo que aquilo tivesse acontecido consigo.
É claro que perder um namorado ou um noivo que seja não é motivo de drama excessivo, mas volto a dizer que depois de litros e litros de aguardente Janaína não pensava direito.
Decidiu que não queria mais viver e levantando decidida entrou no mar na missão de engolir água até parar de respirar.
Quando a água lhe bateu no pescoço e ela mergulhou, imediatamente uma onda forte veio e a jogou na areia fazendo seu corpo magro rolar entre os grãos fininhos na brancura da praia.
Janaína ficou muito nervosa e com a voz torta gritou apontando o dedo para o mar dizendo que era para parar de tentar salvá-la porque ela ia assim morrer naquela noite.
Mal sabia ela que sob as ondas azuis, sentada em um Trono de corais e Conchas estava a mulher negra rodeada por um cardume de peixinhos das mais belas cores e que olhava para cima incrédula de que uma das suas filhas mais amadas estava tentando tirar a própria vida a troco de uma estupidez.
Mais uma vez se lançou contra as águas e mais uma vez foi empurrada para fora batendo o traseiro contra a areia fofa. Janaína praguejava Mas de repente começou a avançar novamente nas águas dessa vez sem malcriação e sim chorando do fundo do coração dizendo que queria um abraço da mãe do mar.
"É doce morrer no mar! É doce morrer com Yemanjá! Por que é ela que me deu a vida é para ela que vou voltar!"
Era o que a moça gritava enquanto avançava dentro das Águas.
Iemanjá com a testa enrugada e os olhos semicerrados mandava as correntes para cima empurrando a menina de volta.
Uma hora nisso ou até um pouco mais de uma hora e Janaína ainda tentava se findar na imensidão azul.
Iemanjá é mãe mas também é deusa, é prerrogativa dos Deuses serem poderosos para muitas coisas mas jamais removerem do ser humano o livre arbítrio que decidir a própria vida. Teve um momento em que a deusa abaixou suas mãos no colo e não mandou mais as correntes de água empurrar a moça para a praia.
Janaína entrou no fundo das Águas enquanto os seus pulmões se enchiam do líquido salgado, ela sentiu as dores que achava que não existiam pois muitos pensam que morrer afogado não dói, mas não existe morte que não seja doída.
E lá ela viu a bela Senhora de coroa de prata e de seios fartos, a bela senhora de pele escura como o carvão e olhos acesos como a luz dos Faróis que não deixam os navios baterem nos rochedos. Ela viu os braços erguidos da mulher lhe esperando para dar o tão sonhado abraço.
E deu, Janaína dê um abraço apertado em sua mãe muito apertado, um aperto que de repente se soltou quando havia ali agora não mais Janaína e sim apenas uma alma no fundo do mar ao lado de um cadáver de moça que agora lentamente voltava à superfície boiando como acontece com os corpos dos que morrem no oceano.
O álcool estava no corpo e não na alma e quando Janaína deu por si ficou horrorizada de ter feito aquilo consigo mesma, aquilo era coisa que ela jamais Pensou em fazer, havia tirado a própria vida por causa de um homem?
Não, não fora por causa do homem, fora por causa da cachaça.
Mas suicídio é suicídio e todos sabem que no mundo espiritual independente da crença que se tem, aquele que tira a própria vida nunca se dá bem.
No fundo azul das águas olhou em volta e viu as pestilências imundas que vinham lhe puxar para o Abismo.
No mundo dos mortos existe um vale onde as almas daqueles que tiraram a própria vida vão para se isolar e é para lá que as pestilências pretendiam levar a jovem moça.
A lei é a Lei e o correto é o correto, mas diante de Janaína agora estava uma mulher divina em pé rodeada de peixinhos na mais belas cores e erguendo sua mão iluminou o fundo do mar como se lá embaixo fosse dia e ela mesma fosse o sol. Nenhuma pestilência resistiu à luz e as almas malditas não vieram buscar o espírito de Janaína, não haveria vale do suicidas para ela.
Janaína em alma abraçou novamente sua mãe muito agradecida mas a mãe lhe explicou que mesmo sendo deusa ela não podia forçar a alma de Janaína a ir para um lugar bom, apenas podia evitar que fosse para um lugar mal. E quando Janaína perguntou para onde iria, a deusa apenas apontou para cima e Janaína entendeu que era para a praia que ela tinha de voltar.
Foi-se embora flutuando e quando pisou na areia da praia viu ali banhado pelas ondas seu corpo de carne agora rodeado de pessoas que choravam pela descoberta da morte daquela doce menina.
E nisso vocês podem pensar que a alma de Janaína que ficou presa nessa terra se tornou alguma coisa sombria e obscura não é?
Jamais.
Ela morreu de amor e agora tem por Missão apaziguar o coração daquelas que tem a mesma sina.
Vá na praia de madrugada, vá sim, ela está lá.
Ao chegar na areia entregue uma palma branca para a Sereia e uma Rosa Vermelha para a "Pombagira da Praia" que ela vai lhe ajudar.
Ouça com atenção o ecoar
Daquela costumeira gargalha
Nos rochedos da praia,
É lá que ela está...
Ela sempre esta lá!
Dançando agitando a saia e festejando tanto quando vão até ela lhe fazer oferendas tanto quando vão no dia da Santa prestigiar a rainha do mar.
Hoje em dia até longe das águas Janaína anda pois qualquer terreiro, mesmo que no interior, que lhe chamar pelo nome ela aparece lá.
"Ta na Atalaia
Ela é Pombagira
Ela é Pombagirê
Para que eu não caia"
Saravá! Salve a Pombagira da Praia!
Ela tem mironga no fundo do mar!
No fundo do mar!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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O jogo custa 35,00 e dá direito a 5 perguntas em até uma hora.
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Brasileira como todos nós.
O pai, branco português, tentou levar a filha para a igreja, mas ela não quis.
Ela, moça bonita pela mãe batizada de Janaína, preferiu seguir a fé materna, a fé na Sereia do mar.
Era uma Menina como tantas outras que levavam barquinhos de madeira
Branca para por nas ondas como oferendas sempre no dia de Nossa Senhora dos Navegantes para louvar a deusa que servia.
Loira, dourada mas macumbeira de berço.
Ela era filha de pescador e neta de rendeira.
Faladeira, animada, viva!
Sambava na areia Vestida de azul e pérolas...
Amava estar na água, mas essa mesma água foi a que lhe tirou a vida.
Quando o conheceu ficou encantada, o nome era Jorge então achou que seria bravo e Nobre como o santo, e por fora de fato parecia mas por dentro não tinha nenhuma gota de vigor.
Janaína trabalhava de sol a sol, sempre estava com as Mãos ocupadas, ora na barraca dos peixes vendendo ao povo, ora sentada no banquinho com as agulhinhas tilintando ajudando a mãe na renda, hora sentada na areia remendando as redes de pesca do pai. O pai e a mãe eram muito diferentes, enquanto o pai fazia o sinal da cruz e rezava o terço a Nossa Senhora, a mãe fazia manjar de leite do coco e batia paó na frente da estátua da Sereia, porém com tudo isso a mãe e o pai eram felizes no casamento e isso criou a ilusão em Janaína de que com ela seria igual.
Ela merecia ser feliz e Deus sabe como merecia, mas na vida nem sempre se tem aquilo que se merece ter.
Então aquele bonitão de barba farta e sorriso largo colocou um anel em seu dedo e lhe chamou de noiva, e ela aceitou sorrindo já imaginando o que seria mãe de muitos filhos e senhora muito feliz.
Mas Jorge gostava do corpo e do rosto de Janaína mas não de seu jeito de ser. Janaína sempre foi moça arredia e faceira que no final do dia de trabalho ia para praia junto com seu povo, que é o povo Caiçara, e lá batucando cantigas de roda e samba da moda antiga ela dançava na beira do mar junto de toda a sua gente.
Mas Jorge não queria mulher assim, ele queria mulher de cabeça baixa para esquentar a barriga no fogão e esfriar na tanque.
A mãe aconselhou a não levar aquilo adiante porque o jeito do rapaz não combinava com o dela mas Janaína não deu ouvidos, estava mesmo apaixonada e ainda que vivesse as turras com o noivo pois ela resistia em ser quem era, ela ainda assim queria se casar.
Então a vizinha de porta com porta que era amiga da família já há muito tempo, trouxe a fofoca de que Jorge era Canalha e que durante todo o tempo de namoro e noivado nunca respeitou Janaína pois todo dia e toda hora andava de chamego com uma e outra na beira do cais, até mesmo no Cabaré era cliente frequente e quando lhe perguntavam de Janaína falava dela com desdém.
Janaína não acreditou porque era moça inocente, e por mais que fosse muito trabalhadeira o que tinha de esforçada tinha de esperançosa.
Não acreditou na vizinha mas a mãe lhe pediu para tirar a prova dos nove.
Um dia Janaína ficou parada na rua do cais escondidinha no meio de amigos antigos enquanto bebia com eles, então viu aquele moço alto passando pela rua sem olhar para os lados ou para trás pois ia para frente com muito ímpeto. Ela o seguiu e Jorge dobrou a direita indo até uma vila de pescadores e Janaína foi em seu encalço.
Ali na porta da casa de uma fulana Janaína viu Jorge agarrar a moradora do lugar e lhe tascar um beijo daqueles. Depois de beijar chamou ela até de meu amor e pareceu que já se conheciam há muito tempo.
Janaína que nunca foi moça de sangue de barata pulou em cima dos dois e mesmo com Jorge sendo um brutamontes fez o homem sair correndo dali com o olho roxo e metade da cara arranhada, e com a outra moça assanhada ela se resolveu lhe arrancando tufos de seu cabelo até a menina chorar desesperada.
Ali estava acabado um sonho, Jorge realmente não prestava e não valia nada, e isso deixou Janaína extremamente infeliz, verdadeiramente arrasada.
Porém terminar com o namorado não é coisa a ser dita que é fim do mundo. Quando se lida de maneira sã sabe que é só um momento da vida. Mas Janaína não lidou com aquilo de mente limpa.
Voltou nervosa cuspindo fogo até a roda de amigos mas não conto nada a ninguém pois não queria passar vergonha mostrando a todos que tinha sido humilhada pelo coração partido. Tirou sua bolsinha de moedas da cintura e lançou ao dono do bar pedindo uma dose daquela das fortes. Bebeu uma dose e depois duas e depois três e quatro e no fim pagou pela garrafa toda e depois mais uma garrafa e foi whisky, conhaque, vinho, cachaça, foi batida de coco e amendoim e caipirinha até a boca ficar amarga.
Os amigos tentaram ajudar a voltar para casa mas ela é muito nervosa os empurrava e gritava para deixá-la em paz.
Bêbada feito um gamba...
E naquela noite ela não foi para casa, cambaleante meio tonta foi com os pés descalços para a areia da praia. Ali ajoelhada diante das ondas ela chorava para sereia, e balbuciava baixinho sobre o fato de agora não ter dinheiro nenhum pois Jorge era durango e não pôde ajudar com os gastos do casamento, então ela do próprio bolso pois tinha suas economias comprou o vestido branco bonito que veio da cidade, já tinha pago a doceira e a boleira, o padre também embolsou uma boa grana para fazer correr os proclamas, e até o vestido da mãe e da sogra fora ela que pagou. Quinze anos de poupança se foram e agora Janaína estava ali ajoelhada na praia sem um tostão no bolso e sem o amor no coração.
Ela era moça direita, por mais que na vida que ele sabia ter sido muito namoradeira, ainda assim não achava justo que aquilo tivesse acontecido consigo.
É claro que perder um namorado ou um noivo que seja não é motivo de drama excessivo, mas volto a dizer que depois de litros e litros de aguardente Janaína não pensava direito.
Decidiu que não queria mais viver e levantando decidida entrou no mar na missão de engolir água até parar de respirar.
Quando a água lhe bateu no pescoço e ela mergulhou, imediatamente uma onda forte veio e a jogou na areia fazendo seu corpo magro rolar entre os grãos fininhos na brancura da praia.
Janaína ficou muito nervosa e com a voz torta gritou apontando o dedo para o mar dizendo que era para parar de tentar salvá-la porque ela ia assim morrer naquela noite.
Mal sabia ela que sob as ondas azuis, sentada em um Trono de corais e Conchas estava a mulher negra rodeada por um cardume de peixinhos das mais belas cores e que olhava para cima incrédula de que uma das suas filhas mais amadas estava tentando tirar a própria vida a troco de uma estupidez.
Mais uma vez se lançou contra as águas e mais uma vez foi empurrada para fora batendo o traseiro contra a areia fofa. Janaína praguejava Mas de repente começou a avançar novamente nas águas dessa vez sem malcriação e sim chorando do fundo do coração dizendo que queria um abraço da mãe do mar.
"É doce morrer no mar! É doce morrer com Yemanjá! Por que é ela que me deu a vida é para ela que vou voltar!"
Era o que a moça gritava enquanto avançava dentro das Águas.
Iemanjá com a testa enrugada e os olhos semicerrados mandava as correntes para cima empurrando a menina de volta.
Uma hora nisso ou até um pouco mais de uma hora e Janaína ainda tentava se findar na imensidão azul.
Iemanjá é mãe mas também é deusa, é prerrogativa dos Deuses serem poderosos para muitas coisas mas jamais removerem do ser humano o livre arbítrio que decidir a própria vida. Teve um momento em que a deusa abaixou suas mãos no colo e não mandou mais as correntes de água empurrar a moça para a praia.
Janaína entrou no fundo das Águas enquanto os seus pulmões se enchiam do líquido salgado, ela sentiu as dores que achava que não existiam pois muitos pensam que morrer afogado não dói, mas não existe morte que não seja doída.
E lá ela viu a bela Senhora de coroa de prata e de seios fartos, a bela senhora de pele escura como o carvão e olhos acesos como a luz dos Faróis que não deixam os navios baterem nos rochedos. Ela viu os braços erguidos da mulher lhe esperando para dar o tão sonhado abraço.
E deu, Janaína dê um abraço apertado em sua mãe muito apertado, um aperto que de repente se soltou quando havia ali agora não mais Janaína e sim apenas uma alma no fundo do mar ao lado de um cadáver de moça que agora lentamente voltava à superfície boiando como acontece com os corpos dos que morrem no oceano.
O álcool estava no corpo e não na alma e quando Janaína deu por si ficou horrorizada de ter feito aquilo consigo mesma, aquilo era coisa que ela jamais Pensou em fazer, havia tirado a própria vida por causa de um homem?
Não, não fora por causa do homem, fora por causa da cachaça.
Mas suicídio é suicídio e todos sabem que no mundo espiritual independente da crença que se tem, aquele que tira a própria vida nunca se dá bem.
No fundo azul das águas olhou em volta e viu as pestilências imundas que vinham lhe puxar para o Abismo.
No mundo dos mortos existe um vale onde as almas daqueles que tiraram a própria vida vão para se isolar e é para lá que as pestilências pretendiam levar a jovem moça.
A lei é a Lei e o correto é o correto, mas diante de Janaína agora estava uma mulher divina em pé rodeada de peixinhos na mais belas cores e erguendo sua mão iluminou o fundo do mar como se lá embaixo fosse dia e ela mesma fosse o sol. Nenhuma pestilência resistiu à luz e as almas malditas não vieram buscar o espírito de Janaína, não haveria vale do suicidas para ela.
Janaína em alma abraçou novamente sua mãe muito agradecida mas a mãe lhe explicou que mesmo sendo deusa ela não podia forçar a alma de Janaína a ir para um lugar bom, apenas podia evitar que fosse para um lugar mal. E quando Janaína perguntou para onde iria, a deusa apenas apontou para cima e Janaína entendeu que era para a praia que ela tinha de voltar.
Foi-se embora flutuando e quando pisou na areia da praia viu ali banhado pelas ondas seu corpo de carne agora rodeado de pessoas que choravam pela descoberta da morte daquela doce menina.
E nisso vocês podem pensar que a alma de Janaína que ficou presa nessa terra se tornou alguma coisa sombria e obscura não é?
Jamais.
Ela morreu de amor e agora tem por Missão apaziguar o coração daquelas que tem a mesma sina.
Vá na praia de madrugada, vá sim, ela está lá.
Ao chegar na areia entregue uma palma branca para a Sereia e uma Rosa Vermelha para a "Pombagira da Praia" que ela vai lhe ajudar.
Ouça com atenção o ecoar
Daquela costumeira gargalha
Nos rochedos da praia,
É lá que ela está...
Ela sempre esta lá!
Dançando agitando a saia e festejando tanto quando vão até ela lhe fazer oferendas tanto quando vão no dia da Santa prestigiar a rainha do mar.
Hoje em dia até longe das águas Janaína anda pois qualquer terreiro, mesmo que no interior, que lhe chamar pelo nome ela aparece lá.
"Ta na Atalaia
Ela é Pombagira
Ela é Pombagirê
Para que eu não caia"
Saravá! Salve a Pombagira da Praia!
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No fundo do mar!
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Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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