Cheguei em casa com
minhas sacolas de compras
após ter ido no supermercado
buscar água de flor de laranjeira
Cheguei em casa com
minhas sacolas de compras
após ter ido no supermercado
buscar água de flor de laranjeira.
Não é qualquer Supermercado
que vende então precisei ir
em dois para encontrar no terceiro.
Fui para o fogão e coloquei
na panela água, açúcar e
suco de laranja que tinha
espremido de manhã,
acendi o fogo e comecei a mexer,
e foi no compasso das mexidas
que fui me lembrando
das coisas da vida.
Não vou dizer a vocês que
o sonho da minha vida era
ser mãe,
a verdade é que nunca nem
me passou pela cabeça.
Foi por isso que certa vez
muitos anos atrás quando
eu tive uma forte dor abdominal
e fui ao médico reclamar dos
enjoos que estava sentindo
e recebi a notícia que em vez
de ser uma crise de vesícula
ou algo de gastrite era gravidez,
naquele momento
eu fiquei sem chão.
O motivo é que eu tinha
Trinta e oito anos e meu marido,
que era policial,
havia morrido em função
alguns meses antes.
Sim eu enterrei o meu marido
e alguns meses depois descobri
que estava grávida dele.
Estava viúva há três meses
E agora descubro que há
Quatro meses esperava um bebê.
Sinceramente pela minha idade
Viver essa situação
nunca passou pela minha cabeça,
Jamais sonhei em passar por aquilo,
E para completar minha mãe
que era o único membro da
minha família ainda viva
estava com Alzheimer,
ou seja estava eu dentro
de uma casa enorme
mas completamente sozinha
e me deparando com uma
situação que eu não imaginava.
A família do meu marido
imediatamente desconfiou
que o filho não fosse dele e
a minha sogra até pediu
exames para comprovar
e coisas do tipo,
mas como eu não tinha
necessidade de provar nada
a ninguém eu continuei vivendo
a minha vida enquanto
minha barriga crescia.
Os médicos disseram que
pelo fato de eu ter quase
Quarenta anos a minha gravidez
precisaria ser acompanhada
com cuidado,
não que houvesse algum
problema com a idade mas
o seguro morreu de velho.
A verdade é que durante
toda a gestação eu não consegui
desenvolver sentimentos
pelo bebê, eu ainda estava
de luto e vivia tendo que
ir à casa de repouso cuidar
da minha mãe pois ela já
não tinha condições de
morar comigo pois o Alzheimer
dela evoluiu tanto que muitas
vezes ela não sabia nem
onde estava e precisava de
medicamentos e cuidados que
eu não sabia dar.
No dia que eu senti
as dores do parto não tinha
ninguém para ir comigo no hospital,
chamei um táxi e fui sozinha.
Por mais que durante
toda a gestação eu jamais
tivesse sentido nenhum
resquício de carinho por
aquela criança,
em meio toda agonia do parto
eu pareci ir às nuvens quando
de repente ouvi o choro agudo
do bebê e a enfermeira colocou
aquela coisinha minúscula
perto do meu rosto.
Parecia tanto com meu marido,
parecia tanto com meu pai
e minha mãe,
então naquele momento
depois de muitos meses
eu me senti feliz novamente.
Fiquei três dias no hospital
e depois fui liberada para ir
para casa,
e aí vocês já podem imaginar
que a vida seguiu,
eu agora era mãe de
uma menina muito sapeca
chamada Laura que conforme
foi crescendo mostrou que
era muito mais espevitada
do que a maioria das meninas,
gostava de jogar futebol e
de praticar karatê,
gostava de ver filmes de aventura
e a peça de roupa que
ela mais amava era o
macacão jeans que eu
colocava nela quando ia brincar
para que não sujasse nenhuma
outra roupa de sair.
Um dia estava eu e a minha menina,
ela já com seis anos
quando assistimos um filme na TV
e ela ria,
mas após uma crise de riso
eu me assustei quando olhei
para o rosto dela e vi
sangue escorrendo de seu nariz.
Achei que tinha sido porque
ela tinha corrido muito
durante o dia e era verão,
então limpei aquele sangue
e disse para ela que
estava tudo bem,
que essas coisas aconteciam.
Uma semana depois
ela se assustou com um sapo
que viu na rua e
desmaiou do meu lado
com sangue escorrendo pelo nariz.
Entendam, não era
um sangramento pequeno
como acontece com todo mundo
que tem hemorragia nasal,
a quantidade de sangue
que escorreria pelo nariz dela
lavava a camiseta e manchava
os braços de tanto que era.
Levei ela ao médico e
depois de uma série de exames
Onde precisei levava duas vezes
Ao hospital e esperar vários dias,
Finalmente me chamaram
E me direcionaram para a sala
de aconselhamento,
eu sabia que era algo muito ruim
pois também haviam
me chamado na sala
de aconselhamento no dia
que disseram que minha mãe
estava com Alzheimer.
A médica chefe da Pediatria
estava ao lado de um oncologista
para me dizer que havia
uma forte suspeita de problemas
na medula óssea,
e rodearam um bocado até dizer
a palavra que eu
não queria ouvir: LEUCEMIA.
Eu era um tanto quanto leiga
nesses assuntos então mesmo
sabendo que era algo grave
pois tinha visto esses casos
em filmes e novelas eu perguntei
ao médico se o tratamento
era muito caro,
isso porque eu já suponha
que existia um tratamento eficaz
e que no fim das contas
ia ficar tudo bem.
O médico então disse que
não precisava se preocupar
pois o plano de saúde cobria
mas que na verdade não havia
nenhum tratamento garantido,
a leucemia é uma roleta russa,
tem pessoas que fazem
tratamentos básicos e se curam
e já outras que usam todos
os métodos possíveis de recuperação
mas ainda assim morrem.
Eu respirava fundo para
não me desesperar
pois eu não podia demonstrar fraqueza
afinal de contas Laura só tinha a mim.
Fomos para casa naquele dia
mas na mesma semana tivemos
que voltar ao médico,
então vieram mais exames,
aconteceram outros
episódios de hemorragia,
manchas vermelhas pelo corpo,
uma palidez que deixava
os olhos sem vida e os lábios brancos.
De repente minha Laura
parecia uma boneca,
não corria nem brincava mais,
não ria alto e nem contava piadas,
a única coisa que ela fazia
era ficar deitada e respirando fundo
pois sempre estava
cansada e com sono.
Foram feitos diversos tipos
de tratamento até que o médico
veio me dizer que iria
iniciar a quimioterapia.
No fim de Cada sessão
Laura vomitava e chorava muito,
seus cabelos caíram,
até os pelos da sobrancelha,
tivemos que cobrir todos os
espelhos da casa porque ela
tinha crises de pânico
quando se via,
então eu percebi que
a minha filha estava de fato
morrendo.
Levei ela na igreja,
tanto na Católica quanto
na evangélica,
levei ela no centro
espírita mesa branca e
até mesmo para ser abençoada
por um monge budista,
eu estava atirando para todo lado
para ver se alguém ajudava ela,
para ver se tinha salvação.
Então um dia Laura pediu
para ir ver a vovó,
e eu a levei a casa de repouso.
Quando chegamos lá
minha mãe estava
daquele jeito de sempre,
não me reconhecia e
não falava coisa com coisa.
Sentamos em cadeiras de balanço
na varanda da casa
e Laura ficou conversando com ela.
De repente minha mãe
olhou para Laura e disse:
— Nossa Esmeralda quanto tempo eu não te vejo, Que lindo os olhos verdes... sempre olhos lindos...
Eu ri daquilo pois Laura
não tinha olhos verdes,
ela tinha os olhos castanhos
como do pai,
mas minha mãe continua a falar
De forma delirante:
— Eu me arrependo tanto de não ter dado continuidade nas coisas sabe... mas você sabia que o Sérgio não gostava... ah Esmeralda você me faz tanta falta... que saudade eu tenho de ver os milagres que você fazia...
Então como instalo eu
parei de sorrir e a minha mente
me trouxe a lembrança
da minha mãe vestida com
um vestido Verde dançando
dentro de um centro de Umbanda
quando eu era criança,
e imediatamente eu lembrei
Quem era Esmeralda,
minha mãe falava da Cigana Esmeralda
pois ela havia sido médium
dela durante algum tempo
de sua Juventude.
Comecei a perguntar a minha mãe
coisas sobre a Esmeralda
mas ela não falava comigo,
parecia não perceber
que eu estava ali,
continuava olhando para Laura
e falando coisas sobre
o povo cigano e arrependimentos
de ter largado a umbanda
por conta de pedido de marido.
No final da visita coloquei Laura
dentro do carro e dirigi
imediatamente para um local
que eu sabia que ainda existia
pois passava lá em frente
de vez em quando,
era de dia e o lugar parecia
sem movimentação
mas Estacionei o carro na frente,
peguei Laura no colo
e apertei a campainha do lugar,
aquela residência tinha uma
placa branca em cima da porta
onde se lia
"Casa de Caridade Caboclo cobra coral"
e era lá que minha mãe frequentava
muitas Décadas atrás.
Para minha gigantesca surpresa
quem abriu a porta foi a mãe Edinalva,
com seus quase noventa anos
ela veio apoiada em uma bengala
e assim que bateu o olho em mim
me reconheceu,
entramos na casa e
com certo desespero eu despejei
sobre ela toda história e tudo
o que estava acontecendo.
E para minha surpresa quando
olhei em cima do sofá que ficava
bem na entrada da casa eu vi ali
o vestido verde da minha mãe,
um vestido de entidade
que hoje poderia ser
considerado cafona mas
que na época era o modelo
mais usado pelos médiuns.
— Engraçado você dizer que a Helena viu Esmeralda na sua filha, hoje mesmo quando eu acordei de manhã eu ouvi a voz de Esmeralda cantando pelos corredores da casa, então resolvi tirar esse vestido velho dela do guarda-roupa e por para lavar, mas fiquei com medo de estragar na máquina.
Eu me dispus naquele momento
a lavar para ela o vestido à mão
então fomos nós para o fundo
da casa onde havia um
tanque antigo e com sabão de coco
fui lavando aquele vestido velho,
a mãe Edinalva sentada numa
cadeira com Laura no colo
ia me contando sobre
quem era Esmeralda,
e então um momento aconteceu
onde mãe Edinalva me disse
que Esmeralda gostava muito
de beber conhaque,
e Laura levantou a cabeça
e olhou para ela e com a
sua voz de criança respondeu:
— Quem gosta de conhaque é Cigana Samira, eu sempre gostei de licor de cereja.
Parei O que estava fazendo e
olhei para Laura
e a mãe de santo também abismada
abaixou a cabeça para olhar
para minha filha,
então as duas
Começaram a conversar.
— Ah a senhora me desculpe Dona Esmeralda, sabe como é a cabeça de velho, às vezes eu confundo as coisas.
Minha filha sorria para ela
e respondia uma
série de questões sobre
costumes espirituais só
que o modo com que falava
não era o modo de
uma criança falar,
era nitidamente um espírito
que falava através
da minha filha
só que eu fiquei muito confusa
porque nós nunca tínhamos
ido a um terreiro juntas,
não havia como Laura saber
o que era a umbanda
ou o que era uma entidade
pois ela tinha na época
Sete anos de idade e nunca havia
sido informada que aquilo existia.
Mãe Edinalva me explicou:
— Ela não está incorporada, é muita nova pra isso, mas Esmeralda está do lado dela, sua filha repete o que ela ouve Esmeralda dizer.
Confesso que isso não foi alívio,
eu estava assustada.
No fim da conversa a
mãe de santo perguntou para
a minha filha ali no colo dela:
— Tem como a senhora ajudar essa criança? Vejo que a senhora já está na vida dela, mas pode ajudar ela a ficar bem?
Então Laura olhou para mim
e por um segundo eu achei
ver em seus olhos Iris verdes,
mesmo sabendo que
na verdade elas eram castanhas,
então ouvi ela falar:
— No mundo dos espíritos uma criança só é vista como alguém depois que ela tem consciência de si mesma, antes disso a criança pertence a mãe que lhe deu a vida. Eu não posso fazer nada se a mãe não permitir que eu faça.
Em um segundo eu estava
de joelhos na frente da
minha filha chorando e
pedindo que me ajudasse
dizendo que eu permitia
qualquer tipo de interferência
do mundo espiritual ou
da cigana Esmeralda que seja,
chorava e pedia,
então de repente a mãe de santo
ficou em pé em um tranco e
com a voz firme e disse:
— leva ela para casa e traz ela aqui de volta amanhã à noite, nós vamos ajudar ela.
Quando olhei para cima
a mãe de santo estava em pé
com a minha filha do colo
mas não estava se apoiando
na bengala e seus olhos estavam
brancos e revirados,
ainda ajoelhada eu agradeci
ao Senhor Cobra Coral
pois sabia que era ele que estava ali.
Fui embora com Laura para casa
e naquela noite ela passou
mais mal ainda,
mas às sete horas da noite
no dia seguinte eu estava lá
no terreiro,
estava acontecendo uma
gira de ciganos e a coisa
mais interessante é que todos
os ciganos incorporados
tinham um certo espaço
no meio do salão Mas
havia um único espaço todo enfeitado
mas que não havia nenhum
Cigano trabalhando,
o que havia ali era uma
cadeira de palha trançada
com o vestido verde da Esmeralda
jogada por cima.
Então a cigana Zaira mandou
eu colocar Laura sentada
sobre o vestido,
e nós ficamos ali esperando
pois havia muita gente
para ser atendida pelos ciganos.
No final da gira quando todas
as pessoas a serem atendidas
foram embora e o portão
da casa foi fechado
os ciganos em peso vieram até nós,
eram pelo menos dez incluindo
a mãe de santo
incorporada com Pablo,
e todos eles tocaram suas mãos
na minha filha,
tocavam ela como bençãos
em seu peito e em sua cabeça
Então trouxeram uma taça
com vinho e a cigana
Natasha perguntou:
— Quando ela fizer doze anos ela poderá decidir se Esmeralda permanecerá na vida dela ou não, mas até que essa idade chegue você dá autoridade a Esmeralda estarna vida dessa menina?
Eu disse que sim e em seguida
os ciganos gritaram "Pachá!",
então eu disse sim novamente
e eles gritaram de novo a tal "pachá",
e por mais cinco vezes gritei
Que sim e eles
responderam com "pachá".
Pachá significa vida na língua deles, depois que me contaram.
Bebi da taça de vinho,
Depois laura deu um gole
Na bebida e assim a palavra
Havia sido dada,
Laura era de Esmeralda
dali por diante.
Ela foi muito abençoada
naquele dia então
fomos para casa,
o tratamento da leucemia
teve que continuar com a
quimioterapia durante mais
algumas semanas e o médico
nos mandou para casa
para esperar pois era necessário
o tempo dizer como
as coisas iriam acontecer.
Três semanas após levei ela
novamente ao médico e ele
ficou sem reação quando
viu a minha menina entrar
no consultório andando e sorrindo,
e logo de cara perguntando a ele
se já poderia voltar
a andar de bicicleta e
A jogar futebol na rua com
Os meninos.
O médico ficou atônito
e levou ela para fazer uma
série de exames pois ele temia
que fosse algum tipo de
vitalidade momentânea,
Passamos o dia no hospital e
no anoitecer ele veio com
uma série de folhas de papel
na mão mostrando todos
os exames dizendo que todos
os resultados estavam positivos
e que ele não fazia ideia de
como aquilo podia estar acontecendo
afinal de contas nenhuma
quimioterapia cura uma pessoa
daquela forma,
nenhum tratamento existente
resolve uma leucemia
em questão de dias,
o médico pediu para refazer
os exames e eu disse que
naquele dia não pois Laura
estava cansada mas nós
voltaríamos depois de uma semana,
então nós voltamos e ele refez
Todos os exames e os resultados
estavam melhores ainda,
e já haviam pequenos fiozinhos
de cabelo crescendo na cabeça dela.
A coisa mais maluca foi que
em vez do médico
me dar respostas era ele que
ficava me enchendo de perguntas
para tentar entender como é
que era era possível pois e
le tinha uma série de pacientes
que estavam morrendo com
casos mais leves do que
o de Laura e ela com o
caso gravíssimo de repente
estava bem.
Eu respondi as perguntas dele
dizendo que Laura estava
nos braços de cigana Esmeralda
e que ela é que não deixaria
minha filha morrer
pois agora minha filha
não era só minha,
era dela também.
Continuamos indo ao terreiro
e quando Laura fez doze
anos foi perguntado a ela
se ela gostaria de continuar
com cigana Esmeralda
em sua vida,
e ela aprontamente disse que sim.
Quando ela fez dezesseis anos
foi feita uma festa para Esmeralda
ser reconhecido no terreiro
e começar a trabalhar,
e eu fiquei ali sentada
em uma cadeira ao lado
da minha mãe que aplaudia
com muita força e alegria
enquanto minha filha
no meio do salão dançava
vestida naquele mesmo vestido verde
que nós havíamos
mandado reformar,
minha filha forte, alta e bonita
Sorria para nós, mas quem
Sorria pelos labios dela
era cigana Esmeralda
Que estava dentro dela.
Eu fui aqui contando essa história
E veja vocês que eu acabei
de preparar o manjar turco,
que é a oferenda que
Esmeralda mais gosta.
Coloquei umas boas colheradas
de água de flor de laranjeira
e já vou levando a massa
para descansar,
e mais tarde quando estiver fria
eu vou passar no açúcar
E vou pôr lá no Altar dela
que fica no final do corredor
aqui dentro da minha casa.
Eu tenho as minhas próprias entidades
mas também cuido de Esmeralda
junto com a minha filha
pois nós temos muita gratidão,
eu vou lá mais tarde dar a
Esmeralda a sua oferenda
e separar uns pedacinhos de
Manjar turco para minha filha
comer quando ela chegar do trabalho,
Porque sim, minha Laura hoje tem
Vinte e cinco anos e está viva
e bem e todas as semanas
vou ao terreiro com ela
para ver Esmeralda a trabalhar
Atendendo o povo
Através do corpo de Laura.
Nem que eu desse toda
a fortuna do mundo eu
poderia pagar o preço
da vida da minha filha.
Esmeralda me deu algo
que eu jamais serei capaz
de retribuir,
ela me deu a vida de Laura,
e todos esses anos vem
abençoando minha filha
com felicidade e sorte.
Eu espero no dia que
eu morrer ter a chance
de conseguir ver Esmeralda
e dar nela um
abraço apertado de gratidão.
Que ela seja louvada todos os dias!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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minhas sacolas de compras
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Não é qualquer Supermercado
que vende então precisei ir
em dois para encontrar no terceiro.
Fui para o fogão e coloquei
na panela água, açúcar e
suco de laranja que tinha
espremido de manhã,
acendi o fogo e comecei a mexer,
e foi no compasso das mexidas
que fui me lembrando
das coisas da vida.
Não vou dizer a vocês que
o sonho da minha vida era
ser mãe,
a verdade é que nunca nem
me passou pela cabeça.
Foi por isso que certa vez
muitos anos atrás quando
eu tive uma forte dor abdominal
e fui ao médico reclamar dos
enjoos que estava sentindo
e recebi a notícia que em vez
de ser uma crise de vesícula
ou algo de gastrite era gravidez,
naquele momento
eu fiquei sem chão.
O motivo é que eu tinha
Trinta e oito anos e meu marido,
que era policial,
havia morrido em função
alguns meses antes.
Sim eu enterrei o meu marido
e alguns meses depois descobri
que estava grávida dele.
Estava viúva há três meses
E agora descubro que há
Quatro meses esperava um bebê.
Sinceramente pela minha idade
Viver essa situação
nunca passou pela minha cabeça,
Jamais sonhei em passar por aquilo,
E para completar minha mãe
que era o único membro da
minha família ainda viva
estava com Alzheimer,
ou seja estava eu dentro
de uma casa enorme
mas completamente sozinha
e me deparando com uma
situação que eu não imaginava.
A família do meu marido
imediatamente desconfiou
que o filho não fosse dele e
a minha sogra até pediu
exames para comprovar
e coisas do tipo,
mas como eu não tinha
necessidade de provar nada
a ninguém eu continuei vivendo
a minha vida enquanto
minha barriga crescia.
Os médicos disseram que
pelo fato de eu ter quase
Quarenta anos a minha gravidez
precisaria ser acompanhada
com cuidado,
não que houvesse algum
problema com a idade mas
o seguro morreu de velho.
A verdade é que durante
toda a gestação eu não consegui
desenvolver sentimentos
pelo bebê, eu ainda estava
de luto e vivia tendo que
ir à casa de repouso cuidar
da minha mãe pois ela já
não tinha condições de
morar comigo pois o Alzheimer
dela evoluiu tanto que muitas
vezes ela não sabia nem
onde estava e precisava de
medicamentos e cuidados que
eu não sabia dar.
No dia que eu senti
as dores do parto não tinha
ninguém para ir comigo no hospital,
chamei um táxi e fui sozinha.
Por mais que durante
toda a gestação eu jamais
tivesse sentido nenhum
resquício de carinho por
aquela criança,
em meio toda agonia do parto
eu pareci ir às nuvens quando
de repente ouvi o choro agudo
do bebê e a enfermeira colocou
aquela coisinha minúscula
perto do meu rosto.
Parecia tanto com meu marido,
parecia tanto com meu pai
e minha mãe,
então naquele momento
depois de muitos meses
eu me senti feliz novamente.
Fiquei três dias no hospital
e depois fui liberada para ir
para casa,
e aí vocês já podem imaginar
que a vida seguiu,
eu agora era mãe de
uma menina muito sapeca
chamada Laura que conforme
foi crescendo mostrou que
era muito mais espevitada
do que a maioria das meninas,
gostava de jogar futebol e
de praticar karatê,
gostava de ver filmes de aventura
e a peça de roupa que
ela mais amava era o
macacão jeans que eu
colocava nela quando ia brincar
para que não sujasse nenhuma
outra roupa de sair.
Um dia estava eu e a minha menina,
ela já com seis anos
quando assistimos um filme na TV
e ela ria,
mas após uma crise de riso
eu me assustei quando olhei
para o rosto dela e vi
sangue escorrendo de seu nariz.
Achei que tinha sido porque
ela tinha corrido muito
durante o dia e era verão,
então limpei aquele sangue
e disse para ela que
estava tudo bem,
que essas coisas aconteciam.
Uma semana depois
ela se assustou com um sapo
que viu na rua e
desmaiou do meu lado
com sangue escorrendo pelo nariz.
Entendam, não era
um sangramento pequeno
como acontece com todo mundo
que tem hemorragia nasal,
a quantidade de sangue
que escorreria pelo nariz dela
lavava a camiseta e manchava
os braços de tanto que era.
Levei ela ao médico e
depois de uma série de exames
Onde precisei levava duas vezes
Ao hospital e esperar vários dias,
Finalmente me chamaram
E me direcionaram para a sala
de aconselhamento,
eu sabia que era algo muito ruim
pois também haviam
me chamado na sala
de aconselhamento no dia
que disseram que minha mãe
estava com Alzheimer.
A médica chefe da Pediatria
estava ao lado de um oncologista
para me dizer que havia
uma forte suspeita de problemas
na medula óssea,
e rodearam um bocado até dizer
a palavra que eu
não queria ouvir: LEUCEMIA.
Eu era um tanto quanto leiga
nesses assuntos então mesmo
sabendo que era algo grave
pois tinha visto esses casos
em filmes e novelas eu perguntei
ao médico se o tratamento
era muito caro,
isso porque eu já suponha
que existia um tratamento eficaz
e que no fim das contas
ia ficar tudo bem.
O médico então disse que
não precisava se preocupar
pois o plano de saúde cobria
mas que na verdade não havia
nenhum tratamento garantido,
a leucemia é uma roleta russa,
tem pessoas que fazem
tratamentos básicos e se curam
e já outras que usam todos
os métodos possíveis de recuperação
mas ainda assim morrem.
Eu respirava fundo para
não me desesperar
pois eu não podia demonstrar fraqueza
afinal de contas Laura só tinha a mim.
Fomos para casa naquele dia
mas na mesma semana tivemos
que voltar ao médico,
então vieram mais exames,
aconteceram outros
episódios de hemorragia,
manchas vermelhas pelo corpo,
uma palidez que deixava
os olhos sem vida e os lábios brancos.
De repente minha Laura
parecia uma boneca,
não corria nem brincava mais,
não ria alto e nem contava piadas,
a única coisa que ela fazia
era ficar deitada e respirando fundo
pois sempre estava
cansada e com sono.
Foram feitos diversos tipos
de tratamento até que o médico
veio me dizer que iria
iniciar a quimioterapia.
No fim de Cada sessão
Laura vomitava e chorava muito,
seus cabelos caíram,
até os pelos da sobrancelha,
tivemos que cobrir todos os
espelhos da casa porque ela
tinha crises de pânico
quando se via,
então eu percebi que
a minha filha estava de fato
morrendo.
Levei ela na igreja,
tanto na Católica quanto
na evangélica,
levei ela no centro
espírita mesa branca e
até mesmo para ser abençoada
por um monge budista,
eu estava atirando para todo lado
para ver se alguém ajudava ela,
para ver se tinha salvação.
Então um dia Laura pediu
para ir ver a vovó,
e eu a levei a casa de repouso.
Quando chegamos lá
minha mãe estava
daquele jeito de sempre,
não me reconhecia e
não falava coisa com coisa.
Sentamos em cadeiras de balanço
na varanda da casa
e Laura ficou conversando com ela.
De repente minha mãe
olhou para Laura e disse:
— Nossa Esmeralda quanto tempo eu não te vejo, Que lindo os olhos verdes... sempre olhos lindos...
Eu ri daquilo pois Laura
não tinha olhos verdes,
ela tinha os olhos castanhos
como do pai,
mas minha mãe continua a falar
De forma delirante:
— Eu me arrependo tanto de não ter dado continuidade nas coisas sabe... mas você sabia que o Sérgio não gostava... ah Esmeralda você me faz tanta falta... que saudade eu tenho de ver os milagres que você fazia...
Então como instalo eu
parei de sorrir e a minha mente
me trouxe a lembrança
da minha mãe vestida com
um vestido Verde dançando
dentro de um centro de Umbanda
quando eu era criança,
e imediatamente eu lembrei
Quem era Esmeralda,
minha mãe falava da Cigana Esmeralda
pois ela havia sido médium
dela durante algum tempo
de sua Juventude.
Comecei a perguntar a minha mãe
coisas sobre a Esmeralda
mas ela não falava comigo,
parecia não perceber
que eu estava ali,
continuava olhando para Laura
e falando coisas sobre
o povo cigano e arrependimentos
de ter largado a umbanda
por conta de pedido de marido.
No final da visita coloquei Laura
dentro do carro e dirigi
imediatamente para um local
que eu sabia que ainda existia
pois passava lá em frente
de vez em quando,
era de dia e o lugar parecia
sem movimentação
mas Estacionei o carro na frente,
peguei Laura no colo
e apertei a campainha do lugar,
aquela residência tinha uma
placa branca em cima da porta
onde se lia
"Casa de Caridade Caboclo cobra coral"
e era lá que minha mãe frequentava
muitas Décadas atrás.
Para minha gigantesca surpresa
quem abriu a porta foi a mãe Edinalva,
com seus quase noventa anos
ela veio apoiada em uma bengala
e assim que bateu o olho em mim
me reconheceu,
entramos na casa e
com certo desespero eu despejei
sobre ela toda história e tudo
o que estava acontecendo.
E para minha surpresa quando
olhei em cima do sofá que ficava
bem na entrada da casa eu vi ali
o vestido verde da minha mãe,
um vestido de entidade
que hoje poderia ser
considerado cafona mas
que na época era o modelo
mais usado pelos médiuns.
— Engraçado você dizer que a Helena viu Esmeralda na sua filha, hoje mesmo quando eu acordei de manhã eu ouvi a voz de Esmeralda cantando pelos corredores da casa, então resolvi tirar esse vestido velho dela do guarda-roupa e por para lavar, mas fiquei com medo de estragar na máquina.
Eu me dispus naquele momento
a lavar para ela o vestido à mão
então fomos nós para o fundo
da casa onde havia um
tanque antigo e com sabão de coco
fui lavando aquele vestido velho,
a mãe Edinalva sentada numa
cadeira com Laura no colo
ia me contando sobre
quem era Esmeralda,
e então um momento aconteceu
onde mãe Edinalva me disse
que Esmeralda gostava muito
de beber conhaque,
e Laura levantou a cabeça
e olhou para ela e com a
sua voz de criança respondeu:
— Quem gosta de conhaque é Cigana Samira, eu sempre gostei de licor de cereja.
Parei O que estava fazendo e
olhei para Laura
e a mãe de santo também abismada
abaixou a cabeça para olhar
para minha filha,
então as duas
Começaram a conversar.
— Ah a senhora me desculpe Dona Esmeralda, sabe como é a cabeça de velho, às vezes eu confundo as coisas.
Minha filha sorria para ela
e respondia uma
série de questões sobre
costumes espirituais só
que o modo com que falava
não era o modo de
uma criança falar,
era nitidamente um espírito
que falava através
da minha filha
só que eu fiquei muito confusa
porque nós nunca tínhamos
ido a um terreiro juntas,
não havia como Laura saber
o que era a umbanda
ou o que era uma entidade
pois ela tinha na época
Sete anos de idade e nunca havia
sido informada que aquilo existia.
Mãe Edinalva me explicou:
— Ela não está incorporada, é muita nova pra isso, mas Esmeralda está do lado dela, sua filha repete o que ela ouve Esmeralda dizer.
Confesso que isso não foi alívio,
eu estava assustada.
No fim da conversa a
mãe de santo perguntou para
a minha filha ali no colo dela:
— Tem como a senhora ajudar essa criança? Vejo que a senhora já está na vida dela, mas pode ajudar ela a ficar bem?
Então Laura olhou para mim
e por um segundo eu achei
ver em seus olhos Iris verdes,
mesmo sabendo que
na verdade elas eram castanhas,
então ouvi ela falar:
— No mundo dos espíritos uma criança só é vista como alguém depois que ela tem consciência de si mesma, antes disso a criança pertence a mãe que lhe deu a vida. Eu não posso fazer nada se a mãe não permitir que eu faça.
Em um segundo eu estava
de joelhos na frente da
minha filha chorando e
pedindo que me ajudasse
dizendo que eu permitia
qualquer tipo de interferência
do mundo espiritual ou
da cigana Esmeralda que seja,
chorava e pedia,
então de repente a mãe de santo
ficou em pé em um tranco e
com a voz firme e disse:
— leva ela para casa e traz ela aqui de volta amanhã à noite, nós vamos ajudar ela.
Quando olhei para cima
a mãe de santo estava em pé
com a minha filha do colo
mas não estava se apoiando
na bengala e seus olhos estavam
brancos e revirados,
ainda ajoelhada eu agradeci
ao Senhor Cobra Coral
pois sabia que era ele que estava ali.
Fui embora com Laura para casa
e naquela noite ela passou
mais mal ainda,
mas às sete horas da noite
no dia seguinte eu estava lá
no terreiro,
estava acontecendo uma
gira de ciganos e a coisa
mais interessante é que todos
os ciganos incorporados
tinham um certo espaço
no meio do salão Mas
havia um único espaço todo enfeitado
mas que não havia nenhum
Cigano trabalhando,
o que havia ali era uma
cadeira de palha trançada
com o vestido verde da Esmeralda
jogada por cima.
Então a cigana Zaira mandou
eu colocar Laura sentada
sobre o vestido,
e nós ficamos ali esperando
pois havia muita gente
para ser atendida pelos ciganos.
No final da gira quando todas
as pessoas a serem atendidas
foram embora e o portão
da casa foi fechado
os ciganos em peso vieram até nós,
eram pelo menos dez incluindo
a mãe de santo
incorporada com Pablo,
e todos eles tocaram suas mãos
na minha filha,
tocavam ela como bençãos
em seu peito e em sua cabeça
Então trouxeram uma taça
com vinho e a cigana
Natasha perguntou:
— Quando ela fizer doze anos ela poderá decidir se Esmeralda permanecerá na vida dela ou não, mas até que essa idade chegue você dá autoridade a Esmeralda estarna vida dessa menina?
Eu disse que sim e em seguida
os ciganos gritaram "Pachá!",
então eu disse sim novamente
e eles gritaram de novo a tal "pachá",
e por mais cinco vezes gritei
Que sim e eles
responderam com "pachá".
Pachá significa vida na língua deles, depois que me contaram.
Bebi da taça de vinho,
Depois laura deu um gole
Na bebida e assim a palavra
Havia sido dada,
Laura era de Esmeralda
dali por diante.
Ela foi muito abençoada
naquele dia então
fomos para casa,
o tratamento da leucemia
teve que continuar com a
quimioterapia durante mais
algumas semanas e o médico
nos mandou para casa
para esperar pois era necessário
o tempo dizer como
as coisas iriam acontecer.
Três semanas após levei ela
novamente ao médico e ele
ficou sem reação quando
viu a minha menina entrar
no consultório andando e sorrindo,
e logo de cara perguntando a ele
se já poderia voltar
a andar de bicicleta e
A jogar futebol na rua com
Os meninos.
O médico ficou atônito
e levou ela para fazer uma
série de exames pois ele temia
que fosse algum tipo de
vitalidade momentânea,
Passamos o dia no hospital e
no anoitecer ele veio com
uma série de folhas de papel
na mão mostrando todos
os exames dizendo que todos
os resultados estavam positivos
e que ele não fazia ideia de
como aquilo podia estar acontecendo
afinal de contas nenhuma
quimioterapia cura uma pessoa
daquela forma,
nenhum tratamento existente
resolve uma leucemia
em questão de dias,
o médico pediu para refazer
os exames e eu disse que
naquele dia não pois Laura
estava cansada mas nós
voltaríamos depois de uma semana,
então nós voltamos e ele refez
Todos os exames e os resultados
estavam melhores ainda,
e já haviam pequenos fiozinhos
de cabelo crescendo na cabeça dela.
A coisa mais maluca foi que
em vez do médico
me dar respostas era ele que
ficava me enchendo de perguntas
para tentar entender como é
que era era possível pois e
le tinha uma série de pacientes
que estavam morrendo com
casos mais leves do que
o de Laura e ela com o
caso gravíssimo de repente
estava bem.
Eu respondi as perguntas dele
dizendo que Laura estava
nos braços de cigana Esmeralda
e que ela é que não deixaria
minha filha morrer
pois agora minha filha
não era só minha,
era dela também.
Continuamos indo ao terreiro
e quando Laura fez doze
anos foi perguntado a ela
se ela gostaria de continuar
com cigana Esmeralda
em sua vida,
e ela aprontamente disse que sim.
Quando ela fez dezesseis anos
foi feita uma festa para Esmeralda
ser reconhecido no terreiro
e começar a trabalhar,
e eu fiquei ali sentada
em uma cadeira ao lado
da minha mãe que aplaudia
com muita força e alegria
enquanto minha filha
no meio do salão dançava
vestida naquele mesmo vestido verde
que nós havíamos
mandado reformar,
minha filha forte, alta e bonita
Sorria para nós, mas quem
Sorria pelos labios dela
era cigana Esmeralda
Que estava dentro dela.
Eu fui aqui contando essa história
E veja vocês que eu acabei
de preparar o manjar turco,
que é a oferenda que
Esmeralda mais gosta.
Coloquei umas boas colheradas
de água de flor de laranjeira
e já vou levando a massa
para descansar,
e mais tarde quando estiver fria
eu vou passar no açúcar
E vou pôr lá no Altar dela
que fica no final do corredor
aqui dentro da minha casa.
Eu tenho as minhas próprias entidades
mas também cuido de Esmeralda
junto com a minha filha
pois nós temos muita gratidão,
eu vou lá mais tarde dar a
Esmeralda a sua oferenda
e separar uns pedacinhos de
Manjar turco para minha filha
comer quando ela chegar do trabalho,
Porque sim, minha Laura hoje tem
Vinte e cinco anos e está viva
e bem e todas as semanas
vou ao terreiro com ela
para ver Esmeralda a trabalhar
Atendendo o povo
Através do corpo de Laura.
Nem que eu desse toda
a fortuna do mundo eu
poderia pagar o preço
da vida da minha filha.
Esmeralda me deu algo
que eu jamais serei capaz
de retribuir,
ela me deu a vida de Laura,
e todos esses anos vem
abençoando minha filha
com felicidade e sorte.
Eu espero no dia que
eu morrer ter a chance
de conseguir ver Esmeralda
e dar nela um
abraço apertado de gratidão.
Que ela seja louvada todos os dias!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
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