Cigana Sarah é muito famosa por ser doce, é uma entidade muito meiga que trabalha com a energia do sol e da primavera
Cigana Sarah é muito famosa por ser doce, é uma entidade muito meiga que trabalha com a energia do sol e da primavera, e é justamente por isso que o dia em que eu vi Cigana agindo de maneira feroz fiquei muito assustado porque eu não imaginava que ela também fosse assim.
Eu sou filho carnal de uma mãe de santo, minha mãe é zeladora de umbanda já há muitos anos e isso sempre fui algo maravilhoso para nós pois ela trabalha com muitas entidades, de caboclos a pretos velhos mas a mais querida sempre foi Cigana Sarah.
Era 2009 quando abriu na rua de trás um templo Cigano, essas casas que chamam de "Tsara" onde existe um culto somente Cigano.
Foi então que a confusão começou pois o dono dessa nova casa se auto intitulava Cigano Ramon e garantia ser um homem Cigano legítimo, e os problemas começaram justamente porque esse tal Ramon começou a falar mal da minha mãe sem nunca tê-la conhecido.
O que acontece é que segundo a crença dele não era possível que entidades Ciganas existissem na Umbanda já que dentro da cultura cigana não é assim que funciona, dizia dentro da Tsara que alma cigana não trabalha em corpo gadje.
Ramon começou com todo um discurso querendo deixar claro que minha mãe era charlatã e que ele era o único que podia lidar com a fé cigana de maneira verdadeira.
Minha mãe sempre foi uma pessoa muito tranquila então ela não ligou para isso afinal de contas os atendimentos que fazia com Sarah eram já tradicionais e quem tivesse que vir viria, ela nunca esteve preocupada com conversa dos outros. Mas o grande problema foi que o Ramon parou de falar mal da minha mãe e começou a falar mal da própria Sarah dizendo que era uma Cigana falsa.
A situação era absurda porque ele jamais havia entrado em nossa casa, não conhecia nossos costumes mas ainda assim falava mal porque como ele trabalhava com espiritualidade era nítido que estava tentando angariar clientes, e pessoas que tem ganancia na espiritualidade tentam crescer prejudicando o outro em vez de mostrar suas qualidades.
Era sábado de tarde quando fizemos uma gira de ciganos em casa e Sarah estava lá atendendo o povo, e foi neste dia que o tal Ramon entrou no nosso terreiro pela primeira vez, sentou em uma das cadeiras de forma muito arrogante fica olhando com desdém para todas as entidades incorporadas. Por várias vezes ele murmurou coisas ofensivas contra os médiuns mas os Ciganos pareciam não dar importância.
Uma das pessoas que estava visitando a gira deu de presente a cigana Sarah um pacote de charutos, era um presente e mesmo que Sarah não costumava fumar aquilo ela aceitou sorrindo pois era sempre amável.
Ramon olhou aquilo e falou alto:
— Mulher cigana não fuma charuto, se for fingir que está dando espírito pelo menos estude melhor a personagem.
Rapidamente Sarah girou nos calcanhares foi até ele. Eu não sei dizer o que conversaram a princípio pois eu não estava perto para saber, mas de repente uma cena me chamou muito a atenção quando ele de forma desajeitada levantou da cadeira a derrubando e encostou na parede com olhar assustado enquanto Sarah sacou um punhal que trazia na cintura e se aproximou dele encostando a lâmina no pescoço do homem. Nós somos umbandista da moda antiga e todos sabem que não existe espaço para violência dentro da Umbanda por isso fui correndo para ver o que é que estava acontecendo e junto comigo foram outros filhos da casa. Mas nunca soubemos o que Sarah de adaga na mão falava porque a língua que ela usou não era português e também não era aquele Romeno meio torto que usamos nas gírias, ali incorporado em minha mãe ela com um punhal dourado encostado tão firme na pele do pescoço do homem que já voltava uma gota de sangue encostou o rosto perto dele nariz com nariz e foi falando rápido uma série de coisas enquanto o homem de olhos arregalados se encolhia contra a parede totalmente apavorado.
Sarah deu um passo para trás e o homem fugiu correndo dali feito o diabo fugindo da Cruz.
Perguntamos a ela o que estava acontecendo mas ela não deu muita explicação apenas disse:
— Tem que dar um ponto final nisso. Esse homem tem prejudicado muita gente, mas agora ele achou o caminho do castigo. Sofia me perdoe, mas tem de ser assim.
Perguntei quem era Sofia mas também não recebi resposta.
Então continuamos a nossa vida, o tal Ramon pareceu ficar calmo e nunca mais falou mal do nosso terreiro e nem passava na frente da nossa casa, toda vez que eu o via chegar de carro era nítido que ele fazia um contorno por outra rua para não passar pela nossa.
Assim no sábado seguinte quando houve outra gíra de ciganos minha mãe incorporou novamente com Cigana Sarah e no meio da festa ela pediu para ir na rua. Fiquei um pouco receoso Porque por mais que todo bairro soubesse que ali era um centro de Umbanda nós não costumavamos colocar entidade estrajadas andando no meio da rua, vocês sabem como é o preconceito e como esse é perigoso, mas Sarah queria muito ir então eu e uma e uma de Santo acompanhamos ela até a calçada.
Pouco tempo se passou e uma mulher muito bonita veio caminhando com sacolas de compra nos braços, era estonteantemente bela. Ela olhou com curiosidade para minha mãe que estava vestida com uma saia colorida e um espartilho bem apertado como a ciganas usavam antigamente e quando passou diante de nós Sarah chamou a mulher que se aproximou sorrindo, então Sarah disse:
— Está desfeito agora.
— Está defeito o quê?— A mulher perguntou com aro de confusa.
— Embaixo da sua cama, dentro da garrafa de vidro Verde, está desfeito agora o feitiço de amarração que aquele homem fez para que você se casasse com ele. Você está livre e ele jamais poderá enfeitiçar seu coração outra vez.
A mulher continua sorrindo por alguns segundos achando graça no que Sarah falava mas de repente o sorriso dela foi esmorecendo até que o rosto se tornou uma expressão fria e uma lágrima escorreu. Ela continuou caminhando e eu achei aquilo tão confuso que fui um pouco por meio da rua para ver até onde ela ia e ela virou esquina indo para a rua de trás.
Cigana Sarah novamente ficou em silêncio quando perguntei qualquer coisa a respeito daquilo mas no dia seguinte pela fofoca do povo soube que a esposa de Ramon o havia abandonado, os vizinhos ouviram som de coisas quebrando e acharam que havia sido uma janela que havia sido partida mas eu sabia que com certeza foi a tal garrafa verde que Sarah citou, então a mulher no próprio sábado à noite fez as malas e foi embora para nunca mais voltar. A fofoca era de que a mulher havia abandonado um filho pequeno para ficar com Ramon, e a fofoca era que ela gritava "Você me separou do meu filho!" Enquanto brigava dentro da casa.
No outro sábado Ramon veio até nós, entrou no terreiro mas dessa vez não tinha o ar de arrogância de antes, parecia muito constrangido e de forma até mesmo a se humilhar chegou perto de Sarah, eu estava ajudando ela nos atendimento e ouvi o homem começar a falar naquela língua que provavelmente deve ser uma língua original cigana.
Sarah nada disse, apenas olhou para ele uma única vez e balançou a cabeça em negativa.
Ramon tinha os olhos muito arregalados e um ar de susto no rosto, foi embora dali andando com os ombros caídos de desânimo.
E novamente no dia seguinte eu soube de outra fofoca, parece que Ramon tinha um filho do primeiro casamento, o rapaz adulto que mexia com desmanche de carros, e esse rapaz havia sido preso. Parece que era foragido da polícia fazia muitos anos mas de algum modo a polícia nunca conseguiu identificar onde ele estava, minha vizinha fofoqueira até cochichou dizendo que era uma magia do cigano em cima do filho para protegê-lo da polícia mas que parece que a magia tinha parado de dar certo e o rapaz finalmente foi preso, então Cigano estava desesperado.
E aí se passou outra semana e mais uma vez no sábado fizemos outra gira de ciganos e dessa vez Ramon estava lá desde antes da gira começar, chegou cedo e ficou sentado nas cadeiras esperando.
Quando minha mãe incorporou com Sarah ele pediu para falar logo no começo pois não queria tomar muito tempo e Sarah concordou, mas dessa vez eles conversaram em português.
Ele suplicou ela que parasse de cortar os sortilégios dele, mas Sarah sentou ao lado dele em uma das cadeiras e deu uma resposta longa explicando o porquê:
— Eu Conheci sua tetravó, Sofia que veio de Brasov. Quando chegamos no Brasil nós ciganos chegamos aos montes, isso há muito tempo atrás. Conheci Sofia no porto de Recife. Sofia era uma menina e eu também, eu vim da Galícia e ela da Romênia mas nós nos ajudamos porque a vida aqui era muito difícil. Sofia Era uma boa pessoa, uma mulher de coração nobre e de magia forte. Então ela ensinou tudo que sabia do segredos do nosso povo para Tatiana, e Tatiana filha de Sofia ensinou para Gomes, e Gomes ensinou para Valdomiro, ele por sua vez ensinou tudo para Kátia. E Kátia totalmente iludida achando que você seria uma boa pessoa o ensinou. Pobre Kátia, boa mãe de um filho mal.
— Eu não fiz nada de errado apenas protegi minha família.
— Você fez tudo de errado, as mulheres te ensinaram os segredos e você usou esses grandes segredos para enfeitiçar outras mulheres. Quantos casamentos Já teve Ramon? Já fez amarração para oito mulheres destruindo a vida delas tirando delas a chance de viver em verdadeiros amores com os homens que o destino haviam Líder reservado. Você torceu tanto a mente das coitadas que os filhos elas desprezaram para ficar contigo. E sobre filhos... Quantas vezes incentivou o seu filho a fazer maldade com a base de que usaria os feitiços para que a justiça não alcançasse? Ramon você é Cigano legítimo mas quantas pessoas enganou por pura preguiça de fazer as verdadeiras magias? Quanto dinheiro você tem? Dinheiro sujo tirado da esperança do Povo? Eu não sou justiceira mas você citou meu nome e falou mal de mim achando que eu não existia, e quando você fez isso sabe o que despertou?
— o Karma...
— o Karma. Não farei com você nada além do que é justo, mas deverá aguentar a justiça. Vai embora Ramon.
Durante a semana estava andando com a minha mãe pela rua e íamos na casa de uma amiga nossa que ficava do outro lado do bairro e para isso passamos andando pela rua que Ramon morava, quando passamos diante da casa dele que era uma casa muito colorida com o quintal sendo uma tenda e coisas muito características dos ciganos, ouvimos uma gritaria e coisas quebrando, um estardalhaço muito grande, então Ramon saiu para a calçada com uma mão cobrindo o rosto e muito sangue escorrendo pelo braço e pelo pescoço e mesmo ele sendo nosso desafeto corremos até lá para ver o que podíamos fazer para ajudar e vimos dentro da casa um outro homem que quebrava tudo com muita Ira.
Perguntei o que estava acontecendo e o homem que estava lá dentro quebrando berrou que Ramon era um feiticeiro que havia tentado enfeitiçar a filha dele, uma menina de quinze anos, mas que Ramon nao sabia que o pai da menina ali também era cigano e percebeu a magia.
Não sabíamos Se isso era verdade ou não pois quando minha mãe perguntou a respeito Ramon apenas olhou para baixo sem encará-la. Tirei minha camisa e usei para enxugar o sangue que corria pelo corpo dele porém Ramon não disse nada apenas sentou na calçada com o ar desolado. perguntamos a ele se queria que chamasse a polícia mas ele não disse nada ficou ali sentado alguns minutos enquanto ouvia tudo quebrando lá dentro. Do nada ficou em pé e tirou do bolso da calça um pacotinho amarrado com uma linha branca e entregou para minha mãe, depois disso saiu andando pela rua. Parecia meio louco não dava para entender, mas ele saiu andando pela rua daquele jeito ensanguentado e com a roupa do corpo, e ele nunca mais voltou.
Aquele pacotinho era um baralho cigano já muito gasto que minha mãe colocou no altar da cigana Sarah.
A casa dele ficou ali abandonada e foi saqueada por andarilhos e moradores de rua e até hoje a casa está lá caindo aos pedaços, o mato tomou conta de Quase Tudo ninguém se interessou em comprar porque ninguém sabe onde está o dono, simplesmente aquela casa que era é tão bonita agora é algo feio e relegado a nada.
Eu na minha ingenuidade no sábado seguinte quando encontrei Sarah incorporada em minha mãe comemorei dizendo ela que havia vencido Ramon, mas Sarah não comemorou junto comigo e pediu que eu não fizesse celebração a desgraça.
— O povo cigano há muito tempo tem se perdido, e isso pelo próprio livre arbítrio que tem. Aquele homem andando assim sem rumo pela rua podia ter sido eu se não tivesse tomadp cuidado, aquele homem podia ter sido qualquer um de nós que se deixa levar pela ganância. Sabe onde ele está? Ramon morreu se atirando do alto de uma ponte naquele mesmo dia, isso não é coisa para se comemorar, isso é coisa para se entristecer. Eu tive de fazer aquilo com ele para que parasse de machucar as pessoas, fiz o que tinha que ser feito mas não pense que eu gostei.
Isso causou uma forte impressão em mim, hoje em dia eu sou uma pessoa que lida com espiritualidade com extrema honestidade, mas confesso que não porque sou bonzinho mas sim porque toda vez que lembro de Ramon andando por aquela rua indo embora eu tenho medo de ser igual a ele, e acabar igual a ele. Entendo que nós devemos ser honestos apenas porque a honestidade é o correto mas o medo também provoca bom comportamento.
Às vezes Sarah pega aquelas cartas do baralho que Ramon entregou a minha mãe e olha uma a uma com carinho contando para a gente a história de Sofia, Tatiana Gomes Valdomiro e Kátia, conta que foram ciganos de grande poder e Magia do Povo Rom, mas ela não conta a história de Ramon que foi o último desta descendência.
Ela não conta porque a história de Ramon a deixa triste
Cigana Sarah é uma flor do campo, uma mulher bela e doce mas que tem a mão pesada na justiça.
Espero nunca ficar contra ela.
Optcha!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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Eu sou filho carnal de uma mãe de santo, minha mãe é zeladora de umbanda já há muitos anos e isso sempre fui algo maravilhoso para nós pois ela trabalha com muitas entidades, de caboclos a pretos velhos mas a mais querida sempre foi Cigana Sarah.
Era 2009 quando abriu na rua de trás um templo Cigano, essas casas que chamam de "Tsara" onde existe um culto somente Cigano.
Foi então que a confusão começou pois o dono dessa nova casa se auto intitulava Cigano Ramon e garantia ser um homem Cigano legítimo, e os problemas começaram justamente porque esse tal Ramon começou a falar mal da minha mãe sem nunca tê-la conhecido.
O que acontece é que segundo a crença dele não era possível que entidades Ciganas existissem na Umbanda já que dentro da cultura cigana não é assim que funciona, dizia dentro da Tsara que alma cigana não trabalha em corpo gadje.
Ramon começou com todo um discurso querendo deixar claro que minha mãe era charlatã e que ele era o único que podia lidar com a fé cigana de maneira verdadeira.
Minha mãe sempre foi uma pessoa muito tranquila então ela não ligou para isso afinal de contas os atendimentos que fazia com Sarah eram já tradicionais e quem tivesse que vir viria, ela nunca esteve preocupada com conversa dos outros. Mas o grande problema foi que o Ramon parou de falar mal da minha mãe e começou a falar mal da própria Sarah dizendo que era uma Cigana falsa.
A situação era absurda porque ele jamais havia entrado em nossa casa, não conhecia nossos costumes mas ainda assim falava mal porque como ele trabalhava com espiritualidade era nítido que estava tentando angariar clientes, e pessoas que tem ganancia na espiritualidade tentam crescer prejudicando o outro em vez de mostrar suas qualidades.
Era sábado de tarde quando fizemos uma gira de ciganos em casa e Sarah estava lá atendendo o povo, e foi neste dia que o tal Ramon entrou no nosso terreiro pela primeira vez, sentou em uma das cadeiras de forma muito arrogante fica olhando com desdém para todas as entidades incorporadas. Por várias vezes ele murmurou coisas ofensivas contra os médiuns mas os Ciganos pareciam não dar importância.
Uma das pessoas que estava visitando a gira deu de presente a cigana Sarah um pacote de charutos, era um presente e mesmo que Sarah não costumava fumar aquilo ela aceitou sorrindo pois era sempre amável.
Ramon olhou aquilo e falou alto:
— Mulher cigana não fuma charuto, se for fingir que está dando espírito pelo menos estude melhor a personagem.
Rapidamente Sarah girou nos calcanhares foi até ele. Eu não sei dizer o que conversaram a princípio pois eu não estava perto para saber, mas de repente uma cena me chamou muito a atenção quando ele de forma desajeitada levantou da cadeira a derrubando e encostou na parede com olhar assustado enquanto Sarah sacou um punhal que trazia na cintura e se aproximou dele encostando a lâmina no pescoço do homem. Nós somos umbandista da moda antiga e todos sabem que não existe espaço para violência dentro da Umbanda por isso fui correndo para ver o que é que estava acontecendo e junto comigo foram outros filhos da casa. Mas nunca soubemos o que Sarah de adaga na mão falava porque a língua que ela usou não era português e também não era aquele Romeno meio torto que usamos nas gírias, ali incorporado em minha mãe ela com um punhal dourado encostado tão firme na pele do pescoço do homem que já voltava uma gota de sangue encostou o rosto perto dele nariz com nariz e foi falando rápido uma série de coisas enquanto o homem de olhos arregalados se encolhia contra a parede totalmente apavorado.
Sarah deu um passo para trás e o homem fugiu correndo dali feito o diabo fugindo da Cruz.
Perguntamos a ela o que estava acontecendo mas ela não deu muita explicação apenas disse:
— Tem que dar um ponto final nisso. Esse homem tem prejudicado muita gente, mas agora ele achou o caminho do castigo. Sofia me perdoe, mas tem de ser assim.
Perguntei quem era Sofia mas também não recebi resposta.
Então continuamos a nossa vida, o tal Ramon pareceu ficar calmo e nunca mais falou mal do nosso terreiro e nem passava na frente da nossa casa, toda vez que eu o via chegar de carro era nítido que ele fazia um contorno por outra rua para não passar pela nossa.
Assim no sábado seguinte quando houve outra gíra de ciganos minha mãe incorporou novamente com Cigana Sarah e no meio da festa ela pediu para ir na rua. Fiquei um pouco receoso Porque por mais que todo bairro soubesse que ali era um centro de Umbanda nós não costumavamos colocar entidade estrajadas andando no meio da rua, vocês sabem como é o preconceito e como esse é perigoso, mas Sarah queria muito ir então eu e uma e uma de Santo acompanhamos ela até a calçada.
Pouco tempo se passou e uma mulher muito bonita veio caminhando com sacolas de compra nos braços, era estonteantemente bela. Ela olhou com curiosidade para minha mãe que estava vestida com uma saia colorida e um espartilho bem apertado como a ciganas usavam antigamente e quando passou diante de nós Sarah chamou a mulher que se aproximou sorrindo, então Sarah disse:
— Está desfeito agora.
— Está defeito o quê?— A mulher perguntou com aro de confusa.
— Embaixo da sua cama, dentro da garrafa de vidro Verde, está desfeito agora o feitiço de amarração que aquele homem fez para que você se casasse com ele. Você está livre e ele jamais poderá enfeitiçar seu coração outra vez.
A mulher continua sorrindo por alguns segundos achando graça no que Sarah falava mas de repente o sorriso dela foi esmorecendo até que o rosto se tornou uma expressão fria e uma lágrima escorreu. Ela continuou caminhando e eu achei aquilo tão confuso que fui um pouco por meio da rua para ver até onde ela ia e ela virou esquina indo para a rua de trás.
Cigana Sarah novamente ficou em silêncio quando perguntei qualquer coisa a respeito daquilo mas no dia seguinte pela fofoca do povo soube que a esposa de Ramon o havia abandonado, os vizinhos ouviram som de coisas quebrando e acharam que havia sido uma janela que havia sido partida mas eu sabia que com certeza foi a tal garrafa verde que Sarah citou, então a mulher no próprio sábado à noite fez as malas e foi embora para nunca mais voltar. A fofoca era de que a mulher havia abandonado um filho pequeno para ficar com Ramon, e a fofoca era que ela gritava "Você me separou do meu filho!" Enquanto brigava dentro da casa.
No outro sábado Ramon veio até nós, entrou no terreiro mas dessa vez não tinha o ar de arrogância de antes, parecia muito constrangido e de forma até mesmo a se humilhar chegou perto de Sarah, eu estava ajudando ela nos atendimento e ouvi o homem começar a falar naquela língua que provavelmente deve ser uma língua original cigana.
Sarah nada disse, apenas olhou para ele uma única vez e balançou a cabeça em negativa.
Ramon tinha os olhos muito arregalados e um ar de susto no rosto, foi embora dali andando com os ombros caídos de desânimo.
E novamente no dia seguinte eu soube de outra fofoca, parece que Ramon tinha um filho do primeiro casamento, o rapaz adulto que mexia com desmanche de carros, e esse rapaz havia sido preso. Parece que era foragido da polícia fazia muitos anos mas de algum modo a polícia nunca conseguiu identificar onde ele estava, minha vizinha fofoqueira até cochichou dizendo que era uma magia do cigano em cima do filho para protegê-lo da polícia mas que parece que a magia tinha parado de dar certo e o rapaz finalmente foi preso, então Cigano estava desesperado.
E aí se passou outra semana e mais uma vez no sábado fizemos outra gira de ciganos e dessa vez Ramon estava lá desde antes da gira começar, chegou cedo e ficou sentado nas cadeiras esperando.
Quando minha mãe incorporou com Sarah ele pediu para falar logo no começo pois não queria tomar muito tempo e Sarah concordou, mas dessa vez eles conversaram em português.
Ele suplicou ela que parasse de cortar os sortilégios dele, mas Sarah sentou ao lado dele em uma das cadeiras e deu uma resposta longa explicando o porquê:
— Eu Conheci sua tetravó, Sofia que veio de Brasov. Quando chegamos no Brasil nós ciganos chegamos aos montes, isso há muito tempo atrás. Conheci Sofia no porto de Recife. Sofia era uma menina e eu também, eu vim da Galícia e ela da Romênia mas nós nos ajudamos porque a vida aqui era muito difícil. Sofia Era uma boa pessoa, uma mulher de coração nobre e de magia forte. Então ela ensinou tudo que sabia do segredos do nosso povo para Tatiana, e Tatiana filha de Sofia ensinou para Gomes, e Gomes ensinou para Valdomiro, ele por sua vez ensinou tudo para Kátia. E Kátia totalmente iludida achando que você seria uma boa pessoa o ensinou. Pobre Kátia, boa mãe de um filho mal.
— Eu não fiz nada de errado apenas protegi minha família.
— Você fez tudo de errado, as mulheres te ensinaram os segredos e você usou esses grandes segredos para enfeitiçar outras mulheres. Quantos casamentos Já teve Ramon? Já fez amarração para oito mulheres destruindo a vida delas tirando delas a chance de viver em verdadeiros amores com os homens que o destino haviam Líder reservado. Você torceu tanto a mente das coitadas que os filhos elas desprezaram para ficar contigo. E sobre filhos... Quantas vezes incentivou o seu filho a fazer maldade com a base de que usaria os feitiços para que a justiça não alcançasse? Ramon você é Cigano legítimo mas quantas pessoas enganou por pura preguiça de fazer as verdadeiras magias? Quanto dinheiro você tem? Dinheiro sujo tirado da esperança do Povo? Eu não sou justiceira mas você citou meu nome e falou mal de mim achando que eu não existia, e quando você fez isso sabe o que despertou?
— o Karma...
— o Karma. Não farei com você nada além do que é justo, mas deverá aguentar a justiça. Vai embora Ramon.
Durante a semana estava andando com a minha mãe pela rua e íamos na casa de uma amiga nossa que ficava do outro lado do bairro e para isso passamos andando pela rua que Ramon morava, quando passamos diante da casa dele que era uma casa muito colorida com o quintal sendo uma tenda e coisas muito características dos ciganos, ouvimos uma gritaria e coisas quebrando, um estardalhaço muito grande, então Ramon saiu para a calçada com uma mão cobrindo o rosto e muito sangue escorrendo pelo braço e pelo pescoço e mesmo ele sendo nosso desafeto corremos até lá para ver o que podíamos fazer para ajudar e vimos dentro da casa um outro homem que quebrava tudo com muita Ira.
Perguntei o que estava acontecendo e o homem que estava lá dentro quebrando berrou que Ramon era um feiticeiro que havia tentado enfeitiçar a filha dele, uma menina de quinze anos, mas que Ramon nao sabia que o pai da menina ali também era cigano e percebeu a magia.
Não sabíamos Se isso era verdade ou não pois quando minha mãe perguntou a respeito Ramon apenas olhou para baixo sem encará-la. Tirei minha camisa e usei para enxugar o sangue que corria pelo corpo dele porém Ramon não disse nada apenas sentou na calçada com o ar desolado. perguntamos a ele se queria que chamasse a polícia mas ele não disse nada ficou ali sentado alguns minutos enquanto ouvia tudo quebrando lá dentro. Do nada ficou em pé e tirou do bolso da calça um pacotinho amarrado com uma linha branca e entregou para minha mãe, depois disso saiu andando pela rua. Parecia meio louco não dava para entender, mas ele saiu andando pela rua daquele jeito ensanguentado e com a roupa do corpo, e ele nunca mais voltou.
Aquele pacotinho era um baralho cigano já muito gasto que minha mãe colocou no altar da cigana Sarah.
A casa dele ficou ali abandonada e foi saqueada por andarilhos e moradores de rua e até hoje a casa está lá caindo aos pedaços, o mato tomou conta de Quase Tudo ninguém se interessou em comprar porque ninguém sabe onde está o dono, simplesmente aquela casa que era é tão bonita agora é algo feio e relegado a nada.
Eu na minha ingenuidade no sábado seguinte quando encontrei Sarah incorporada em minha mãe comemorei dizendo ela que havia vencido Ramon, mas Sarah não comemorou junto comigo e pediu que eu não fizesse celebração a desgraça.
— O povo cigano há muito tempo tem se perdido, e isso pelo próprio livre arbítrio que tem. Aquele homem andando assim sem rumo pela rua podia ter sido eu se não tivesse tomadp cuidado, aquele homem podia ter sido qualquer um de nós que se deixa levar pela ganância. Sabe onde ele está? Ramon morreu se atirando do alto de uma ponte naquele mesmo dia, isso não é coisa para se comemorar, isso é coisa para se entristecer. Eu tive de fazer aquilo com ele para que parasse de machucar as pessoas, fiz o que tinha que ser feito mas não pense que eu gostei.
Isso causou uma forte impressão em mim, hoje em dia eu sou uma pessoa que lida com espiritualidade com extrema honestidade, mas confesso que não porque sou bonzinho mas sim porque toda vez que lembro de Ramon andando por aquela rua indo embora eu tenho medo de ser igual a ele, e acabar igual a ele. Entendo que nós devemos ser honestos apenas porque a honestidade é o correto mas o medo também provoca bom comportamento.
Às vezes Sarah pega aquelas cartas do baralho que Ramon entregou a minha mãe e olha uma a uma com carinho contando para a gente a história de Sofia, Tatiana Gomes Valdomiro e Kátia, conta que foram ciganos de grande poder e Magia do Povo Rom, mas ela não conta a história de Ramon que foi o último desta descendência.
Ela não conta porque a história de Ramon a deixa triste
Cigana Sarah é uma flor do campo, uma mulher bela e doce mas que tem a mão pesada na justiça.
Espero nunca ficar contra ela.
Optcha!
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