Logún-Edé - O caçador e pescador
Orixá Logún-Edé |
DIA: Quinta-feira
CORES: Azul-turquesa e Amarelo-ouro
SÍMBOLOS: Balança, Ofá, Abebè e Cavalo-marinho
ELEMENTOS: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras)
DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura, Beleza e Justiça.
SAUDAÇÃO: L'Ògún Ò Ákòfá, Lòsí-lòsí! (Ele é Logun, apanhemos o arco. Losi-Losi - Usado para saudar figuras da realeza.)
Logun Edé (Òlógunèdè) é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxún e Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
Rei de Ilexá, caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e Oxum e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um orixá de contradições; nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.
Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilexa e é uma das mais ricas e prósperas da África, anualmente fazem encontros com vários festivais vindo pessoas de toda as partes da África.
Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólògún Ode – o guerreiro caçador – o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Oxóssi, veremos que expressão Omo ode, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos, como também sua ligação com Ogun, mas isso é somente uma hipótese, pois, estudiosos e alguns sacerdotes também datam que Logún pode ter sido feito de um encanto feito por Oxún numa época em que estava infértil, e juntamente à Oxóssi, fizeram então um filho que já nasceu crescido na média de 15 anos. Em outros lugares é dito que Logún na verdade é filho de Iyansã com Ogún, e que foi abandonado por Iyansã no rio logo no momento do parto, Oxún vendo o menino largado no rio o adotou e junto à Oxóssi criaram o menino, e Oxóssi ensinou à ele tudo o que sabe. Se fala também que Logún venha ser filho de Oxún com Orúntó Obálufé, um grande rei considerado o orixá das cidades, e que ainda Oxún grávida, Obálufé à expulsou, esta se abrigando na mata e conhecendo Oxóssi. Assim Oxún e Oxóssi se envolveram, e quando Logún nasceu, Oxóssi o adotou.
Também existe uma tese de que Logún seria filho de Iyápondá com Erinlé que, foi feito ao encontro dos rios Oxún com o rio Erinlé, assim surgira uma criança chamada Logún, porém em itans e orins se cita também que seria filho de Oxóssi e que teve por um tempo Erinlé como um segundo pai, ou seria vice-versa, Erinlé sendo o pai, mas Oxóssi sendo o pai adotivo do menino. Independente de que definição cada casa segue, é complicado se falar sobre o culto à Logún-Edé dentro do Brasil, já que na África hoje só exista culto de Logún em Ilexá, pois, em Edé seu culto foi totalmente extinto, tendo como deus agora lá um orixá guerreiro não cultuado no Brasil, este também sendo um culto ligado à guerra, a caça e aos leitos do rio Oxún, o que pode trazer essa confusão tão grande com Logun-Edé. Entre questões e outras, Logún não deixa de ser dos cultos as águas e as matas, então se é dito popularmente que Logún é filho mesmo de Oxún com Oxóssi.
Outro fato também é seu adorno e sua roupa. Aqui no Brasil, Logun se adorna de um Ofá ( arco e flecha ), abebê e usa cores amarelo-ouro lembrando Oxún e azul-claro lembrando Oxóssi, porém na África, Logún se adorna de ofá, e na outra mão carregando um remo lembrando seu epíteto como pescador, nas costas uma lança e na cintura um obé, lembrando o fato de ser guerreiro. E outro fato é a cor de roupas e fios, que na África Logún se adorna de azul-claro com salmão (lembrando o rosa) ou o vermelho, devido sua mesclação à Ibaíyn (outra divindade feminina da caça) que traduz o fato verdadeiro de Logun comer casal, pois ele come por ele e por Ibaíyn. Logún na África é visto como um guerreiro bruto e impiedoso, e um caçador rápido e sagaz, sem uso de saias e filás, pois é tão agressivo quanto Ogún e Oxóssi, mas nada delicado como Oxún.
Oxum Yéyé Ipondá e Odé Igbò, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé.
A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:
– Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.
Mas Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:
– Logun Edé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: um príncipe na floresta e um grande caçador!
Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem olho-de-gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis.
Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar!