QUEM FOI A CABOCLA JUREMA ?
Cabocla Jurema é uma falange espiritual cultuada em religiões de matriz africana, como umbanda e o candomblé de caboclo — em sincretismo com rituais de ramificações religiosas, como o animismo dos povos indígenas do Brasil, sobretudo no catimbó, onde estão ramificados os rituais de pagelança e no toré. O termo “jurema”, no universo espiritual é polissêmico.REPRESENTAÇÕES
A cabocla Jurema não seria apenas uma entidade espiritual secundária, mas sim, uma deusa, rainha da cidade espiritual e seus reinos, também denominado de Cidade da Jurema. Essa cidade pode ser representada fisicamente pela floresta, moradia dos caboclos, ou pela aliança dos terreiros da Jurema. Pode se apresentar de três formas de personificações todas com notável beleza: como uma jovem negra, como uma jovem índia ou como uma jovem mulher branca, com traços indígenas. Isso depende da concepção icônica ou doutrinária das religiões em que ela se faz presente. Se no animismo (para os índios brasileiros), obviamente, se apresenta como uma índia, se na a umbanda, como uma negra ou, também, como uma mulher branca, com traços indígenas. Isso se deve ao fato de se supor que as árvores juremas, das espécies Mimosa hostilis (jurema-preta) e Mimosa ophthalmocentra (jurema-branca) são as representações físicas dela. Pode ser definida também como “a cabocla das águas”, porque muitas vezes é descrita coma filha de Iemanjá, ou sereia e estrela do mar (apesar de estar ligada às matas), que se banha em águas de cachoeiras ou rios. Ela pode se mostrar como uma criatura luminosa alada, com um capacete de pena brilhante, que se assemelha ao Sol, portando uma flecha ou um badoque, trajando saiote de penas coloridas e luminosas. É a rainha da beleza. Entretanto, a Jurema pode ser identificada como uma classe espiritual, isso significa que ela pode também ser um grupo que trabalha por um só objetivo, na linha de Oxóssi, ou seja, a Jurema também é uma linha espiritual, um grupo de entidades. Ela também pode, como é costume nas religiões de matrizes africanas, se manifestar utilizando o corpo de um dos adeptos, como os mestres, pais de santo ou médium.
A religião da Jurema é monoteísta, isto é, baseada na fé em um deus único – aparentemente o mesmo dos cristãos, no entanto, incorporando a doutrina de que esse deus único pode, na verdade, ser uma representação feminina (deusa), como a Mãe Tamain, dos Fulniôs, ou com outros nomes como Pai Tupã. Isso indica que ela é uma deusa criada e não criadora. Caracteriza-se por ser forte, guerreira, sábia, conselheira e mãe, por demonstrar amor maternal aos seus adoradores, sendo ela também, mãe de muitos filhos, mas também sabe ser impiedosa, endurecendo a lei.
ENTIDADES SUBMISSAS
As entidades da Cabocla Jurema são os espíritos desencarnados dos ancestrais que se tornaram criaturas divinas, após a sua morte. Essas pessoas se tornaram divinas por ganharem a admiração de muitas pessoas e que, de alguma forma, pelos seus atos, foram ou são consideradas como heróis ou heroínas dignos de culto, seja no meio indígena ou não. Entre eles estão os índios e índias, caboclos e caboclas, mestres de coco, mestres e mestras dos saberes da vida, antigos catimbozeiros e catimbozeiras, cangaceiros e cangaceiras, valentões sertanejos, crianças, marginais e malandros, marinheiros e seus simpatizantes, ciganos e ciganas e também prostitutas. Todas essas entidades trabalham sob comando da Cabocla
CULTOS
A jurema tem religião exclusiva, denominada de Jurema sagrada, onde ela é cultuada como a figura central. A religião Jurema sagrada não tem uma data de fundação, nem um fundador, pois desde quando os portugueses tomaram posse do território brasileiro, os índios kariri-Xocó ou cariris (Na Bahia e Alagoas) e os potiguares (na Paraíba), assim como outras tribos, já a praticava. De acordo com a tradição dos adeptos das religiões associadas a esta entidade, a forma de contato à Cabocla Jurema é através do culto, também chamado de Jurema sagrada, quando se faz uso, por inalação, da bebida Vinho da Jurema, preparado com as cascas das raízes (algumas vezes com as cascas do tronco) da árvore jurema-preta, misturadas com ingredientes naturais, como as espécies de maracujá-da-caatinga (Passiflora cincinnata), gengibre e outras ervas, podendo ser adicionada também cachaça. Frequentemente no culto do catimbó, originário do Nordeste Brasileiro, que se alastrou por regiões da Amazônia e Maranhão e Norte do Piauí, originadamente por grupos indígenas, fundindo-se com a pagelança e com o candomblé de caboclo, na Bahia. O catimbó, então, é um grupo de religiões ou cultos dedicados à Cabocla Jurema. Nos cultos, o princípio fundamental é a cura do corpo, mente e espírito, e o bem-estar do ser humano em todos os seus aspectos, (intrinsecamente ligados á sabedoria), a resolução dos problemas gerais do cotidiano e a evolução espiritual, através da caridade e dos trabalhos de cura.
MISSÃO
Tem como missão proteger as florestas e combater seus inimigos, acalentar seus filhos, também como puni-los. Sua missão principal seria chefiar seu grupo, na linha de Oxóssi, dedicando-se ao trabalho de limpeza espiritual dos seus filhos, como também a cura física dos mesmos, através da utilização de chás e banhos de ervas