CAPÍTULO 5 – PSICOSE PÓS-PARTO*
CAPÍTULO 5 – PSICOSE PÓS-PARTO*
Ocorre após o parto e se caracteriza por delírios e depressão grave. Podem surgir pensamentos sobre a vontade de ferir o bebê recém-nascido e representam um perigo real.
A psicose pós-parto ocorre em 1 ou 2 em cada mil partos. O risco de que ocorra é aumentado se a paciente já tiver história de transtorno do humor ou uma doença mental subjacente.
Os estudos apontam para um possível conflito da mulher com sua experiência de vir a ser mãe. Pode ter sido uma gravidez não desejada ou por outras causas como um relacionamento conjugal difícil.
Os sintomas, em geral, surgem por volta do terceiro dia pós-parto. Incluem insônia, inquietação, fadiga, crises de choro, seguidas de preocupações obsessivas com a saúde do bebê e o fato de não o amar; evidência de pensamentos confusos, incoerentes. Em alguns casos, a ideia de querer feri-lo, ferir a si mesmo ou a ambos. Podem ocorrer vozes ordenando à paciente que mate o bebê.
A psicose pós-parto é considerada uma emergência psiquiátrica.
Etiologia - a maioria das pacientes com esse transtorno tem uma doença mental subjacente, mais comumente o distúrbio bipolar. Pode ser resultante de uma síndrome cerebral orgânica, infecção, intoxicação por drogas, ou a súbita queda de níveis de hormônios.
PSICOSE PÓS-PARTO NA VISÃO ESPÍRITA
Jorge Andréa considera que nas psicoses, mesmo que o tratamento alcance êxito, quase sempre ficarão marcas psicológicas de maior ou menor evidência. Ele menciona que o indivíduo
“...passa a vida envolvido nos sintomas, alguns dos quais, por não terem o devido esgotamento no campo do exaustor físico (personalidade), perduram e refletem-se em outra jornada reencarnatória.” 44
Conhecemos alguns casos de mães que passaram por este tipo de transtorno mental, que sempre nos pareceu muito doloroso, pois ficamos a imaginar a intensa luta interior que essas pessoas enfrentam. Para completar o drama imaginamos também o bebê tão frágil, Espírito recém-chegado ao plano terreno, ansiando por amor e cuidados, e recebendo os dardos dos pensamentos maternos com o cunho da rejeição, da mágoa e até do ódio, quando então ocorrem ideias nefastas de tirar-lhe a vida, e às vezes de suicidar-se em seguida.
É um processo extremamente grave que requer a orientação urgente do médico especializado, que prescreverá a medicação adequada, ou mesmo o internamento, visando a aliviar o dramático conflito. Dependendo da gravidade do problema e não havendo o internamento, não é raro ser necessário separar o bebê da mãe até que cessem os pensamentos, os impulsos destrutivos e ela seja capaz de tê-lo ao seu lado.
Mas, esse é um conflito que deixa realmente marcas muito profundas. Os anos passam, mas a rejeição ao filho continua, ainda que inconscientemente, e, como é óbvio, a criança enfrentará dificuldades no período infantil cujas sequelas se refletirão mais tarde, através de conflitos os mais diversos, principalmente os de ordem psicológica.
Como explicar esse fato? Onde fica o instinto materno? Por que a mãe rejeita um filho com essa intensidade e pode ser completamente diferente e amorosa com outros que venha a ter? Qual a causa disso?
Somente o espiritismo tem a resposta satisfatória para aclarar esse terrível problema.
Como enfatizamos logo no início deste livro, a chave para a compreensão dos problemas que avassalam o ser humano é a reencarnação. Unicamente esse entendimento poderá explicar o significado profundo da psicose pós-parto.
Vejamos a questão 891 de “O livro dos espíritos”, na qual Kardec aborda exatamente o assunto indagando aos espíritos superiores:
“891) Estando na natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes? 'Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai ou mãe perversa, ou mau filho, noutra existência. Em todos os casos, a mãe má não pode deixar de ser animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas, essa violação das leis da natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado.'”
Com o texto que apresentaremos a seguir, extraído de “O evangelho segundo o espiritismo”, capítulo 14, item 8, ampliamos a nossa visão a respeito:
“Os que encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos são, o mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são dos da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações.”
Portanto, a psicose pós-parto denota um profundo envolvimento do passado entre a mãe e o filho recém-nascido, ressumando emoções desequilibradas, sentimentos negativos perturbadores, cujas raízes estão em reencarnações anteriores, hoje desaguando em estados mórbidos, patológicos. São as sequelas de crimes que cometemos no passado, de paixões que culminaram em homicídios, duelos, enfim, nossas tendências e impulsos do presente ressaltam o que fomos e fizemos no passado.
A lei de causa e efeito é uma realidade em todo o universo, consoante o próprio Cristo ensinou, "a cada um segundo as suas obras" e a reencarnação é a parte prática dessa lei, que é justa e equânime para todos os seres humanos.
44. Jorge Andréa dos Santos, Visão espírita das distonias mentais.
* Extraído de SCHUBERT, Suely. Transtornos mentais: uma leitura espírita. Catanduva, SP: InterVidas, 2012.
https://psiespiritismo.wordpress.com/.../capitulo-5.../