sexta-feira, 25 de novembro de 2016

7 – AS LINHAS VIBRACIONAIS DA UMBANDA

A Umbanda, como já vimos, tem no simbolismo um de seus fundamentos mais importantes e tem recorrido a ele desde sua fundação. O simbolismo está tão visível, que todas as entidades que trabalham na Umbanda são evocadas através de nomes simbólicos. Baseados também neste simbolismo os campos de trabalho são divididos em linhas vibracionais, conhecidas como “As Sete Linhas da Umbanda”.
Todas as Escolas Iniciáticas sempre consideraram o sete como um número cabalístico e sagrado, por isso ele está sempre presente em toda sua simbologia. O Sete também é considerado o número da “expansão e centralização” da unidade, pois é formado da soma do ternário com o quaternário, resultando no “Setenário Sagrado”.
Para entender um pouco mais a Umbanda devemos conhecer suas linhas ou campos vibracionais, que são na verdade sete irradiações divinas onde cada qual flui em um grau vibratório próprio e dá sustentação a vida. Mas para isso comecemos por esquecer de conformar DEUS a um senhor de barbas, e vê-lo simplesmente como “a forma energética primeira” da qual se formaram todas as coisas e seres existentes.
Tudo no Universo é energia em estado de maior ou menor densidade e com diferentes formas de montagens de seus átomos e moléculas. Após a chamada Criação, o DEUS UNIVERSAL, ou essa energia primária, continuou a se desdobrar em uma infinidade de energias que circulam por todo o Universo criado e não só pelo planeta Terra, que não é nem nunca foi seu centro.
Se uma energia mãe se desdobra, sempre há as primeiras energias que partem dela e que depois também vão se desdobrando, interagindo e formando outros tipos de energia. Para você entender melhor visualize o gráfico abaixo:

  

Podemos observar que se trata de um gráfico que representa a refração da luz solar através de um prisma, onde ao passar pelo prisma, a luz, anteriormente branca, se decompõe em diversas outras cores sendo que as sete visíveis para nós estão aqui representadas.
As três primeiras cores que se formam são as que conhecemos como cores primárias, indivisíveis, que são o AZUL, o AMARELO e o VERMELHO. Todas as outras se formam pela ação dessas três cores umas sobre as outras. Dessa forma o VERDE é composto pelo amarelo com o azul, o LARANJA é formado pela soma do amarelo com o vermelho, o VIOLETA é formado pelo vermelho com o azul.
Assim como a luz ou a energia do Sol supõe-se que essa energia mãe em seu processo de desdobramento decompõe-se primeiramente em três energias primárias que posteriormente por interações geram mais quatro energias que voltam a interagir entre si e entre as primárias gerando outras energias. Tudo isso é para que você entenda o que é um Orixá e como ele é visto pela Umbanda.
Se fizermos uma analogia entre as cores da refração solar e as energias primeiras que se supõe serem geradas pelo Criador, as sete primeiras energias seriam os “Sete Primeiros Orixás” gerados, ou os “Sete Raios” como são chamados em outras filosofias, ou as “Sete Vibrações Originais”.
Cada Linha ou Vibração, ali representada, equivale a um grande exército de espíritos afins que rendem “obediência” a um “Chefe” ou um Líder, o qual representa para nós um Orixá ou Energia da Natureza, e cabe a ele uma grande missão no espaço. Esse verdadeiro exército se subdivide em sete grandes Legiões, que por sua vez se divide em sete Falanges, que se subdivide em sete subfalanges e assim por diante, sempre cada qual com seu respectivo “comandante”.
Este assunto, como a maioria na Umbanda, é muito controverso, pois como sabemos, a Umbanda é formada por diversas correntes de pensamento, cada qual com sua Doutrina e Fundamentos bem específicos. Todavia, na sua manifestação mais popular sabemos que os “Falangeiros” ou “Chefes das Falanges” são espíritos evoluídos que representam diretamente os Orixás, suas forças são a emanação pura de suas energias. Sendo assim, quando incorporados, mostram sua presença e sua força através de uma roupagem fluídica que os representem. Suas irradiações divinas alteram nossos sentimentos e nosso padrão vibratório, estimulando em nós sentimentos nobres e virtuosos.
Os “Falangeiros” se agrupam em Linhas ou Falanges que são conhecidas como as Sete Linhas da Umbanda, onde temos:

1ª –  Linha de Oxalá: Que representa o princípio a Fé, o reflexo de Deus, o verbo solar. É a luz refletida que coordena ou se desdobra nas demais vibrações em suas manifestações na terra, por tanto não temos incorporações de falangeiros de Oxalá na Umbanda, pois todos somos filhos Dele. Suas irradiações da Fé nos estimulam a Religiosidade.
2ª –  Linha de Yemanjá ou Linha do Povo D’água: Representa o Amor e a Geração. Também trabalham nesta Linha as Orixás Oxum e Nanã (Originalmente um Nkise  que foi incorporada no panteão dos orixás iorubás aqui no brasil). Suas irradiações de geração e de amor nos estimulam a maternidade, a fecundação e as uniões tanto carnais quanto materiais.
3ª –  Linha de Oxóssi: Representa o Conhecimento, a Fartura e o Trabalho. Suas irradiações do conhecimento nos estimulam o raciocino. Suas falanges trabalham na doutrinação dos irmãos sofredores e na cura através da medicina herbanária.
4ª –  Linha de Xangô: Representa a Justiça. É a linha que coordena as Leis kármicas. Suas irradiações da Justiça nos estimulam a razão.
5ª –  Linha de Ogum: Representa a Lei. É a linha mediadora que controla os choques conseqüentes da Lei do kárma e as demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas da vida. Suas irradiações da Lei nos estimulam a Ordem.
6ª –  Linha de Omulú/Obaluayê ou Linha do Oriente: Representa a Evolução e a Saúde. Suas irradiações da Evolução e da Saúde nos estimulam o equilíbrio. Nem todos os espíritos que trabalham nesta Linha são oriundos do povo ori­ental, ela abri­ga as mais di­ver­sas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora da Umbanda, a falange dos Médicos é um exemplo delas.
7ª –  Linha de Iansã ou Linha das Almas: Representa a Maturidade, Humildade e a Bondade. É comandada por Iansã auxiliada por Omulú. Esta linha, como os próprios valores expressam, é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações. Eles são a Doutrina e a Filosofia, em fundamentos e ensinamentos. São os senhores da magia e da experiência adquirida através de seculares encarnações.

Temos também o cruzamento dessas Falanges, onde temos determinadas as qualidades dos “Falangeiros”. Vejamos alguns exemplos:

·           Ogum Delê ou Delei é um Falangeiro de Ogum que trabalha na Linha de Oxalá;
·           Ogum Beira-Mar, Ogum Sete Ondas, Ogum Iara são Falangeiros de Ogum que trabalham na Linha das Águas;
·           Ogum Megê, Ogum Sete Espadas são Falangeiros de Ogum que trabalham na Linha das Almas;
·           Ogum Rompe Mato é um Falangeiro de Ogum que trabalha na linha de Oxóssi.

Esses nomes simbólicos são um recurso utilizado pelas entidades na Umbanda para identificar qual nível vibracional atuam cada um desses espíritos e por qual Orixá ele é regido. Assim temos Falangeiros e entidades trabalhando em todas as Linhas, cada qual com seu nome e simbolismo próprio. Podemos observar várias entidades se identificando como: Caboclo Rompe Mato, Caboclo Pena Branca, Caboclo Cobra Coral, isso não quer dizer que é a mesma entidade ou o mesmo espírito, e sim entidades que trabalham em um mesmo campo vibracional.
Em alguns terreiros, por falta de conhecimento e vaidade, é corriqueiro acontecer de no templo já ter um Caboclo, ou um Preto Velho, ou um Exú manifestando-se com um determinado nome e caso um novo médium manifeste uma entidade que se identifique com o mesmo nome, o médium mais velho reage negando a veracidade da nova manifestação, pois se sente o “dono” de tal entidade, chegando as vezes a expulsar o novo guia tachando-o de mistificador, quiumba ou até mesmo um impostor.
Na Umbanda, os Falangeiros, guias ou protetores, e todas as entidades que fazem parte de sua corrente astral que trabalham dentro das Sete Linhas também são divididos em Linhas de Trabalho conhecidas como Linha da Direita e Linha da Esquerda, onde temos:

·           Linha de Direita: Os Falangeiros dos Orixás, os Pretos-Velhos, os Caboclos, os Boiadeiros, as Crianças, os Marinheiros, os Baianos e os Orientais.
·           Linha de Esquerda: O Povo de Rua, espíritos guardiões, que são os Exus, Pomba-giras, Ciganos e Malandros.

A Umbanda por ser considerada no Astral um Ritual de ação positiva à humanidade, atrai milhares de espíritos sedentos para trabalhar em suas searas em beneficio do próximo. Esses espíritos são doutrinados e dirigidos a uma das linhas de trabalho de acordo com seu campo vibracional, segundo a Lei das Afinidades. Sendo assim, nem todas as entidades que manifestam nos Terreiros como Pretos Velhos, por exemplo, foram necessariamente negros e escravos, como nem todos os Caboclos foram necessariamente índios, são apenas uma roupagem fluídica simbólica, uma homenagem a esses povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro..
Os espíritos se utilizam desse simbolismo nas manifestações para afastar a vaidade dos médiuns, pois a eles, entidades, só interessam a caridade e o amor ao próximo, e não quem foram ou o que fizeram, ou até mesmo que título tiveram em suas encarnações passadas. Não se incomodam em manifestar-se de uma forma humilde e simples. Nesses grupos de espíritos não há distinção de raças, origem religiosa ou títulos terrenos, neles o que impera é a beleza da Alma, o valor do caráter. Amam a todos e sabem que a carne é somente um veículo transitório.
Uma gíra de Umbanda é uma verdadeira aula de humildade e desprendimento, o que a nós deve interessar saber é que todos tem algo a nos ensinar, independente de sua origem. Devemos ter a consciência de que eles nos auxiliam no que for permitido pela Lei Maior e no que for de nosso merecimento e não para suprir nossas futilidades.