Um índio pantaneiro.
Esse índio nasceu na margem esquerda do Rio Paraguai, onde hoje se localiza a cidade de Cáceres, no estado de Mato Grosso. Ele era um índio forte e destemido da tribo dos Paiaguá. Seu nome indígena era Membira M'Boi (Filho do Deus Serpente), pois ele conseguia ficar submerso na água por longos minutos. Escondia-se nos arbustos e folhagens sem ser visto e atacava sorrateiramente, como uma cobra. Adorava brincar com todas as cobras da região, principalmente com a "Cobra Amarela" (Bothriechis Schlegelii).
Os Paiaguás uniam-se aos índios Guaikurus nas batalhas contra os invasores, alcançando a vitória nas lutas. Eles entendiam de montaria e estratégias de guerra, por isso, eram exímios guerreiros. Manejavam o arco e a flecha com destreza. Eram hábeis navegadores, sabiam mergulhar e, praticamente, viviam sobre as águas. Eles tornaram-se conhecidos como "índios canoeiros". Eram nômades, deslocavam-se com rapidez e possuíam muitas aldeias, com rota de fuga dentro da floresta.
Sua tribo possuía um código de honra que os impedia de recuar em uma batalha. Por isso, junto aos Guaikurus, lutaram contra os portugueses, oferecendo grande resistência à povoação do Pantanal mato-grossense. O Mato Grosso foi povoado por terra, através da Rota Madeira Guaporé, pois, pela água, os índios ainda dominavam. Somente em 1791, um Tratado de Paz conseguiu apaziguá-los e declará-los súditos da coroa portuguesa. Então, chamou-se "Guaikuru" todos os indígenas do Pantanal que compartilhavam a mesma língua nativa.
Membira M'Boi morreu lutando por sua terra e por sua gente, no começo do século XVIII. Soldados fortemente armados devastaram a maior parte das aldeias Paiaguá, em busca de ouro e pedras preciosas. Assim, ele concluiu sua jornada terrena e inicou sua jornada espiritual. Segundo esse caboclo, que já viveu na Austrália e na Europa, em vidas anteriores, sua maior aprendizagem ocorreu no Brasil, onde aprendeu a respeitar a natureza e a vida. Hoje, ao trabalhar na Umbanda, Membira M'Boi atende pelo nome de Caboclo Cobra Amarela; ele trabalha para as Mães d'Água e para Oxumaré.