quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Cabocla Jandaia


Uma Xamã do Oriente!

Jandaia nasceu e viveu toda a sua vida na Sibéria, entre os povos nômades Koryaques. Era o século XIV e a Sibéria ainda era um país livre com costumes ancestrais, passados de geração em geração. Em sua tribo, os mortos não eram enterrados, eram dissecados, pois o frio e as geleiras impediam o funeral. Alimentavam-se de renas e utilizavam huskys (cães) para puxar os "trenós" no gelo. Os Koryaques possuiam vários costumes similares aos xamânicos, como a crença em várias deidades, a preservação da natureza, o respeito ao sagrado, a pajelança, entre outros. Assim como os búfalos representavam importante papel para os indígenas norte-americanos, as renas representavam a sobreviência dos siberianos.
Os homens de sua tribo eram guerreiros natos que sabiam manejar o machado nas lutas, domesticavam os huskys e apaziguavam as renas. As mulheres eram artesãs, cozinheiras e ligadas ao misticismo. Confeccionavam amuletos, benziam contra os males espirituais e sabiam cozinhar poções que fortaleciam os homens nas lutas diárias. Quando as meninas tornavam-se moças, podiam se casar. Os meninos, ao se tornarem rapazes, podiam viajar, caçar e aprender os demais costumes da tribo. Após o casamento, os jovens podiam escolher viver com a família da moça ou do rapaz, dividindo o acampamento.
Era costume na Sibéria o consumo do chá de amanita buscaria, um cogumelo nativo que podia curar os males do corpo e da alma. Jandaia aprendeu e seguiu todos os costumes de seu povo e com dezesseis anos casou-se com um jovem da tribo. Os dois escolheram viver no acampamento dos pais do rapaz, por serem mais idosos, auxiliando-os em todos os afazeres cotidianos. Durante uma nevasca que atingiu toda a Sibéria, muitas tribos passaram por dificuldades e sobreviveram graças ao preparo com as renas e ao chá da amanita. Jandaia desencarnou, em consequência de uma forte febre, deixando dois filhos para continuar a Linhagem Koryaque.