Bandeirante, índio, caboclo, bugre ou mameluco?
Essa é a história de um caboclo que entende de muitas coisas... Viveu em dois mundos, entre duas culturas e aprendeu os costumes dos brancos e dos índios. Era um profundo conhecedor das trilhas e sabia conduzir adequadamente uma caravana floresta adentro. Tornou-se exímio expedicionário. Trabalhou para os portugueses por quase meio século. Essa foi sua vida: viajando por quase todo o Brasil, dos litorais ao interior das matas. Ele entendia da arte de curar. Fabricava instrumentos e utilitários com o que a floresta fornecia. Era útil ao conquistador. Tornou-se requisitado e assim viveu sua vida. Com sua aparência de índio (bugre) nativo, trabalhou sem roupas por muitos anos, mas, quando mulheres se juntaram às caravanas, preferiu vestir as roupas do homem branco.
Ao desencarnar não quis mais afastar-se das florestas brasileiras, nem de seu povo, nem das dores que viu serem semeadas pelos conquistadores europeus. Sentiu-se compelido a ajudar índios e bandeirantes espiritualmente a evoluir. Quis ser mais que um simples "capangueiro" das matas, tornou-se um "Capangueiro de Aruanda". Sua sabedoria milenar em reconhecer trilhas, seu jeito peculiar de curar, sua maneira sincera de observar e falar, faz desse expedicionário mameluco uma entidade única, que serve a todos os Orixás na maior boa-vontade e dedicação.
Não sei de sua encarnação anterior, não sei seu nome verdadeiro... Sei apenas que era chamado de "Fidélis das Matas" pelos portugueses. Quando vem ao Terreiro, incorpora, gira e dança, dá seu grito de guerra e começa a trabalhar com agilidade e presteza e diz: - Eu só quero servir! E gosta de cantar seu ponto: "Arreia Capangueiro, Capangueiro da Jurema..."