quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Caboclo Sete Folhas da Jurema


O Curandeiro das Matas!

Esse índio nascido no meio da Mata Atlântica, é um verdadeiro filho de Oxóssi. Viveu na Tribo dos Paí Tavyterã, no século XV, antes da chegada dos portugueses e dos espanhóis ao Sul do Brasil. Aprendeu sobre o poder das plantas medicinais e a arte da cura com seus ancestrais. Ele nasceu, cresceu e foi criado assim: para conhecer todas as plantas e todos os bichos das matas. Ele sabia lidar com todos os venenos e curar todas as maldições que se abatecem sobre qualquer índio da aldeia - do mais novo ao mais velho. Ele recebeu de seus antepassados esse dom e a Mãe Natureza lhe abençoou com a sabedoria necessária ao seu desenvolvimento.
Toda vez que entrava na Floresta, ele saudava Tupã - o Pai Maior - e pedia permissão aos Espíritos da Floresta para mexer com as plantas. Ele sabia a fase de cada Lua e quando deveria colher cada erva. Ele jamais feria um animal desnecessariamente, por isso os animais lhe respeitavam. Se alguém em sua tribo necessitava de auxílio, ele prontamente lhe servia, com toda a humildade. Foi assim, que desde cedo recebeu o título de "curandeiro" e passou a ser chamado de "Sete Folhas", pois toda vez que precisava preparar uma poção ele dizia: pegue 7 ramos daquela erva, 7 galhos daquela outra, 7 folhas daquela ali e assim prosseguia, sempre usando o número 7. E quando lhe perguntavam porque o "sete", ele respondia: " - Porque Tupã fez o sete SAGRADO!"
E assim viveu o Caboclo-Pajé Sete Folhas da Jurema: curando, benzendo, cuidando e ensinando. Ele foi um Mestre que jamais cansou de fazer o bem e de ajudar. Dizem que ele não morreu, ele "encantou". Um dia, ele reuniu todos os filhos da Tribo e anunciou a chegada dos homens de pele branca e vestidos com roupas diferentes. Falou que seu tempo na Terra dos Homens estava acabando e que Tupã o chamava. Então ele entrou na Mata e desapareceu! Ao anoitecer os índios ouviram o pio de uma coruja e um clarão nas matas se formou... E todos souberam que "Sete Folhas" tinha partido. Quando alguém estava mexendo com folhas na Aldeia, um vento soprava e levantava as folhas e alguém dizia: "É ele: é o Pajé das Folhas - porque todas as folhas lhe pertencem!"
 
A maior diversidade de espécies de plantas e animais do Brasil existia na Mata Atlântica, mas, após a chegada do homem branco, muito se foi perdendo. Quando eu era criança, como eu nasci no sul do país, convivi com muitos índios e conheci muitas tribos por onde passávamos. Meus pais são gaúchos, mas eu nasci em Foz do Iguaçu. Meu pai ajudou a construir a Itaipu, então eu convivi com toda a lenda do local. Eu adorava ouvir a história da formação das Cataratas do Iguaçu: de como a indizianha (filha do cacique) prometida a M'Boi, fugiu com o guerreiro da tribo. M'Boi (ou Boitatá - como alguns dizem...) perseguiu-os pelas águas do rio e bateu tão forte a sua cauda na água, que abriu diversas quedas e cataratas. Hoje eu sei porque essa história mexia tanto comigo (rs) - já era meu "pezinho" na Umbanda... Tem uma música que me lembra muito todo esse tempo e todas essas lendas: "Índio Terena, Guarani ou Caiuá. Ara a terra, lavra a terra. Ama a terra que Deus dá." Canção do Índio - de Lia Campos Ferreira.
 
Leiam mais sobre o assunto em:
-> http://educar.sc.usp.br/licenciatura/trabalhos/mataatl.htm
-> http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/montecristo/03almanq/estrs.htm
-> http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/226-lenda-das-cataratas.aspx
-> http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-846-4568-,00.html
-> http://jogurgel.blogspot.com.br/2011/11/tragedia-anunciada-de-um-lider-indigena.html#!/2011/11/tragedia-anunciada-de-um-lider-indigena.html