Nação Nagô-Vódun
Símbolo que junta os povos Dahomeanos com os Iorubás (Povo Djedje-Mahí e Nagõ Ketú) |
Nago-Vodun, como o próprio nome indica, é uma modalidade de candomblé com elementos conjuntos, Jeje e Ketu. Foi uma maneira criada para que as práticas complexas do ritual Jeje não se tornassem esquecidas pela força da mídia que via nas casas de candomblé Ketu, ou Nago o melhor exemplo de culto africano aqui instalado.Essa fusão de crenças não se deu no Brasil, exatamente. Já havia ocorrido em África. Eram povos vizinhos próximos, e nos mapas atuais podemos verificar um traçado vertical que delimitou os dois países a partir de 1885 através de um tratado político. Como conseqüência, algumas cidades nagôs ficaram localizadas em território do que é hoje o Benin, e a outra com a República da Nigéria.
Esta vizinhança permitiu um sincretismo cultural-religioso entre os dois, facilitado pelas guerras e capturas de escravos, a convivência de vida e o casamento com mulheres prisioneiras. A assimilação entre Vodun e orixá surgiu aí e foi trazida na lembrança pelo tráfico escravo.
O Jeje teve dois importantes centros, Bahia e Rio. Na Bahia, mais precisamente em Cachoeira e Salvador, a titularidade seguiu o sistema matriarcal, ou seja, sempre dirigido por mulheres, cuja denominação possuía variantes de acordo com a iniciação que seria feita. Doné, Mejitó e Gayaku, esta última com a finalidade de definir as iniciações de orixás dos candomblés Ketu, validando a expressão Nago-Vodun.No Rio , o candomblé Jeje teve seu desenvolvimento a partir de 1874, através de Rozena de Besen, e logo depois por Mejitó, que se permitiram uma fidelidade ao princípio matriarcal de liderança. Em 1930, vem para o Rio, Antonio Pinto de Oliveira, mais conhecido por Tata Fomutin que viria a ser o precursor do Jeje-baiano, dando início a uma extensa família entre filhos, netos e bisnetos de santo. Iniciado em 1912, em Cachoeira, e como os demais baianos que aqui se instalaram, não seguiu a titularidade matriarcal, pois ele mesmo foi uma primeira exceção masculina. A denominação de Doté para definir um cargo masculino viria a ser popularizada mais tarde.
Iniciado em 1912, em Cachoeira por Maria Ogorensi, numa estrutura toda identificada com as mulheres, e por morar em Salvador, afasta-se e busca conhecimentos no Engenho Velho. Seu orukó, ou seja, seu nome iniciático era Osun Deyi , uma expressão yorubá como seria também, a de seus futuros filhos. Isto, talvez, explique a razão de seus iniciados terem orixás e orukó segundo as tradições do candomblé ketu. Fomutin teve o mérito de lembrar esta ajuda denominando seu terreiro no Rio de Kwe Ceja Násò, em homenagem à Iyá Násò, a matriarca absoluta do candomblé do Engenho Velho.Posteriormente, tudo viria a ser corrigido após sua morte, fortalecendo o conceito do ritual Nagô-Vodun. Os filhos por ele iniciados passaram a substituir os nomes recebidos por expressões Jeje e o Orisás feitos, “assimilados” aos Voduns. E isto vem sendo observado atualmente. Pessoas iniciadas para Osoosi , com vestimentas, comidas, cores e símbolos de Osoosi, mas dizendo-se de Gagaotolu; Os um tornou-se Aziri Tobosi , mas continuou o comer o Omolokum, a usar o abebé, o adê com o chorão, uma tradição eminentemente yorubá. Omolu passou a ser Azansun. Se no original a palha-da-costa era de cor natural, passou a ser tingida de vermelho. Sangô tornou-se Badé, Sogbo ou Akorombé. Mas comendo Amalá, usando o oxê, coroa e outros símbolos do orixá yorubá.
Diante deste quadro, algumas questões são inevitáveis. Afinal, Vodun e Orisá possuem os mesmos atributos? São as mesmas divindades com nomes trocados? Já foi afirmado que os Minkisi da nação de angola seriam os mesmos Orisás yorubá com outras denominações. Seria a mesma coisa com determinados Voduns do Jeje? Acreditamos que os Voduns tenham suas qualificações e atitudes próprias, mas que diante destas “assimilações”, a identidade cultural que possuem venha sendo perdida. Esta pode ser uma idéia para investigação profunda entre os estudiosos identificados com os candomblés Jeje.
Konlonfé!!