Falando sobre o Gongá!!
Essa noite tive um sonho,
sonho de luz e de amor,e nele eu sempre proponho,
no meu Gongá colocar uma linda flor.
Essa flor é para os Orixás,
e todas as Entidades de Luz,
são eles que iluminam os Gongás,
trazendo sempre a caridade do menino Jesus.
Velas vou acender para iluminar,
esse altar tão sagrado para Umbanda,
e ele certamente vai nos abençoar,
retirando de nós toda a demanda.
Nesse altar sagrado bato cabeça,
saudando a todos que nele está,
com fé e amor agora enalteça,
esse altar divino que é o nosso Gongá.
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Nós umbandistas temos um local dentro de nossos templos, casas ou
terreiros no qual respeitamos muito, e claro, amamos aquele local como
um pedacinho de nossa residência.
Esse local tem o nome de Gongá, ou também chamado em alguns
terreiros como Congá, Jacutá, ou mesmo altar.
A palavra Gongá vem de origem Bantú, e por um modo um tanto
errôneo linguístico se transforma em "congár" ou "congal", e é a
representação do altar umbandista.
A palavra altar vem do latim "altus", ou seja, alto, elevado,
dando significado exatamente a ideia de ligação entre o ser humano e o
Pai Maior, e onde poderemos fazer nossas orações, homenagens,
e demonstrar nossa fé.
Como sabemos a Umbanda é uma religião sincrética, e como já vimos
em algumas histórias, os negros escravizados era catequizados e
obrigados a se converter ao catolicismo por seus senhores, e por esse
motivo nasceu a associação do panteão africano aos santos católicos,
como forma de cultuarem seus Orixás através das imagens católicas sem
assim não criarem problemas com seus senhores.
Portanto o Gongá, era um altar católico com os assentamentos e
firmamentos escondidos por baixo.
Dessa forma eram cultuados os Orixás tendo as imagens de Santos
católicos, e isso se interligou de uma forma grandiosa, que hoje a
maioria dos Gongás tem suas imagens católicas, não por obrigação, mas
sim pela devoção, contudo sempre visto com a nomenclatura do Orixá,
como exemplo disso podemos falar do Orixá Ogum, sincretizado por São
Jorge, Santo guerreiro dos católicos, ou mesmo a Orixá Oxum,
sincretizada por Nossa Senhora da Conceição, ou mesmo ainda o Orixá
Oxalá, que por ser considerado o Pai dos Orixás é sincretizado com
Jesus Cristo, assim como todos os outros Orixás tem a sua
sincretização.
A todos que já participaram de uma Gira de Umbanda, seja como
trabalhador de um terreiro, ou mesmo apenas como consulente ou
assistente, já pôde observar o conteúdo que temos em nossos Gongás,
pois nele podemos encontrar uma grande variedade de objetos, assim
como estátuas de Santos católicos, de Caboclos, de Pretos Velhos, de
Boiadeiros, de Erês, Ciganos, de Orixás, quartinhas, velas de diversas
cores, pedras/Otás, pontos riscados, flores, objetos do ritual das
Entidades de Luz, que seguem a mesma imantação do Gongá.
Muitas pessoas sem informação e sem entendimento costumam dizer
que o Gongá umbandista é apenas um local de idolatria e fetiches sem
necessidade, porém essas pessoas não entendem que no Gongá está a
"ponte" entre o médium e a força superior, ou seja, uma das ligações
entre o terreno e o espiritual, e que sem ele essa ligação poderia se
tornar um tanto perigosa, pois serve para o firmamento e segurança do
terreiro, afim de não deixar aberturas a espíritos sem luz tomarem
conta de uma Gira, na qual certamente seria prejudicial aos médiuns,
Zeladores e consulentes.
O Gongá tem como preceito o funcionamento de um ponto de
referência para qual são direcionadas as ondas e cargas energéticas
em forma de preces, rogativas, agradecimentos, meditações, entre
muitas outras formas de energizar sua fé.
Sabemos que os terreiros de Umbanda recebem várias e várias
pessoas dos mais diferentes degraus evolutivos, umas que dispensam
instrumentos materiais para conseguirem elevar seus pensamentos aos
altos planos invisíveis, porém outras tantas pessoas necessitam de
elos tangíveis de ligação para a concentração, afloramento e
direcionamento do teor mental das mesmas, por esse motivo também, a
grande importância do sagrado Gongá.
Temos ainda no Gongá algo bem importante que é o quesito
sugestibilidade, luminosidade, vibração etc., estimula médiuns e assistentes a elevarem
seu padrão vibratório e a serem envolvidas por feixes cristalinos de
paz, amor, caridade e fraternidade, emanados pela Espiritualidade
Superior atuante.
Sobre os assentamentos, imantações e firmamentos do Gongá, não
existe uma regra única a seguir, pois esse ponto vai de terreiro para
terreiro, sendo levado em questão as instruções ou dos Zeladores da
casa, ou das Entidades que comandam o terreiro. Os elementos sugeridos
vão conforme as energias que regem os Guias trabalhadores da casa, e a
única regra a ser levada sem esquecimento é que tais assentamentos e
firmamentos devem ser feitos, antes de qualquer tipo de trabalho
espiritual umbandista no terreiro.
Também é através do Gongá que muitas pessoas que participam de uma
Gira de um determinado terreiro pela primeira vez, consegue através
dos elementos, imagens, firmamentos e cores de velas, identificar
imediatamente quais as forças que coordenam os trabalhos da casa.
Normalmente em todos os Gongás, na parte central, em local mais
elevado, se faz uso da imagem de Jesus Cristo, sincretizado com o
Orixá Oxalá. Além do respeito ao Pai dos Orixás, essa imagem fica em
destaque pelo amor dos umbandistas ao filho de Deus, que também faz
com que os não umbandistas se sintam em comunhão, realizados, de
sentimentos puros ao depararem com a bela imagem de Jesus Cristo, de
braços abertos, como abraçando a todos que venham visitar os
terreiros, e os convidando a participarem dessa grande obra de
caridade que é a Umbanda.
O Gongá é uma das partes mais importantes de um terreiro de
Umbanda, pois ele é um núcleo de força em atividade constante, agindo
como centro atrator, condensador, escoador, expansor, transformador, e
alimentador dos mais diferentes tipos de níveis de energia e
magnetismo.
Vamos descrever cada um desses centros, para que possamos entender
melhor a função do Gongá nos terreiros.
Centro Atrator:
Atrai para si todas as variedades de pensamentos que pairam sobre
o terreiro, numa contínua atividade magnético atratora de recepção de
ondas ou feixes mentais, quer positivos ou negativos.
Centro Condensador:
É condensador, na medida em que tais ondas ou feixes mentais vão
se aglutinando ao seu redor, um complexo influxo de cargas negativas e
positivas, produto da psicoesfera dos presentes.
Centro escoador:
É escoador, na proporção em que, funcionando como verdadeiro
fio terra (para raio) de miasmas e cargas magnético negativas, as
comprime e descarrega para a mãe terra, num potente fluxo
eletromagnético.
Centro expansor:
É expansor porque, condensando as ondas ou feixes de pensamentos
positivos emanados pelo corpo mediúnico e pela assistência, os
potencializa e devolve para as pessoas presentes, num complexo e
eficaz fluxo e refluxo de eletromagnetismo positivo.
Centro transformador:
É transformador porque, em alguns casos e sob certos limites,
funciona como reciclador de lixo astral, condensando-os, depurando-os
e os vertendo já filtrados ao ambiente de caridade.
Centro alimentador:
É alimentador pelo fato de ser um dos pontos do terreiro a receberem
continuamente uma variedade de fluidos astrais, que além de auxiliarem
na sustentação do trabalho da Casa, serão o combustível principal para
a atividade do Gongá (Núcleo de força).
Devemos ter o entendimento que o Gongá não é um enfeite para
embelezar os terreiros, muito menos um aglomerado de símbolos e
objetos aleatórios que são colocados ali para sanar a vaidade de uns
ou os devaneios de outros, os Gongás estão ali em terreiros honestos e
sérios porque tem fundamento, tem uma razão de ser, pois assentados de
uma base sólida, lógica, racional, litúrgico magísticas, e sustentados
pelo Plano Astral, mantém a casa segura, firme, sem ter a chance de
ser atacada por espíritos sem luz, como Kiumbas, Eguns e Zombeteiros.
Respeitem o Gongá como um local sagrado dentro dos terreiros, não
tentem inventar assentamentos, imantações ou firmamentos. O Gongá é
um ponto sagrado, não é um espelho para sua vaidade.
Reflita!
Salve nosso Gongá!
umbandayorima