CAPINHA PRETA DAS 7 PORTEIRINHAS

 

 CAPINHA PRETA DAS 7 PORTEIRINHAS

Ele nasceu pobre, muito esperto e desde pequeno foi pra rua, na favela em todas as vielas ele era conhecido, "o protegido do chefe", o menininho era temido, lá ele aprendeu tudo que não presta, aprendeu a passar droga para o chefe do tráfico que era muito poderoso, era o favorito desde muito novo, o chefe queria que ele assumisse as coisas quando ficasse mais velho, achava o menino um moleque de ouro, tamanho de criança, frieza de adulto, a revolta e a ganância moviam o menino, porém o chefe sabia que o único que aquele toco de gente respeitava e obedecia era ele, o menino não media consequências, parecia não ter medo de nada, os outros "colegas de trabalho" até mais velhos que ele começaram a querer sua cabeça rolando aquele morro abaixo, faziam de tudo, falavam mal dele pro chefe, armavam contra ele, mas o menino não arredava o pé, um dia o chefe quis lhe presentear, a mais nova arma de fogo, exclusiva, importada, ficou folgada e pesada para as mãos pequenas dele, o que não impediu o molequinho de ficar mais letal do que já era, mais uma vez a molecada veio mexer com ele, mas agora os tempos de paciência acabaram, o menino não quis saber, sua primeira vítima caiu, foi bem no peito, enquanto a molecada corria desgovernada outro já caía no chão com uma bem nas costas, ele voltou feliz para mostrar ao chefe o feito com o novo "brinquedo", o patrão vibrava com o seu pupilo, era seu orgulho, mas a alegria para o pequeno mercenário não durou muito, logo os irmãos dos falecidos armaram uma emboscada para ele, já não era meia noite, na rua escura, mais de 6 pirralhos fizeram tudo que tinham vontade, por fim nosso menino só ouviu a última coisa antes de se ir para o além vida:

Isso é pelo meu irmão, bem no peito.
Lá se foram 12 luas de vida a 7 palmos do chão, o chefe ficou desolado e não descobria quem havia matado seu filho postiço, mas a história pra ele não havia acabado, toda a raiva e ira por vingança moviam seu espírito debilitado para tentar matar aqueles que o haviam mandado pro além, ele os perseguiu, tentava de tudo para acabar com a vida dos moleques, mas via que na verdade destruía a vida da mãe deles que era médium e estava capitando toda negatividade vinda de sua aura de ódio, o menino então resolveu partir, mas olhou seu chefe uma última vez já mais velho, que não quis mais saber de filhos ou protegidos, se despediu da sua maneira e foi embora vagar pelas estradas, já cansado de andar, parou na porta de um lugar escuro e cheio de criaturas estranhas, de lá saia um homem com uma longa capa preta e chapéu, o menino se espantou e lembrou de seu chefe, o exu então o olhou e perguntou de onde vinha e o que tinha feito, o menino lhe contou tudo, o exu então lhe fez uma proposta:
Olha moleque, sou exu capa preta, você tem muito o que pagar, pode me seguir, ser meu aprendiz, trabalhar para o bem ou você pode entrar naquele buraco e pagar pelos seus pecados, o que você vai fazer?
O menino brilhou os olhos, sentiu todo o peso de suas ações no seu espírito, e como aquilo doía, então aceitou a proposta do exu, que ali mesmo o batizou:
Seu nome agora será capinha preta da porteirinha, em homenagem ao lugar que agora você está nascendo como exu mirim.
E assim foi a vida e redenção do garoto, que aprendeu a trabalhar pela lei e justiça e por aqueles que em vida ele machucou.

Autora e médium: Mariana Rafaela

Laroyê Mirim 7 porteirinhas