terça-feira, 26 de julho de 2022

São Francisco de Assis e os animais: pregando para lobo, peixes e mais!

 

São Francisco de Assis e os animais: pregando para lobo, peixes e mais!

Qual é a relação entre São Francisco de Assis e os animais?

são francisco de assis

São Francisco de Assis é o padroeiro dos animais, bem como o santo protetor do meio ambiente, atuando sobre a ecologia. As virtudes da humildade e da compaixão são seus principais atributos. Esse santo, venerado pelos católicos, mas influente e admirado também fora da esfera dessa religião, é um exemplo do poder da força de vontade e da fé nas transformações humanas.

Sua grandeza de espírito demonstra que a bondade e a espiritualidade são coisas a serem conquistadas, exercitadas no dia a dia e postas em primeiro lugar. Seu amor pelos animais nos inspira a olhar para todos os seres com benevolência e nos lembra que devemos cuidar e proteger os seres de outras espécies, pois neles também está Deus. Veja neste artigo tudo sobre São Francisco de Assis.

História de São Francisco de Assis

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Conheceremos mais profundamente a história de São Francisco de Assis, olhando para etapas importantes de sua vida e aprendendo seus ensinamentos. Confira a seguir.

Vida de São Francisco de Assis

O nome de batismo de São Francisco era Giovanni di Pietro di Bernardone. Ele nasceu em 1182, em Assis, e era filho de comerciantes burgueses bem-sucedidos. Francisco desfrutou de uma juventude voltada aos prazeres, interessado em obter fama e fortuna.

Essas motivações o levaram a se tornar cavaleiro e ao lutar em uma guerra, foi capturado e permaneceu prisioneiro por cerca de um ano. Nesse período, desenvolveu uma doença que o acompanhou por toda a vida, causando problemas estomacais e de visão.

Conta-se que o jovem então mudou completamente seus hábitos, tornou-se frade e passou cuidar dos pobres, fundando uma ordem religiosa focada no voto de pobreza, a ordem dos Frades Menores. Após uma vida de benfeitorias e acometido por diversas doenças, Francisco faleceu em Assis, em 1226.

O chamado de São Francisco de Assis

A conversão de São Francisco de Assis se inicia entre 1202 e 1208, consistindo em uma progressão de eventos a partir de seus 25 anos.

Acredita-se que a primeira etapa do que pode ser descrito como seu chamado esteja situada em seu tempo como prisioneiro de guerra, quando começou a sentir os primeiros sintomas de uma doença que o acompanhou pela vida.

Francisco escutou uma voz que lhe orientou a retornar para casa, onde encontraria seu real propósito.
Após uma série de visões e mensagens espirituais recebidas, ele passou a cuidar dos pobres e dos leprosos, abandonando completamente seu modo de vida anterior em prol da fé e de seguir os ensinamentos de Jesus.

A renúncia de São Francisco de Assis

Ao retornar da guerra, Francisco escutou uma voz que o incitou a seguir os passos do Senhor. A partir daí, abdicou de seus bens materiais e abandonou seus sonhos de glórias vãs e fortuna. Preenchido pela fé e pela vontade de ajudar o próximo, após ter visto por suas viagens tantas pessoas necessitadas e sofrendo, ele passou por uma transformação profunda.

Francisco teve, nessa etapa inicial de sua conversão, uma visão do Cristo a lhe pedir que restaurasse a sua Igreja. É importante lembrar que, nesta época, a Igreja Católica se encontrava consumida pelos interesses materiais e pelas lutas de poder e Francisco se voltou para a necessidade de focar nos necessitados, iniciando suas benfeitorias junto aos leprosos.

12px 0px; vertical-align: middle;">■Os milagres de São Francisco de Assis

Existem diversos milagres atribuídos a São Francisco de Assis. Um dos mais antigos se passou pouco tempo depois do sepultamento do santo, quando uma menina que sofria de uma enfermidade no pescoço encostou a cabeça sobre o seu caixão e foi curada.

De modo semelhante, muitas outras pessoas deficientes passaram a andar após sonharem com o santo ou peregrinarem ao seu sepulcro, assim como cegos tiveram a visão restituída.

Além disso, pessoas obsediadas, que acreditavam estarem possuídas por demônios, encontraram paz de espírito após tocarem no seu túmulo. Através dos tempos, muitos outros milagres relacionados à cura de doenças foram atribuídos ao santo.

Fundação da Ordem dos Frades Menores

No começo de seus trabalhos religiosos, Francisco buscou converter pessoas e obter doações aos pobres. Quando percebeu que tinha um número considerável de seguidores, foi com os fiéis a Roma para obter aprovação para o estabelecimento de uma Ordem.

Mas isso só aconteceu depois que o Papa Inocêncio III determinou que ele fosse pregar aos porcos, o que Francisco fez, conseguindo assim que as autoridades religiosas apoiassem a sua causa.

A Ordem dos Frades Menores se baseava nos princípios da pobreza e seguia minuciosamente os ensinamentos de Jesus. Seus seguidores cuidavam dos enfermos, dos animais e dos pobres e fizeram parte dessa ordem religiosos importantes, como Santa Clara.

A nova ordem religiosa de São Francisco de Assis

Após um período de peregrinação pela Terra Santa, Francisco reencontrou a Ordem, em Assis, assolada por desvios morais de alguns membros e por discordâncias diversas. Muitos seguidores estavam insatisfeitos com o rigor excessivo demandado pelos votos da Ordem.

Todos esses conflitos internos e as constantes interferências do Vaticano levaram Francisco a uma reforma da Ordem dos Frades Menores. O santo se viu obrigado a redigir um novo conjunto de regras que tornassem mais claras aos adeptos as obrigações que teriam de cumprir.

Esse texto, no entanto, submetido à aprovação de Roma, sofreu alterações importantes feitas pelo cardeal Ugolino, que se desviavam da essência franciscana. Com o tempo, a ordem franciscana se desdobrou em diversos ramos, masculinos e femininos.

O exemplo de vida de São Francisco de Assis

São Francisco de Assis nos oferece um modelo de fé, mas também rico em inspirações para as nossas práticas diárias. A postura de Francisco em relação ao dinheiro é um primeiro exemplo de abnegação material e nos ensina a focar na riqueza espiritual.

A bondade desse santo, que se dedicou a cuidar dos enfermos e dos animais, e que buscava ao máximo sanar as necessidades dos empobrecidos, mostra-nos que a espiritualidade só pode se desenvolver pela prática, ou seja, por atos efetivos neste mundo terreno.

O exemplo de vida de São Francisco, portanto, consiste na ação como condutora ao caminho da luz, destacando-se o valor que ele deu aos animais como seres a quem devemos respeitar e proteger.

A sabedoria divina de São Francisco de Assis

São Francisco foi inspirado por sucessivos episódios místicos, como a escuta de vozes que lhe guiaram às ações do bem. Mas seus atos de bondade também nasceram da sua nata compaixão e empatia pelos necessitados e de seu amor pela natureza.

A união das inclinações para a prática do bem com a fé tornou Francisco uma figura à frente de seu tempo e um modelo de espiritualidade. São Francisco nos ensina a humildade e o desprendimento. A sua sabedoria consistia na simplicidade, em olhar para os pobres, os doentes, os animais, todos aqueles desprezados pelos seus contemporâneos, tão focados no dinheiro e no status.

Os estigmas de São Francisco de Assis

Pouco antes de sua morte, Francisco se retirou para o Monte Alverne, onde havia um santuário da sua Ordem, acompanhado de alguns irmãos frades. Nesse período, o santo teve a visão de um serafim de seis asas e desde então passou a exibir os vestígios do padecimento de Cristo em seu corpo.

Esses sinais são conhecidos como estigmas e correspondem às feridas sofridas por Jesus durante a crucificação. Essas marcas se destacavam nas mãos e nos pés, mas ele também tinha uma chaga aberta no peito, testemunhada por seus irmãos de fé. Francisco foi o primeiro cristão a ser estigmatizado.

São Francisco de Assis e os animais

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Conheceremos a seguir algumas histórias significativas sobre a relação de São Francisco com os animais e o que esses relatos nos ensinam. Confira!

Pregando para um lobo feroz

Ao chegar na cidade de Gúbio, Francisco encontrou os moradores amedrontados, armando-se para se defenderem de um lobo feroz. O lobo afugentava os rebanhos e ameaçava os habitantes. Francisco resolveu ir de encontro ao animal, que o recebeu pronto para o ataque. Ao se aproximar, no entanto, Francisco chamou o lobo de “irmão”, o que fez com o que este se tornasse dócil.

Ao segurar as patas do lobo como faria com as mãos de uma pessoa, o santo lhe pediu que não tornasse a atacar ninguém e logo lhe deu proteção e casa. Dizem que esse lobo morreu de velhice e foi lastimado pelos moradores de Gúbio, que passaram a vê-lo com o olhar da fraternidade.

Pregando para os pássaros

Conta-se que ao retornar a Assis de uma de suas peregrinações, São Francisco vinha pela estrada um tanto aborrecido pela indiferença das pessoas acerca do Evangelho.

De repente escutou altos sons de pássaros e avistou um bando de aves de diversas espécies às margens do caminho. O santo foi até elas e lhes anunciou que lhes daria a benção. Era seu costume chamar os animais de irmãos e irmãs.

Francisco procedeu a pregar para o bando, passando pelas aves quietas e atenciosas e nelas encostando sua túnica, tocando-lhe as cabeças com as mãos. Concluído seu discurso, deu-lhes sinal para voar e as aves se dispersaram pelos quatro pontos cardeais.

Salvando cordeiros do abate

Tomás de Celano pertenceu à Ordem dos Franciscanos e contou a história de como São Francisco salvou do abate dois cordeiros. Esse era um animal de predileção do santo, que recordava da associação que Jesus fizera entre o cordeiro e a humildade.

Pois, por suas andanças, deparou-se com um homem que se encaminhava à feira para vender dois cordeirinhos, que levava consigo amarrados junto ao ombro.

Com piedade dos animais, Francisco ofereceu em troca deles a capa que usava para se proteger do frio e que lhe tinha sido dada por um homem rico pouco antes. E, feita a troca, Francisco os devolveu ao vendedor, suplicando-lhe que cuidasse deles e os tratasse com amor e respeito, pois eram seus irmãozinhos.

O choro do burro

Após longos anos acometido por inúmeras doenças, São Francisco recolheu-se com seus amigos mais próximos, sabendo que a hora de sua morte estava próxima. Ele se despediu de todos com palavras de amor e leu passagens do Evangelho.

Seu imenso amor pelos animais fizera com que fosse seguido por carneiros e pássaros aonde quer que fosse e, na proximidade de sua passagem, dentre os animais que dele se aproximaram estava o burro que o conduzira durante tantos anos pelas suas peregrinações.

Conta-se que Francisco se despediu do animalzinho com palavras de doçura e agradecimento e que então o fiel burro chorou copiosamente.

Congregação de peixes

Dentre as histórias envolvendo a relação de São Francisco com a natureza, conta-se que os peixes se aproximavam de seu barco, quando o santo viajava sobre as águas, e dele só se afastavam depois de concluídas as suas pregações.

O santo costumava pregar para todos os animais que encontrava e suas palavras eram sempre bem recebidas também pelos seres aquáticos.

Quando Francisco recebeu de um pescador uma rede de peixes, libertou-os imediatamente nas águas, abençoando-os para que jamais fossem capturados. Ele também solicitava aos pescadores, sempre que as pescadas fossem abundantes, que devolvessem o excedente ao seu habitat natural.

Aconselhando um coelho

A história envolvendo um coelho se sucedeu quando um dos frades franciscanos trouxe até São Francisco o animal, que encontrara amedrontado, caído em uma armadilha na floresta. O santo colocou o coelho em seu colo, acariciando-o e aconselhando-o a tomar cuidado com os caçadores.

Então deu-lhe sua benção, chamando-o de “irmãozinho”, como sempre fazia, e o colocou no chão para que seguisse seu caminho. Porém, o coelho insistia em pular de volta ao colo de Francisco, a cada vez que era posto sobre o solo. Até que o santo pediu a um dos irmãos que levassem o coelho e o soltassem dentro do bosque.

O cântico das criaturas

O Cântico das Criaturas é um cântico composto pelo próprio São Francisco de Assis, provavelmente ditado por ele, em uma época em que já se encontrava cego e muito doente.

Esse cântico é um louvor à Criação de Deus e também pode ser compreendido como uma síntese da sua doutrina. O santo começou a composição em 1224 e diz-se que a concluiu apenas alguns minutos antes de sua morte, em 1226.

A canção também é conhecida como “Cântico do Irmão Sol”, em referência aos versos que mencionam a maneira como Francisco se referia à natureza. Diz-se que esse canto foi entoado pela primeira vez por Francisco, acompanhado dos irmãos Leo e Angelo.

A festa de São Francisco abençoa animais

A festa de São Francisco de Assis é celebrada em 4 de outubro. Essa festa, tradicionalmente, dedica-se a celebrar a vida e os ensinamentos do santo, como também a abençoar os animais.

Nesse sentido, é comum que as paróquias ofereçam bênçãos aos animais de estimação, trazidos por seus tutores para as celebrações. Essa prática é popular não apenas no Brasil, sendo costume também nas paróquias de inúmeros outros países.

A popularidade da festa de São Francisco é um demonstrativo de como as influências desse santo permanecem vibrantes, e de como seus ensinamentos, em um tempo de ameaças ao meio ambiente, são ainda mais importantes.

Oração pela bênção dos animais

Além de ler o Cântico das Criaturas, uma pessoa que deseja orar pelos animais pode aprender a seguinte oração:

"São Francisco, zeloso protetor dos animais e de toda a natureza, abençoa e proteja o meu (dizer o nome do seu animal de estimação), assim como a todos os animais. Que o amor imenso que devotaste para teus irmãos da humanidade e dos outros reinos preencha as vidas dos seres inocentes.

Que eu receba a tua inspiração para cuidar e proteger o meu irmãozinho. Perdoa a nossa negligência para com o meio ambiente e nos instrua a sermos mais conscientes e respeitosos para com a Natureza. Amém".

São Francisco de Assis é o padroeiro dos animais e da ecologia?

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São Francisco de Assis é um santo reconhecido como padroeiro dos animais. Além disso, suas histórias envolvendo esses seres carregam ensinamentos que estendem às relações humanas e a postura diante do mundo material.

Ele nos inspira a focar na prática do bem, no respeito ao meio ambiente, na harmonia e no exercício do perdão e da compaixão. Sua popularidade é imensa, o que se verifica pelo fato de que cerca de 3 milhões de pessoas, todos os anos, visitam seu túmulo em Assis, na Itália.

Em 1979, o Papa João Paulo II declarou São Francisco o padroeiro também dos ecologistas. Que a inspiração desse santo bondoso atinja cada vez mais corações.

Autor deste artigo

Sempre gostei de escrever. Escrevo sobre filmes e sonhos, e aprecio viagens, história e cultura em geral.