Quem foi Santa Dulce dos Pobres? História, Milagres, Oração e mais!
O título Santa Dulce dos Pobres define muito bem o objetivo da vida de Maria Rita, que trocou de nome em homenagem à sua mãe, que faleceu quando a menina tinha apenas sete anos. Ganhadora de diversos títulos, ela foi eleita entre os 12 maiores brasileiros de todos os tempos em 2012, em uma eleição patrocinada por órgãos da imprensa.
Em um mundo que o egoísmo domina, pessoas como Irmã Dulce são maravilhosas exceções que transmitem esperança, fazendo crer que a raça humana ainda não está perdida. Um oásis de bondade no meio do deserto de egoísmo onde a humanidade afunda cada vez mais. Veja neste artigo a história e a obra grandiosa da Irmã Dulce.
Irmã Dulce, Beatificação e Canonização
Irmã Dulce é sinônimo de generosidade, desapego, dedicação, altruísmo, sacrifício, devoção, e muitas outras palavras que possam traduzir cerca de sessenta anos de vida completamente voltada para o auxílio aos carentes. A fim de conhecer melhor essa extraordinária pessoa continue com a leitura do artigo.
■Quem foi a Irmã Dulce
O nome de batismo é Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, órfã de mãe aos sete anos e mãe dos pobres pelo resto da vida. Sua existência durou 77 anos e 10 meses (1914-1992). Sua vocação humanitária e religiosa começou a se manifestar por volta dos treze anos, e aos dezenove tornou-se freira e adotou o nome Irmã Dulce.
Para servir a Deus o “Anjo Bom da Bahia”, outro de seus títulos, pregava por meio das obras assistenciais, em uma luta constante para conseguir recursos que destinava aos pobres, e por esse trabalho ficou conhecida não apenas na Bahia, mas no Brasil e no mundo.
■Formação religiosa
A vocação religiosa já nasceu com ela que aos treze anos tentou entrar para o convento Santa Clara em Salvador, mas a instituição recusou por conta da pouca idade. Assim, a jovem Maria Rita iniciou na própria residência o trabalho de assistência enquanto esperava a idade necessária.
A Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe, lhe deu a formação religiosa e ela fez os votos de fé em 1934. Depois disso voltou à terra natal para atuar como freira e professora em uma escola que a sua congregação administrava.
■Reconhecimento
Embora pessoas como Irmã Dulce nunca pensem em obter o reconhecimento dos homens, isso acaba acontecendo por uma consequência natural do trabalho executado. Logo passou a ser chamada de o Anjo Bom da Bahia pelo povo de Salvador, os primeiros beneficiados por seu esforço assistencial.
No ano de 1980 o Papa João Paulo II fez uma visita ao Brasil. Nessa ocasião Irmã Dulce estava entre os convidados para subir no palanque do Pontífice, de quem recebeu palavras de estímulo para continuar com o seu trabalho. Ter o seu trabalho elogiado pela maior autoridade católica é motivo de realização para qualquer religioso.
■Morte
A morte é um acontecimento natural no curso da vida, mas algumas pessoas conseguem a eternidade no coração do povo, tanto por mostrarem forte personalidade quanto pela obra que realizou em vida. Com toda a certeza Irmã Dulce está entre os que jamais morrerão.
A morte física ocorreu em 13 de março de 1992 por problemas respiratórios aos 77 anos, mas a sua presença no mundo ainda acontece por meio de todos que deram continuidade ao seu glorioso legado. Sua morte aconteceu no quarto onde morou no Convento de Santo Antônio por cerca de 50 anos, em um excepcional exemplo de desapego.
■Beatificação
A beatificação é um rito da igreja católica para destacar alguém que prestou serviços relevantes, principalmente no âmbito da assistência aos desvalidos. É o primeiro passo no caminho da canonização e só pode ocorrer após o reconhecimento do primeiro milagre atribuído ao candidato.
No caso de Irmã Dulce o ato solene se deu no dia 22 de maio de 2011, um ano depois que o Vaticano reconheceu o seu primeiro milagre. O Arcebispo de Salvador, Dom Geraldo Majella, foi especialmente designado pelo Papa Bento XVI para realizar a cerimônia.
■Canonização
A canonização transforma o mortal em um Santo, mas para isso ele precisa realizar no mínimo dois milagres, que serão investigados pela igreja antes de conceder o título. Assim, a primeira santa brasileira passou a se chamar Santa Dulce dos Pobres, pois eles eram o objetivo central de seu trabalho.
A cerimônia oficial deve ser realizada no Vaticano e somente o Papa tem a autoridade necessária para isso. Com a presença de milhares de pessoas, inclusive autoridades brasileiras, Irmão Dulce foi canonizada no dia 13 de outubro de 2019 em uma celebração específica para canonizações na Praça de São Pedro.
■A 37ª Santa do Brasil
A inclusão da Santa Dulce dos Pobres na lista de santos do Brasil fez o número aumentar para trinta e sete. O número alto se explica com a morte de trinta pessoas que foram santificadas como mártires no Rio Grande do Norte, quando os holandeses invadiram uma capela em Cunhaú e outra em Uruaçu.
O processo de canonização permite que pessoas mortas por consequência de sua fé sejam canonizadas como mártires da igreja, ainda que fossem leigos sem vivenciar a prática sacerdotal. O rito também considera como santo brasileiro um estrangeiro que presta os seus serviços religiosos em território brasileiro.
Os Milagres de Santa Dulce dos Pobres
Para que seja concretizado um processo de canonização se faz necessária a confirmação de dois milagres, que são investigados por uma comissão da cúpula da igreja católica. Confirmado o primeiro milagre ocorre a beatificação. Veja a seguir os dois milagres da Santa Dulce dos Pobres.
■O primeiro milagre
O rito católico é rigoroso quando se trata de beatificação e canonização, sendo necessário não apenas uma vida virtuosa e dedicada à fé como também a realização comprovada de pelo menos dois milagres. No caso de Irmã Dulce existem relatos de mais milagres, mas não foram investigados e comprovados pela igreja.
O primeiro milagre já consolidou a beatificação e ocorreu em 2001 quando uma mulher obteve a cura de uma grave hemorragia após um parto. A visita de um padre para fazer orações, e o apelo feito por ele para Irmã Dulce teria realizado a cura do problema, caracterizando o milagre.
■O segundo milagre
Um milagre é um acontecimento extraordinário, que desafia a comprovação e não segue a lei natural da física, medicina, ou outras que sejam regularmente aceitas. A maioria dos casos tem relação com curas instantâneas, mas também podem ocorrer em um processo mais lento.
Segundo relatos que foram investigados e confirmados pela igreja, um músico de nome José Maurício Moreira teria sido curado de uma cegueira que já durava 14 anos. O músico teria pedido para que Irmã Dulce aliviasse uma dor nos olhos e 24 horas depois já tinha voltado a enxergar.
■Episódios destacáveis em sua vida
Irmã Dulce teve uma vida agitada com muito trabalho e preocupações, uma vez que procurava amenizar tanto a fome quanto as doenças dos mais pobres. Um fato de destaque foi a perda da mãe quando tinha sete anos de idade, mas que não a fez esmorecer em sua vocação.
Outro fato de forte impacto, a promessa de dormir em uma cadeira caso a sua irmã sobrevivesse às complicações de um parto foi fielmente cumprida. Sua irmã tinha o mesmo nome de sua mãe, Dulce, e só veio a falecer em 2006. Assim, Irmã Dulce dormiu sentada em uma cadeira de madeira por cerca de trinta anos.
Fatos e curiosidades sobre Santa Dulce dos Pobres
Irmã Dulce viveu fazendo caridade e lutando por melhorias que suavizassem a vida do povo pobre de Salvador. Uma biografia marcada por atos destemidos, com a coragem que somente os que são guiados por uma força superior podem possuir. Conheça a seguir mais alguns fatos relevantes da Santa Dulce dos Pobres.
■A primeira santa nascida, de fato, no Brasil
A igreja católica conta 37 santos brasileiros, embora alguns deles não tenham nascido no país. Ainda assim, por terem vivido sua vida religiosa no Brasil, no ato de canonização foram considerados brasileiros.
O que permitiu que Irmã Dulce fosse considerada a primeira santa nascida no Brasil foi a impossibilidade de identificar a nacionalidade de muitos dos trinta mártires, que foram canonizados por morrerem em defesa da fé no Rio Grande do Norte em 1645 durante as invasões holandesas.
■Os problemas de saúde de Irmã Dulce
Provavelmente Irmã Dulce teria vivido mais alguns anos se tivesse cuidado tanto de si quantos cuidou de outras pessoas. Entretanto, essa parece ser uma característica dos santos e não carece de questionamentos. O fato é que os problemas respiratórios que a levaram à morte não eram recentes.
Assim a religiosa foi internada em novembro de 1990 para tratar dos pulmões comprometidos, mas veio a falecer dois anos depois em seu quarto do convento onde sempre morou após voltar à Bahia.
■A relação de Irmã Dulce com o número 13
O dia oficial para homenagear Santa Dulce dos Pobres é 13 de agosto, que é também o dia em que fez os votos de freira. Além disso, ela teve o batismo em 13 de setembro de 1914 e faleceu em 13 de março de 1992. A canonização se deu em 13 de outubro de 2019 e iniciou as atividades de auxílio aos pobres com apenas 13 anos de idade.
O mais provável é que Irmã Dulce nem pensasse sobre estes detalhes, uma vez que o seu foco era os doentes que viviam sob a sua proteção. De qualquer maneira, independente de ser ou não uma simples coincidência, é um fato curioso e por isso foi registrado em sua biografia.
■O dia de Santa Dulce dos Pobres
Todos os santos do rito católico têm o seu dia específico definido no ato da canonização, que serve para a realização das cerimônias oficiais da igreja, mas a devoção e a gratidão por seus milagres podem ser manifestadas a qualquer dia.
Nesse sentido, o dia em que a igreja celebra as homenagens à sua Santa Dulce é 13 de agosto, dia em que acontecem missas em todo o país, com destaque para a Bahia e Sergipe que foram os locais de maior atuação da santa.
■Afastamento da Congregação das Irmãs
Fazer parte de uma congregação religiosa implica em seguir as regras de conduta e disciplina que a mesma exige, e na maioria delas o isolamento no convento faz parte do procedimento.
Contudo, esse não era o objetivo de Irmã Dulce, que queria mesmo era estar nas ruas mostrando a sua devoção por meio do trabalho que resultasse em melhorias para o sofrido povo baiano. Por isso, Irmã Dulce se afastou dessas obrigações por cerca de dez anos, até que a doença a fez voltar.
■Ocupação de espaços
Para desenvolver as suas atividades beneficentes a religiosa não media esforços nem sacrifícios, e fazia o que fosse necessário para alcançar os seus objetivos. Um exemplo dessa postura foi a ocupação de um galinheiro, que depois viria a ser um hospital.
Além disso, a religiosa costumava abrigar os seus desvalidos em casas que estivessem desabitadas, e quando eram obrigados a sair ela não vacilava em ocupar outra. Isso aconteceu diversas vezes e dá uma ideia bem clara da obstinação, da perseverança e da coragem que impulsionava Irmã Dulce.
■Indicação ao Nobel da Paz
O reconhecimento da sociedade pelo seu trabalho era visto apenas como um meio de angariar mais donativos e voluntários, que no início eram as principais ajudas que a então freira dispunha. Ela já era o Anjo Bom da Bahia, mas um evento mundial a projetou internacionalmente.
Com efeito, em 1988 o então presidente da República contou com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, e fez a indicação da religiosa para o prêmio Nobel da Paz. Irmã Dulce não foi a ganhadora, mas somente a indicação se reverteu em uma popularidade e reconhecimento mundial, que ajudou bastante o progresso do trabalho.
■A Oração de Santa Dulce dos Pobres
A oração é o meio de você fazer o seu pedido, bem como de agradecer e louvar o santo de sua devoção. Você não precisa repetir uma oração já feita, pois as palavras que saem de seu coração são as mais preciosas. Mesmo assim, veja abaixo uma das muitas orações à Irmã Dulce que você pode usar como inspiração.
“Senhor nosso Deus, lembra-vos de vossa filha, a Santa Dulce dos Pobres, cujo coração ardia de amor por vós e pelos irmãos, particularmente os pobres e excluídos, nós vos pedimos: dai-nos idêntico amor pelos necessitados; renovai nossa fé e nossa esperança e concedei-nos, a exemplo desta vossa filha, viver como irmãos, buscando diariamente a santidade, para sermos autênticos discípulos missionários de vosso filho Jesus. Amém"
Como Santa Dulce dos Pobres pode me ajudar?
Quando vivia e entre os homens, Irmã Dulce tinha muitas limitações, por isso concentrava os seus esforços em cuidar de pessoas debilitadas por problema de saúde, que viviam abandonadas pelo sistema. Além disso, Irmã Dulce lutava contra um estado de saúde frágil.
Porém, com a santificação essas barreiras foram abaixo e Santa Dulce dos Pobres pode fazer outros milagres, se você confiar e merecer. Então, use toda a sua fé e peça virtudes como sabedoria e humildade, que são requisitos para que se entenda a linguagem dos anjos e dos santos.
Dessa forma, a fé em Santa Dulce pode lhe ajudar em qualquer situação de aflição física ou espiritual, mas às vezes algumas pessoas não gostam de como vem a ajuda. Os santos têm gosto em ajudar; é o trabalho deles e eles o fazem com amor. Apenas tenha cuidado para não pedir a Santa Dulce dos Pobres algo que você mesmo poderia fazer.
Autor deste artigo
Escritor, cordelista, redator freelancer. Meu trabalho é escrever, mas meu passatempo é ler. Leio principalmente sobre temas ligados ao transcendental. Ufologia, espiritualidade, filosofia, misticismo, astronomia. Apesar de 24 horas acabar logo, às vezes consigo jogar uma partida de xadrez, ou assistir um bom filme