...na Umbanda Sagrada?
A Falange dos Marinheiros atua, normalmente, na Linha das Águas (junto de Oxum e Iemanjá), mas também podem atuar junto a Nanã, Yansã e Ogun. Eles realizam passes de cura e descarrego, fluidificando e energizando o médium e a assistência. Incorporam balançando, como o balanço das águas e com muita alegria e receptividade ajudam no equilíbrio energético do ambiente. Sua saudação é "Acosta Marinheiro! Ei Marujada! Salve os Marinheiros!"
Aqui segue a história de um marinheiro que foi marujo em um navio mercante espanhol. Ele viveu no século XVIII e navegou os Sete Mares. Seu nome era José Mário Hernandez e tinha apenas 14 anos quando foi trabalhar no mar para alimentar os sete irmãos mais novos. Seu pai tinha sido capitão e morreu em alto mar. E ele, como irmão mais velho, assumiu a responsabilidade de cuidar da família. Seu soldo (pagamento) era enviado diretamente à família. Viajando ele aprendeu como funcionava a vida no mar, conheceu terras longínquas, culturas diferentes, com outros costumes. Quando iniciou no navio, achou que não se acostumaria a essa nova vida, mas em pouco tempo sentiu que o mar era sua vida, pois a cada dia havia uma novidade.
José Mário amadureceu, cresceu e tornou-se homem no navio. Fez amigos e foi acolhido como um irmão por todos. Num navio os marujos são muito unidos e se defendem, mas se há algum traidor ele logo é dispensado. José Mário passou o melhor e o pior de sua vida no mar. Com 27 anos se tornou o imediato do navio e auxiliava o capitão em suas tarefas. Como sabia ler e escrever, isso fez diferença na hora de asumir seu posto. Em uma viagem para a Costa do Marfim em busca de ouro, o navio foi atacado por piratas e saqueadores. A ordem era sempre defender o navio e a carga, mesmo que isso custasse a vida. E foi com a vida que o capitão defendeu sua marujada e seu navio. José Mário assumiu, então, o posto de capitão e tornou-se o chefe do navio e de sua tripulação.
No decorrer dos anos José conheceu o amor de sua vida: uma camponesa que vendia flores no Porto de Marselha. Casaram-se e tiveram dois filhos, um casal. Ele permaneceu no cargo de capitão por mais de vinte anos. Em uma noite, ao sul da África, foram atacados por piratas e traficantes que se uniram para saquear a carga de pedras preciosas que o navio transportava. Assim como seu capitão, José Mário também tombou em combate, para salvar a carga e sua tripulação. Antes de dar o último suspiro pediu à Rainha das Águas que recolhesse seu corpo e lhe permitisse trabalhar depois de morto, mesmo que fosse em um navio fantasma. E assim foi que José tornou-se marinheiro espiritual e passou a atuar na Umbanda Sagrada.