domingo, 4 de dezembro de 2016

O Povo do Cemitério


Aqueles que habitam a "Cidade das Almas".

O Cemitério possui muitos nomes: Cidade dos Pés Juntos; Terra dos Defuntos; Terra da Última Morada; Terra dos Deitados; Cidade do Sono Eterno; Solo Sagrado; Solo da Última Passagem; entre tantos outros. Antigamente, as pessoas eram enterradas ou cremadas em qualquer lugar. Poucas culturas tinham o hábito de sepultar seus mortos em um local adequado. Sabemos que o Egito fazia isso há milhares de anos e Roma também... Mas, em muitas culturas, isso não era usual e em alguns lugares ainda não é, como na Índia.
As cidades cresceram, se organizaram e, por isso, surgiram os locais adequados ao depósito final do ser humano: o cemitério. Como a população aumentou muito nos últimos tempos, a "Cidade dos Mortos" também aumentou e se organizou. Foi assim que surgiu o Povo do Cemitério, pois as almas deixaram de ser "penadas" e vagar por aí, para serem organizadas em grupos. Na Terra do Destino Final, existe toda uma hierarquia para administrar o espaço em questão. Se um espírito fica preso à matéria, pode ser chamado para trabalhar no cemitério em benefício próprio ou de outros, aproveitando para se redimir de seus erros. Assim, ele "purga" um pouquinho os seus pecados e pode seguir mais leve a sua jornada.
O cemitério é um local de muita energia, seja pela matéria em decomposição, seja pelos espíritos presos aos restos mortais, seja por haver grande concentração de fluidos vitais. Enfim, tornou-se de suma importância preservar esses lugares de ataques externos e impedir a saída de seus moradores. Por isso, surgiram guardiões e guardiãs que trabalham mantendo a ordem local e preservando o equilíbrio energético do Solo Sagrado. Existem aqueles que escolhem ou que são designados para trabalhar no setor dos desencarnados, passando a servir ao Senhor dos Mortos (Omulu) e a Senhora das Almas (Nanã).
Como tenho clarividência, sempre que passo próximo a um Cemitério vejo os espíritos debruçados sobre seus muros observando o mundo externo. E são muitos! De todas as idades e épocas! Minha avó era muito devota das "Almas do Purgatório" e vivia rezando pra elas. Creio que o Povo do Cemitério pertence a categoria das "Almas do Purgatório" pois estão somente passando uma temporada ali, para depois seguirem sua jornada evolutiva.  Quando eu era criança eu gostava de ir ao cemitério e observar as lápides. Ficava imaginando como foi a vida daquela pessoa e se estava bem do outro lado. Acho que eu já era umbandista e não sabia... (rs)
Com o Povo do Cemitério eu aprendi que sempre trabalhamos, seja do lado de cá ou do lado de lá. A nossa evolução nunca para e não há como desisitir de nossa jornada. No cemitério temos a consciência de que que somos todos iguais, pois ricos ou pobres dividirão o mesmo solo ao final de sua jornada terrena. Também aprendemos que nosso corpo é temporário, por isso precisamos preservar outros valores. E, depois de passarmos pelo cemitério, saberemos realmente se cumprimos ou não nossa missão de vida.