História de Verônica!
Verônica inicia a história dela relatando:
Estou nervosa, pois contar minha história traz as emoções do momento em que vivi na Terra.
As lembranças fluem com muita facilidade quando não temos um corpo físico. Hoje eu entendo o quanto devemos respeitar o nosso corpo físico enquanto estamos em experiência lá na Terra. É ele que protege o nosso Espírito, pois se fôssemos lembrar de todas as nossas vivências passadas enquanto estamos no corpo, não daríamos conta de continuar.
Eu nasci em uma família com condições financeiras, minha mãe era herdeira de um império e o meu pai também possuía muitos bens. Sempre tive tudo o que precisava: estudo, boa casa e conforto.
Cresci estudando vários idiomas, pois o meu desejo era ser uma diplomata e me formei.
Fui convidada a conhecer vários países. Mas os lugares que me hospedavam sempre era com muito luxo. Então pensei:
- Não é só luxo que existe neste país, quero conhecer os lugares mais simples. Preciso saber como vivem e suas necessidades.
Eu estava em uma cidade de Jerusalém, em uma reunião com os responsáveis do Governo de Israel. Sempre soube das necessidades, mas só por mídia. Queria conhecer de perto, mas a minha equipe que trabalhava comigo, nunca deixava falar com quem tinha necessidade. Diziam que iria me expor, que poderia ser perigoso e isso foi me cansando e fui perdendo a vontade de um cargo muito elevado se eu não podia fazer o que eu queria.
Então decidi não ser mais uma diplomata. Sem meus pais saberem, me inscrevi em um posto de socorro aos necessitados e fui chegando no local do vilarejo. Me apresentei como voluntária. Queria conhecer como viviam essas pessoas. Passei a interagir com a necessidade deles. Eram poucas as doações que chegavam. Então eu usava do meu dinheiro particular para ajudar. Muitas mulheres eram abandonadas pelos seus maridos e ficavam com os filhos para criar.
Passei a viver junto com pessoas simples, mas eu amava a simplicidade. Sentia compaixão por aquelas mulheres sofridas.
Aos poucos, com o conhecimento que eu tinha, fui pedindo doações para outros países. Demorou para conseguir, pois havia muita resistência entre um país e outro.
E aos poucos ia vendo um sorriso naqueles rostos tão sofridos e às crianças saudáveis com as doações que recebiam de remédios e alimentos e isso para mim era um motivo de felicidade. Depois do vilarejo de Jerusalém, eu fui conhecer outras cidades.
Em um determinado tempo, os meus pais me localizaram e foram me encontrar, pois não entendiam como eu tinha deixado minha carreira de diplomata para viver daquela forma. Mamãe quando me viu, disse:
- Minha filha! Não te reconheço! Olha pra você! Parece uma maltrapilha! Olha o seu cabelo, sua mão...
Mamãe até chorou. Eu expliquei que no trabalho que eu estava fazendo, não precisava se vestir com luxo. Papai não se conformava e exigiu que se eu não voltasse para o Brasil, ele iria me deserdar por completo.
Não foi pelo dinheiro em si, mas pensei:
- Posso continuar ajudando de outras formas.
Mas meu coração ficou naquele lugar com aquelas mulheres e crianças. Queria muito continuar ajudando. Papai me revelou que mamãe estava com um problema grave de saúde:
- Você é a única filha, precisa ficar perto dela!
Eu com lágrimas nos olhos voltei para o Brasil. Sentia saudades da simplicidade daquele vilarejo. Pensei que um dia poderia voltar. E ficava lembrando a forma em que a humanidade foi se separando devido as religiões e os seus domínios. Pensava:
- Mas por que não se unem e vivem em paz? Deus é Único e bom! Por que brigam? Mas não encontrava respostas para isso.
Voltei para a luxuosa casa de meus pais, onde de imediato me apresentaram Antônio, um belo rapaz. Mamãe queria tanto que eu casasse com ele!
Acabei me envolvendo com tudo aquilo, fiquei noiva.
O casamento foi uma festa luxuosa. Meus pais estavam felizes e eu não queria desapontar mamãe, pois ela estava doente, com um problema cardíaco. Depois da grandiosa festa, iríamos viajar para Londres, mas por muita insistência minha, pedi para ir á Jerusalém, queria tanto reencontrar aquelas pessoas que conheci quando era voluntária.
Fomos, mas meu marido não deixou sequer conhecer os lugares simples. Fiquei tão triste. Todo aquele luxo não fazia sentido pra mim. Queria dividir o que eu tinha, mas não estava conseguindo.
De volta da viagem, fui morar em outra casa, só eu e meu marido. Me sentia tão inútil, pois os empregados faziam tudo.
Antônio exigia que eu estivesse sempre bem arrumada e com jóias, pois a casa sempre estava com muitos convidados. E mulheres fúteis que só pensavam em se produzir e aparecer uma mais bonita que a outra. Me sentia deslocada e infeliz. Pensei:
- Preciso fazer algo de útil, há tantos que precisam de ajuda!
E fui falar com Antônio do desejo de ser voluntária e prestar ajuda. Me respondeu:
- Você não precisa disso. Não vou admitir que você ande no meio dessa gente!
Aquilo me doía. Quando ia falar com mamãe, que eu estava infeliz, pois Antônio não me deixava trabalhar, ser útil, ela respondia:
- Obedeça seu marido!
Percebi que fui deixando de ser eu pra agradar os outros, mas não consegui sair daquela situação. Meu marido era um homem lindo só por fora. Se vestia impecável, o perfume seduzia nas festas em casa. Via as mulheres ao redor, encantadas pela beleza externa.
Cada dia que passava, ia me entristecendo. Sentia que todo aquele entusiasmo que tive para deixar a minha carreira de diplomata para ajudar como voluntária, aquela coragem, tinha acabado. E vivendo naquela casa luxuosa, eu não era feliz.
Antônio era muito diferente de mim em tudo.
Um dia sentada no jardim de casa muito triste, um rapaz que cuidava do imenso jardim de casa se aproximou e me deu uma rosa branca e falou:
- A senhora está tão triste, dá pra sentir a dor da sua alma. E sorrindo continuou:
- Esse jardim é tão grande, talvez a senhora não conheça ele. Posso te mostrar?
- Sim, eu quero conhecer. Preciso sair dessa tristeza que está invadindo a minha alma.
E daquele momento em diante, eu e Matheus nos tornamos amigos, ele era funcionário do meu marido já de muito tempo.
Um dia o meu marido reclamou que eu não me arrumava, não dava atenção devida á ele e me forçou á intimidade. Eu resistindo, ele me bateu e me trancou no quarto. Só a empregada me levava comida. Então pedi á ela:
- Deixa eu sair, só vou no jardim. Preciso respirar. Não aguento mais ficar presa aqui! Meu marido está descontrolado, me cobra ser uma mulher que não sou. Não sei o que fazer! Penso em pedir a separação. Esse casamento não foi um desejo meu. Na verdade, fiz isso pelos meus pais, para não decepcioná-los. Se você me deixar sair, prometo te ajudar no que você precisar. Então Ana passou a me ajudar. Eu saí e fui me encontrar com o amigo Matheus. Ele era tão parecido comigo. A beleza interna dele me trazia paz e conhecendo ele melhor, me apaixonei pelo Espírito bondoso que aquele corpo vestia. Ele um dia me falou:
- Verônica, você precisa ser você! Enquanto estiver fazendo a vontade dos outros, não será feliz!
Eu concordava com ele.
Passei a ter medo de Antônio. Quando estava perto dele chegar em casa, eu ficava nervosa, ansiosa, não sabia agradar ele. Não tinha afinidade. Descobri que ele tinha outra mulher. Pedi para me separar, mas ele deixou bem claro que o nome dele e da família precisavam ser respeitados na sociedade. Eu não sabia, mas ele recebeu do meu pai muitos bens para se casar comigo.
Eu queria sumir, estava muito mal. Sempre que estava assim, ia conversar com Matheus que me aconselhava e me trazia paz.
Anos se passaram...
Eu não sabia mais quem eu era. Onde estaria aquela Verônica corajosa e feliz? O meu comportamento irritava Antônio que falou que eu era imprestável. Era o que me sentia. Ele não me respeitava, mas mesmo eu sendo uma esposa que se esforçava para ser o que ele queria, Antônio não me amava e isso era real. Queria manter um casamento que não existia, porque a aparência para ele era importante. Me esforçava para ir nas festas de luxo.
Voltei a reclamar pra mamãe que eu não era feliz e queria me separar. Disse ela:
- Minha querida, não se iluda! Vai se separar pra quê? Você tem tudo! Olha o luxo que você vive!
- Não quero luxo! Quero ser feliz! Não quero viver de aparências! Mamãe discordava de tudo o que eu falava.
Um dia no jardim, conversando com Matheus contei o que vivia. Disse á ele:
- Perdi a minha identidade, deixei de ser eu. Não sei como voltar a ser eu. E chorei.
Ele me abraçou. Aquele abraço foi da alma. Fiquei um tempo nos braços dele. Ficaria para sempre. Quando de repente, escutei um barulho e olhei para frente. Era Antônio com uma arma apontando para mim e disse:
- Verônica, venha!
Eu tremia, parecia que meus pés estavam colados no chão. Matheus falou:
- Não tenha medo! Enfrente os seus medos. Estarei sempre com você!
Quando saí de perto de Matheus, o estrondo do tiro no peito dele que tirou as minhas forças e desmaiei.
Quando acordei, com os meus pais a minha volta, pois Antônio chamou eles e contou uma história absurda de que Matheus tinha me agredido para me roubar.
Passei a lembrar das palavras dele: enfrente seus medos! Volte a ser você! Não precisa agradar as pessoas! Coragem! E aquelas palavras foram me levantando.
Matheus não estava mais comigo, mas aprendi muito com ele.
Passou um tempo. Me recuperei. Procurei um advogado e pedi a separação e imediatamente saí da casa. Enfrentei Antônio nos tribunais e fui falar com meus pais.
- Chega de casamento de faixada para agradar vocês!
Fui morar sozinha.
Sentia muita falta de Matheus. Queria tanto ter novamente aquele abraço que acalentou a minha alma. Ele era tão bom, deve estar no céu.
Então passei a ser o que era antes. Era voluntária, preenchia o meu tempo para ajudar, voltei a estudar e estava feliz. Morava e me vestia do jeito que me sentia feliz e passei a participar de reuniões para apoiar mulheres que viviam relacionamentos tóxicos.
Um dia, chegando em casa cansada, senti uma presença estranha em casa. Uma sombra escura. Senti arrepios. Mas o cansaço me fez dormir.
Acordei e novamente vi o vulto escuro:
- Meu Deus, o que será isso?
Anos se passaram desde que eu me separei e nunca mais vi Antônio. Fui perguntar para papai, que foi ríspido comigo, pois era contra a minha separação e disse:
- Se isso te faz feliz, Antônio faleceu em um acidente!
Na hora senti um frio na barriga. Aquele vulto era ele. Mas o que quer comigo? Vou orar pra ele receber luz e ficar em paz.
Mas ele não ia embora. A presença dele me dava mal estar, dor de cabeça, meu coração acelerava, eu não dormia. Vinha a cena do dia em que ele me viu abraçada com Matheus.
Um dia saí para trabalhar de voluntária, peguei o carro, senti que o vulto sentou do meu lado. Comecei a tremer, comecei a orar.
Então veio uma voz na minha mente:
- Você me desafiou, me envergonhou, perdi dinheiro por sua conta, agora não vou te deixar em paz!
Eu liguei o carro e fui. Não conseguia ter atenção, minha vista estava turva e um mal estar imenso. O carro acelerou, eu não tinha controle. Tentava frear, não conseguia. O carro não parava e eu não tinha controle. Pensei em Matheus, quando ouvi a voz na minha mente:
- Traidora! Era por ele que você suspirava!
De repente, por um instante fiquei desacordada.
Quando voltei, me vi ao lado do carro destruído em uma muralha que separava as pistas na estrada. Me senti confusa. Várias pessoas ali tentando socorrer quem estava no carro...
Mas era eu!
De repente vi Antônio que disse:
- Agora eu te trouxe para o meu mundo. Quero ver você escapar!
E me levou para um lugar estranho, parecia uma caverna feia e escura e me deixou lá.
Pensei:
- Eu morri! Como vou sair daqui?
O lugar era um nevoeiro, não conseguia saber onde era. Tentei andar mas o chão tinha algo grudento. Então orei com todo o meu coração:
- Deus de Infinito Amor! Reconheço que fui fraca em alguns momentos da minha vida por medo. Não sou uma pessoa do mal. Me ajuda a sair desse lugar onde as pessoas estão por alguma razão. Esse lugar não é o céu! Onde fica o céu?
Naquele momento, se abriu uma luz e avistei com dificuldades de enxergar, senti que alguém se aproximou e me abraçou. E aquele abraço acalentou a minha alma. Reconheci aquele abraço, era Matheus que me tirou daquele lugar e quando acordei, estava em um hospital.
Fui reconhecendo que as mulheres que me atendiam, eram aquelas que ajudei em Jerusalém. Que alegria rever pessoas queridas!
Receberam e cuidaram de mim por um tempo. Pedi para ver Matheus:
- Calma minha querida! Matheus é um Mentor que trabalha muito cuidando e orientando. Se fortaleça! Logo você vai vê-lo!
Passaram-se dias e Matheus veio conversar comigo. A minha felicidade era tão grande! Ele disse:
- Minha querida, aqui nas Moradas Espirituais, trabalhamos em ajudar quem vem chegando e preciso da sua ajuda, pois recebemos na enfermaria sua mãe que está desiquilibrada devido o desencarne. Preciso que ajude ela compreender que o Espírito é imortal, tanto é que estamos aqui conversando!
Quinze anos se passaram. Eu e Matheus trabalhamos juntos nas enfermarias. Matheus mais evoluído que eu, ia até às regiões inferiores ajudar. E os que aceitavam vir, eu cuidava na enfermaria.
Até que um dia Antônio chegou na enfermaria em estado lastimável.
Depois de muito tempo cuidando dele, me pediu perdão por ter interrompido a vida de Matheus e a minha vida. Que era cego pelo dinheiro e não entendia os meus sentimentos.
Eu, Matheus, Antônio e mamãe aceitamos voltar em uma nova experiência na Terra.
Mamãe será a mãe de Matheus, Antônio o meu pai. Matheus com a sua luz de Espírito ajudará a minha mãe a evoluir na bondade.
Eu sendo filha de Antônio, ensinarei ele a ser simples e amoroso, desapegado do dinheiro e ensinando ele a fazer caridade.
Eu e Matheus iremos nos conhecer na adolescência, namorar e se casar e unir as famílias!
Psicografado pela Escritora da Espiritualidade Sônia Lopes.