domingo, 17 de outubro de 2021

História de Rogério!

 

 História de Rogério!


Pode ser arte de uma ou mais pessoasRogério nos conta:
Quando encarnado, desde menino, meu pai me ensinou ter amor pelas flores, pois ele ganhava o pão de cada dia cuidando do jardim das casas que ele trabalhava. Eu ia junto. Tinha uma ligação muito forte com meu pai. Era um bom homem.
Ele me ensinou o respeito com as pessoas e principalmente com as mulheres. Ele me falava:
- Meu filho, você está crescendo e vai se deparar com inúmeras situações no mundo como desrespeito e discriminação, mas saiba meu filho que quando respeitamos ao próximo, estamos respeitando á Deus que a todos criou como irmãos.
Eu ouvia todos os dias os ensinamentos do meu pai e gravava. E a cada dia eu me deparava com uma situação e lembrava.
Ao longo do tempo, fui me apaixonando pelas plantas. Depois de um dia inteiro de trabalho no jardim, no final do dia eu e papai olhávamos toda aquela beleza e como eu amava trabalhar com meu pai. Aprendia muito com ele.
Quando chegava á tarde do trabalho, minha mãe nos esperava com comida na mesa. Tudo simples, mas harmonioso. Eu pensava como seria minha vida sem o meu pai? E ocorreu que uma tuberculose levou ele para o mundo Espiritual, pois era assim que ele me falava:
- O Espírito é imortal, não morremos, só mudamos de fase.
Fiquei muito triste, como continuar sem ele?
Mas vinha na minha lembrança que nunca estamos sozinhos, que Deus zela por nós!
Papai desencarnou eu tinha 15 anos e um ano depois mamãe se casou e tudo o que meu pai me ensinou de respeito, aquele homem, marido da minha mãe não tinha. Não tratava ela com carinho e isso não me agradava. Mas pensei:
- Tudo o que papai me ensinou, deve ter ensinado ela também. Mas mamãe esqueceu os bons costumes que papai ensinou e passou a ter comportamento parecido com o de seu atual marido e isso eu não gostava.
Um dia ele me confrontou dizendo que eu era educado demais, respeitoso demais, que parecia uma menina e falou:
- Vou te ensinar a ser um homem!
Mamãe não falou nada para me defender.
Um dia ele chegou embriagado em casa e passou a ofender minha mãe. Eu saí em defesa dela. Papai me ensinou que devemos proteger as mulheres. Então naquele dia eu apanhei muito daquele homem. Ele era alto e forte, eu, um menino. Fiquei machucado e triste, pensei:
- Como vou defender minha mãe se ela não se importa com o comportamento desse marido? O que houve com ela?
Depois a minha mãe foi me medicar e falou:
- Meu filho, sei que está chateado, mas eu amo esse homem!
Eu respondi:
- Como você pode amar um homem que te ofende e bate no seu filho? Isso não é amor. Papai sim te amava, te respeitava e trazia flores para você todos os dias. Mamãe, eu não compreendo esse tipo de amor. Sou seu filho, respeito você como mãe, como mulher, sei que é frágil. Quero sim que seja feliz. Ainda é jovem, mas não precisa viver com um bruto como é esse seu marido.
Mas mamãe não me ouvia, estava apaixonada por esse homem.
Passei a não me sentir á vontade na minha casa. Estudava e trabalhava cuidando de jardins. Pensei:
- Não posso deixar minha mãe. E se ele for violento com ela, quem vai defendê-la?
Então em uma tarde de domingo, eu estudava no meu quarto e escutei discussões na cozinha. Ele tinha bebido no almoço e passou a tarde bebendo. A energia daquele homem era horrível. Quando senti que ele gritava demais com mamãe, saí do quarto e fui para a cozinha. Quando ele me viu, começou a me afrontar com palavras horríveis e veio brigar comigo. Falei:
- Eu não quero brigar com o senhor, mas não aceito a forma que trata minha mãe.
Ele respondeu:
- Se eu falo assim com ela é porque ela permite e não é você que vai me impedir!
E para não brigar, eu ia voltar para o meu quarto, quanto ele disse:
- Você deveria ir embora dessa casa! Você aqui só me atrapalha!
Mamãe não falava nada, não me defendia.
- Onde estaria a mãe que eu conhecia quando meu pai ainda era encarnado? E o que houve com ela?
Então, aquele homem alterado foi no meu quarto e jogou tudo o que era meu fora e disse:
- Some!
Pensei: - mamãe fez sua escolha, então devo ir mesmo embora. Peguei meus livros e poucas roupas e saí sem falar uma palavra, só olhei para mamãe que parecia indiferente.
Chorei muito. Passei a noite na igreja que era no caminho. Não sabia pra onde ir...
Estava com quase dezoito anos, mas era um menino sem experiência nenhuma. Em uma semana na rua, eu fiquei doente. Uma forte gripe e dor nos pulmões, pensei:
- Se eu continuar na rua, vou morrer! Mas para onde eu vou?
Foi aí que lembrei de meu pai... Onde estaria meu pai? Precisava tanto dele!
Deixei de estudar, perdi totalmente a vontade. Não fui mais cuidar dos jardins. Lembro que uma madrugada fria, estava com fome e via tanta gente nas ruas. Pensei:
- Mas de onde vem essas pessoas?
Eram tão estranhas, me davam medo. Brigavam entre eles por bebidas, cigarros, pensei:
- Como vim parar aqui com essas pessoas que se amontoavam pelas frentes das casas e ruas e algumas entravam nas casas? Será que moram aqui? Entrei junto, estava com fome e frio.
Entrei em uma casa junto com eles. Percebi que a casa era muito organizada, limpa e tinha uma harmonia boa e às pessoas estavam dormindo. Eu estranhando tudo... Jamais invadiria uma residência de outra pessoa. As pessoas que entraram comigo, logo saíram e eu fiquei.
Quando uma moça entrou na cozinha que tinha uma toalha na mesa, xadrez e a cortina era da mesma cor, xadrez vermelha e amarela. Ela veio até o filtro de água e com um copo de florzinhas, tomou água e não me viu. Eu chamei:
- Moça! Moça! Me perdoe entrar na sua casa sem pedir licença, é que eu estava com frio e fome. Mas ela não me respondia nada, nem me viu. E voltou para o quarto e eu fui atrás. Pensei:
- Será que ela não me viu porque estava com sono? Ela se deitou. Eu me aproximei da cama, sentei no chão, em um tapete. Me senti aquecido, mas meu estômago doía de fome. Mas adormeci...
Quando acordei, pensei:
- Meu Deus, eu invadi uma casa, preciso sair daqui.
Quando saí do quarto, a família estava reunida tomando café. Lembrei de quando papai estava encarnado, cheguei pedindo desculpas, mas que estranho, continuaram a conversar e a tomar café. E eu estava com muita fome. Quando fui pegar o pão na mesa, levei um susto, não consegui pegar:
- Meu Deus, o que houve comigo?
Sentia fome, frio e dor no peito. Fui me desesperando por vários motivos...
- Onde eu estou? Não conheço essas pessoas, essa casa! Como cheguei até aqui?
Senti que naquela família havia amor e harmonia e a casa era tão limpa e organizada. Minha mente estava tão confusa...
Eu fui ficando na casa, o lugar era acolhedor e ninguém me via mesmo!
Percebi que em uma noite, antes de dormir, todos oravam e agradeciam por mais um dia de vida. E no quarto da moça tinha vários livros e um deles falava da imortalidade da alma. Ela lia e eu lia com ela, mas ela não me via.
Naquela leitura, fui observando que eu tinha desencarnado e fiquei desesperado.
- E agora, o que faço? Pra onde vou? Se eu morri, mamãe deve saber.
Criei coragem para sair de casa onde eu estava há muito tempo. E passei a ouvir as pessoas nas ruas para identificar onde eu estava.
- Será que é perto da casa da minha mãe?
Percebi que nas ruas tinham outras pessoas como eu, perdidas. Outras de índoles negativas. Sentia medo, insegurança e voltava para casa onde passei a morar. Mas eu não fazia mal á ninguém, só queria me sentir protegido.
Eu gostava de ficar naquela casa e ficava pensando que para eu ir até aquela casa que um dia foi da minha família, eu teria que ter coragem.
Então fui.
Entrei na casa e me assustei. Tudo estava diferente. A energia da casa estava horrível e várias pessoas circulavam em todos os cômodos. A minha mãe bebia vinho, parecia anestesiada. A casa, uma bagunça. Louça suja, parecia que aquele lugar harmonioso que foi um dia, tinha se transformado em trevas. Me aproximei de minha mãe e falei com ela:
- Mamãe! Sou eu, Rogério, seu filho!
De repente, apareceu o marido dela e gritou:
- Chorando outra vez pela morte daquele imprestável de seu filho!
Eu senti tanto ódio daquele homem. O que ele fez com minha mãe? Ele continuou a falar:
- Seu filho morreu porque era pior que uma menina indefesa. Não sobreviveu sozinho. Mas a culpa não foi só minha. O filho era seu e você nada fez para protegê-lo. Então não chore, não seja falsa! Você escolheu ficar comigo e abandonar o seu filho. Agora aguente as consequências dos seus remorsos, pois o filho, se fosse meu, eu defenderia ele. Você foi fraca!
E mamãe, cada dia se sentia mais triste e depressiva. Eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê se ela não me via e nem me ouvia?
Voltei na casa que eu ficava. Lá a harmonia era boa e talvez eu encontrasse uma solução.
Entrei na casa, não tinha ninguém. Então fui no jardim, era pequeno, mas bem cuidado, com rosas lindas de várias cores, lembrei de papai e chorei. Doía o meu peito, então pensei:
- Deve existir uma solução pra mim!
E pra passar a tristeza, comecei a cuidar do jardim. A moça que morava na casa era jovem e bonita e gostava do jardim, pensei:
- Ela pode me ajudar, mesmo que ela não me veja. Vou acompanhar ela onde ela for, e fiz isso. Dia e noite eu estava com ela. Eu não queria lhe fazer mal, eu só queria encontrar uma solução pra mim. Tinha morrido, mas não tinha morrido. Isso é estranho. Eu posso ver as pessoas, mas elas não podem me ver, como pode isso?
Em uma tarde de sábado, segui a moça que se chamava Rosa, bonito nome, e ela foi em uma reunião com amigas. Percebi que era um estudo, mas sobre o que?
Percebi também que falavam de Deus e eu já tinha ouvido falar Dele. Meu pai me falou que todos nós éramos irmãos criados por Deus.
Então Rosa lia para as amigas sobre a imortalidade do Espírito, e eu ao lado ouvindo. Ela falava que o maior exemplo de imortalidade do Espírito era Jesus que reencarnou na Terra. Apesar de ser muitíssimo evoluído e de uma bondade infinita, veio renascer na Terra para ensinar seus irmãos de todo planeta o amor e a humildade e quando ele morreu, seu Espírito voltou para junto do pai que é Deus e Deus é um Espírito. Então pensei:
- Nossa, se sou um Espírito, também quero voltar para meu pai, mas como? Preciso descobrir! Mas a reunião das moças acabou, exclamei:
- Agora que eu queria saber mais! Mas a minha preocupação era a minha mãe, preciso ajudá-la mas como eu ainda não sei!
Continuei pensando:
- Se Deus é um Espírito e eu também sou, vou conversar com Ele. E passei a conversar com Deus:
- Deus, nos livros diz que somos irmãos, como eu faço para encontrar um irmão que seja parecido comigo, que não goste de fazer o mal pra ninguém. Quero encontrar alguém que me ensine, que me ajude.
E assim foi que quando eu falava com Deus, sentia que eu mudava, me sentia com coragem. Então passei a visitar minha mãe, ela estava muito doente, não saía da cama, estava triste, a casa não tinha mais luz, era escura e suja, a energia era ruim. Então pensei vou falar com Deus pra minha mãe ter força e se levantar.
E fiquei surpreso, deu certo! Fiquei feliz, e todos os dias eu ia orar por ela e de repente me sentia fortalecido. Então pensei, vou pedir pra Deus me levar lá onde ele fica, como faz pra chegar até lá? Então orei:
- Deus, se Você é Espírito e eu também porque morri, então por que não fui junto com o Senhor? Por que fiquei perdido e sozinho? Veio na minha mente uma voz que falava:
- Você não está sozinho, tudo é um aprendizado!
Pensei;
- Aprendizado do quê? Ficar vagando pela Terra e ninguém te vê é aprendizado? Que resposta estranha.
Então passei a acompanhar as leituras da Rosa, que lia a respeito do desencarne e porque quando morremos ficamos perdidos sem rumo entre as pessoas que ainda não morreram. Aprendi que eu estava preso na preocupação com a minha mãe. Não queria que ela sofresse com aquele marido horroroso. Então pensei:
- Se é isso que me prende na Terra, o que eu faço então? Se a minha mãe ficar bem eu posso ir, mas como ir?
Voltei na casa da minha mãe e percebi que o marido quando bebia se transformava em uma pessoa do mal. Observei que Espíritos bebiam junto com ele e o perturbavam. Cheguei perto e falei para aquele Espírito zombador:
- Somos irmãos e devemos ir junto de Deus. Eles riram de mim. E perguntaram:
- E por que você ainda não foi?
Eu perdi o medo desses Espíritos com as orações que fazia e falei pra eles:
- Estou em aprendizado, vocês estão presos na Terra porque tem preocupações.
O Espírito zombador falou:
- Você tem razão, estou preso na bebida, como eu não tenho um corpo físico, porque morri, me aproximo de quem não tem controle com o álcool e bebo junto.
Eu não sabia muito da Espiritualidade, mas passei a conversar e a ensinar o que eu lia nos livros junto com Rosa naquelas reuniões de estudos.
Nossa, eu estava gostando de ensinar, apesar que tinham muitos Espíritos revoltados que não aceitavam e até me batiam. Eu sozinho não iria conseguir tirar eles da casa da minha mãe. E um dia eu falei pra Deus:
- Por que Você não me manda uma ajuda? Não tenho conhecimento, sei tão pouco e também estou perdido!
Naquele momento, Rosa me falou:
- Estou aqui para te ajudar!
- Você está me vendo?
- Sim, veja, meu corpo está dormindo, mas posso te ajudar, tenho amigos que podem te ajudar!
- Como?
Rosa respondeu:
- Eu também sou um Espírito, só que estou em experiência na Terra, por isso preciso de um corpo, mas quando eu durmo, consigo me desligar do corpo.
Ela segurou minha mão e chegamos em um grande jardim muito claro e vieram várias pessoas falar comigo! Disseram:
- Seja bem vindo Rogério!
Eu me assustei e perguntei:
- Vocês me conhecem?
Rosa sorriu e disse:
- Sim, o conhecemos! Lembra? Somos Espíritos e aqui é o nosso lar. Como precisamos evoluir a bondade, quando desencarnamos voltamos pra casa. Eu perguntei:
- E você Rosa? Vai voltar lá para o seu corpo?
- Sim, eu ainda não cumpri com o meu tempo na Terra. Agora você vai ficar aqui!
Eu perguntei:
- E a minha mãe? Quem vai cuidar dela?
Um homem muito simpático, de vestes claras falou:
- Sua mãe está vivendo uma experiência com esse marido que pra você parece cruel. Mas ela em outras vidas o abandonou com dores na alma e duas crianças pra criar. É um resgate necessário. Mas suas orações ajudaram e tem um Mentor lá pra apoiar! Veja bem, sua mãe passou pela mesma fraqueza da encarnação passada, abandonando o filho novamente!
- Novamente? Como assim?
- Meu caro Rogério, nada acontece por acaso. Veja você já foi filho dela em outras vidas. Sua mãe, em cada romance que ela vivia, abandonava os filhos. Um dia ela vai aprender. Agora sua missão é aqui, nas Colônias Espirituais, vai trabalhar, se preparar, pois há muito trabalho meu amigo! Aqueles Espíritos que você viu lá na Terra, presos nos vícios e em preocupações, você vai se preparar para ajudá-los.
E assim foi. Com a ajuda dos meus amigos espirituais, me fortaleci. Aprendi muito com eles, a disciplina e a oração. Quando Rosa dormia, o Espírito dela vinha aqui e estudávamos juntos. Quando eu estava pronto eu ia pra Terra com outros Mentores ajudar esses Espíritos zombadores. Muitos aceitavam ajuda e também ia na casa de minha mãe.
Ela melhorou muito com a ajuda dos Mentores. Aqueles Espíritos que viviam na casa bebendo e atormentando, aceitaram ajuda de vir para uma Colônia Espiritual, pois todo Espírito precisa de ajuda! Percebi que o marido da mamãe melhorou. Não era mais agressivo com ela e ela não estava mais depressiva e limpou a casa.
Nossa! Como eu estava feliz!
Passaram-se os anos e eu perguntei para meu Mentor:
- Será que agora posso ver meu pai?
- Claro meu amigo, por merecimento!
Meu pai se tornou um Espírito tão iluminado que quando vi ele, as emoções não pude segurar. Que alegria rever meu pai. Ele disse:
- Estou orgulhoso de você! Da sua coragem que depois que desencarnou você desenvolveu. Se não fosse sua oração, não tinha se iluminado, mesmo sem muita experiência buscou conhecimento e ajuda á sua mãe.
Respondi:
- Papai, você foi um amigo, um irmão, você me ensinou ser bom!
Papai respondeu:
- A bondade já estava no seu Espírito, adquirida de outras Vidas. Nada é ao acaso. Sei que você e Rosa tem muita afinidade. Ela precisa cumprir o tempo dela lá na Terra e futuramente poderemos voltar em uma nova experiência lá na Terra. Rosa está com 77 anos e breve estará conosco. Então poderemos estudar como será a nossa próxima reencarnação.
Eu estava tão feliz, pensei:
- Tudo o que sofri lá na Terra era um aprendizado. Só agora entendi isso e estou aguardando Rosa voltar para a Espitualidade. Enquanto isso, trabalho muito, pois todos os dias lá na Terra irmãos encarnados e desencarnados precisam de ajuda!

Psicografado pela Escritora da Espiritualidade Sônia Lopes.História de Rogério!

Rogério nos conta:
Quando encarnado, desde menino, meu pai me ensinou ter amor pelas flores, pois ele ganhava o pão de cada dia cuidando do jardim das casas que ele trabalhava. Eu ia junto. Tinha uma ligação muito forte com meu pai. Era um bom homem.
Ele me ensinou o respeito com as pessoas e principalmente com as mulheres. Ele me falava:
- Meu filho, você está crescendo e vai se deparar com inúmeras situações no mundo como desrespeito e discriminação, mas saiba meu filho que quando respeitamos ao próximo, estamos respeitando á Deus que a todos criou como irmãos.
Eu ouvia todos os dias os ensinamentos do meu pai e gravava. E a cada dia eu me deparava com uma situação e lembrava.
Ao longo do tempo, fui me apaixonando pelas plantas. Depois de um dia inteiro de trabalho no jardim, no final do dia eu e papai olhávamos toda aquela beleza e como eu amava trabalhar com meu pai. Aprendia muito com ele.
Quando chegava á tarde do trabalho, minha mãe nos esperava com comida na mesa. Tudo simples, mas harmonioso. Eu pensava como seria minha vida sem o meu pai? E ocorreu que uma tuberculose levou ele para o mundo Espiritual, pois era assim que ele me falava:
- O Espírito é imortal, não morremos, só mudamos de fase.
Fiquei muito triste, como continuar sem ele?
Mas vinha na minha lembrança que nunca estamos sozinhos, que Deus zela por nós!
Papai desencarnou eu tinha 15 anos e um ano depois mamãe se casou e tudo o que meu pai me ensinou de respeito, aquele homem, marido da minha mãe não tinha. Não tratava ela com carinho e isso não me agradava. Mas pensei:
- Tudo o que papai me ensinou, deve ter ensinado ela também. Mas mamãe esqueceu os bons costumes que papai ensinou e passou a ter comportamento parecido com o de seu atual marido e isso eu não gostava.
Um dia ele me confrontou dizendo que eu era educado demais, respeitoso demais, que parecia uma menina e falou:
- Vou te ensinar a ser um homem!
Mamãe não falou nada para me defender.
Um dia ele chegou embriagado em casa e passou a ofender minha mãe. Eu saí em defesa dela. Papai me ensinou que devemos proteger as mulheres. Então naquele dia eu apanhei muito daquele homem. Ele era alto e forte, eu, um menino. Fiquei machucado e triste, pensei:
- Como vou defender minha mãe se ela não se importa com o comportamento desse marido? O que houve com ela?
Depois a minha mãe foi me medicar e falou:
- Meu filho, sei que está chateado, mas eu amo esse homem!
Eu respondi:
- Como você pode amar um homem que te ofende e bate no seu filho? Isso não é amor. Papai sim te amava, te respeitava e trazia flores para você todos os dias. Mamãe, eu não compreendo esse tipo de amor. Sou seu filho, respeito você como mãe, como mulher, sei que é frágil. Quero sim que seja feliz. Ainda é jovem, mas não precisa viver com um bruto como é esse seu marido.
Mas mamãe não me ouvia, estava apaixonada por esse homem.
Passei a não me sentir á vontade na minha casa. Estudava e trabalhava cuidando de jardins. Pensei:
- Não posso deixar minha mãe. E se ele for violento com ela, quem vai defendê-la?
Então em uma tarde de domingo, eu estudava no meu quarto e escutei discussões na cozinha. Ele tinha bebido no almoço e passou a tarde bebendo. A energia daquele homem era horrível. Quando senti que ele gritava demais com mamãe, saí do quarto e fui para a cozinha. Quando ele me viu, começou a me afrontar com palavras horríveis e veio brigar comigo. Falei:
- Eu não quero brigar com o senhor, mas não aceito a forma que trata minha mãe.
Ele respondeu:
- Se eu falo assim com ela é porque ela permite e não é você que vai me impedir!
E para não brigar, eu ia voltar para o meu quarto, quanto ele disse:
- Você deveria ir embora dessa casa! Você aqui só me atrapalha!
Mamãe não falava nada, não me defendia.
- Onde estaria a mãe que eu conhecia quando meu pai ainda era encarnado? E o que houve com ela?
Então, aquele homem alterado foi no meu quarto e jogou tudo o que era meu fora e disse:
- Some!
Pensei: - mamãe fez sua escolha, então devo ir mesmo embora. Peguei meus livros e poucas roupas e saí sem falar uma palavra, só olhei para mamãe que parecia indiferente.
Chorei muito. Passei a noite na igreja que era no caminho. Não sabia pra onde ir...
Estava com quase dezoito anos, mas era um menino sem experiência nenhuma. Em uma semana na rua, eu fiquei doente. Uma forte gripe e dor nos pulmões, pensei:
- Se eu continuar na rua, vou morrer! Mas para onde eu vou?
Foi aí que lembrei de meu pai... Onde estaria meu pai? Precisava tanto dele!
Deixei de estudar, perdi totalmente a vontade. Não fui mais cuidar dos jardins. Lembro que uma madrugada fria, estava com fome e via tanta gente nas ruas. Pensei:
- Mas de onde vem essas pessoas?
Eram tão estranhas, me davam medo. Brigavam entre eles por bebidas, cigarros, pensei:
- Como vim parar aqui com essas pessoas que se amontoavam pelas frentes das casas e ruas e algumas entravam nas casas? Será que moram aqui? Entrei junto, estava com fome e frio.
Entrei em uma casa junto com eles. Percebi que a casa era muito organizada, limpa e tinha uma harmonia boa e às pessoas estavam dormindo. Eu estranhando tudo... Jamais invadiria uma residência de outra pessoa. As pessoas que entraram comigo, logo saíram e eu fiquei.
Quando uma moça entrou na cozinha que tinha uma toalha na mesa, xadrez e a cortina era da mesma cor, xadrez vermelha e amarela. Ela veio até o filtro de água e com um copo de florzinhas, tomou água e não me viu. Eu chamei:
- Moça! Moça! Me perdoe entrar na sua casa sem pedir licença, é que eu estava com frio e fome. Mas ela não me respondia nada, nem me viu. E voltou para o quarto e eu fui atrás. Pensei:
- Será que ela não me viu porque estava com sono? Ela se deitou. Eu me aproximei da cama, sentei no chão, em um tapete. Me senti aquecido, mas meu estômago doía de fome. Mas adormeci...
Quando acordei, pensei:
- Meu Deus, eu invadi uma casa, preciso sair daqui.
Quando saí do quarto, a família estava reunida tomando café. Lembrei de quando papai estava encarnado, cheguei pedindo desculpas, mas que estranho, continuaram a conversar e a tomar café. E eu estava com muita fome. Quando fui pegar o pão na mesa, levei um susto, não consegui pegar:
- Meu Deus, o que houve comigo?
Sentia fome, frio e dor no peito. Fui me desesperando por vários motivos...
- Onde eu estou? Não conheço essas pessoas, essa casa! Como cheguei até aqui?
Senti que naquela família havia amor e harmonia e a casa era tão limpa e organizada. Minha mente estava tão confusa...
Eu fui ficando na casa, o lugar era acolhedor e ninguém me via mesmo!
Percebi que em uma noite, antes de dormir, todos oravam e agradeciam por mais um dia de vida. E no quarto da moça tinha vários livros e um deles falava da imortalidade da alma. Ela lia e eu lia com ela, mas ela não me via.
Naquela leitura, fui observando que eu tinha desencarnado e fiquei desesperado.
- E agora, o que faço? Pra onde vou? Se eu morri, mamãe deve saber.
Criei coragem para sair de casa onde eu estava há muito tempo. E passei a ouvir as pessoas nas ruas para identificar onde eu estava.
- Será que é perto da casa da minha mãe?
Percebi que nas ruas tinham outras pessoas como eu, perdidas. Outras de índoles negativas. Sentia medo, insegurança e voltava para casa onde passei a morar. Mas eu não fazia mal á ninguém, só queria me sentir protegido.
Eu gostava de ficar naquela casa e ficava pensando que para eu ir até aquela casa que um dia foi da minha família, eu teria que ter coragem.
Então fui.
Entrei na casa e me assustei. Tudo estava diferente. A energia da casa estava horrível e várias pessoas circulavam em todos os cômodos. A minha mãe bebia vinho, parecia anestesiada. A casa, uma bagunça. Louça suja, parecia que aquele lugar harmonioso que foi um dia, tinha se transformado em trevas. Me aproximei de minha mãe e falei com ela:
- Mamãe! Sou eu, Rogério, seu filho!
De repente, apareceu o marido dela e gritou:
- Chorando outra vez pela morte daquele imprestável de seu filho!
Eu senti tanto ódio daquele homem. O que ele fez com minha mãe? Ele continuou a falar:
- Seu filho morreu porque era pior que uma menina indefesa. Não sobreviveu sozinho. Mas a culpa não foi só minha. O filho era seu e você nada fez para protegê-lo. Então não chore, não seja falsa! Você escolheu ficar comigo e abandonar o seu filho. Agora aguente as consequências dos seus remorsos, pois o filho, se fosse meu, eu defenderia ele. Você foi fraca!
E mamãe, cada dia se sentia mais triste e depressiva. Eu precisava fazer alguma coisa, mas o quê se ela não me via e nem me ouvia?
Voltei na casa que eu ficava. Lá a harmonia era boa e talvez eu encontrasse uma solução.
Entrei na casa, não tinha ninguém. Então fui no jardim, era pequeno, mas bem cuidado, com rosas lindas de várias cores, lembrei de papai e chorei. Doía o meu peito, então pensei:
- Deve existir uma solução pra mim!
E pra passar a tristeza, comecei a cuidar do jardim. A moça que morava na casa era jovem e bonita e gostava do jardim, pensei:
- Ela pode me ajudar, mesmo que ela não me veja. Vou acompanhar ela onde ela for, e fiz isso. Dia e noite eu estava com ela. Eu não queria lhe fazer mal, eu só queria encontrar uma solução pra mim. Tinha morrido, mas não tinha morrido. Isso é estranho. Eu posso ver as pessoas, mas elas não podem me ver, como pode isso?
Em uma tarde de sábado, segui a moça que se chamava Rosa, bonito nome, e ela foi em uma reunião com amigas. Percebi que era um estudo, mas sobre o que?
Percebi também que falavam de Deus e eu já tinha ouvido falar Dele. Meu pai me falou que todos nós éramos irmãos criados por Deus.
Então Rosa lia para as amigas sobre a imortalidade do Espírito, e eu ao lado ouvindo. Ela falava que o maior exemplo de imortalidade do Espírito era Jesus que reencarnou na Terra. Apesar de ser muitíssimo evoluído e de uma bondade infinita, veio renascer na Terra para ensinar seus irmãos de todo planeta o amor e a humildade e quando ele morreu, seu Espírito voltou para junto do pai que é Deus e Deus é um Espírito. Então pensei:
- Nossa, se sou um Espírito, também quero voltar para meu pai, mas como? Preciso descobrir! Mas a reunião das moças acabou, exclamei:
- Agora que eu queria saber mais! Mas a minha preocupação era a minha mãe, preciso ajudá-la mas como eu ainda não sei!
Continuei pensando:
- Se Deus é um Espírito e eu também sou, vou conversar com Ele. E passei a conversar com Deus:
- Deus, nos livros diz que somos irmãos, como eu faço para encontrar um irmão que seja parecido comigo, que não goste de fazer o mal pra ninguém. Quero encontrar alguém que me ensine, que me ajude.
E assim foi que quando eu falava com Deus, sentia que eu mudava, me sentia com coragem. Então passei a visitar minha mãe, ela estava muito doente, não saía da cama, estava triste, a casa não tinha mais luz, era escura e suja, a energia era ruim. Então pensei vou falar com Deus pra minha mãe ter força e se levantar.
E fiquei surpreso, deu certo! Fiquei feliz, e todos os dias eu ia orar por ela e de repente me sentia fortalecido. Então pensei, vou pedir pra Deus me levar lá onde ele fica, como faz pra chegar até lá? Então orei:
- Deus, se Você é Espírito e eu também porque morri, então por que não fui junto com o Senhor? Por que fiquei perdido e sozinho? Veio na minha mente uma voz que falava:
- Você não está sozinho, tudo é um aprendizado!
Pensei;
- Aprendizado do quê? Ficar vagando pela Terra e ninguém te vê é aprendizado? Que resposta estranha.
Então passei a acompanhar as leituras da Rosa, que lia a respeito do desencarne e porque quando morremos ficamos perdidos sem rumo entre as pessoas que ainda não morreram. Aprendi que eu estava preso na preocupação com a minha mãe. Não queria que ela sofresse com aquele marido horroroso. Então pensei:
- Se é isso que me prende na Terra, o que eu faço então? Se a minha mãe ficar bem eu posso ir, mas como ir?
Voltei na casa da minha mãe e percebi que o marido quando bebia se transformava em uma pessoa do mal. Observei que Espíritos bebiam junto com ele e o perturbavam. Cheguei perto e falei para aquele Espírito zombador:
- Somos irmãos e devemos ir junto de Deus. Eles riram de mim. E perguntaram:
- E por que você ainda não foi?
Eu perdi o medo desses Espíritos com as orações que fazia e falei pra eles:
- Estou em aprendizado, vocês estão presos na Terra porque tem preocupações.
O Espírito zombador falou:
- Você tem razão, estou preso na bebida, como eu não tenho um corpo físico, porque morri, me aproximo de quem não tem controle com o álcool e bebo junto.
Eu não sabia muito da Espiritualidade, mas passei a conversar e a ensinar o que eu lia nos livros junto com Rosa naquelas reuniões de estudos.
Nossa, eu estava gostando de ensinar, apesar que tinham muitos Espíritos revoltados que não aceitavam e até me batiam. Eu sozinho não iria conseguir tirar eles da casa da minha mãe. E um dia eu falei pra Deus:
- Por que Você não me manda uma ajuda? Não tenho conhecimento, sei tão pouco e também estou perdido!
Naquele momento, Rosa me falou:
- Estou aqui para te ajudar!
- Você está me vendo?
- Sim, veja, meu corpo está dormindo, mas posso te ajudar, tenho amigos que podem te ajudar!
- Como?
Rosa respondeu:
- Eu também sou um Espírito, só que estou em experiência na Terra, por isso preciso de um corpo, mas quando eu durmo, consigo me desligar do corpo.
Ela segurou minha mão e chegamos em um grande jardim muito claro e vieram várias pessoas falar comigo! Disseram:
- Seja bem vindo Rogério!
Eu me assustei e perguntei:
- Vocês me conhecem?
Rosa sorriu e disse:
- Sim, o conhecemos! Lembra? Somos Espíritos e aqui é o nosso lar. Como precisamos evoluir a bondade, quando desencarnamos voltamos pra casa. Eu perguntei:
- E você Rosa? Vai voltar lá para o seu corpo?
- Sim, eu ainda não cumpri com o meu tempo na Terra. Agora você vai ficar aqui!
Eu perguntei:
- E a minha mãe? Quem vai cuidar dela?
Um homem muito simpático, de vestes claras falou:
- Sua mãe está vivendo uma experiência com esse marido que pra você parece cruel. Mas ela em outras vidas o abandonou com dores na alma e duas crianças pra criar. É um resgate necessário. Mas suas orações ajudaram e tem um Mentor lá pra apoiar! Veja bem, sua mãe passou pela mesma fraqueza da encarnação passada, abandonando o filho novamente!
- Novamente? Como assim?
- Meu caro Rogério, nada acontece por acaso. Veja você já foi filho dela em outras vidas. Sua mãe, em cada romance que ela vivia, abandonava os filhos. Um dia ela vai aprender. Agora sua missão é aqui, nas Colônias Espirituais, vai trabalhar, se preparar, pois há muito trabalho meu amigo! Aqueles Espíritos que você viu lá na Terra, presos nos vícios e em preocupações, você vai se preparar para ajudá-los.
E assim foi. Com a ajuda dos meus amigos espirituais, me fortaleci. Aprendi muito com eles, a disciplina e a oração. Quando Rosa dormia, o Espírito dela vinha aqui e estudávamos juntos. Quando eu estava pronto eu ia pra Terra com outros Mentores ajudar esses Espíritos zombadores. Muitos aceitavam ajuda e também ia na casa de minha mãe.
Ela melhorou muito com a ajuda dos Mentores. Aqueles Espíritos que viviam na casa bebendo e atormentando, aceitaram ajuda de vir para uma Colônia Espiritual, pois todo Espírito precisa de ajuda! Percebi que o marido da mamãe melhorou. Não era mais agressivo com ela e ela não estava mais depressiva e limpou a casa.
Nossa! Como eu estava feliz!
Passaram-se os anos e eu perguntei para meu Mentor:
- Será que agora posso ver meu pai?
- Claro meu amigo, por merecimento!
Meu pai se tornou um Espírito tão iluminado que quando vi ele, as emoções não pude segurar. Que alegria rever meu pai. Ele disse:
- Estou orgulhoso de você! Da sua coragem que depois que desencarnou você desenvolveu. Se não fosse sua oração, não tinha se iluminado, mesmo sem muita experiência buscou conhecimento e ajuda á sua mãe.
Respondi:
- Papai, você foi um amigo, um irmão, você me ensinou ser bom!
Papai respondeu:
- A bondade já estava no seu Espírito, adquirida de outras Vidas. Nada é ao acaso. Sei que você e Rosa tem muita afinidade. Ela precisa cumprir o tempo dela lá na Terra e futuramente poderemos voltar em uma nova experiência lá na Terra. Rosa está com 77 anos e breve estará conosco. Então poderemos estudar como será a nossa próxima reencarnação.
Eu estava tão feliz, pensei:
- Tudo o que sofri lá na Terra era um aprendizado. Só agora entendi isso e estou aguardando Rosa voltar para a Espitualidade. Enquanto isso, trabalho muito, pois todos os dias lá na Terra irmãos encarnados e desencarnados precisam de ajuda!

Psicografado pela Escritora da Espiritualidade Sônia Lopes.