EXPLICAÇÃO DE ALGUNS FENÔMENOS CONSIDERADOS SOBRENATURAIS » APARIÇÕES - TRANSFIGURAÇÕES
36. É de notar-se que as aparições tangíveis SÓ TEM DA MATÉRIA CARNAL AS APARÊNCIAS; não poderiam ter dela as qualidades. Em virtude da sua natureza fluídica, não podem ter a coesão da matéria, porque, em realidade, não há nelas carne. FORMAM-SE INSTANTANEAMENTE E INSTANTANEAMENTE DESAPARECEM, ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. Os seres que se apresentam nessas condições não nascem, nem morrem, como os outros homens. SÃO VISTOS E DEIXAM DE SER VISTOS, sem que se saiba donde vêm, como vieram, nem para onde vão. Ninguém os poderia matar, nem prender, nem encarcerar, visto carecerem de corpo carnal. Atingiriam o vácuo os golpes que se lhes desferissem.
Tal o caráter dos agêneres, com os quais se pode confabular, sem suspeitar de que eles o sejam, mas que não demoram longo tempo entre os humanos e não podem tornar-se comensais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família.[1]Ao demais, denotam sempre, em suas atitudes, qualquer coisa de estranho e de insólito que deriva ao mesmo tempo da materialidade e da espiritualidade: neles, o olhar é simultaneamente vaporoso e brilhante, carece da nitidez do olhar através dos olhos da carne; a linguagem, breve e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem humana; a aproximação deles causa uma sensação singular e indefinível de surpresa, que inspira uma espécie de temor; e quem com eles se põe em contacto, embora os tome por indivíduos quais todos os outros, é levado a dizer involuntariamente: Ali está uma criatura singular.
[1] Exemplos de aparições vaporosas ou tangíveis e de agêneres: Revue Spirite, janeiro de 1858, pág. 24; — outubro de 1858, pág. 291; — fevereiro de 1859, pág. 38; — março de 1859, pág. 80; — janeiro de 1859, pág. 11; — novembro de 1859, pág. 303; — agosto de 1859, pág. 210; — abril de 1860, pág. 117; — maio de 1860, pág. 150; — julho de 1861, pág. 199; — abril de 1866, pág. 120; — “O lavrador Martinho, apresentado a Luiz XVIII, detalhes completos”, dezembro de 1866, pág. 353.
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