quinta-feira, 26 de agosto de 2021

REVISTA ESPÍRITA 1859 » MARÇO » CONVERSAS FAMILIARES DE ALÉM-TÚMULO » UM DUENDE

 

 REVISTA ESPÍRITA 1859 » MARÇO » CONVERSAS FAMILIARES DE ALÉM-TÚMULO » UM DUENDE


Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "Revista Espírita JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS PUBLICADA soe DIREÇÃO ALLAN KARDEC Traduçãopo JULIO ABRED FILNO REVUE SPIRITE JOURNAL D'ÉTUDES PSYCHOLOGIQUES Publié ous direction M. ALLAN KARDEC 1859 EDICEL"O Sr. J..., um dos nossos companheiros na Sociedade, por diversas vezes tinha visto chamas azuis passeando sobre o seu leito. Certos de que se tratava de uma manifestação, tivemos a ideia de evocar um desses Espíritos, na sessão de 20 de janeiro último, a fim de nos instruirmos sobre a sua natureza.

1. ─ (Evocação).

─ Mas que queres de mim?

2. ─ Com que fim te manifestaste em casa do Sr. J...?

─ Que te importa?

3. ─ Em verdade, a mim pouco importa, mas para o Sr. J... é diferente.

─ Ah! Que boa razão!

NOTA: Estas primeiras perguntas foram feitas pelo Sr. Kardec. O Sr. J... continuou o interrogatório.

4. ─ É que eu não recebo qualquer um em minha casa, de boa vontade.

─ Estás enganado. Eu sou muito bom.

5. ─ Faze-me então o favor de dizer o que vens fazer em minha casa.

─ Julgas acaso que, pelo fato de ser bom, eu te devo obedecer?

6. ─ Disseram-me que és um Espírito leviano.

─ Pois neste caso julgaram-me muito mal.

7. ─ Se é calúnia, prova-o.

─ Eu não ligo.

8. ─ Eu bem poderia empregar um meio de te fazer dizer quem és.

─ Palavra que isto me divertiria um pouco.

9. ─ Intimo-te a que digas o que vens fazer em minha casa.

─ Tinha um único propósito: divertir-me.

10. ─ Isto não concorda com o que me foi dito pelos Espíritos superiores.

─ Fui mandado a tua casa e tu sabes a razão. Estás satisfeito?

11. ─ Então mentiste?

─ Não.

12. ─ Não tinhas, então, más intenções?

─ Não. Disseram-te o mesmo que eu.

13. ─ Podes dizer qual a tua categoria entre os Espíritos?

─ Tua curiosidade me agrada.

14. ─ Desde que pretendes ser bom, por que não respondes de modo mais conveniente?

─ Porventura eu te insultei?

15. ─ Não, mas por que respondes de maneira evasiva e te recusas a dar-me as explicações que te peço?

─ Tenho a liberdade de fazer o que quero, entretanto sob o comando de certos Espíritos.

16. ─ Ainda bem! Vejo com prazer que começas a ser mais razoável, por isso prevejo que iremos ter relações amigáveis.

─ Deixa de conversa fiada. Será muito melhor.

17. ─ Sob que forma aqui estás?

─ Não tenho nenhuma forma.

18. ─ Sabes o que é o perispírito?

─ Não, a não ser que seja o vento.

19. ─ Que poderia eu fazer para te ser agradável?

─ Já te disse. Cala-te.

20. ─ A missão que vieste desempenhar em minha casa te fez progredir como Espírito?

─ Isto é outro assunto. Não me faças tais perguntas. Sabes que obedeço a certos Espíritos. Dirige-te a eles. Quanto a mim, deixa-me ir.

21. ─ Porventura teríamos tido más relações numa outra existência, o que seria a causa de teu mau humor?

─ Não te recordas de quanto disseste mal de mim e a quem quisesse ouvir? Cala-te, digo-te eu.

22. ─ Eu só digo de ti aquilo que me foi dito por Espíritos superiores a teu respeito.

─ Também disseste que eu te havia obsidiado.

23. ─ Ficaste satisfeito com o resultado obtido?

─ Isso é problema meu.

24. ─ Queres então que conserve de ti uma opinião desfa­vorável?

─ É possível. Vou-me embora.

OBSERVAÇÃO: Pelas conversas relatadas podemos ver a diversidade extrema existente na linguagem dos Espíritos, conforme o seu grau de elevação. A dos Espíritos desta natureza é caracterizada quase sempre pela grosseria e pela impaciência. Quando chamados a reuniões sérias, percebe-se que não vêm de boa vontade e têm pressa de partir, porque não se sentem à vontade no meio de seus superiores e de pessoas que os apertam com perguntas. Já não acontece o mesmo nas reuniões frívolas, onde as pessoas se divertem com as suas facécias. Ali estão em seu ambiente e se regalam.