Oxalufã vivia com Oxaguiã em seu reino, como sentia-se muito velho e próximo o seu fim resolveu visitar o seu outro filho, Xangô.
Como de costume antes de viajar Oxalufã consultou com o Babalaô, que desaconselhou a viagem, dizendo que havia risco de morte. Oxalufã não se intimidou e quis uma solução, quer seja através de oferenda ou procedimento.
O Babalaô, fez as oferendas e recomendou que na viajem não poderia recusar a ninguém o menor serviço durante todo o trajeto e jamais se queixar.
No caminho Oxalufã encontrou três vezes Bará que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barrica de azeite-de-dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas, as três vezes Bará derramou o conteúdo sobre o velho. Mas Oxalufã, sem se queixar, continuava a caminhada.
Penetrando finalmente no reino de Xangô avistou o cavalo deste, que tinha fugido e, capturou-o para devolvê-lo ao proprietário, Xangô. Mas os servidores pensaram que Oxalufã era um ladrão, julgando-o pelo aspecto (sujo de azeite-de-dendê, carvão e óleo); caíram sobre ele, quebraram-lhe os braços e pernas à pauladas, atirando-o finalmente numa prisão.
Nela permaneceu sete anos. O reino de Xangô virou em caos. As mulheres tornaram-se estéreis, as colheitas minguaram. Xangô triste e aflito buscou ajuda consultando um Babalaô, e este revelou que todas as desgraças provinham do fato de um inocente estar sofrendo injustamente na prisão.
Xangô ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele, reconhecendo seu pai.
Vestiu os escravos de branco sem falar em sinal de tristeza e ordenou que fossem lavar Oxalufã numa fonte vizinha.
Como tinha mãos e pernas quebradas Oxalufã foi lavado, roupa trocada, perfumado e carregado de volta ao reino e grandioso banquete foi servido pelo retorno do Pai.