sexta-feira, 29 de junho de 2018

Gira de Exu não é “Casa da Mãe Joana”

Quando comecei a frequentar um Terreiro de Umbanda, não posso negar que encarava a Linha dos Exus e Pombagiras com alguma desconfiança e até receio. As imagens com chifres, capas negras e até nudez, os altares
com bebidas alcóolicas e charutos e tudo aquilo que ouvimos por aí é muito marcante e causa-nos uma ideia inicial pouco positiva. Foi assim comigo e sei que é assim com muita gente.
Antes da minha primeira Gira de Exu eu estava bastante ansiosa, sem saber direito o que esperar. Será que as entidades incorporadas seriam assustadoras como as imagens?
Será que fariam trabalhos de amarração e de magia negativa?
Será que nessas Giras incentivam a vingança e outras posturas imorais?
Eram essas e muitas perguntas que me passavam pela mente.
Passando pela primeira Gira de Exu e por outras Giras posteriormente, percebi que os mitos que as pessoas criam por aí são absurdamente falsos.
Vamos a eles (os mitos):
1 – Exus não são “demônios”
Sendo entidades de Umbanda, obviamente os Exus e Pombagiras são entidades que trabalham apenas para o bem e não sustentam trabalhos de magia negativa. O trabalho dos Exus consiste em aplicar a Lei Divina, ajudando a trazer para as nossas vidas as consequências daquilo que praticamos, seja para o bem ou para o mal. Os Exus não se vingam, não “aprontam”, não colocam o mal no caminho de ninguém; ajudam-nos a colher aquilo que plantamos, tanto para aprendermos com as experiências negativas como para crescermos com as nossas virtudes.
2 – O uso da bebida e do fumo não é para diversão
Já ouvi muitas vezes que os Exus e Pombagiras, quando incorporados, pedem sempre bebidas e fumo para sentirem os prazeres da vida carnal, dos quais sentem saudades. Mas isto não é bem assim: apesar de terem
vivido encarnações na Terra como nós, e de estarem próximos da nossa faixa vibratória, os Exus são espíritos certamente mais evoluídos do que nós que estamos aqui, agora, e por isso são nossos Guias espirituais, sendo que já não estão presos a estes “prazeres carnais”. O uso da bebida e do fumo nas Giras e nas oferendas visa possibilitar que os Exus manipulem a energia mais densa contida nestas substâncias para realizar o seu trabalho de limpeza, neutralização ou corte de magias negativas nos consulentes.
3 – Gira de Exu não é “Casa da Mãe Joana”
As Giras de Esquerda podem sim ser mais descontraídas, pelo tipo de roupa que se usa, pela linguagem e risada dos Exus e Pombagiras e pelo uso, às vezes mais intenso, de bebidas alcóolicas. Por conta disso, vejo muitos umbandistas acharem que nestas Giras pode tudo, desde beber e fumar enquanto supostamente faz a sustentação energética dos trabalhos, até falar palavrão, dançar durante os
Pontos como se estivessem numa discoteca e usar roupas exageradas ou vulgares. Estes comportamentos não são aceitáveis em outras Linhas de trabalho; por que, então, achar quevo são nas Giras de Exu?
O trabalho realizado nas Giras de Exu é tão sério como o que é realizado numa Gira de Caboclo, de Pretos Velhos ou qualquer
outra Linha, e deve ser realizado com respeito, concentração e dedicação.
Se não houver atenção a isto, há grande hipótese de as entidades presentes não serem verdadeiramente Exus e Pombagiras, mas sim espíritos zombeteiros que quererão, estes sim, aproveitar o fumo, o álcool e a energia de baixa vibração manifestada pelos médiuns e consulentes.
Cabe a nós, umbandistas, procurar informação correta e ajudar a derrubar estes mitos que criam sobre os Exus.
Faça a sua parte!
Laroyê!
Autora: Juliana Silva – Umbanda na Europa