sexta-feira, 29 de junho de 2018

Consulta na Umbanda



Um grande “atrativo” nos trabalhos da Umbanda é o da consulta por meio da Psicofonia. A entidade do médium está incorporada não só para trazer orientações ao seu aparelho, como também fica “à disposição” dos irmãos assistentes, que se aproximam para ter uma palavra de ajuda, um auxílio, um conforto. São as chamadas consultas.

Se pararmos para fazer uma comparação com os irmãos católicos, que conversam com os seus santos de devoção através das imagens nos altares, na Umbanda o trabalho de consulta permite que o consulente esteja “frente a frente com o santo”. E o grande perigo está nesse pensamento de que o assistente está diante de um espírito poderoso, sobrenatural, que tudo sabe, tudo vê e tudo pode. E não é nada disso. 

Existem muitas pessoas que vêm perguntar aos guias sobre assuntos os mais variados: saúde, vida sentimental, vida material e até mesmo vida espiritual. Querem emprego, namorados, dinheiro, posição. Querem se livrar dos inimigos, dos aborrecimentos; querem ganhar na loteria, saber do marido ou mulher e com quem andam. Querem que os guias dêem respostas para qualquer pergunta por mais indiscreta e complicada que seja e que, além disso, resolva rapidamente as situações mais escabrosas, os problemas mais difíceis. Nada disso é sério.

Consulta na Umbanda é esclarecimento, conselho amigo e sábio dado por um guia de Luz que enxerga longe para ajudar a quem necessita, para caminhar na estrada difícil da escola da vida. 
O médium que dá consultas, quando incorporado com seus guias, assume uma grande responsabilidade para com a pessoa atendida.
O consulente tem, habitualmente, propensão para acreditar cegamente em tudo o que ouve do médium incorporado. Uma palavra leviana pode ter conseqüências gravíssimas e irremediáveis, pode levar a erros e injustiças, pode afastar o consulente do caminho da luz, pode provocar dramas.
Alguns assuntos são delicados.

Saúde por exemplo: médium não é médico, logo não tem direito de diagnosticar nem receitar remédio de farmácia.
Os Guias verificam se a doença é de origem espiritual ou material e, então, aconselham o paciente, porém, sem ter a pretensão de substituir o “casaca-branca” (médico) da Terra. É verdade que alguns guias receitam banhos de ervas ou chás. Mas para isso é preciso muito cuidado e o médium responsável deve conhecer bem as ervas receitadas para evitar possíveis aborrecimentos ou acidentes.

Em todos os casos, temos que entender que os guias, por mais esclarecidos e evoluídos que sejam, não são infalíveis nem dotados do conhecimento integral de tudo que acontece no Universo. Guia não é Deus.
O saber de cada guia é fator de sua evolução e vai depender principalmente da dedicação dos seus médiuns, em estudar, aprender e evoluir.

Os guias podem ignorar ou não ter licença para dizer certas coisas. Ora, uma Entidade de luz é disciplinada e prefere calar-se a dizer o que não deve. Os guias se limitam também aos ensinamentos pregados pela doutrina da Casa. Nenhum guia vai orientar um assistente a fazer algo que seja contrário à filosofia do terreiro no qual está trabalhando. 

Por exemplo, entidade mandar arriar obrigação nas esquinas, na mata ou na calunga (cemitério), se isso não faz parte dos ensinamentos do terreiro. É mais a vontade do médium se sobrepondo aos trabalhos da entidade e do terreiro. Isso pode trazer sérias conseqüências para o trabalho da Casa, e o médium pode (e deve) ser afastado da corrente mediúnica.

Há pedidos sobre o futuro aos quais nem sempre o guia pode responder, o futuro é aleatório e seu conhecimento não é aberto a todos. O médium deve sempre se lembrar que entidade não está no terreiro para adivinhar o futuro de ninguém. Lembremos do nosso livre-arbítrio. Por isso o médium deve estar consciente do seu trabalho. Algumas perguntas não passam de fofocas e os guias não têm tempo a perder com este gênero.

Um guia que está dando passe não precisa conversar para saber do que é que a pessoa necessita; nem precisa colocar seu médium a par dos problemas que a afligem. Ele vai ajudar no que for possível.
A utilidade da consulta vem da necessidade que as pessoas têm de contar seus problemas a um amigo discreto, compreensivo e que pode lhe dar bons conselhos, esclarecendo dúvidas, ajudando de fato, explicando, encorajando, consolando. As pessoas precisam de um ouvido atento, de um amparo afetivo. Necessitam poder se abrir sem constrangimento.