sexta-feira, 29 de junho de 2018

Fui aceito num agrupamento de UMBANDA. Quanto tempo devo esperar para participar ativamente dos de trabalhos de assistência?

Seja o candidato, um iniciante ou um médium mais experimentado recém-chegado de alguma outra agremiação, haverá sempre um tempo de adaptação necessário e em ambos os casos é aconselhável que experienciem as sessões de desenvolvimento mediúnico do agrupamento.

As sessões de desenvolvimento, não servem exclusivamente para experimentação de energias, trata também de assuntos como disciplina interna, formato dos ritos, aprendizado evangélico e principalmente, permite aos candidatos tirarem suas dúvidas. Há mesmo quem se contraponha a ideia de um médium experimentado frequentar as giras de desenvolvimento e, por esta razão, sempre nos perguntamos se um guia ou protetor genuíno da nossa amada UMBANDA, fosse um espirito manifestado fluidicamente na condição de um preto-velho, caboclo ou criança, iria se opor a participar das regras e sistemas adotados para aprendizagem do grupo? Pensemos, se é o espírito “guia” ou “protetor” do médium que faz objeções ao estudo coletivo ou se estamos lidando com alguma espécie de imaturidade do aprendiz?

Deixemos de lado os casos excepcionais e as necessidades de dirigentes emproduzirem filhos-de-pemba com urgência. E nos concentremos naqueles que iniciam espontaneamente sua trajetória no movimento de UMBANDA. Somos da opinião que estes que aderem à atividades de um terreiro, devem expor suas dificuldades mais profundas, por meio de processos de acolhimento do grupo. Todos precisam encontrar um tratamento adequado às suas dores mais latentes, antes de servirem como pontes vivas entre dois mundos. Este esclarecimento inicial ao neófito é de extrema importância, pois, durante os atendimentos aos consulentes, por vezes, o iniciante será exposto a emoções, pensamentos e energias externas que poderão lhe ativar comportamentos a muito esquecidos. Para o devido esclarecimento, concluímos que o tempo  de 12 meses, participando e auxiliando dos afazeres da corrente mediúnica é suficiente para um primeiro momento de autodescoberta.

A fim de que possa, o candidato fazer parte da corrente mediúnica ele deve ser instruído pelos irmãos de corrente segundo todos os princípios adotados por aquela agremiação. Um breve elucidário impresso deve lhe ser entregue, com pequenas instruções iniciais e outras indicações devem ser feitas para sua melhor leitura. Neste tempo o dirigente irá avaliar e autorizar atividades ritualísticas, que, perpassam pelas rotinas internas do terreiro e outras que dizem respeito unicamente ao candidato.

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DEVE O INTERESSADO ADAPTAR-SE AO TERREIRO E NÃO O INVERSO. PORTANTO SE NESTA FASE NÃO PUDER INTROJETAR AS REGRAS E ATIVIDADES COMUNS, É IDEAL QUE AO FINAL DO SEU TRATAMENTO, DEIXE AS ROTINAS MEDIÚNICAS. PODENDO ASSUMIR ATIVIDADES FILANTRÓPICAS OU ADMINISTRATIVAS QUE SEJAM MANTIDAS PELO TERREIRO.
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É ideal que o candidato se disponha às vivências internas, a fim de ambientar-se com métodos que induzem aos estados alterados de consciência. Deve aprender os cânticos, os toques de atabaque (quando adotados), experiênciar os benzimentos e as defumações, deve ter contato com as folhas, as ervas e todos os outros elementos de rito. Todos estes “testes de aprendizado” podem acelerar o processo de manifestação mediúnica e neste caso o dirigente saberá como auxiliar, contudo é preciso que o médium ainda incipiente treine sua mente pelo aprendizado sistematizado oferecido pela agremiação.

Importante dizer que os dirigentes do terreiro e mesmo os “guias” ou “protetores” espirituais poderão sugerir uma ou outra atividade complementar para este ou aquele candidato, em função principalmente de suas perturbações nervosas; por exemplo: a caso em que a depressão ou a histeria tomam, a forma de “espíritos obsessores”, o que de fato não passa de uma doença física a ser socorrida por profissionais competentes. Estes doentes que se enquadram perfeitamente em casos narrados pela medicina terrena, se tornam improdutivos a corrente mediúnica, pondo mesmo em risco a integridade dos trabalhos.

A UMBANDA pode muito, mas não TUDO e seria uma afronta as LEIS NATURAIS nos determos em pormenores sobre as muitas patologias que são amplamente tratadas pela medicina do homem. Por esta razão defendemos a ideia de que o candidato, se proponha espontaneamente ao autotratamento, estudando a filosofia UMBANDISTA adotada pela agremiação e as regulações dos rituais internos do terreiro. E todas estas atividades irão propor ao candidato uma reflexão sobre as verdades do terreiro e da corrente mediúnica a que pretende se vincular.

Tarefas como arrumar, limpar, apoiar atividades externas serão sempre distribuídas em partes iguais, mas neste tempo de aprendizado é interessante que o candidato se voluntarie com frequência, a fim de acelerar seu aprendizado.

Um autêntico filho-de-fé, nascido com o compromisso de ser um medianeiro entre dois mundos pela mecânica de UMBANDA, deve ter em mente, que a manifestação mediúnica e sensações da presença dos espíritos podem ter dia e hora para acontecerem e mesmo “explodirem” como necessidade, mas, a formação do caráter do médium e a qualidade dos seus serviços nada tem haver com estas necessidades emergenciais.

Cabe exclusivamente ao médium neófito aprimorar seus saberes, compreender suas emoções e ampliar sua capacidade de servir de ponte viva entre os dois mundos. O médium haverá de desencarnar com muito ainda a aprender sobre as “verdades” que constituem nossa amada UMBANDA e portanto, não deve acreditar que poderá aprender algo sem o precioso estudo e o desinteressado serviço ao próximo.

                    Zio fio, não se preocupe! Estás ideias encontram resistência dos dois lados da vida, sempre achamos os que concordam e os que discordam, mas nóis também acha que a verdade tem compromisso com o sucesso e com a simplicidade. E se tudo que for estudado puder ser feito com amor, então este é mesmo um bom modo de começar. Zio fio, bem lembrou, não há forma final ou única, e a intenção é sempre a função principal de tudo.
Por fim, Ze Fio, concordamos que as pessoas precisam se tratar, antes de tentarem tratar arguém e que, se assim, não se dispuserem é porque estão mesmo precisando de ajuda. Nois do lado de cá, vivemos em tratamento e ainda precisamos de mais, por isso às vezes voltamos à carne, graças a benevolência de Nosso Senhô Jesus Cristo, assim é com todos.

Um saravá fraterno e juntos rogamos as bênçãos de pai Oxalá.


Muita Paz, Muita Luz.