sexta-feira, 29 de junho de 2018

POSSO FREQUENTAR OUTROS TERREIROS DE UMBANDA, CASAS ESPIRITUALISTAS OU ESPÍRITAS, MESMO FAZENDO PARTE DE UMA DETERMINADA AGREMIAÇÃO

Sim, você pode!


Neste breve ensaio, tentaremos compreender como este conceito vem corroendo diversos grupos de estudos e de práticas que buscam conexão com o Sagrado.

A fim de construirmos uma melhor resposta ao final deste breve ensaio, tomaremos como base de representação um atendimento fraterno. Independentemente da forma, do local ou das pessoas que se envolvam, certo está que esta atividade é a mais importante dentro de um agrupamento que se propõe ao socorro físico, mental ou espiritual.

O indivíduo que busca um atendimento fraterno, em qualquer modelo de agremiação deve, antes de tudo, determinar para si o que de fato está buscando tendo claro em sua mente o que realmente deseja. Mesmo nos raríssimos casos em que a razão do indivíduo não oferece suporte para a tomada de decisões, sempre encontraremos postos de atendimento no local procurado para estes esclarecimentos iniciais. Vencido este primeiro desafio e estando o indivíduo mais convicto de suas necessidades, então a agremiação poderá lançar mão de seus conhecimentos e recursos. 


Situação (1): em todo tipo de agremiação, ainda encontramos dirigentes1 que professam  os seguintes pensamentos: “... trabalhadores desta agremiação não podem frequentar ou trabalhar em outras agremiações...”. 

(a) se tivéssemos que tomar esta afirmação como sendo uma verdade, como poderíamos explicar a presença de ilustres espíritos atuando em diferentes searas? Como exemplo citamos digníssimo espírito que assume a roupagem fluídica de uma abadessa do século XVIII, sob o nome de Joana d´Angelis, e, mostrando-se profunda conhecedora da psique humana, dita inúmeras obras do gênero por meio de seu médium mais conhecido, Divaldo Franco, no mesmo espaço de tempo que assume na seara de Umbanda, a forma e os trejeitos de “vó Maria Conga”, desmanchando todo tipo de conjuro e trabalhos de baixa magia, como antiga feiticeira do Congo, além de ditar através de seu médium Norberto Peixoto outro conjunto de obras com explicações sublimes sobre as práticas de terreiro. E porque não citarmos o mestre JESUS, que é sincretizado na Umbanda como o Orixá Oxalá, e também considerado o grande mentor do movimento. Sendo Ele nosso mais perfeito exemplo, perguntamos: qual foi o nome da igreja que Ele instituiu? Lembramos que Ele atendeu a todos, em todos os lugares, e sem restrição de tempo. Teríamos mesmo a condição de nos distanciarmos de seu exemplo? E sob qual perspectiva este dirigente retira de seus tutelados a possibilidade de ampliar seus aprendizados? 

(b) estas afirmações proferidas pelo dirigente certamente resguardam profundos critérios técnicos e estão mergulhas em boas intenções, porém, como é de conhecimento comum a todos que se interessam por assuntos similares, que em planos superiores a espiritualidade é somente uma, não havendo qualquer separação como percebemos aqui neste plano de formas. Somos diariamente informados pelos espíritos que nos auxiliam em nossa jornada terrena sobre nossa estreita visão a respeito das verdades dos mundos de energias imponderáveis. Então, quais seriam os motivos que alicerçam tal assertiva? E no caso de ter sido o “guia” ou “protetor” que assim definiu, novamente perguntamos: qual a função de um “guia” ou “protetor” iluminado desejar não esclarecer seus tutelados? Talvez pudéssemos pensar que, ou estas diretrizes não são da espiritualidade maior, ou que os responsáveis pela comunicação não se sentem seguros em esmiuçar as mensagens deste ou daquele espírito.Voltamos a perguntar, qual seria a razão dos espíritos superiores não oferecerem explicações palatáveis? E ainda, sendo este plano de formas apenas uma cópia de mundos evoluídos, a guisa de precário rascunho, qual seria a justificativa de não recorrermos aos exemplos dos bons espíritos que participam em diferentes frentes de trabalho? 

(c) sobre qualquer indagação, ou frente a dúvidas geradas na agremiação, é necessário que o dirigente ofereça, por meio de seu conhecimento, argumentos sólidos para suas decisões. Cabe a ele instruir-se de literatura edificante e substancial para corroborar com as inspirações que lhe chegam, a fim de oferecer informações esclarecedoras a todos que se colocam na rota do aprendizado. Na era da informação e da comunicação extra-sensorial que jorra ao quatro cantos do planeta, ao nosso ver, este tem sido o principal movimento de enfraquecimento das agremiações. Os dirigentes preguiçosos ou vencidos pelo tempo não conseguem corresponder à necessidade de seus tutelados, muito em função do atrasado de seus conhecimentos. Normalmente tentam se impor pelo medo, pela ameaça e pela força do axé!

(d) interagindo com diversos dirigentes, e mesmo trabalhando sob a gestão de outros tantos, não nos é difícil perceber a presença do sentimento de medo, da insegurança e também a falta de compromisso de alguns dirigentes com baixo comprometimento. Respostas ensaiadas como “... foi o guia espiritual que assim determinou...”, ou “... aprendi assim...”, são um convite à subjugação, à manipulação e ao desagrupamento. Toda literatura de caráter edificante e vinda de fontes confiáveis nos mostra que espíritos comprometidos com a verdade incentivam seus tutelados a comparações. Eles não se mostram ofendidos quando uma instrução deles é checada de forma inteligente. Sendo assim, pensamos que alguns colegas de jornada não permitem a busca de conhecimento pelos seus tutelados ou, por que precisam esconder algo, ou, por não desejarem incorrer no risco de haver mais conhecimento no terreiro do que o dele próprio.
 
Concluindo este primeiro ponto, pensamos que a razão central deste cerceamento de oportunidades aos consulentes e trabalhadores por parte dos dirigentes menos esclarecidos acaba por determinar o desequilíbrio do grupo, a dispersão dos membros, por vezes a redução das atividades assistenciais, e por fim, anunciam a derrota daqueles que, ou assumiram, ou tinham a intenção de conduzirem almas ao seu mais breve adiantamento.

Estas reflexões não pretendem uma verdade absoluta sobre o assunto. São apenas um ponto inicial para estudos e indagações. Mas vejamos algo do ponto de vista dos trabalhadores de uma corrente de terreiro que desejam conhecer outros trabalhos de ordem espiritualista ou espírita.


Situação (2): o trabalhador de uma seara espírita ou espiritualista deseja conhecer outras formas de trabalho. Seu desejo é ardente e ele se coloca em aprendizado de forma simultânea apenas por sua decisão.

(a) a primeira gigantesca incoerência que visualizamos no interior de casas espíritas e espiritualistas é descrita certamente pela posição que determinados dirigentes assumem quando “descobrem” que fulano ou beltrano se colocaram em busca de outros saberes. Vejamos duas situações extremamente comuns: em um terreiro, determinado trabalhador que ocupa cargo na casa “pai-pequeno”, longe das atividades que cumpre com dignidade e amor no abaça, é também excelente orador em determinada comunidade espírita. Neste caso verídico, por quatro anos acompanhamos suas atividades com extrema dedicação e amor em diferentes locais, até que ao mesmo tempo, e ele foi denunciado pelas atividades correspondentes. No primeiro agrupamento, houve certo fervor e ações favoráveis, sendo oportunizado a ele novos trabalhos; no seu segundo exercício, foi-lhe retirado a oratória comum e ainda solicitado que ele optasse por uma ou por outra atividade sob alegação de conflitos energéticos e doutrinários. Em tempo, é preciso dizer que ele sempre exerceu funções dignificantes e caritativas em ambos locais, estando à frente de diversas atividades junto às comunidades. A primeira pergunta que fazemos é, sendo mesmo um problema essa dupla jornada, por que os espíritos mentores de um trabalho ou de outro não intervieram e não determinaram o fim desta dupla atuação? Os espíritos mentores de uma e outra agremiação ofereceram alguma restrição aos seus humildes e caritativos serviços? Então porque os dirigentes terrenos teriam feito isto? E, de fato, estes trabalhos ao longo destes anos não foram bons o suficiente? Teriam eles alterado o conteúdo após a simples revelação dos exercícios? E sendo esta a forma de resgate definida para esta alma, como poderia ele abrir mão destas atividades?

(b) a necessidade de buscar novos conteúdos nos parece algo próprio de todo ser humano. Trocamos de roupas, de automóvel, de cônjuge e até mesmo de ideologias ao longo de nossa jornada. Se somos seres espirituais em uma experiência humana, onde residiria a Verdade? Teria mesmo o Criador propositado a uma única agremiação a máxima verdade? Ou ela estaria fracionada e poderia ser encontrada em toda Sua obra?

(c) tendo o trabalhador atingido certo nível de conhecimento, por seu esforço e dedicação, não deveria ele ser encaminhado para outros aprendizados? Como ele poderia avaliar este momento? Quais são as rotinas que permitem o trabalhador conhecer as etapas que ainda deve cumprir nesta agremiação? Este é um assunto disponível, debatido e explicado pelo dirigente do terreiro? Se não, então como poderia aprender tais conceitos senão buscando em outras agremiações?

Finalizamos este segundo bloco afirmando que é natural e imperativo que o homem se descubra e se oportunize aos conhecimentos gerados pelo Criador.

De fato pensamos que a insegurança pessoal dos dirigentes, a falta de aprofundamento em estudos específicos, a ausência do convívio com outros pares e a dificuldade em aceitar a presença de novos saberes por parte dos trabalhadores, denunciam a falta de humildade de uma centena de dirigentes. Sugestionamos que estes revisem com suas agremiações modelos de avanço intelectual e moral, físico, emocional e espiritual, a fim de atender aos anseios dos diversos membros.

E para os trabalhadores que, neste momento de nosso ensaio, estão concluindo que somos adeptos as várias frentes de trabalho em diferentes agremiações, devemos esclarecer que, não vemos problemas em um indivíduo doar seu tempo e sua energia em diferentes frentes de trabalho. Mas, perguntamos a você: está mesmo pronto para fazer isso?

• você, cambono, que se oferece em trabalho semelhante em diversos terreiros, de fato já conhece todos os princípios magísticos que cobrem seu primeiro local de trabalho? Tem se esforçado para conhecer dentro da própria agremiação outras frentes de trabalho? Sua insatisfação é com o grupo ou com você? Todos do grupo estão errados e somente você está certo?

• você, médium de comunicação, consegue reconhecer todas as energias que lhe avizinham? Quando um amigo trabalhador desencarnado que se aproxima, você o reconhece? Se você desejar, consegue interagir com seu protetor ou guia de forma clara e objetiva? Você testa o conteúdo de suas comunicações? Com seu dirigente ou por meio de outras fontes seguras? Se não, porquê? Uma vez que os bons espíritos não têm problema com a verdade, qual o seu medo ou sua insegurança?

• você que é consulente e deseja “trocar” algo com a espiritualidade amiga, ou deseja favores materiais, e que visita inúmeras agremiações, já pensou nas leis de correspondência vibratória? Tão bem representadas nas sentenças evangélicas, como por exemplo, “dê a Cesar o que é de Cesar, e a meu Pai o que de meu Pai...” ou seja: o que é da matéria requer seu esforço, e o que é do espírito depende de seu coração. Compreendida esta simples ideia de matéria e não matéria, você ainda pensa que a espiritualidade possa intervir na matéria em seu favor? Ou através de você? E neste último caso, você tem cuidado de você? Se tornado uma antena melhor?

• você que deseja participar de uma nova agremiação, procure ser sincero e discuta esta possibilidade com seu atual dirigente, converse com seus amigos atuais de trabalho sobre sua intenção e perceba a experiência de outras pessoas que validaram estas experiências. Por fim, não esqueça de observar as regras internas da sua próxima agremiação, eles podem ter suas regras de conduta e você precisará conhece-las e se adequar.
Sim, você pode oferecer sua força de trabalho em diferentes lugares se você tem consciência plena de sua mediunidade, conhece os delicadíssimos meandros dos vórtices energéticos, manipula com consciência energias etéricas, mantém bom canal de comunicação com as inteligências que lhe guiam, e tem o Evangelho de Jesus revisado em sua memória. Se apenas uma destas requisições ainda não está completa em você, então, recomendamos que escolha uma única agremiação e estude tudo que tiver para estudar, aprenda tudo que tiver para aprender, participe de todas as frentes de trabalho, e por fim sirva com amor e carinho em todas as atividades disponíveis. Se depois destas experiências, e consciente de tudo, você desejar oferecer sua força de trabalho em outras agremiações, temos convicção que seu dirigente e aqueles que guiam você lhe ofertaram novas oportunidades.

Valorize o local onde está, ofereça sua força de trabalho com coração, e também não deixe de expor suas necessidades aos dirigentes. Eles saberão orientar você, ou mesmo dirigi-lo a outras experiências. 

Seja sempre sincero, ao determinar-se a outras experiências, peça auxilio a seu dirigente e a seus companheiros de trabalho e procure estar informado sobre as normas e diretrizes das agremiações que pretende participar, apesar de você desejar, pode ser que hajam impedimentos e você deve estar informado, portanto pesquise e se informe antes de qualquer ação. 

Por fim, procure lembrar-se de que, o espiritismo, a espiritualidade, o catolicismo, as igrejas evangélicas, as religiões orientais, só existem para a mais breve emancipação de sua alma, são como as diversas ferramentas que o pedreiro honesto e dedicado requisita para sua melhor obra. Elevado espírito nos orienta:“você encarna, para não ter que encarnar mais...”. Você que está encarnado mais uma vez para novos aprendizados, então aprenda algo sobre as artes e diferentes filosofias, reserve um tempo para entregar seu tempo a quem precisa, dedique-se ao seu corpo, encontre pessoas engraçadas e delete de sua agenda pessoas ácidas. Desista de mudar as pessoas, reúna recursos e conheça lugares novos, flores com odores exóticos e por fim, não se esqueça de revisar os exemplos do mestre Jesus.

SEJA LIVRE E OFEREÇA LIBERDADE. 

Todas as criações derivam de um ponto Único, por esta simples razão, não pode Ela ser má ou boa, ela é o que precisa ser, tudo esta no seu local correto de forma correta, então: você que coordena, incentive! você que ainda é um aprendiz, estude! E juntos, encontrem uma forma de não mais encarnarem, e somente isso é realmente importante.