segunda-feira, 11 de junho de 2018

A ALQUIMIA DE NOSTRADAMUS




Michel de Nostredame ou Miquèl de Nostradama, nascido em em St. Remy, França (14 de dezembro de 1503 - 1566). Seu pai era tabelião e seus dois avôs médicos. Foi seu avô, que também era cabalista, que ficou responsável por sua educação, ensinando-lhe desde cedo astrologia. Diplomou-se em Avignon como mestre em Artes, estudando literatura, história, filosofia, gramática e retórica. Sua família era judia e Nostradamus teve que se converter ao catolicismo para fugir da Inquisição.

Cursou medicina em Montpellier, onde ingressou com dezoito anos, em 1523. Tornou-se amigo de François Rabelais. Recebeu o título de doutor em 1533, e latinizou seu nome para Miguel de Nostradamus. 

Apoiado pelo alquimista Julius César Scalinger que o levou a conhecer suas pesquisas alquímicas, Nostradamus iniciou seus estudos ainda jovem, casando-se mais tarde com Marie Auberligne, grande estudiosa dos assuntos ocultos e auxiliar de Scalinger em seus experimentos. Nostradamus utilizava a biblioteca escondida de Scalinger, porque nesse tempo era proibida qualquer prática alquímica.

Escritas em linguagem simbólica, as Profecias de Nostradamus escondem, em diversas quadras, a sabedoria esotérica preservada pelos iniciados na arte da alquimia.

Pouca gente sabe que o médico e astrólogo Michel de Notredame levava particularmente uma vida secreta regrada pela excelsa tradição dos alquimistas. Seguiu à risca todos os seus preceitos, exceto aquele que pede a preservação do anonimato em suas vidas.

Foi um dos principais médicos a se envolver no combate à terrível peste negra que assolava a Europa, mais precisamente o sul da França, na primeira metade do século XVI. 

Teve dois filhos e um trágico desfecho, sua mulher e filhos contraíram a peste e faleceram. Nostradamus ficou desolado e recluso na Bretanha, na floresta de Brocelândia, conhecida como a residência do Mago Merlin. Após isso passou um período de intensas viagens.

Em 1546 combateu novamente a peste, desta vez em Provence onde residia o seu irmão que era prefeito da cidade, obtendo ótimos resultados, utilizou técnicas e conhecimentos que anteciparam em 300 anos as descobertas de Pasteur. Associando a transmissão da peste a microrganismos, desinfetou ruas e casas, queimou os mortos e suas roupas, além de desenvolver medicamentos de animais e vegetais. 

Casou-se com Anne Posard uma viúva de 27 anos e tiveram seis filhos. Trabalhava durante o dia como médico, e durante as noites escrevia as suas professias. Ensinou sua mulher e cunhada a fazerem perfumes que ficaram famosos.

Publicou a primeira edição das Centurias em 1555 e a previsão que o tornou famoso, o anúncio da morte do rei da França Henrique II em um duelo a cavalo, que se concretizou três anos depois. Conquistou a admiração da rainha Catarina de Médicis esposa de Enrique II, obtendo assim sua proteção, conseguindo escapar da inquisição. 

Na IV Centúria, quadras 28, 29, 30, 31 e 33, raro ponto do extenso livro em que as quadras alquímicas se acham assim concentradas, muito próximas. Outras mais se dispersam ao longo de toda a obra. 

Na quadra 29, acima citada: 

(“O Sol estará eclipsado por Mercúrio, 
Não estará posto senão em céu segundo: 
De Vulcano Hermes será feito pastor [ou pasto], 
Sol será visto puro, rutilante e dourado.”) 

Genericamente falando, a simbologia alquímica nos leva à imagem do chumbo, metal denso e pesado, associado aos aspectos mais brutos de nosso psiquismo, sendo transformado em ouro pela ação parcimoniosa do alquimista. Ora et Labora (ou seja, “oração e trabalho”) é uma das principais máximas dos iniciados em seus mistérios. Daí vem o termo laboratório (labor, trabalho; oratório, lugar de orações), a designar para os alquimistas tanto o local de pesquisas e estudo da natureza, como também o sentido de suas buscas. 

Nessa temática, o elemento ouro, metal nobre e incorruptível, representa o ideal de perfeição almejado. Puro e reluzente, acha-se simbolicamente ligado a tudo aquilo que brilha dentro de nós. Representaria assim nossos melhores aspectos, ou mesmo a divindade, essencialmente presente em toda e qualquer parte do universo, inclusive em nosso mundo interior, onde se escondem em suas partes mais profundas outros inúmeros aspectos terríveis e grotescos que esperam por sua delapidação, isto é, pela transmutação capaz de lhes (nos) aprimorar o espírito. 

Os alquimistas dedicavam-se, exclusivamente, à edificação da Opus Magna, ou “Grande Obra”, na linguagem esotérica. Isso nada mais significa do que a responsabilidade atribuída a cada um de edificar a própria vida, que deveria estar destinada ao aprimoramento pessoal. Daí ser fundamental a procura pela pedra filosofal, espécie de catalisador espiritual de todo o processo alquímico, capaz de acelerar a transmutação do chumbo em ouro. 


A imagem da pedra filosofal, na verdade, está associada ao deus grego Hermes (Mercúrio para os romanos), personagem mitológico que se comporta como “mensageiro de Zeus”, a servir de elo entre nós, seres humanos, e a suprema divindade. A pedra viabilizaria, portanto, a descoberta do elemento áureo ou divino que trazemos em nosso âmago, cujo poder é o de nos transformar para algo melhor, sutil e valioso.

Na Biblioteca Nacional de Paris e na Biblioteca Méjanes de Aix-en-Provence estão guardadas 51 cartas, entre enviadas e recebidas, datadas entre 1557 e 1565, nas quais Nostradamus se declara alquimista, ainda que de modo reservado, somente entre seus pares, para não despertar maiores problemas do que os que já tivera com a Santa Inquisição.