História de Marcelo!
Desencarnei aos 23 anos, e quando encarnado, tinham muitas coisas acontecendo no meu mundo que me incomodava.
Minha mãe era doméstica e me levava para trabalhar junto, pois não tinha escola pra mim.Meu pai foi embora, eu ainda não tinha nascido. Era só eu e mamãe. Eu amava muito minha mãezinha e a respeitava muito, pois ela trabalhava muito pra me criar.
A patroa da minha mãe deixava eu ficar na casa e até brincar com a sua filha especial, seu nome era Clara.
Por um bom tempo ela não andava, só na cadeira de rodas, mas nos divertíamos no jardim com os cachorros.
Clara era muito inteligente. Ela me ensinou até a ler. Com os recursos que os pais dela tinham e podiam pagar médicos, logo ela conseguiu andar se apoiando.
A patroa da minha mãe era generosa, pagava escola pra mim, pois ela pensava que eu fazia bem para Clara. Na escola, sentia forte o preconceito com Clara por ela ter deficiência para andar e isso me aborrecia.
Sempre conversava com a minha mamãe quando chegava em casa, ela sempre me aconselhava e me orientava que devemos respeitar as diferenças, pois cada um de nós está na Terra para aprendizado.
A parte do respeito eu entendia, mas aprendizado?
- Mamãe, o que quer dizer com aprendizado?
Ela explicava:
- Meu filho, nada acontece por acaso. Veja, Clara escolheu vir nessa condição, nessa dificuldade para andar.
Perguntei:
- Mamãe, como alguém pode escolher não andar direito?
- Meu filho, você é tão pequeno para entender muitas coisas, mas com o tempo, vou te ensinando!
E o tempo passou...
Eu e Clara crescemos, eu gostava dela como uma irmã. Ela quase não tinha amigos, falava pouco, eu era o único amigo que ela tinha.
Quando Clara estava com 15 anos, começou a ter sonhos que a pertubavam muito. Ela me contava e eu preocupado, contava pra mamãe e ficava lembrando como podemos escolher coisas para nossa vida.
Eu e mamãe passamos a morar na casa da patroa, pois era grande, tinha lugar pra nós.
Um dia, eu estudava no quarto, ouvi Clara conversar, saí do meu quarto e vi ela conversando com um homem. Me assustei:
- Quem é esse homem?
Mas quando olhei, Clara estava na cama dormindo.
- Nossa, fiquei confuso!
Saí do quarto dela e voltei para o meu e vi o meu corpo sentado com o livro na mão. E de repente acordei. Pensei:
- Nossa, que sonho maluco, acho que estou cansado, vou dormir!
Depois perguntei pra mamãe, ela explicou:
- Filho, quando dormimos, o Espírito se liberta parcialmente do corpo e se encontra com outros Espíritos que estiverem na mesma vibração que você. Por isso é importante orar antes de dormir.
Passou dias e constantemente aquilo acontecia, eu saía do corpo dormindo e me encontrava com Clara. Sempre tinham mais pessoas na casa, pessoas que eu não conhecia. Comecei a interagir com elas.
Eu e Clara, nos reuníamos com todos para conversar, mas chegou um tempo que eu não sabia se era sonho ou realidade.
Tudo ficou confuso, estudar passou a ser um desafio para mim, porque aquele pessoal do sonho vinha todo tempo conversando pela casa e não me deixavam estudar. Mas isso, não contei para mamãe, fiquei com medo. Mas ela percebeu e perguntou:
- Meu filho, sinto você distante, parece perdido, o que está acontecendo? Você anda sonhando aqueles sonhos estranhos?
Respondi:
- As vezes, mas tá tudo bem! Já faz tanto tempo que moramos com a sua patroa, está na hora de nos mudar, tem gente demais nessa casa! Antes eram poucas pessoas, agora todos os amigos de Clara vem e fazem muito barulho!
Mamãe me olhou:
- Que amigos? Quem é Clara?
Eu olhei para mamãe e disse:
- Clara, a filha da patroa!
- Meu filho, Clara não mora mais entre nós!
Perguntei:
- Mora onde?
- Meu bem, Clara faleceu, lembra?
Fiquei pensando:
- Nossa! Por que mamãe está falando isso, todos os dias eu converso com Clara.
Pensei que talvez mamãe está cansada, trabalhou tanto nessa casa tão grande e agora Clara recebeu tantas visitas...
E no dia seguinte, mamãe veio conversar comigo:
- Quero que você me fale desses sonhos!
Respondi:
- É sonho! Você não vê a Clara o tempo todo comigo e os amigos dela?
Mamãe se calou. Eu tinha convicção do que eu vivia. Então ela me falou:
- Querido, lembra que a patroa foi viajar para o exterior, só ficou os empregados que cuidam do jardim, eu e você!
E me perguntou:
- Você está usando algum entorpecente?
Respondi:
- Nunca, eu não gosto de drogas, nada que possa prejudicar minha saúde.
- Meu filho, desde quando você vê essas pessoas?
- Desde sempre, Clara e eu brincávamos no jardim e depois nós crescemos e ela deixou a cadeira de rodas.
Mamãe colocou a mão na cabeça e não soube me responder:
- Meu querido, por que você não me falou isso antes, que você via pessoas desencarnadas, eu tinha procurado ajuda!
- Mamãe, eu não sou louco! Faz anos que eu e Clara somos amigos, na verdade, mais que isso, eu gosto dela, mas não tive coragem de falar!
Mamãe ficou pálida e chamou uma senhora amiga pra conversar sobre o assunto. Então a senhora falou:
- Seu filho sai do corpo e vive isso como se fosse real pra ele. Há quanto tempo Clara desencarnou?
- Dez anos. Todo esse tempo ele vê ela como se fosse encarnada.
Depois de conversar com a senhora, mamãe veio me falar:
- Filho, você sai do corpo e não percebe e convive com pessoas que desencarnaram e ainda não aceitaram ir para um lugar destinado á elas!
Respondi:
- Impossível, a senhora deve estar cansada e por isso não entende. Clara vai comigo todos os dias pra aula, almoçamos juntos, passeamos no jardim, não estou louco!
Mamãe decidiu falar com a patroa e pediu que por favor, ela falasse comigo. Então ela me contou que Clara desencarnou aos 5 anos de idade e ela viajou para o exterior, pois estava muito triste e a casa ficou vazia sem a Clarinha, e me deu provas concretas de que estava falando a verdade. Pensei:
- Meus Deus! Como isso é possível? Como vou viver sem Clara?
Mas por mais que falassem, eu continuava a ver e a conversar com Clara.
Tudo estava confuso na minha mente. Mamãe não sabia como me ajudar. Me levou em vários lugares pra receber orações, mas nada dava jeito.
Os anos foram passando e as pessoas me olhavam como se eu fosse louco.
Mamãe foi na escola conversar com as professoras para saber como que eu me comportava. Mas ela foi conversar com a escola que eu frequentava quando criança e eu já estava com quase 16 anos quando mamãe ficou sabendo.
A Dona Alice falou:
- Marcelo sempre foi diferente. Silencioso, muitas vezes conversava sozinho, como se tivesse alguém do seu lado, mas as crianças gostam de fantasiar muito. Mas ele, até seus doze anos aqui nesta escola, sempre conversou sozinho e afastado das outras crianças.
A minha querida mãe foi em muitos lugares a procura de respostas.
Eu já estava com vinte anos e falava que eu e Clara estávamos apaixonados e iríamos nos casar assim que eu terminasse a faculdade.
Quanto mais me falavam que o que eu vivia com Clara era uma ilusão, mais para mim era real.
Um dia foi dito á minha mãe que eu poderia enlouquecer, pois eu estava vivendo em um mundo que só eu conhecia, só na minha mente, que nada daquilo era real.
Depois de tudo isso, mamãe cansada e preocupada comigo disse:
- Vamos nos mudar dessa casa. Moramos aqui e trabalhamos já há muito tempo. Está perto de você se formar.
Respondi á ela:
- Agora eu não vou! Agora não! Eu e Clara vamos nos casar. Quero que seja no jardim onde brincávamos quando criança!
Eu amava Clara, mas ninguém entendia isso.
Uma vez aborrecido com a situação, fui para meu quarto descansar. Clara me esperava. Ela estava estranha, não parecia a mesma pessoa. Estava agressiva, disse pra mim:
- Cansei de te esperar, tome uma atitude!
Naquele momento percebi que não era ela. Me assustei, ela falou:
- Você sempre foi assim, não toma atitude!
- Que atitude? E fiquei incomodado com a presença dela. Então me falou:
- Então se você me ama, prove!
- Provar? O que você quer dizer?
Continuou Clara:
- Você acredita em mim ou na sua mãe? Ela pensa que você está louco, todo mundo pensa isso. Está na hora de você vir comigo!
- Ir pra onde?
Ela me deu um copo e disse:
- Beba isso!
Mas naquele momento mamãe entrou no quarto e perguntou:
- Com quem você conversa? E pegou o copo:
- O que você está bebendo?
Respondi:
- A Clara me deu, estávamos discutindo, todo casal discute!
Mamãe ficou pálida, pegou o copo e saiu para a cozinha descobrir o que tinha.
Chamou o jardineiro que veio correndo, pois mamãe gritava por ele. Então o que tinha no copo era veneno para as plantas. O jardineiro falou:
- Outra vez Marcelo pegou isso?
Respondi para Tião:
- Foi a Clara!
- Misericórdia, Clara desencarnou há mais de dezoito anos, esse menino precisa de ajuda Espiritual.
Depois que mamãe descobriu que eu sempre tentava tomar o remédio das plantas, me levou ao psiquiatra e contou toda a minha história pra ele, que me indicou uma psicóloga.
Em uma consulta com a psicóloga, ela me perguntou:
- O que Clara representa pra você?
Respondi:
- Tudo, apesar que agora ela quer me levar pro mundo dela!
- Qual mundo?
- Eu não sei, ela sempre foi doce comigo, agora o semblante dela mudou, parece que está sempre com ódio. Eu não fiz nada de errado pra ela!
A psicóloga me perguntou:
- Você lembra o dia que Clara desencarnou?
Respondi:
- Ela não morreu! Todos falam isso, mas ela sempre está comigo!
- Desde quando?
- Desde sempre!
- Marcelo, você viu Clara crescer?
- Vi, cresci junto com ela!
- Marcelo, todos que te conhecem e que te amam, querem te ajudar. Por que você sempre tenta tomar remédios de plantas?
Respondi:
- Quando eu e Clara brincávamos no jardim quando criança, ela tomava remédio de plantas e não fazia mal.
Então a minha mãe explicou para a psicóloga que Clara tomava muitos remédios, pois passava por um tratamento para leucemia e que eu sempre falava á ela que as plantas também tomavam remédios para ficarem bonitas e crescerem.
- E isso deve ter ficado gravado no subconsciente de Marcelo. Penso também que meu filho não aceitou o falecimento da Clara, mas ainda não tenho explicações para o que acontece com a mente do meu filho.
Marcelo ficou em tratamento com o psiquiatra e psicóloga, mas continuava distante.
Além de continuar distante, muitas vezes conversando sozinho, Marcelo explicava à mãe:
- Eu não estou conversando sozinho, eu e Clara somos namorados!
Mamãe percebeu que eu estava enlouquecendo, pois eu discutia, brigava sozinho. Os remédios do psiquiatra, ajudavam a me acalmar, mas não mudavam a minha mente e mamãe não queria me internar.
Foi então que apareceu uma senhora que tinha mediunidade, simples e bondosa que morava em um sítio. Muitos iam até ela pra pedir ajuda. Nesse sítio tinham muitas plantas. Ela doava essas plantas para fazer chás.
Quando cheguei nesse local com a minha mãe, tinha uma fila de pessoas para serem atendidas, muitas crianças.
Essa senhora simples e iluminada, fazia uma oração com ramos de uma planta perfumada que se chamava alfazema. Quando estava perto de chegar a minha vez, Clara apareceu:
- Você não vai conversar com ela, pois ela vai me levar embora, eu não quero ir!
Naquele momento chegou a minha vez, Clara não quis entrar comigo, então eu entrei, me sentei em frente a senhora e mamãe começou a contar o que acontecia comigo.
Então a bondosa senhora me falou:
- Assim como você, quando eu era criança, eu também via espíritos. Eu respondi:
- Eu não vejo Espírito! A senhora sorriu e explicou para mamãe o que estava acontecendo comigo. Disse:
- Seu filho e Clara se tornaram amigos na infância. Clara desencarnou e foi levada por Mentores de Luz para uma Colônia Espiritual. Quem apareceu para ele é um Espírito de vidas passadas. Ela se aproveitou dos sentimentos que Marcelo tinha por Clara e como ele tem facilidade para ver espíritos, ela foi colocando na mente dele que ela era a Clara para convencê-lo disso.
E conseguiu.
A senhora continuou:
- Esse Espírito que acompanha ele desde a infância, viveu com ele na encarnação passada e não o perdoou pela traição e pelo ódio que ela sente por ele, por ter sido trocada por outra.
Mamãe falou:
- Mas como vamos resolver isso? E como esse Espírito conhece Marcelo?
A senhora explicou:
- Um Espírito reconhece o outro Espírito mesmo que esteja em outra roupagem, em outra fisionomia. Quando não perdoamos, vagamos pelo tempo sem perceber. Essa jovem está nessa condição há mais de 60 anos vagando pela escuridão da vingança.
- O que ela pretende?
- Confundir a mente dele a ponto dele enlouquecer. A mente dele foi por muito tempo manipulada por essa energia ruim. O seu filho precisa vir mais vezes aqui, pois o Espírito que acompanha ele, não quis entrar e vai continuar atuando na mente dele. O seu filho não consegue mais viver a realidade, pois ele não a viveu.
Mamãe perguntou:
- O que esse Espírito quer? Por que não deixa Marcelo em paz? É um bom menino!!!
A senhora explicou:
- A lei da ação e reação. No passado, ele foi cruel com essa moça. Por anos namorou ela, tudo preparado para o grande dia do casamento. Ela vestida de noiva e no ventre dela, uma sementinha desse amor, ela estava de três meses de gravidez. Esse bebezinho já tinha escolhido vir nessa família, escolheu o pai, a mãe para seu crescimento espiritual. Tudo estava pronto, menos ele que fugiu no dia do casamento. Estava apaixonado por outra moça. A noiva por horas e horas esperou no altar. Quando todos os convidados foram embora, ela tomou um pesticida forte, um veneno para a lavoura e desencarnou. E todo o desiquilibrio emocional dessa noiva, até hoje ela alimentava o ódio por Marcelo, por isso quer se vingar. Ela precisa perdoar ele.
Mamãe ouvindo todas essas informações, pensou:
- Meu Deus! Nunca imaginei que fosse isso!
A senhora pediu para eu orar e pedir perdão á esse Espírito para ela aceitar a ajuda de um Mentor de Luz.
Voltamos para casa e comecei a refletir sobre tudo o que ouvi. Entrei no meu quarto e comecei a orar quando vi Clara, na verdade, não era Clara o nome dela, ela usou esse nome pra me enganar.
Orei e disse:
- Fiz mal á você em outra vida, me perdoe, fui um fraco. Agora com as explicações daquela senhora, fui percebendo melhor o que eu não via antes. Com a energia boa que recebi e as orações, percebi que aquele Espírito era bem diferente do que até então eu acreditava ser Clara. Consegui ver o sofrimento dela, implorei que ela me perdoasse, mas senti forte ela me olhando com raiva.
Voltamos na semana seguinte naquela senhora. Quando entrei para conversar, percebi que homens e mulheres iluminados estavam ali em uma energia boa. Enquanto a senhora orava, vinham sobre mim luzes coloridas de um suave perfume de lavanda. Então percebi que um Espírito iluminado se aproximou de Clara, tocou na cabeça dela, abraçou-a e ela sumiu.
E a senhora explicou:
- Meu filho, ela aceitou te deixar e seguir com os Mentores de Luz para uma Colônia de recuperação. Você agora está livre dessa obsessão. Não vai mais ver Espíritos pra te perturbar. Ela fazia você ver ela e outros Espíritos. Agora você não vai mais ver, segue na Luz.
A minha mãe não tinha palavras pra agradecer àquela senhora que me ajudou. Quando voltei para casa não vi mais Clara.
Como eu não tinha vida social, não tinha amigos, precisava mudar minha vida.
Eu não sabia que tinha um problema de coração, era tão jovem...
Eu gostei dos ensinamentos daquela senhora, que passei a frequentar mais. Eu queria agradecer, então fui ajudar, cuidava das plantas que eram remédios para as crianças e adultos. Eu gostava da energia daquele lugar.
Passei a ajudá-la a organizar as filas de pessoas que ela atendia por dia. Muitos levavam doações pra ela, que dividia essas doações com quem precisava. Eu amava participar e ajudar, mas as palpitações no meu coração me incomodavam. Então essa senhora que eu passei a ajudar falou:
- Marcelo, nada acontece por acaso. Você escolheu um período curto na Terra. Veja, você queria muito reparar o mal que cometeu com a sua noiva do passado, mas ela nunca aceitava ajuda Espiritual. Você reencarnou, escolheu ser honesto, não teve na verdade nenhuma namorada, sendo que a vida passada foi muito namorador, você evoluiu nesse sentido. Breve você deve retornar para a Espitualidade devido a esse problema cardíaco. Então você pode projetar uma nova experiência com a sua noiva do passado.
Eu contei tudo isso pra minha mãe, ela compreendia. Foi então que ela se casou com o jardineiro. Preparei minha mãe para a partida.
E aconteceu.
Desencarnei com 23 anos, fui ajudado por Mentores que cuidaram de mim por muito tempo.
Em gratidão á eles, trabalhei muito ajudando no que era preciso nas Colônias Espirituais e agora vou reencarnar com a minha noiva do passado.
Quero ser bom pra ela e o filho que ela esperava quando desencarnou, voltará pra ela.
Deus em sua misericórdia, nos dá sempre uma nova chance de sermos melhores.
Psicografado por Sonia Lopes, Escritora da Espiritualidade