Primeiramente vamos entender o que é um oratório, O oratório (do latim oratoriu) – nicho ou armário com imagens religiosas, de origem medieval, é concebido como um tipo de capela particular em que reis e nobres realizam suas orações, e, freqüentado em seguida também por associações religiosas leigas. Ligado, de início, ao modo de vida das camadas abastadas, o hábito de ter altares particulares logo se dissemina pelos mais variados estratos sociais. O oratório chega ao Brasil com os portugueses e sofre adaptações de acordo com as formas de vida local. No Brasil colonial, essas peças religiosas estão presentes nas fazendas, senzalas e sobrados urbanos. Parte do equipamento da casa colonial, o oratório – que substitui progressivamente as capelas anexas às fazendas – é introduzido nas residências, colocado em nichos nas paredes ou nos quartos para uso individual. A presença dos oratórios dentro das casas e o hábito de rezar individualmente sinalizam uma “vida íntima em ascensão”, nas palavras da historiadora Leila Mezan Algranti, e fornecem ainda elementos para a compreensão das formas de religiosidade na colônia, oriundas da mescla de tradições culturais distintas. Na forma, no estilo e na decoração, os oratórios brasileiros permitem aferir as diferenças entre as classes sociais – os oratórios de salão, das camadas abastadas e os populares -, bem como as marcas do sincretismo religioso e estético reinante no Brasil dos séculos XVII, XVIII e XIX. Como indica o antropólogo Luis Mott: “Apesar de os oratórios e santos de casa serem bentos e abençoados pelo vigário ou missionário em suas visitas residenciais, nem sempre a relação dos moradores com tais simulacros seguia as normas permitidas pela ortodoxia católica”. Assim, o oratório, “espécie de relicário”, diz Mott, reúne imagens dos santos e talismãs de toda ordem: “pedacinhos de osso de algum santo”, “um bocadinho de leite em pó de Nossa Senhora”, “palha benta do Domingo de Ramos”, medalhinhas, escapulários etc. As devoções afro-brasileiras, por sua vez, associam-se às da Igreja Católica na religiosidade popular; São Jorge, São Cosme e São Damião e São Benedito, por exemplo, convivem freqüentemente nos oratórios com elementos do candomblé. Na realidade nos oratórios em um momento de necessidade qualquer pessoa poderia orar nele.
Muito bem, voltando…
Quando dizemos que um médium é cabeça de oratório quer dizer que várias pessoas já mexeram com sua mediunidade, vamos analisar alguns pontos porque isso acontece.
1º O MÉDIUM NÃO PERMANECE EM NENHUMA CASA Infelizmente alguns médiuns por ns. motivos ficam mudando de terreiro em terreiro, e em cada terreiro que ele passa lhe é feito ritos, é seguido fundamentos e doutrinas diferentes, ressaltando que isso é compreensível porque cada casa tem suas raízes e história. Mas vamos analisar porque isso acontece, um dos motivos é que muitas vezes quando a mediunidade começa a se tornar mais aflorada o médium na ânsia de começar a freqüentar uma casa religiosa e acabar muitas vezes com aqueles sintomas que no começo não são agradáveis acaba pulando etapas que são extremamente necessárias.Para que de certa forma se evite esse problema observe alguns detalhes: – O médium vai a uma casa religiosa, chegando lá, fica encantado com tudo, e no mesmo dia já chega ao dirigente e quer entrar na corrente no próximo trabalho, ou o próprio dirigente logo de cara já o coloca na corrente, ai está um grande problema que passa despercebida na hora da empolgação, nenhum zelador idôneo e sério vai fazer isso, porque ele sabe perfeitamente que aquele médium precisa conhecer no mínimo a casa para averiguar se o ritmo, a doutrina e as diretrizes da casa é o que realmente procura, nenhum zelador responsável quer número ele quer qualidade, médiuns sérios e comprometidos. O médium antes de iniciar em uma casa ele no mínimo tem que assistir vários trabalhos da casa, e observar alguns detalhes como a doutrina, como esse zelador se relaciona com o corpo mediúnico, como o corpo mediúnico se relaciona entre si, verificar se existe respeito, comprometimento e seriedade para com a espiritualidade. Nenhum zelador experiente vai ficar colocando médiuns a torto e a direito dentro da sua corrente porque ele não quer perder seu tempo e nem quer que o outro perca o dele. Quando um médium vai entrar em uma corrente a toda uma série de firmezas e preparações para o melhor equilíbrio desse novo integrante dentro da corrente. O TERREIRO É UMA FAMÍLIA. O que muitas vezes acontece é que o médium ansioso não quer esperar essas etapas, muitas vezes ele precisa passar por um tratamento espiritual e tudo isso leva tempo, um tempo que muitos médiuns não querem ter que passar, ai acabam desistindo de uma casa idônea para entrar na primeira que aparecer que supra seus anseios e vaidade e é ai que começa os problemas. Quando o filho entra na gira depois de uns dias, depois da empolgação inicial, ele começa a perceber que nem tudo é flores, que ele tem deveres dentro da casa, que há preceitos e responsabilidades que deverão ser seguidas a risca, por outro lado muitas vezes percebe que o zelador não trata seus filhos com respeito, os maltrata, em alguns casos até os agride, no começo ele fica quietinho no canto, observando na esperança que aquilo seja só algo de momento que irá passar, até que um dia acontece com ele, nesse momento se sente humilhado e desgostoso e sai da casa, aprendendo uma dura lição.
2ª JOGO DE BÚZIOS: o Oráculo do búzios é um oráculo que pertence à nação do Candomblé, onde os filhos passam por várias etapas até que possam receber essa missão, mas observem também que isso é um dom, e dom não se compra se nasce com ele. Hoje por outro lado vemos vários cursos de meses até, ensinando a jogar búzios, e em minha opinião é ai onde mora o grande perigo, porque qualquer pessoa tendo dom ou não está jogando. Um médium, por exemplo, ele vai a um lugar da um orixá X, vai a outro e dá o orixá Y e assim por diante, agora imaginem o filho que fica de casa em casa, e em cada lugar ele faz uma obrigação diferente. Um médium mais velho tem o discernimento de parar e pensar, será isso mesmo? Mas já um neófito.. não. Até ele cair à ficha já gastou muito dinheiro e já ralou muito.
3º TEMPERAMENTO: um terceiro aspecto que vejo é o temperamento do médium, muitos médiuns mal estão incorporando suas entidades já se acham auto-suficientes, deixam que o ego tome conta, que a arrogância e prepotência se infle, já não possuem o respeito de outrora, já querem abrir suas casas, desprezando muitas vezes aqueles que lhe ensinaram o BABA, nesses casos muitas vezes com suas casas já abertas começam a cometer erros graves, mexem com as mediunidades alheias de uma forma irresponsável, provocando choques energéticos perigosos e com o tempo acabam fechando suas casas, onde começa a correria de terreiro em terreiro para corrigir o que ele mesmo provocou. Na realidade a Força de Pemba nesse caso impera.
4º AMBIÇÃO: o médium começa a procurar zeladores que possam suprir seus egos, pagam verdadeiras fortunas por uma mediunidade extra-sensorial, fazendo ns.. obrigações de tudo que é tipo e jeito, não importando para eles o orixá, as entidades, ele quer o nome o status. Com o tempo ele percebe que aquilo foi tudo tempo perdido, que a mediunidade já não é a mesma, praticamente inexistente sucumbiu à vaidade. Onde entra o 5º item a MISTIFICAÇÃO.
5º MISTIFICAÇÃO: sabemos que tem dois tipos de mistificação à provocada por um espírito enganador, embusteiro, quiumba e a que é provocada com plena consciência do próprio médium, as duas são terríveis. Porque quando o médium se enxerga impotente diante de tantas e tantas coisas erradas ele acaba abrindo canal para entidades nefastas (entidade nenhuma idônea compactua com o mal) e porque não quer muitas vezes admitir que não seja o mesmo e se redimir acaba mistificando na ânsia de mostrar aos demais que ainda é o médium de outrora. Nesse caso chegou ao fim do poço. Muitos ainda conseguem se redimir procuram uma boa casa, pedem o perdão para o espiritual e voltam a ser o que eram, mas infelizmente outros não. As entidades nunca abandonam seus médiuns sempre ficam ansiosos para que os médiuns tenham consciência de seus atos, se redimam para que elas possam lhes influenciar novamente para o bem.
Poderíamos relatar vários outros itens como a falta de comprometimento em que o médium fica no terreiro até a hora que não se exija muito dele, o médium ausente aquele que aparece só em dias de festa na casa etc.
O que os médiuns precisam entender que não é bom ficar pulando de casa em casa, é maravilhoso ter raízes, ter uma história para contar. É claro que nem tudo depende unicamente dos médiuns muitos fatores acontecem na vida que leva um médium a sair de uma casa, mas no caso em questão estou falando daqueles médiuns que ficam três meses em uma, cinco em outra, o médium antes de respeitar um zelador ele tem que se dar o respeito e o devido valor e quando falo nisso ressalto que ele precisa ter consideração com suas entidades e saber que quem escolhe terreiro são seus guias e não ele, ele é um instrumento das entidades. Eu costumo dizer que toda experiência ruim de fato é boa, porque nos ensina a separar o joio do trigo.
O médium tem que ser prudente saber que não se conquista uma história, sem estudo, sem experiência de chão de terreiro, todas as etapas de uma trajetória mediúnica são importantes, se pular uma no final ela fará falta é simples assim. O médium precisa ser humilde nessa trajetória, lembrando que humildade não está associada à classe social e financeira, saber ouvir, perguntar muito, porque é como se diz um bom filho será sempre um bom pai. A palavra chave é PRUDÊNCIA, pessoal observem com mais cautela antes de ingressar em uma casa religiosa, converse com as entidades chefes da casa, com os zeladores, veja a dinâmica da casa, a doutrina, tente antes de tudo saber seus direitos e deveres. Não tenha medo nunca de perguntar, um bom zelador tem satisfação em esclarecer sobre mediunidade, sobre espiritualidade, além do mais é sua missão, sua paixão de vida. Lembrando aquele zelador será seu berço e o que ele mais quer é que você cumpra com seu mandato mediúnico da melhor forma.
Cristina Alves. Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira