MITOS E VERDADES SOBRE A INCORPORAÇÃO
Os dicionários trazem, como um dos significados do termo “incorporar”, a seguinte definição: “Entrar na composição de algum corpo ou nele se meter”.
Os dicionários trazem, como um dos significados do termo “incorporar”, a seguinte definição: “Entrar na composição de algum corpo ou nele se meter”.
Difundiu-se no meio espírita, erroneamente, o termo “incorporar” para definir o fenômeno da psicofonia.
A palavra “incorporar” nos induz a pensar que o espírito que se manifesta, se “incorpora” ao médium, ou seja, “se apropria” do corpo do médium, ou “ocupa” o corpo do médium, para se comunicar. Mas não é absolutamente isso o que acontece.
Os fenômenos espíritas não derrogam as leis da física, portanto dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Assim sendo, o espírito comunicante não “ocupa” o corpo do médium ao se manifestar – o processo se dá através de SINTONIA psíquica, e o fenômeno é sempre DE PERSIPÍRITO A PERISPÍRITO.
O PERISPÍRITO
O perispírito é o que o Apóstolo Paulo chamava de “corpo espiritual”. É o liame que liga o corpo ao espírito, e é através dele que as manifestações mediúnicas são possíveis. Todos os espíritos encarnados, e também os desencarnados ainda não completamente purificados (ou seja, que ainda precisam reencarnar, seja na Terra ou não) são revestidos pelo perispírito.
É através do perispírito que as manifestações mediúnicas se dão. No caso da psicofonia, erroneamente descrita como “incorporação”, é o perispírito do médium que entra em sintonia com o perispírito do espírito comunicante, e absorve assim suas sensações e pensamentos. O espírito não está, portanto, no “corpo” do médium. A ligação de ambos é fluídica; em outras palavras, o que se fundem são sensações, e não corpos.
Para conhecer mais sobre o perispírito, visite o linkhttp://www.oqueosespiritosdizem.com.br/index.php/em-destaque/466-so…
A SINTONIA
Para melhor compreender o termo “padrão vibratório”, pensemos nas ondas do rádio: quando uma determinada música toca em uma estação, os aparelhos sincronizados com aquela estação escutarão a mesma música.
A ligação que se processa nas comunicações mediúnicas, é uma ligação fluídica, onde os dois, espírito e médium, encontram-se no mesmo padrão vibratório e podem comungar das mesmas sensações ou pensamentos.
Mas essa sintonia se dá de “perispírito” a “perispírito”. Explica Herculano Pires, no livro MEDIUNIDADE, cap.V, “O Ato Mediúnico”, parágrafo primeiro: “O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro.”*
E, mais adiante, diz Herculano: “O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando uma vidraça.”* (*os grifos são meus).
SEMPRE A MENTE, NUNCA O CORPO
É através da ligação psíquica que os Espíritos nos transmitem suas sensações e pensamentos, seja nos casos de manifestações mediúnicas, seja nos casos de obsessão.
Os Espíritos se ligam aos encarnados através da afinidade de interesses, gostos, pensamentos e ações. É o que chamamos de “sintonia”. Assim sendo, no caso das obsessões, fica claro perceber que os espíritos obsessores atuam sobre os encarnados através de uma ligação psíquica, onde mentes afins comungam dos mesmos sentimentos. Por isso se recomendam orações, nos tratamentos de desobsessão, pois é através da EVANGELIZAÇÃO de ambos (encarnado e desencarnado) que o padrão mental se eleva, e a sintonia psíquica se dissolve.
No ato mediúnico da psicofonia, o médium empresta voz ao espírito, que lhe transmite seus pensamentos e também sensações, através da ligação fluídica entre o seu perispírito, e o perispírito do médium. É um ato de amor e de caridade, e o médium psicofônico deve compreender a importância de sua comunhão momentânea com os Espíritos elevados, que vem nos trazer conforto e ensinamentos, e com os Espíritos sofredores ou obsessores, que através do ato mediúnico, podem compartilhar suas dores, angústias e perturbação mental. A mediunidade de psicofonia, comumente chamada de “incorporação”, deve portanto ser compreendida pelo médium como uma oportunidade de exercer o amor e a caridade cristãs, num ato despretensioso de doação fluídica, que deve ser acompanhado das mais sinceras preces, pelos irmãos que se encontram em sofrimento do outro lado da vida.
Mas o médium deve se aplicar no estudo e na compreensão não apenas do fenômeno, mas também da Doutrina Espírita, para melhor servir ao Plano Espiritual. Os médiuns psicofônicos, trabalhadores das Casas Espíritas, devem então compreender que os Espíritos comunicantes se ligam às suas mentes, transmitindo-lhes seus pensamentos, mas não dominam nem controlam os seus corpos.
Os médiuns com possibilidade de grande expansão de energias perispirituais são mais flexíveis, e sentem com maior intensidade a troca fluídica que se opera entre o perispírito do médium e o perispírito do espírito comunicante. Daí o médium sentir vontade de chorar, quando está ligado a um Espírito em sofrimento; ou sentir raiva e revolta, se está ligado a um Espírito violento. Mas, salvo nos casos de mediunidade insconsciente, o médium deve manter o autocontrole, e conter a manifestação do Espírito, não cedendo a impulsos de violência e desrespeito aos presentes. Gritos, murros na mesa, agressões verbais ou quaisquer atos que viriam a tumultuar o ambiente, devem ser contidos pelo médium. Isto não é tarefa fácil, especialmente para o médium em desenvolvimento.
Cabe ao médium ser fiel ao transmitir o pensamento do Espírito comunicante, ou mesmo traduzir os seus sentimentos, mas jamais permitir o descontrole, e cabe às Casas Espíritos orientar e acompanhar o desenvolvimento mediúnico dos médiuns, para que eles possam ter domínio sobre suas faculdades, e exercer a mediunidade da maneira mais proveitosa possível.
O TOQUE
Devido à falta de compreensão de que a ligação entre médium e espírito se dá pelo psiquismo, muitos trabalhadores de Casas Espíritas incorrem no erro de querer conter fisicamente o espírito comunicante, no caso das manifestações mais violentas, ou mesmo demonstrar seu afeto e acolhimento ao espírito sofredor, através do toque.
A falta de esclarecimento e de estudo da Doutrina, faz com que doutrinadores expressem-se fisicamente, segurando nas mãos dos médiuns, imaginando assim estarem transmitindo ao espírito uma sensação carnal de contenção (segurar as mãos para impedir uma manifestação exacerbada) ou de compaixão (acariciando a mão do médium). Mas é AO MÉDIUM que se está tocando, e não ao Espírito. O Espírito não está lá! Está próximo ao médium, está ligado fluidicamente ao médium, mas não está no corpo do médium! Quando o doutrinador segura nas mãos do médium, é exatamente isso que ele está fazendo: está tocando O MÉDIUM, e não o espírito!
É preciso que se compreenda que a força que se precisa ter é psíquica, e não carnal. Que deve-se expressar amor VIBRANDO amor, e não acariciando as mãos do médium… Que, ao invés de conter o médium fisicamente, é preciso ligar-se aos Espíritos Protetores, através de concentração, oração e doação fraterna, para que a CONTENÇÃO FLUÍDICA seja transmitida AO PERISPÍRITO do espírito comunicante, e não ao corpo do médium! São duas coisas bem distintas…
Os médiuns devem desapegar-se de manifestações exteriores, e concentrar-se em oração, buscando um padrão vibratório elevado, com o intuito de emanar fluidos regeneradores aos espíritos comunicantes. É preciso harmonizar o ambiente com ORAÇÕES, e não com mãos dadas. Os médiuns que participam de sessões mediúnicas e de desobsessão podem colaborar em todas as manifestações, mantendo-se em ORAÇÃO pelos espíritos comunicantes. Ao Doutrinador cabe manter-se em concentração, não exteriorizando suas intenções ou sentimentos com gestos de afeto ou de contenção, mas preocupando-se em DOAR, FLUIDICAMENTE, tudo o que puder para regenerar ou acalmar os espíritos sofredores ou necessitados que se manifestam, ao mesmo tempo que, através da CONVERSA PACIENTE E EDIFICANTE, busca evangelizar o Espírito.
Ao Doutrinador não cabe JAMAIS o julgamento, mas a compreensão. Nunca a ameaça, mas o esclarecimento fraterno. Nunca a contenção carnal, mas a fluídica. Se o espírito perturbado incomoda e porta-se de maneira grosseira, que não sejam os Doutrinadores, nem os trabalhadores encarnados, a adotar a mesma conduta, e destratar, ameaçar, ou ser impaciente com irmãos desencarnados em desequilíbrio, trazidos a nós pelo Plano Espiritual, para buscar a LUZ. O Doutrinador que repele o Espírito difícil, chegando até mesmo a se recusar a dar assistência a esses irmãos, falta com a caridade cristã a esses irmãos, e se coloca em débito não apenas com eles, mas também com os Trabalhadores Espirituais, que fazem a sua parte – façamos nós a nossa!
DE CORAÇÃO A CORAÇÃO
Já dissemos que os Espíritos comunicantes experimentam uma sensação fluídica de calor, quando sentem a mera aproximação de um Doutrinador que tenha a habilidade de vibrar amor sincero e fraterno. A simples aproximação de um Doutrinador que esteja em profunda oração, rogando sinceramente ao Pai por socorro e conforto, é para o Espírito sofredor uma sensação acolhedora de quem é revestido por um cobertor, em dias de frio.
O acolhimento, a calma, a confiança, e até mesmo a contenção são transmitidos aos Espíritos sofredores, necessitados ou violentos, pela EMANAÇÃO FLUÍDICA dos participantes das Sessões Espíritas. É pela emanação fluídica que os trabalhadores espirituais das Casas Espíritas se expressam, junto a esses irmãos. Nós, encarnados, devemos aprender a fazer o mesmo.
Exercitemos a concentração e a emanação fluídica através da oração, transmitindo, de perispírito a perispírito, nossos melhores sentimentos de paz, de harmonia e de reequilíbrio aos irmãos desencarnados em sofrimento, assim como expressamos amor e gratidão aos Protetores que nos vêm amparar e ensinar. Vamos compreender o poder do nosso psiquismo, e concentrar nossas energias para direcioná-las no trabalho do Bem, especialmente quando estamos em trabalho nas Casas Espíritas. As ligações de alma a alma não se expressam pelo corpo físico – amor, compaixão, solidariedade, fé, esperança e gratidão são transmitidos de coração a coração, mesmo à distância.
O contato físico não é absolutamente necessário, nos trabalhos espirituais; vamos tocar nossos irmãos desencarnados com a força de nosso Amor. Vamos deixar nossos corações falarem mais alto do que nossos lábios; vamos levar a eles nossa compaixão através de nossas almas, e não de nossas mãos. Vamos aprender que temos, em nossas mentes, um poder que transcende o mundo material, e que não conhece distâncias. Vamos nos educar a colocar nossas mentes, através de nosso padrão vibratório, a serviço do Bem e da Harmonia, seja de irmãos encarnados ou desencarnados, aprendendo a nos libertamos da influência pesada da matéria, desde nossa presente existência terrena.