Estamos vivendo em um momento muito complexo no que diz respeito a religião, por um lado médiuns relapsos, desleixados, sem comprometimento e seriedade, do outro médiuns completamente fantasiosos, fanáticos. Duas situações bem complicadas mas que acabam interligando-se no final, gerando situações bem complicadas.
OS NEGLIGENTES
Existem alguns médiuns umbandistas que a impressão que nos passa é que estão dentro da Umbanda por obrigação, a impressão que nos passa que alguém está literalmente com uma faca em suas gargantas, vão para os terreiros como se estivessem a marcar um cartão de ponto numa empresa, quando tem as obrigações na casa, são os primeiros a achar ns. empecilhos, dificuldades, barreiras, completamente desmotivados acabam até mesmo com suas atitudes a desmotivar os demais, o retrato básico desses médiuns, é daquele médium que nunca quer ajudar em nada, chega atrasado, não participa de nada, reclama até mesmo de incorporar suas entidades, fatalmente são os médiuns mais problemáticos dentro de uma corrente, o elo fraco.
O que esses médiuns desconhecem é que agindo dessa forma se tornam alvos fáceis do astral inferior, onde conseguem detectar nos mesmos o elo fraco dentro da corrente, passando a receber ns. ataques espirituais, os quais vão refletindo em suas vidas particulares, dentro do terreiro, no trabalho, na saúde, eles se colocam como um prato principal numa mesa de banquete.
A atitude desses médiuns leva a esforços muito maiores de suas próprias entidades e de toda corrente para trazer o máximo de equilíbrio e isso acaba despendendo forças energéticas, fluidificadoras que poderiam estar sendo direcionadas para casos realmente graves e de urgência.
Mas como sempre gosto de frisar, a Umbanda é o grande hospital das almas e nossos guias lutam muito para o equilíbrio e evangelização desses filhos, na grande verdade eles desistem dos guias e mentores e não ao contrário.
As atitudes desses médiuns acaba por gerar situações muito difíceis dentro de um terreiro, como fofocas, brigas, discussões, comparações, invejas, competições e essas atitudes devem ser coibidas de imediato pelo dirigente.
O papel do dirigente para com esses médiuns é trazer novamente sua consciência do mandato que assumiram, lhes mostrar que o uso da mediunidade não deve ser instrumento de imaturidade e irresponsabilidade, e que o lidar com o mundo espiritual exige uma postura correta, doutrinária e disciplinadora.
Por outro lado, temos médiuns que confundem o amor pela religião, a fé com FANATISMO RELIGIOSO, é compreensível quando se gosta muito de algo, falar sobre o assunto, mas quando essa atitude não mede lugar e nem hora, pode estar ali caracterizando um problema. Alguns médiuns realmente não possuem noção de espaço, causando situações bem constrangedoras.
Infelizmente alguns médiuns, é 24 horas falando de espíritos, é no trabalho, é na casa dos amigos que muitas vezes nem professam a mesma fé, é na vida conjugal, até mesmo na vida íntima, conheci médiuns que num momento íntimo diziam estar sentindo a presença de seus exús e pombogiras, alguns chegam a se sugestionar tanto, que até mistificam, fingem estar incorporados, e essas atitudes não tem como acabar bem. Médiuns esses que fatalmente serão desacreditados, vergonha alheia.
Uma frase que ouvi certa vez: “… minha pombogira, não gosta do meu marido e toda vez que vou ter relações sexuais, ela encosta em mim e não deixa…”
Alôuuu!! Como assim?
Conheci um caso em que um dirigente ao sair com mulheres muitas delas filhas de santo do mesmo, supostamente “incorporava” seu exú na hora H.
Oxalá tenha misericórdia!
São situações que chocam qualquer pessoa com o mínimo de bom senso.
Um outro exemplo de médium fanático é aquele que tem uma entidade, que para ele se torna um verdadeiro super homem ou mulher maravilha, esse médium tudo que vá fazer, todas as decisões de sua vida, ele simplesmente não consegue tomar uma atitude sozinho sem incorporar a tal entidade, muitas vezes seguindo suas orientações as cegas, sem no mínimo analisar as mensagens que tal espírito pode estar lhe trazendo ou lhe conduzindo, e as repercussões e consequências. O fanatismo neste caso pode ser tão absurdo que o médium passa a inventar até sonhos, previsões, verdadeiros milagres, para enaltecer a tal entidade quanto a sua força espiritual, muitas vezes negligenciado suas demais entidades. Lembremos que quadros assim podem ser de obsessão por subjugação, porque há de se entender que um guia e mentor idôneo não se presta a tais atitudes.
Se estão a sentir algo físico, é porque as causas são espirituais, ou alguém lhes fez algum feitiço ou lhe lançaram uma praga. Se as coisas não estão bem, se foram demitidos de seus empregos, se ficaram doentes, se está ocorrendo brigas, procuram no espiritual sempre a justificativa, sem ao menos pesar sobre suas próprias atitudes, posturas, ou mesmo as eventualidades do dia a dia.
Acabam com essas atitudes a negligenciar o bom senso e a razão.
Outras pessoas fantasiam tanto sobre suas entidades, fazendo com que as mesmas se tornem seres fantásticos, usando de suas fantasias para impressionar outras pessoas mais crédulas e ingenuas explico:
Conversas de bastidores: “… olha irmã, meu exú apareceu para mim, ele se mostrou com garras enormes, uma cabeça enorme e cuspia fogo pela boca…”
e muitas vezes a parte que está ouvindo, entrando no embalo não quer deixar por menos e completa:
“… ah meu irmão o meu caboclo também é S E N S A C I O N A L, ele é muito alto, e seu penacho é coberto de estrelas de ouro…”.
O mais triste de tudo isso é que eles fantasiam tanto sobre essas questões que inventam que com o tempo acabam acreditando em suas próprias mentiras.
O que precisa se entender que se ter FÉ É UMA COISA, SER FANÁTICO é outra bem diferente, uns dias atrás um rapaz colocou num fórum que havia parecido no muro de sua casa doces (balas), ai começaram as enxurradas de absurdos um pior que o outro.
Vamos ao trocadilho? doce… remete aos nossos cosmes, ibejis, eres as nossas crianças, ai começaram a dizer que tinha sido os espíritos das crianças que haviam deixado para as crianças da família, outros aconselharam até que era para se dar as balas para as crianças, e assim foi o debate.
Primeira coisa porque que espíritos iriam provocar um efeito de materialização e deixar num portão que dá para a rua? (NÃO HÁ SENTIDO NISSO)
Será que foram responsáveis em aconselhar para se dar essas balas (de procedência desconhecida) as crianças? Claro que não, mas é a mania que tudo que acontece é espiritual, é oriundo das entidades e guias. (Crença Cega).
Essa fantasia que se tem alguns médiuns é tão séria que já ouve casos gravíssimos e que tiveram consequências graves.
Tem médium que se colocam num patamar quase de deuses como se fossem o próprio Orixá encarnado na terra, as vezes os mesmos não tem nem o básico dentro de suas casas, mas chegam até pegar dinheiro emprestado para comprar aquela roupa chiquérrima, sei de casos até de médiuns caloteiros que ficam endividados até o pescoço, para não perderem o suposto status e glamour. Eles preferem passar dificuldades do que se sentirem menos que os demais. Ai pergunto está certo isso? Será que nossos Orixás, nossas entidades, guias e mentores querem que ajamos assim? Eu acredito que não.
Outros passam até sobre a vontade de suas próprias entidades, as vezes a entidade nem gosta de luxo, nem faz uso, mas o médium praticamente se fantasia indo contra a vontade do próprio guia.
Dentre todos esses fatores, não podemos nos esquecer que FANATISMO, se evidencia pela falta de senso crítico, pela intolerância e preconceito para com aqueles que não professem da mesma fé.
A Umbanda prega o Amor, a Fé e a Caridade, pouco se importando se quem a busca pertença a outro seguimento religioso, dentro de nossa concepção religiosa não excluímos ninguém.
Todo conflito religioso, surge do fanatismo. Na Umbanda por exemplo evidenciamos um fato que tem gerado uma verdadeira guerra entre ” supostos magos”, é a tal DEMANDA, as vezes algo não está correndo muito bem, o dirigente ou o médium já acha que estão a lhe mandar um feitiço e uma demanda, é o tal toma lá da cá, e a Umbanda não é uma religião de feiticeiros medindo poder, muitas vezes essa disputa é gerada de fofocas, médiuns que sai de uma casa e vai para outra levando ns. questões, denegrindo o antigo dirigente e a casa, onde se coloca num patamar de vítima, ai o dirigente não muito sério do seu real papel começa a alimentar tais discórdias, é o tipo VAMOS REVIDAR, QUEM PODE MAIS CHORA MENOS.
Será que esse CABO DE GUERRA, É UMBANDA? Será que nossas entidades, guias e mentores são testas de ferro de médiuns sugestionáveis, fantasiosos, arrogantes e vaidosos? Pensemos.
O Umbandista deve tomar muito cuidado porque hoje o fanatismo tem trazido consequências graves, e está sendo muito evidenciado em vários seguimentos religiosos, onde no lugar de pregar o Amor a seu próximo, a paz, a concórdia, estão a pregar o ódio, a discórdia, a guerra, pessoas com quadros psiquiátricos graves, onde não conseguem respeitar as diferenças e escolhas religiosas de outras pessoas, projetando nas mesmas a própria manifestação do mal, simplesmente pelo fato das mesmas não professarem sua fé.
Temos evidenciado quadros de psicopatias graves, tirando as pessoas da própria razão, muitos casos somente um bom acompanhamento e tratamento psiquiátrico, para que as mesmas não caiam nas amarras da loucura.
A pratica religiosa da Umbanda, exige seriedade, maturidade, e não fantasias, o lidar com o espiritual é algo complexo onde a sugestão, inclinação e afinidade do médium pode lhe trazer consequências e companhias não muito desejáveis dependendo do que estejam atraindo.
Devemos lembrar que as consequências também são desastrosas para o médium umbandista, porque remetem a expectativas frustradas, desapontamento, onde seus castelinhos de areia podem simplesmente serem levados pela correnteza das águas do mar, neste ponto, nos deparamos com médiuns que abandonam a religião, desacreditados na realidade não da fé professada, mas da ilusão e mentira que eles mesmos criaram.
O fanatismo religioso vem do extremismo, da obediência cega, da coação moral, da lavagem cerebral, que tira o adepto da consciência de si mesmo.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira