Algumas duvidas e algumas respostas de acordo com a tradição que seguimos em nossa casa.
- PODE DENTRO DE UMA GIRA, NUMA DETERMINADA LINHA, HAVER MAIS DE DUAS ENTIDADES E GUIAS COM O MESMO NOME? Ex.: Numa gira de Exú ter mais de um Exú Capa Preta ou mais de um Caboclo Pena Branca?
É uma duvida que realmente confunde alguns médiuns. Vejam bem quando falamos o termo FALANGE devemos entender por isto um agrupamento de espíritos afins que se unem por afinidade, sintonia e propósito (missão). Dentro de uma falange há vários espíritos cada um carregando consigo sua própria história, estereótipo e característica. Quando nos deparamos com duas entidades com o mesmo nome, dentro de uma determinada linha e corrente, não quer dizer que sejam o mesmo espírito, digamos desdobrado em dois, são espíritos distintos que respondem naquela falange, mas únicos. Quando um espírito se acopla espiritualmente com o espírito de um médium ele se torna algo único, então nunca haverá um espírito idêntico incorporado, porque aquela energia acoplada com a do médium se torna uma terceira energia a qual não poderá ser copiada ou imitada. Muitas vezes vemos a questão HERANÇA, uma entidade a qual adotou um determinado médium, mesmo nesses casos a característica dessa entidade quando incorporada em um novo médium não será idêntica, simplesmente pelo fato que o espírito daquele médium é outro diferente do seu antecessor. Poderá ter características semelhantes por se tratar do mesmo espírito mas jamais igual.
É muito comum, nos depararmos com situações constrangedoras quando falece por exemplo um dirigente e que do nada aparece um médium manifestando, incorporando com o guia chefe da casa que o mesmo trabalhava, o mesmo passa a imitar em trejeitos e posturas, é muito comum esses tipos de comportamentos serem facilmente desmascarados causando um constrangimento e desconforto em toda casa. Infelizmente tais comportamentos são muito comuns em médiuns que querem o posto do antigo dirigente e usam de tais artifícios para conquistar a simpatia do grupo mediúnico, que muitas vezes por questões de afinidade não está aceitando a nova diretriz.
Temos também a questão de alguns médiuns imaturos quanto as questões espirituais e que se sentem orgulhosos e vaidosos quanto as suas entidades, guias e mentores, e não aceitam quando entra um médium no terreiro se dizendo trabalhar com uma entidade da mesma falange. Já pude presenciar cenas complicadas onde dois médiuns que trabalhavam com uma entidade da mesma falange, um queria que queria subjugar o outro dizendo que suas entidades eram superiores ao do outro médium, inclusive usando frase do tipo:
“… meu caboclo Pena Branca é pai do seu…” coisas do tipo.
Uma outra situação é um médium começar a se destacar por merecimento com uma determinada entidade, e do nada aparecer um outro médium que por inveja quer imitá-lo se dizendo trabalhar com um outro falangeiro. Vejam bem, ambas situações cabe aos guias chefes e aos dirigentes tomarem as devidas providências para que não causem problemas na harmonia e união da casa.
Cabe-se frisar que nenhuma entidade idônea irá concordar com tais posturas, nenhum guia com uma base evolutiva sustentável adotaria, a não ser um espírito mistificador. Fica a observação e o alerta a tais comportamentos que diga-se de passagem são lamentáveis.
Devemos lembrar que um guia escolhe seu médium por uma missão, e com ele irá traçar um caminho espiritual, então cada entidade que a nós é confiada como guia e mentor não é por acaso.
2. UMA OUTRA DUVIDA, É QUANTO A POMBOGIRA CIGANA E CIGANA DO ORIENTE, há diferenças?
Há diferenças, quando falamos pombogiras ciganas são espíritos que podem ou não ter sido ciganos em suas últimas existências, há muitos espíritos que se acoplam nessas falanges por sintonia e afinidade, na grande maioria são ciganas(os) que foram banidos de seus clãs isso quando realmente foram ciganos em suas últimas encarnações.
Quando falamos de ciganos do oriente, são espíritos que em suas últimas encarnações vivenciaram a cultura cigana, são ciganos rons, puros. Extremamente exigentes em suas condutas, trabalham muito na cura e tratamento de espíritos adoentados e endurecidos. Salientando que quando falamos em povo do oriente não se limita apenas ao povo cigano, dentro dessa corrente há vários povos de culturas orientais, com grande sabedoria milenar, com características e estereótipos únicos.
Quanto aos ciganos estamos presenciando muitas deturpações quanto as suas manifestações em alguns médiuns, alguns médiuns estão a passar longe de estarem realmente acoplando com espíritos dessa ordem, desse povo. Médiuns fantasiosos, extremamente anímicos, que envergonham a cultura, de um povo tão rico e bonito.
Podemos presenciar ciganos do oriente em trabalhos de doutrinação em alguns trabalhos de exú e pombogira, lembrando que suas características são mais reservadas, sérias, particulares quanto aos seus instrumentos de trabalho, espíritos que trazem em si a alegria, a boa palavra, não confundindo com certas banalizações e vexames que estamos vendo sendo praticados em seus nomes. Suas passagens quando manifestados numa gira de exú são muito rápidas, diferentes é claro de um exú cigano ou pombogira cigana que se sintonizam com a energia de exú.
Os espíritos que trabalham sobre a ordem do Oriente, quando vistos por médiuns videntes são espíritos extremamente caritativos, bondosos, e amorosos, deixando um perfume no ar, originário de espíritos iluminados que são.
3. NA UMBANDA HÁ COBRANÇAS PARA QUE SEJA FEITA ALGUMA OBRIGAÇÃO PARA O ORIXÁ OU ENTIDADE?
No que diz respeito a Umbanda mais tradicional, não há nenhum tipo de cobrança, lembrando que os utensílios a serem utilizados em cada obrigação, cada médium deverá ser responsável pela sua parte, em caso de médiuns com dificuldades financeiras, o grupo mediúnico é convocado para auxiliar aquele médium em questão.
Nas Umbandas mais tradicionais o dirigente não cobra nada dos filhos de santo para que lhe sejam dadas suas obrigações. Não há paga quanto a mão do dirigente.
Mas observem um detalhe, depois do surgimento de tantas vertentes muitas traçadas com o candomblé não podemos dizer é isso e ponto final, mas sim dizer do que aprendemos e praticamos dentro da tradição de nossa casa de acordo com os ensinamentos dos nossos guias chefes.
Podemos não concordar com a cobrança, mas devemos respeitar a forma diferente de cada casa e suas necessidades particulares.
Cabe cada médium escolher a tradição que melhor se adeque as suas expectativas e afinidades.
4. POSSO IR EM UMA CASA DE ARTIGOS RELIGIOSOS E COMPRAR UMA IMAGEM OU MESMO UMA GUIA DA COR QUE QUISER E SIMPLESMENTE COLOCAR EM MINHA CASA OU MESMO USAR COMO GUIA DE PROTEÇÃO?
A vontade de se ter uma imagem ou mesmo uma guia de um orixá ou entidade de devoção é muito comum e diria natural, mas cabe algumas ressalvas importantes:
- Imagem ou estatua? o que diferencia uma imagem de uma estatua é a consagração, o benzimento, a energia colocada na mesma a santificando como algo com propósito religioso e de fé, SAGRADO. Se a pessoa vai numa casa de artigos religiosos de Umbanda e simplesmente compra uma imagem e leva para casa é como se ela tivesse comprando um ornamento decorativo para sua residência, para aquela estatua se transformar em algo sagrado ela tem que passar por um benzimento, uma consagração, da mesma forma que é feito nas igrejas católicas onde o padre benze as imagens, os terços, os quadros ele está transformando aquele objeto em um instrumento sagrado. Lembrando também que aquela imagem deverá ter um lugar próprio, especial e de devoção. Você não vai comprar uma imagem e colocá-la no banheiro ou em cima do guarda-roupa ou no quarto de casal, ou mesmo no chão da lavanderia. Pensemos.
- As guias devem ser tratadas da mesma forma, de preferência sempre é bom dar uma lavada nas mesmas com água e açúcar para tirar as energias negativas e fixar as positivas, lembrando que lavar com água com um pouco de sal tem objetivo semelhante só que tira toda energia tanto positiva quanto negativa, isso deve ser feito porque essas guias que ficam penduradas nessas casas de venda de artigos religiosos são tocadas e manipuladas por todo tipo de pessoas com as mais variadas intenções e energias. Após isso deve-se levar a um terreiro e pedir para que um guia de confiança de os devidos descarregos e a consagre dando os devidos benzimentos e propósitos.
5. BANHOS COM ERVAS SECAS E ERVAS FRESCAS TEM DIFERENÇA?
Na realidade existe sim, uma erva fresca colhida na hora certa do dia, dentro da lua adequada, com os respeitos devidos, macerada (quinada), com certeza terá um efeito muito maior que uma erva seca. Uma erva fresca está contida toda vitalidade.
É compreensível que nem todos os filhos tem acesso a ervas frescas, tendo que recorrer as ervas secas, mas vejam sempre é recomendável comprar de lugares idôneos para que não sejam enganados com ervas misturadas, até mesmo com mato se passando por ervas purificadoras, energéticas, e de descarrego. Como diz o ditado: Não comprem gato por lebre.
É muito comum pelos fóruns dos grupos da internet, de Umbanda e mesmo de Candomblé algumas receitas de banhos, tomem muito cuidado com isso, nem sempre uma erva que é boa para um filho será adequada para outro, e quando se tratar de erva medicinal não usem e nem tomem nada sem antes confirmar se a forma que foi ensinada está correta.
Lembrando que há as ervas frias, purificadoras, as mornas, e as quentes, cada uma dentro do seu propósito. Ervas especificas de cada Orixá.
Um banho de descarrego deverá ser feito de formas especificas de acordo com cada necessidade, da mesma forma que um banho energético e purificador.
Lembrando que o preparo de raízes, favas, ervas secas, cascas haverá formas específicas de preparo, da mesma forma que flores frescas, ervas frescas terão princípios corretos na preparação.
Há alguns fundamentos quanto a preparos de banhos, onde algumas ervas não poderão ser misturadas com outras, enquanto outras quando colocadas juntas provocam um equilíbrio.
Algumas ervas deverão ser preparadas sendo fervidas, outras por efusão e outras apenas quinadas de preferência, para que se possa tirar o melhor de suas essências e benefícios.
É muito importante dizer que alguns banhos poderão ser jogados no Ori da cabeça aos pés, enquanto outros somente do pescoço para baixo, uns poderão serem tomados mais mornos ou temperatura ambiente enquanto outros deveram ser tomados frios.
Ensinamentos que todo bom dirigente saberá explicar com maior riqueza de detalhes de acordo com sua tradição.
O que é importante sempre frisar que dentro da ritualística da Umbanda há formas corretas de se fazer determinados ritos e preparos desde o acender de uma vela até obrigações mais complexas.
Estamos presenciando, muito despreparo de alguns dirigentes que andam a brincar com certas energias, tudo dentro do que diz respeito a ritualística da Umbanda tem as formas corretas de se realizar e jamais podem ser feitas de qualquer jeito ou preparo.
Já vi por exemplo pessoas preparando oferendas de forma desleixada, colocando utensílios de má qualidade e estado, alimentos mal preparados, estragados, frutas verdes, sujos, congelados etc, simplesmente alegando que será uma entrega, uma oferenda,(tipo… é para largar lá mesmo) é muito triste ver tais posturas, porque tudo que é feito para nossas entidades tem que ter capricho, amor e todo cuidado. Tudo que ofertamos aos nossos guias e orixás levam muito de nós, não podemos nos esquecer disso.
E não adianta, nossas entidades, nossos Orixás sabem perfeitamente nossas verdadeiras intenções, poderão enganar os olhos desatentos, jamais a eles. Tudo que é feito de forma desleixada não se tem como alcançar um bom retorno, o que doamos, recebemos. Simples assim.
Enfim, espero que os esclarecimentos possam trazer maiores esclarecimentos.
Que Oxossi nos abençoe, nos trazendo sabedoria. Axé.
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira
Cristina Alves.