Ankh, a cruz egípcia, também chamada de “ansata”, é considerada como o símbolo da continuidade da vida, da eternidade, da imortalidade e da vida após a morte. Um dos símbolos mais importantes da tradição egípcia, ela é encontrada a partir da quinta dinastia egípcia, mais freqüentemente nos templos de Luxor Medinet Habu, Hatshepsut, Karnak e Edfu.
O Ankh pode ser encontrado, inclusive, no túmulo de Amenhotep II, onde o deus egípcio Osíris entrega ao faraó a Ankh, que o concederia o controle sobre o principio dos ciclos naturais, conquistando assim o dom da imortalidade. Trata-se de um símbolo muito importante no Rosacrucianismo.
A Ankh, sagrada chave que abre as portas da Vida Eterna, é exibida ritualisticamente na mão dos deuses do panteão do Antigo Egito, e Aton, o Disco Solar, apresentado pelo faraó Akhenaton como o único Deus, estende-a nove vezes ao mesmo tempo para os habitantes do Plano Terra, conforme se acha retratado em painéis daquela misteriosa civilização.
Nenhuma outra civilização antiga fascinou a mente dos místicos tanto como a egípcia. Os ocidentais brancos foram buscar ali os elementos com que construíram não só as teorias de suporte para as suas ordens e fraternidades esotéricas, como se apoderaram de símbolos da religião Kemetica e os estilizaram a seu gosto, criando novas versões para antigos enunciados dogmáticos. Um desses símbolos, muitas vezes transformado em mero signo (símbolo misticamente morto) é a Ankh, que esses esoteristas europeus e americanos passaram a chamar de Cruz Ansata, muitos deles tentando provar, sobre os mais sofisticados sofismas, que esta seria a matriz da Cruz Cristã.
A Ankh pertence a Maat, filha de Ra e consorte de Thoth, associada ritualisticamente a Ptah e a Anpu (Anubis). A Ankh foi introduzida no moderno Rosacrucianismo pelo Mestre Alden (Dr. Harvey Spencer Lewis, Primeiro Imperator da AMORC).
É simplesmente impossível a um não-iniciado entender o pleno significado da Ankh, inclusive como chave da vida material.
A Ankh é um emblema da Força, a Vontade emanada de Si própria que tira constantemente do Nada Aboluto o substrato com o qual plasma a materialização dos mundos. Como e porque esse emblema teria sido gravado no inconsciente coletivo dos antigos egípcios é uma questão muito complexa, envolvendo uma série de fatores e circunstâncias, cuja análise daria material para vários livros. Tudo o que pode ser dito aqui é que isso produziu efeito circular na interação Deuses-Homens, resultando daí a assunção do Faraó como Deus Vivo.
A Ordem de Maat publica uma página (em inglês) sobre a Ankh, onde é feita referência às suas qualidades eletromagnéticas. Essa página pode ser acessada clicando-se em http://www.maat-order.org/order/maatankh.htm (é interessante que vocês dêem uma olhada nela, mesmo que não saibam inglês o suficiente para entender tudo o que está escrito lá). Há imagens interessantes e vocês verão, inclusive, a Ankh como tema de arte moderna e de joalheria, para adorno das vaidades e para a execução de rituais esotéricos modernos.
Quando se fala em chave da Vida Eterna, referindo-se à Ankh, a primeira idéia que vem à mente dos ocidentais brancos é a da reencarnação. Na verdade, os antigos egípcios não acreditavam em reencarnação, mas, sim, em Vida Eterna, tal e qual esse tipo de existência é anunciado para os ocidentais por Jesus, quando diz “Um homem só vive uma vez”. Para os antigos egípcios, concluída a existência material tinha início uma outra – esta perene -, mas para chegar a ela era necessário o concurso dos vivos, para que o morto, inclusive, pudesse vencer certos obstáculos, como, por exemplo, ser despedaçado por Apophis, a representação do Mal.
Esse simbolismo pode ser claramente entendido através das palavras do nosso Hierofante, o Mestre Apis: “A Vida é Eterna; as criaturas são transitórias”. Podemos perceber, claramente, que o que “reencarna” é a Vida, ou seja, ela se remanifesta continuamente, como as figuras mutantes de um cenário caleidoscópico; assim, cada criatura é, foi e será uma manifestação única e que não se repete (poderá haver, isso sim, uma espécie de continuidade sob vontade, mas isso é reservado aos que adquiriram o chamado “domínio da vida”, e isso é sempre exercido com um propósito muito bem definido, como uma missão cósmica, para dizer melhor).
No desenho da Ankh estão representados os órgãos femininos produtores de um novo ser: o útero e as trompas. Nesse desenho está representado também o orgão masculino que exerce a fecundação. Você vai ver ali, nitidamente, a simbolização de que yoni é o soquete e lingam o plug, exatamente como se enuncia essa junção da dualidade no Tantra. Se você está familiarizado com esses ensinamentos da Índia, se você inclusive conhece a Meditação de Kalachakra (mesmo que não tenha sido iniciado para poder realizá-la), ficará mais fácil explicar que a Kundalini é precisamente a vibração ascendente/descendente emanada pelo lingan-yoni que constrói a Ankh compreendida no Plano Terra para a materialização da Vida em forma de criaturas semoventes.
É justamente desta vibração e de seu uso que versa principalmente este artigo, uma mera exposição superficial sobre tão profundo tema. De início é preciso saber que a Vida tal qual o homem a conhece se manifesta ao mesmo tempo em vários Planos. Sobre alguns será simplesmente impossível falar aqui, pois a compreensão do que seria dito iria ficar na dependência da existência de todo um background iniciático: por exemplo – a conclusão, com pleno aproveitamento, dos Graus Superiores de ordens e fraternidades iniciáticas, como os Planos da AMORC (isso, geralmente, demanda cerca de 25 anos de estudos metafísicos que de forma alguma se resumem à absorção de conhecimentos pela tradicional maneira acadêmica: ler, compreender e memorizar; não se trata disso).
O Plano Material, como o próprio nome diz, é este no qual os seres animais, vegetais, minerais etc existem. No Plano Material a Ankh se manifesta não apenas como símbolo da Força em Ação, gerando continuamente a Vida, mas também como Diapasão da Harmonia, emitindo uma vibração sonora inaudível ao homem não preparado, mas que outros animais de audição mais aguçada, como o cão e os morcegos, podem escutar claramente.
Esse assunto não pode de forma alguma ser tratado superficialmente – para que enunciados não sejam banalizados – como também não pode ser objeto de uma exposição pública, aberta a todos, pois o perigo da tramissão de certos conhecimentos representaria o seu uso por pessoas mal intencionadas. Mas por alto, muito en passant, pode-se revelar aqui que essa vibração sonora é nada mais nada menos que uma onda eletrmagnética que pode ser manipulada (não através de meros rituais, mas por força mental adquirida iniciaticamente).
Através dessa manipulação a vibração propagada pela Ankh pode se tornar onda portadora de pensamentos contendo instruções subliminares. Vá até http://marcalo.com/novaera/ankhand.htm e você verá a representação gráfica de uma propagação portando uma forma-pensamento emitida durante um experimento místico-científico realizado pela Ordem de Maat: uma mão simbólica, a qual é capaz de atuar fisicamente – de todas as formas possíveis e imagináveis – sobre unidades de consciência animada como homens, cães, peixes, bactérias etc etc.
O Plano Simbólico é a dimensão manifestativa na qual os seres existem permanentemente, sejam eles seres do Primeiro Ciclo ou de outro Ciclo. Nesse Plano os seres se manifestam não como unidades animadas de consciência (autoconsciente ou apenas consciente), mas como experiências de existências vividas no Plano Material, as quais podem, ou não, subsistir como símbolos. Por exemplo: suponhanos que Christian Rosenkreuz, o Fundador do Rosacrucianismo, tenha realmente existido, como ser humano real; sua experiência iniciática-iniciadora-plasmadora teria sido tão completamente assumida que a Força a transforma em um Símbolo Permanente; suponhamos agora que esse Símbolo possua alguém, digamos, Max Heindel: ele difunde um conhecimento Rosacruz e constitui uma Fraternidade Rosacruz.
Compreendam que de forma alguma houve uma reencarnação ou mesmo algo parecido com uma possessão mediúnica. O que ocorreu, neste mero exemplo, foi o exercício pleno da mais alta assunção que alguém pode fazer quanto a uma Iniciação. Trata-se (para quem tenha condições de compreender), de uma Iniciação direta da Grande Fraternidade Branca, a qual é formada não apenas por seres humanos desencarnados mas por Símbolos permanentes proclamados pela Força, que pode ascensionar aqueles, pelo Adeptado.
Contudo – e é aí que se manifesta a suprema alquimia mística – quando um ser do Plano Material é infundido por um Símbolo Permanente, ele passa a ser esse símbolo no Plano Material. Assim (para quem possa compreender e retornando ao exemplo) Max Heindel foi Christian Rosenkreuz no Plano Material, sem por um instante sequer deixar de ser também ele próprio, Max Heindel.
A Ankh atua principalmente no Plano Simbólico, pois é precisamente daquela Dimensão Superior que ela emite a propagação contínua da Ética, baseada na Verdade, na Justiça e no Equilíbrio, para a produção da paz mental. A Deusa Maat, contudo, não reside no Plano Simbólico, e, sim, no Plano Intuído:
Plano Intuído é o Plano de Compreensão no qual a Força se revela a Si mesma pela justaposição do Nada Absoluto à Existência Permanente. É neste Plano, totalmente abstrato e incompreensível para a mente humana que existem Manifestações Simbólicas Incorpóreas como Deus, como todo um Panteão de Deuses e Deusas.
Quando essas mesmas figurações são criações mentais da Humanidade ou de outros seres (os quais existem em outros planos), elas são compreendidas através do Plano Simbólico, o qual funciona como uma lente capacitadora, a qual torna compreensíveis aos seres, como os humanos, as ideações de Deus etc.
É deste Plano, o Simbólico, que são emanadas as religiões e todas as organizações místicas endereçadas ao homem, quer como instrumento de religação com uma suposta Divindade, quer como ferramenta de evolução para as consciências. É também no Plano Simbólico que residem os Mestres, tenham eles existido como seres ou sejam eles criações mentais.
Como se vê, Plano Intuído e Plano Simbólico são dimensões intimamente ligadas, mas ao mesmo tempo compartimentos absolutamente estanques. O Plano Intuído é, pois, uma Dimensão de Compreensão Absoluta, na qual Existência e Não-Existência não se separam, mas, como já foi dito, se justapõem: ou seja – tornam-se a mesma coisa embora não sejam a mesma coisa.
Como se situa a Ankh no Plano Intuído? Bem, aí é que começa a base de todo um estudo realmente superior, em termos de compreensão humana: a Ankh é o próprio Plano Intuído!
O que se conhece, para olhos humanos, a respeito da Sagrada Chave da Vida, a Ankh, do seu uso Kemetico à sua utilização esotérica e exotérica na modernidade, passando pela banalização, nada é quando se sabe o que a Ankh realmente é. No Plano Material só se pode ver – e assim mesmo claramente para uns poucos – o que a Ankh representa, não o que ela é. Se um ser humano pudesse ver o que a Ankh realmente é, ele não seria mais um ser humano, seria Maat, uma abstração na qual a Força se mostra em atuação no Cosmos.
Como já foi dito, organizações esotéricas e iniciáticas usam a Ankh de Maat como símbolo e instrumento. A Ordo Templi Orientis usa a Ankh, Ordens Rosacruzes como a Fraternitas Rosae Crucis (FRC), a Golden Dawn e a AMORC usam a Ankh; a Maçonaria e a Teosofia usam a Ankh e, obviamente, modernas organizações Kemeticas a usam. Contudo, sem ser tendencioso, devo ressaltar, a bem da verdade, que nenhuma organização mística atualmente manifestada no Plano Material usa a Ankh com tanta propriedade e com tanto conhecimento de causa como a AMORC.
O Dr. Harvey Spencer Lewis (Frater Profundis XIII) foi o introdutor do uso da Ankh de Maat no moderno Rosacrucianismo, como já disse. Lewis reorganizou na modernidade a Escola de Mistérios de Akhenaton, o Faraó que viveu em Maat, por Maat e para Maat, dando-lhe o nome de The Ancient and Mystical Ordo Rosae Crucis (AMORC). Lido ao contrário (Crucis Rosae Ordo Mystical and Ancient The) o nome da AMORC forma a palavra CROMAAT. Lewis não escolheu esse nome ele o recebeu, por infusão, ele lhe foi infundido por osmose, diretamente do Plano Simbólico, no qual Akhenaton existe como um Símbolo Permanente, com sua Escola, no Amorcus.
A AMORC usa intensivamente a Ankh, como sinal ritualístico, como símbolo de uso dos seus membros, como instrumento de focalização no Sanctum Privado e como ferramenta de Iniciação (no Plano 4 há uma Iniciação totalmente devotada à Ankh, mas aqui nada pode ser dito a respeito, por se tratar de matéria privativa, que não pode ser exposta de forma alguma). O Fato é que Lewis conhecia profundamente o significado da Ankh de Maat e chegou mesmo a utilizar a sua propriedade eletromagnética para a realização de vários trabalhos de projeção mental e até de comunicação com o Bardo, que a Ankh torna acessível, possibilitando a comunicação com os seres que ali estão, temporariamente.
Este, como foi dito, é um artigo meramente superficial, apenas uma exposição sobre a Ankh, para que todos saibam do seu imenso poder e profundo significado místico.
(Fonte:Paxprofundis.org)