segunda-feira, 30 de março de 2015

CIGANA SETE VÉUS

 
Esta entidade é da linha das almas, é conhecida 
como sete véus porque foi deixada na porta do altar sete vezes.
Esta entidade nunca explicou o real motivo destes abandonos.
Desencarnou por suicídio e sua mãe a cobriu com seus setes véus...
 quando chegou no astral ainda no limbo, foi socorrida pelo povo
 das almas que já a conhecia como mariazinha dos véus.
Depois de um longo tempo trabalhando no resgate de espíritos
 suicidas mariazinha foi convidada por Exu Tranca- Ruas
para trabalhar na Umbanda em prol da humanidade... 
aceitação foi instantânea e sua dedicação a umbanda também...
 assim esta pomba-gira passou a ser chamada de Sete Véus!
Recebe seus pedidos e oferendas nos cruzeiros e portas de cemitérios
 ou de igreja, Gosta de velas brancas perfumadas e tule e contas de
 cristal na cor preta e branca... Trabalha para o amor e é ótima
 casamenteira esta é a pomba-gira Sete Véus, sempre pronta a 
ajudar a quem precisar de sua assistência.

sábado, 28 de março de 2015

POMBA GIRA ROSA CAVEIRA

Bom essa Lenda que será contada aqui, pertence à uma de suas vidas passadas, lembrado que nem sempre a Rosa Caveira que incorpora em Cicrano, é a mesma que incorpora Fulano. Então a historia poderá ser diferente da outra, mas sempre será a mesma Rosa Caveira. Larôye Pomba Gira.
Ela viveu aproximadamente á 2.300 anos antes de Cristo, na região da Mongólia, os seus pais eram agricultores e tinham muita terra. Ela era uma das 7 filhas do casal, sendo que seu nascimento, deu-se na primavera e a mãe dela tinha um jardim muito grande de rosas vermelhas e amarelas, que rodeava toda sua casa. E foi nesse jardim, onde ocorreu seu parto. Seus pais além de serem agricultores, também eram feiticeiros, mas só praticavam o bem para aqueles que os procuravam, e sua mãe tinha muita fé em um cruzeiro que existia atrás de sua casa no meio do jardim, onde seus parentes eram enterrados. No parto da Rosa Caveira, a mãe estava com problemas, e dificultava o nascimento da mesma e estava perdendo muito sangue, podendo até morrer no parto. Foi quando a avó da Rosa Caveira que já havia falecido há muito tempo, e estava sepultada naquele cemitério atrás de sua casa, vendo o sofrimento de sua filha, veio espiritualmente ajuda-la no parto, sendo  que sua mãe com muita dificuldade e a ajuda de sua avó (falecida), conseguiu dar a luz a Rosa Caveira, e como prova de seu Amor a neta, sua avó, colocou em sua volta, várias Rosas Amarelas e pediu a sua filha que a batiza-se com o nome de ROSA CAVEIRA, pelo fato dela ter nascido em um jardim repleto de Rosas e encima de um Campo Santo (cemitério), e também por causa da  aparência Astral de sua mãe (avó), que aparentava uma Caveira. E em agradecimento a ajuda da mesma, ela colocou uma Rosa Amarela em seu peito e segurando a mão de sua mãe, a batizou com o nome de ROSA CAVEIRA DO CRUZEIRO, conhecida com o nome popular de Rosa Caveira.
Ela cresceu com as irmãs,  mas sempre foi tratada de modo diferente pela suas irmãs, sempre quando chegava a data de seu aniversario sua avó ia visitá-la (espiritualmente), e por causa destas visitas e carinho que seus pais tinham a ela, suas irmãs começaram a ficar com ciúmes e começaram a maltratar a Rosa, debochar dela, chamar ela de amaldiçoada pois havia nascido encima de um Campo Santo e seu parto feito por uma morta, de caveira dos infernos, etc. E a cada dia que se passava, Rosa ficava com mais raiva de suas irmãs. Então ela pediu para seus pais, que ensinasse a trabalhar com magia, mas não para fazer maldade, mas sim para sua própria defesa, e ajuda de pessoas que por ventura a fosse procurar. Sua avó vinha sempre lhe dizer que ela precisaria se cuidar, pois coisas muito graves estariam para acontecer. Seu pai muito atencioso a ensinou tudo o que ela poderia apreender, e também ensinou-a a manejar espadas, lanças, punhais, ou seja, armas em geral. Sua mãe lhe ensinou tudo o que poderia ser feito com ervas, porções, perfumes, e principalmente o que se poderia fazer em um Cruzeiro. Foi ai que suas irmãs ficaram com mais raiva ainda, pois ela estava sendo preparada para ser uma grande Feiticeira, e sendo ajudada por seus Pais e sua Avó, e zombava mais ainda dela, chamando-a de mulher misturada com homem e demônio, uma aberração da natureza, não por causa de sua aparência, pois ela era linda, mas sim por vir ao mundo nas mãos de uma Caveira (sua avó), e ter nascido encima de um
Cemitério.

Pomba Gira Maria Farrapo



Parceira direta de dona Maria Molambo e faz parte da mesma hierarquia, ou seja, da mesma falange. Geralmente vem em terra em pontos cantados a Maria Molambo.  Isso se da devido a aproximação de ambas.
Sua marca registrada é sua ironia. Direta, clara e objetiva. São Pombas Giras serias, fies e determinadas. São as guardiãs do trono de Maria Mulambo.  Trabalham cobrando carma e retorno de demandas.
Quando Mulambo é procura sempre há uma Farrapo ao lado correndo gira. A falta de compreensão faz com que seus médiuns trabalhem como se estivessem bêbados.
É necessário muita sintonia e contato com esta guardiã para poder incorporar sua real e essência.
Bebida:
Finas e caras e fortes.
Fuma:
Cigarros e cigarrilhas
Guia:
Vermelha e
preta
Lugar:
Encruzilhada em T
Metal:
prata
Mineral:
Ônix
Planta:
Rosas, aroeira.
Vela:
Preta e vermelha.
Farrapo responde nos pontos riscados de suas parceiras.
 Maria Molambo
 Maria Quitéria
O ponto cantado é outra maneira do guia nos revelear sua identidade. São musicas, curimbas onde eles cantam contando sobre sua historia ou passagens de suas vidas. Brincam, ensinam e ate advertem através dos pontos cantados. São versos rimados simples e fáceis de cantar. Existem vários e centenas e podem ser utilizados para saudar, louvar, agradecer e ate mesmo invocar o Guia ou espírito.
Maria Farrapo, 
no terreiro te chamamos.
Firma teu ponto,
que tua força precisamos.

Vem trabalhar o teu mistério,
aplicar a lei de Umbanda.
Desfazer o mal entendido,
e mostrar quem é que manda.
Da Calunga à Encruzilhada,
do Cruzeiro ao Cabaré
Vem Maria Farrapo,
concedendo seu axé.


PONTO DA FALANGE MARIA  FARRAPO 
(Claudia Baibich)

Estou sempre caminhando,
vendo sempre muita dor.
Vejo almas que se perdem,
sem ouvir seu protetor.
Filho de fé,
não escute a voz do mal.
Vence aquele que resiste,
com consciência e  moral.
Sou Maria Farrapo, 
e minha falange tem poder.
Sou amiga da justiça,
e não me deixo corromper.



PONTO DE SUBIDA DE MARIA FARRAPO
(Claudia Baibich)

Maria Farrapo vai embora,
 
levando o mal que aqui havia.
Vai girando mundo afora,
desfazendo a hipocrisia.



Todos os direitos autorais reservados 
ao Jornalista 
Magno Constantino

Pomba-Gira Maria Mulambo

No post de hoje, vamos conhecer um pouco da história da Pomba-Gira Maria Mulambo! É superinteressante!
Maria Mulambo nasceu em berço de ouro, cercada de luxo, linda e delicada, sempre tratada com carinho e as pessoas a chamavam de princesinha.
Aos 15 anos, foi pedida em casamento para enlace com o filho do Rei de 40 anos, mas foi um casamento sem amor, apenas para unir fortuna.    Passaram-se muitos anos e Maria não engravidava e o Rei precisava de um sucessor. Maria sofria em um casamento sem amor e ainda chamavam-na de árvore seca.  Nessa época, toda mulher que não tinha filhos era chamada desse nome, além de ser amaldiçoada.
Paralelamente a isso,  Maria praticava a caridade, vivia no meio de povoados pobres ajudando os doentes. Nessas idas e vindas, conheceu um homem dois anos mais velho que ela, era viúvo recentemente e tinha três filhos dos quais cuidava com muito amor e carinho.  Foi amor à primeira vista, mas os dois não se aceitavam.
O rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria considerada rainha daquele país.   O povo adorava Maria, mas alguns com inveja a consideravam árvore seca.
No dia da coroação, o povo não sabia o que oferecer a Maria, então, fizeram um tapete de flores para que ela fosse conduzida ao local.  Maria se emocionou, mas o Príncipe, agora Rei, não gostou. Ao chegara a casa, trancou-a no quarto e lhe deu a maior surra e a partir daí, Maria sofria muito com diversos socos e pontapés diários.
Mesmo machucada, Maria não parou com a caridade.  Foi aí que seu amado resolveu se declarar e pediu para que eles fugissem escondidos, assim viveriam  aquele grande amor.  Combinaram tudo! As crianças ficariam com os pais do rapaz até que tudo se normalizasse.    Maria fugiu apenas com a roupa do corpo, deixando toda riqueza para trás.
Maria passou a viver na pobreza, mas era feliz e engravidou! A notícia correu por todo o país e chegou aos ouvidos do Rei. Ele se desesperou em constatar que era a árvore seca. Ficou louco e desejava muito limpar sua honra.
Sendo assim, o Rei pediu para que os guardas prendessem Maria que passou a ser chamada de Maria Mulambo. Ele ordenou que amarrassem duas pedras aos pés de Maria e a jogassem na parte mais funda do rio.
Ninguém ficou sabendo desse crime, mas sete dias depois do acontecido, começaram a nascer flores às margens do rio, o que nunca havia ocorrido naquele local e também havia abundância de peixes.
Seu amado desconfiou e mergulhou nas águas do rio, encontrando o corpo de Maria que mesmo depois de dias estava intacto. Seus mulambos haviam se transformado em roupa de rainha coberta de joias. Velaram seu corpo e fizeram uma cerimônia digna de rainha e, posteriormente, cremaram seu corpo.   Logo após,  o Rei enlouqueceu e seu amado nunca mais se casou.
Maria Mulambo mostra-se sempre linda e sedutora, gosta de licores, batons e cigarrilhas de boa qualidade.
Sua missão é tratar do lixo espiritual, curar depressão e fazer cada um confiar mais em si e em sua própria potencialidade!
Laroiê Mulher Maria Mulambo!!! Salve! Salve!

Pomba Gira 7 Caveiras da Encruzilhada do Cemitério

Venho acolher e resgatar. No cemitério, ofereço minha capa e luz para dar luz aos que desistiram. Luz e proteção aos que querem se levantar.
Desirée Varella Bianeck - Médium do Terreiro do Pai Maneco
Recebi seu nome, depois de três anos trabalhando com ela, no meio da rua. Do nada, no meio da XV de Novembro, sinto sua aproximação. “Minha mãe, já que a senhora está aqui, não gostaria de aproveitar e me dizer seu nome?” E escutei: “7 Caveiras”. E só. Fiquei super feliz. Algum tempo depois, num sonho daqueles que só a Umbanda nos dá, daqueles em que saímos de nós mesmos e continuamos trabalhando junto aos espíritos maravilhosos do Terreiro, ela completou a mensagem. Tomando-me pela mão, me leva até o ponto do Seo 7 Encruzilhadas. "Hoje você vai trabalhar aqui. E meu nome é 7 Caveiras da Encruzilhada do Cemitério, mas por enquanto, tá bom 7 Caveiras mesmo. Eu trabalho da terceira encruzilhada depois do portão do cemitério”.
Quando das primeiras incorporações ficava constrangida: por mim e por ela. Tocado o ponto de Dona Maria Molambo, eu saía me contorcendo e gargalhando (muito tempo depois descobri o porquê dessas gargalhadas e porque vinha no ponto da Dona Maria Molambo). Pedia que ela não chegasse tão ‘aparecida, pois queria ajudar quietinha, sem ninguém me ver. Muitas vezes camboneei em gira de Exu, para não passar por isso. Nessa mesma época, eu camboneava, por vezes, uma Pombagira chamada Dona Ana Rosa, com a qual tenho uma história importantíssima em minha vida. Em certo dia, camboneando Dona Ana Rosa, acontece algo maravilhoso. Ela se levantou e colocou seu lenço sobre os ombros de sua médium e enquanto encostava sua cabeça na minha, trocou de cavalo. Ali estava eu, tremendo muito e incorporada com a Pombagira que tanto amava e a quem sempre recorria. A sensação que tive foi algo espetacular. A luz daquela mulher era tão gigantesca, que não cabia em mim. Saí do terreiro levitando, cantando e pulando. Essa era a energia daquela Pombagira! Luz e alegria! Fiquei maravilhada com o que senti. Os Exus são seres de muita luz! Ninguém me contou, eu vi! Por minha ligação com ela, sempre que podia, levava flores para Dona Ana Rosa, lhe fazia entregas, pedia e agradecia.
Depois de um tempo, Dona 7 Caveiras não chegava mais rindo e me explicou dentro de minha alma: queria que eu perdesse a vergonha de incorporar e não precisava mais chegar fazendo estardalhaço. Tratamento de choque. Depois de um tempo me acostumei com suas risadas e comecei a incorporar sem me preocupar. Em uma gira me deu outro importante recado. Chamou uma irmã de corrente e disse: “Diga ao meu cavalo que quero uma entrega grande. Ela só agradece a outra e na hora do bicho pegar sou eu que estou com ela. Eu fico com o trabalho pesado e a outra é que ganha flor”.
Naquele dia aprendi que podia amar outras entidades, mas devia cuidar daqueles que se dispunham a me cuidar e que por algum motivo que desconheço, se tornaram responsáveis pelo meu desenvolvimento. Ela era a responsável por mim e era quem me agüentava. Fiz a sua entrega e passei a me dirigir a ela em hora de aflições. Como disse de início, seu nome só veio muito tempo depois.
Já no toco, ficava me questionando sobre algumas coisas. Dona 7 Caveiras era muito querida com os consulentes, delicada até. Cuidando sempre da forma certa de falar, pra não magoar. Pensava eu: “ela é muito delicada pra uma pombagira caveira. Será que é mesmo Caveira? Ela deve ser mais brava, mas na 3ª energia fica mais tranqüila. Eu é que fico cuidando com o que digo às pessoas”. Que ilusão, eu achando que EU deixava a pombagira mais amorosa com as pessoas!
Há pouco tempo tive permissão de fazer uma psicografia. Queria saber mais sobre ela. Não entendia o porquê de seu ponto riscado ter 7 cruzes e não 7 caveiras que era seu nome. E como ela tinha pedido uma capa ao Seu Tranca Ruas das Almas e ele tinha autorizado, queria saber a cor pra que mandasse fazer. Esse era o meu objetivo, mas ganhei muito mais. Relato abaixo o que transcrevi ao Pai Fernando após o contato:
“Pai Fernando estou escrevendo ainda sob impacto e vibração da mensagem deixada pela Pombagira com quem trabalho, Dona 7 Caveiras da Encruzilhada do Cemitério. Pedi que ela me falasse sobre a cor de sua capa e confirmasse o ponto que normalmente risca e qualquer outra mensagem que quisesse me dar. Ela primeiro me passou um ponto cantado e depois comecei a psicografar. Ela explicou porque sua capa é preta por fora e vermelha por dentro. E enquanto escrevia, a vi no cemitério. Usava uma capa que cobria a cabeça também. Sua saia tinha muitos pedaços de esqueleto amarrados, como amuletos e que faziam barulho quando andava. Enquanto ela falava sobre sua atividade fui tomada por uma emoção tão forte...eu estava com ela, sentindo a sua história e sua emoção ao contar sobre o que faz. Chorei convulsivamente enquanto escrevia, mas com a certeza absoluta que era a emoção dela que eu compartilhava. Ainda to impactada. As imagens tão emocionantes do momento em que foi resgatada e do tipo de trabalho que faz a partir do que vivenciou após seu desencarne são de cortar o coração e ao mesmo tempo acolhedoras, confortadoras...não sei definir...sinto dela um acalanto, um carinho, um abraço tão quente e aconchegante...como um colo de mãe depois de um período de solidão e frio. A imagem que tive foi do Seu Tranca Ruas das Almas e da Dona Maria Molambo a resgatando. Logo depois, a vi resgatando uma outra pessoa de seu túmulo, senti a compaixão e a emoção que sentia ao se lembrar da situação idêntica em que estava quando foi resgatada. Ela chorou e eu também. Dentro da cova estava uma pessoa que como ela ficou anos presa ao seus restos..senti o desespero, tristeza, abandono e muito frio...solucei no momento em que ela era puxada de sua cova por Seu Tranca Ruas e Dona Maria Molambo. Senti a mudança do frio extremo, (frio do coração, da alma dela, da solidão, do corpo) para o aconchego dos Exus. Vou transcrever o que ela me ditou:
“Cravo é flor de morto. Vermelho é a cor que ilumina a escuridão. A única cor que ilumina os perdidos. Não venho condenar. Venho acolher e resgatar. No cemitério, ofereço minha capa e luz para dar luz aos que desistiram. Luz e proteção aos que querem se levantar. São os ossos dos perdidos que carrego comigo, para que se lembrem de como eram quando os resgatei. Cada um deles deixa comigo um pedaço do seu esqueleto na promessa de juntos trabalharmos em prol de outros. Suas dores são minhas dores, porque já estive subjugada pela dor. Sei o que é estar em desespero e só. Carrego os ossos para me lembrar da dor.”
A visão que tive foi emocionante. Ali, onde ela mesma sofreu por anos sozinha, presa aos seus restos mortais, agora resgatava outros, em situação semelhante. Para se ter uma vaga idéia do que senti, podem-se imaginar paralelos. Sentir seus ossos congelarem de frio e encontrar o calor de uma lareira, ou quando se encontra uma mão amiga quando já se sentia que ninguém mais no mundo se importaria com você ou como quando estamos tão carentes, sem amor e recebemos um colo de Preto Velho. Colo de Pombagira! Colo de amor, carinho e calor irrestritos. Quando nada mais no mundo existe, quando se está à beira da loucura da solidão. E essa foi a lição mais preciosa que recebi. Lembrei da luz que vi anos atrás de Dona Ana Rosa e o amor incondicional que senti de Dona Sete Caveiras linda e amorosa que, graças a Deus, cuida de mim. Refleti sobre esse amor. Refleti sobre a ingenuidade que tive em achar que era eu que infligia cuidado e delicadeza às suas palavras para os consulentes. Refleti sobre o quanto sabemos pouco destas entidades maravilhosas e que talvez eles assim o queiram. Dizem que são as entidades mais próximas de nós encarnados. Sinto-me há anos- luz de Dona 7 Caveiras! A respeito e a amo demais e sei que quando chegar a minha hora de passar para o outro plano, é ela que quero encontrar, pois sei que encontrarei em seus braços o amor e o calor que precisarei pra continuar minha caminhada!
E esta amorosa pombagira me disse, com aquele jeitinho todo cuidadoso, sem querer me magoar por me dizer o óbvio quando lhe perguntei o porquê das 7 cruzes em seu ponto riscado:
-- Minha filha, o que é que tem embaixo de 7 cruzes?
-- É minha mãe, tem 7 caveiras...
E lá se foi ela, cuidar de suas caveiras e de todos nós. Podia ouvir em minha alma o tilintar dos ossinhos amarrados em sua saia e seu cândido ponto que nos ensina que se pode ser forte e amar. Amar demais!
Crec, crec, crec, são as caveiras da Dona Sete (2x)
Numa mão traz seu tridente e na outra uma flor.
No tridente sua força e no cravo seu amor.
Crec, crec, crec, são as caveiras da Dona Sete (2x)

quinta-feira, 26 de março de 2015

Exú Brasinha


É muito complexo falarmos sobre entidades, existem diversas visões e opiniões sobre este tema. Falar sobre qualquer entidade de Umbanda é delicado, pois sabemos sobre o espírito que deu Origem à determinada linha e por este motivo devemos nos lembrar que existem diversos outros espíritos que atuam na mesma, sendo então falangeiros e atuando como representantes do espírito que à originou. Segundo alguns historiadores o nome Brasinha estaria relacionado pelo motivo que este espírito viveu na época da escravidão e teria sofrido abusos sexuais e até mesmo outras práticas de tortura. Dizem que ele se vingou do feitor que ocasionou tanto sofrimento à ele. Mas vale lembrar que esta história está relacionada ao primeiro espírito que se apresentou com este nome, e que são diversos outros espíritos que representam Exú Brasinha, cada um possuindo a sua história.
Hoje apresento uma história contada pelo Exú Brasinha, espero que gostem.
"Eu tinha uns 13 anos de idade quando precisei trabalhar para ajudar minha família, mas bem antes disso eu e meus irmãos apanhávamos demais do pai e minha mãe.  Meu pai era carpinteiro, minha mãe lavadeira, tínhamos dificuldades para conseguir comida e isso tirava meu pai do sério, deixando ele nervoso devido a esta dificuldade financeira.
Com o passar do tempo fui vender jornal para tentar ajudar em casa. Mas eu estava tão cansado de apanhar, de sofrer e de chorar que comecei a praticar pequenos delitos e fui morar na rua.  Até que um belo dia descendo uma ladeira vi um senhor de terno preto, chapéu, vi assim a oportunidade perfeita, assim roubei ele, nesta época eu morava na rua e eu dormia em frente a uma casa amarela, onde eu dormia encostado ao muro desta casa. peguei minhas coisinhas que eu escondia em uma árvore, arrumei tudo, bem ajeitadinho e não vi os dois filhos do senhor que me viram rouba-lo e me seguiram, quando estava quase dormindo levei uma pancada na costela, alcancei meu canivete que estava escondido de baixo das coisas que eu usava para dormir, peguei o canivete mas tomei outra pancada na cara que voou canivete e tudo mais.
Me amarraram com as mãos para trás, amarraram meus pés jogaram querosene e eu virei uma brasa, peguei fogo."

Exú Brasinha

Guardião das Almas

(Eurinomo) - Guardião das Almas é o nome de um exú (entidade espiritual) da Quimbanda e Umbanda brasileira. (Não confundir com Senhor Exú Tranca Ruas das Almas) Exú das Almas é o Guardião de todas as Almas. O Sr. das Almas é o Exú responsável pelo encaminhamento das almas (espiritos desencarnados) que vagam nos cemitérios.
Mar e todo lugar místico considerado uma Calunga!É representado por um homem elegantemente vestido de negro, carregando uma cruz (símbolo das almas) e o crânio humano.É o Exú que lembra às almas suas condições humanas.
Normalmente é associado ao cruzeiro(calunga), mas sua ação dentro do mundo das almas vai mais além. Suas manifestações mediúnicas são, na maioria das vezes, transmutadoras É uma entidade séria e de poucas palavras (indo diretamente ao assunto).
Exu das Almas pode vir através da falange do Exu Tranca Ruas das Almas,Exu Caveira, Exu Táta Caveira ou Omulú. Em cada uma delas suas manifestações são diferentes assim como sua evolução.O Senhor das Almas é um exu, ou seja, uma entidade que trabalha na Umbanda,através da incorporação de médiuns.
Antes de ser uma entidade, Senhor das Almas viveu na terra física, assim como todos nós. Acreditamos que nasceu em 600 D.C., e viveu até dezembro de 628, no Egito, ou de acordo com a própria entidade, "Na minha terra sagrada, na beira do Grande Rio". Teve sua vida relacionada com 49 homens que tiveram uma morte trágica, por uma disputa amorosa, foram todos queimados vivos.Entre os exus da linha de Exu das Almas existem: Todos os Exú e Pomba Gira que carregam a nomenclatura Almas e a linha de Tatá Caveira, João Caveira, Exu Caveira, Exu mirim das Almas!Caveirinha, Rosa Caveira, Dr. Caveira (7 Caveiras), Quebra-Osso, Sete Porteiras, Exú do Cruzeiro, Exu da Calunga pequena e Exú da Calunga Grande, entre muitos outros.
Por motivo de respeito, não será indicado aqui qual exu da linha de Exu das Almas foi o irmão de Tatá Caveira das Almas,enquanto vivo. Como entidade, o Chefe-de-falange Exu das Almas é muito incompreendido, e seus fundamentos ainda são cercados de mistérios, e tem poucos cavalos.
São raros os médiuns que o incorporam, pois tem fama de bravo e rabugento. No entanto, diversos médiuns incorporam exus de sua falange. Veste-se com roupas preta e branca, carrega um manto em veludo, cartola e bengala, sua guia é na cor preta com caveiras e uma cruz no meio!
Exu das Almas escolhe cavalos valorosos na moral e na conduta pessoal pra trabalhar, não tolera a mentira é sério e austero. Quando fala algo, o faz com firmeza e nunca na dúvida. Tem temperamento inconstante, se apresentando ora misterioso, ora esclarecedor, ora calmo, ora nervoso, mas muito rígido em suas palavras. Fidelidade é uma de suas características mais marcantes, por isso mesmo Exu das Almas não perdoa traição e valoriza muito a amizade verdadeira. Considera a pior das traições a traição de um amigo.Em muitas literaturas é criticado, e são as poucas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer a fundo Exu das Almas Chefe-de-falange. O cavalo demora a adquirir confiança e intimidade com este exu, pois é posto a prova o tempo todo.No entanto, uma vez amigo de Exu das Almas, tem-se um amigo para o resto da vida. Nesta e em outras evoluções. Pois como o Senhor Guardião das Almas mesmo diz....Não importa por qual caminho você caminhe, mas com certeza no mundo espiritual, caminharás pelo meu caminho, e que você não traga ao meu caminho, a dor de nenhuma Alma que por você foi ferida, pois do contrário eu serei o Executor dessa dívida! Laroyê Senhor das Almas! tai a resposta pessoal !!

HISTÓRIA DO EXU JOÃO CAVEIRA

O Exu João Caveira contou uma de suas vidas passadas.
Disse que na Idade Média, foi um fiel conselheiro de um senhor feudal.
Criada uma situação no feudo de difícil solução, foi solicitada a sua opinião para decidir a questão.
Se decidisse de uma forma, agradaria todos os senhores, e de outra forma, faria justiça a todos os desafortunados moradores do lugar.
Para ganhar a simpatia do lado forte, decidiu pela primeira hipótese, mesmo contrariando a sua vontade, que em nenhum momento expressou.
Por causa disso, ganhou um carma enorme, que está resgatando nos terreiros de Quimbanda.
Outra lenda de João Caveira
Sou Exu assentado nas forças do Senhor Omulu e sob a sua irradiação divina eu trabalho.
Fui aceito pelo divino trono e nomeado Exu a mais ou menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade  e todos os demais vícios humanos que se possa imaginar.
Fui senhor de um povoado onde habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada, devia ser sacrificado, para acalmar o Deus da tempestade. Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre a minha futura família, até porque se tratava de meu primeiro filho. Mas, todo o meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, invadiram a minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a violentaram, provocando imediato aborto, e com o feto fizeram a inútil oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada fiz para contê-lo. Simplesmente enquanto houve vida em mim, eu matei um a um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei a não crer mais em Deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, Tamanha foi a fúria da tempestade. De repente o que era rio virou areia e o que era areia virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue.
Sem perceber, estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa falange afim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.
Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e nos entregávamos a todas as depravações com todas as mulheres que capturávamos. Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria ter. Se eu não poderia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter.
Entreguei-me à outros homens, mas ao mesmo tempo violentava bruscamente as mulheres.
As crianças, lamentavelmente nós matávamos sem piedade. Nosso rastro, era de ódio e destruição completas. Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também despertava muito ódio em alguns muito interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina e religião. Eis que então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó. Foi decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco. 
Parti para o inferno. Mas não falo do inferno aos quais as pessoas estão acostumadas a ouvir nas lesdas das religiões efêmeras que pregam por aí. O inferno ao qual me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é implacável. Vendo o meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava me fez recordar de todas as minhas atrocidades. Olhei todo o espaço ao meu redor, e, tudo o que vi foram pessoas mortas. Tudo se transformou de repente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, caí derrotado. Não sei quanto tempo fiquei ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda o mais cruel. Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, ja não era mais eu, mas sim o peso dos meus erros que me condenava. Nada eu podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam os meus sentidos bem lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu, absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram. Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzí-me a um verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem a outorga para entrar nessa escuridão e quem pode avaliar o que estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isso hoje, já não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste da minha vida espiritual. 
Por longos anos eu vaguei nessa imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças. Já não havia mais suspiros, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim, nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a ultima gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me ajudar. Eis que, então, depois de muito clamar, surgiu alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavalheiro que o montava assemelhava-se à um guerreiro, não menos cruel do que eu fui. Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram e cuidaram de mim com um desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente.
Sim claro, senão eu ainda estaria la naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu. - Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi e como ele tinha me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por completo.
Por longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu "corpo" se refez e pude levantar-me novamente. Apresentou-se então meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravejado de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Ele usava uma cartola, mas eu não consegui ver seu rosto.Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, por que aqui todos somos iguais.
Disse o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter, minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.
- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer se não quiseres retornar aquele antro de loucos onde estavas. Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e terá o castigo merecido.
- Posso saber o seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cala-te, vamos ao nosso primeiro trabalho.
- Esta bem.
Segui o homem, ele a cavalo e eu corria atras dele, como um serviçal. Vagamos por aqueles lugares sujos e executamos varias tarefas juntos. Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As varias lições que me foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho.
Ganhei a confiança de meu chefe e de seus superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei contar o tempo da terra, mas, asseguro que menos de cem anos não foram.
Foi então, que em uma assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao senhor Omulu e ao divino trono, assumindo as responsabilidades que todo o Exu deve assumir se quiser ser Exu.
- Amor ao criador e às suas leis;
- Amor a criação do pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer as regras do abaixo, assim como as do acima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas tem para todos os Exus.
A principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-me a necessidade de ter a minha própria falange, visto que os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu, e com o senhor Ogum-Avagã para que eu pudesse ser o guardião do meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido, poderia ter a minha falange. Assim assumi à esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá em substituição ao seu pai de sangue. A filha do Babalao era minha ex esposa que estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim as nossas diferenças, minha ex mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões, as capturas e o comércio de negros para o Ocidente se fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e o ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.
Mas meu protegido, já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.
Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova Religião irá nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o tempo espiritual e diferente do material. Preparamo-nos, conforme nos foi ordenado, até que a Umbanda foi inaugurada. Então eu fui nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu, e pude então assumir minha falange, meus graus e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de conduzir meu antigo algoz, que hoje está no encima, feito meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor da Umbanda e do bem.
Hoje, aqui no embaixo, comando uma falange dos Exus Caveira, e somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho, e pude ver que ela é igual do meu grande e querido tutor o Grande Senhor Exu Tata Caveira, a quem devo muito respeito e carinho. Não confundam o Exu João Caveira Com o Exu Tata Caveira, os trabalhos são semelhantes mas os mistérios são diferentes. Tata Caveira trabalha nos sete campos da fé. Exu João Caveira, trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma, dando lugar a geração de outras vidas. Onde há infidelidade e desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu João Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos meus mistérios. De qualquer maneira, o amor impera, sim, o amor, e porque Exu não pode falar de amor? Ora, se foi por amor que todo o Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua Religião, pois Exu João Caveira abomina a traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado por mim, e todos que praticam tal ato são então condenados a viver sob as hostes severas de meu mistério.
Peça o que quiser com fé, e com fé lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis a seus médiuns e aqueles que nos procuram.
A falange dos Exus Caveira pertence ao Grande Tata Caveira, os demais não posso citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho sobre vossas dúvidas. Mais a mais, se um Exu de minha falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus da evolução em outras esferas.
Que o Divino Pai Maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior de todas as Religiões lhes traga dias melhores.
Com carinho.
Exu João Caveira.

Baiana Maria Olindina



A baiana chegou da Bahia...


Rosalva caminhava com dificuldade equilibrando os baldes com água que trazia, um sobre a cabeça e mais um em cada mão. Essa era sua tarefa de todas as manhãs, seguia até a cacimba que ficava a cinco quilômetros de seu pequeno povoado, enchia os três baldes que serviriam para as tarefas diárias de sua família e voltava cantarolando pelos caminhos secos e arenosos do sertão nordestino. Normalmente ia e voltava com outras pessoas que faziam o mesmo percurso, mas hoje, tinha pressa, era dia de procissão na igreja de São João e ela não queria perder tempo, despediu-se dos acompanhantes e partiu com pressa. Na flor de seus dezesseis anos, sonhava encontrar alguém para casar e nada melhor que a quermesse da paróquia. Ia fazendo planos de namoro e casamento com alguém que encontraria logo mais a noite. De repente dois homens pularam em sua frente. Seu coração disparou. Eram cangaceiros. Conhecia as histórias que se contavam a respeito deles e sabia que teria de fugir imediatamente, jogou os baldes e precipitou-se em uma corrida desesperada. A perseguição foi difícil, a menina corria muito, mas os homens conseguiram enfim alcança-la. As lágrimas e pedidos de clemência foram inúteis. Rosalva foi impiedosamente deflorada por ambos. Jogada no chão tentando cobrir a nudez com os restos do vestido rasgado, encarou seus algozes que riam satisfeitos: - Vou com vocês! - falava sério, com o olhar vidrado de ódio - O que mais me resta depois do que me fizeram? Os homens entreolharam-se surpresos: - O que tá dizeno menina? - Quero seguir seu bando, não posso mais casar, estou perdida! Vou com vocês. Assim Rosalva entrou para a vida errante do cangaço. Durante vários anos fez parte do grupo que perambulava pelas cidades fazendo assaltos que garantiam a sobrevivência do grupo. Não aprovava as mortes espalhadas pelo bando e por isso nunca usara nenhuma arma, fazia apenas o "apanhamento" que era como eles chamavam o furto praticado depois de algumas chacinas. Foi em um desses ataques que tudo se precipitou. Um pequeno sitio foi invadido por eles e dois homens foram mortos. Rosalva recebeu a ordem de fazer o apanhamento, como de hábito. Ao entrar no quarto para exercer sua tarefa encontrou uma mulher, grávida, totalmente descontrolada que empunhava uma grande faca e partiu para cima dela. A lâmina provocou um corte profundo em seu braço fazendo com que gritasse de dor. Roxinho que estava em outro cômodo correu para lá a tempo de chutar a mão da mulher, o que fez com que a faca voasse por sobre a cama e a mulher em desequilíbrio fosse ao chão. O cangaceiro ao perceber a avançada gestação, entregou sua garrucha para Rosalva: - Mate a vagabunda, fiz promessa de não matar prenha! Ela olhou pra o companheiro espantada. - Não posso, nunca matei ninguém! - Sempre tem primeira vez, mate logo. Essa franga te cortou! Ela sabia que as ordens de Roxinho não deviam nunca ser desobedecidas. Empunhou a arma e apontou para a cabeça da mulher. Esta, acuada e pronta para a morte, olhou com ódio para ela: - Mate infeliz e leve para o inferno o pecado de ter matado dois! Rosalva, trêmula, engatilhou. Em uma fração de segundos levou o cano para a própria fronte e disparou. Acabava aí a história de uma mulher que nunca conseguiu ser feliz.
Hoje, nossa companheira de todas as horas traz na terra o nome de Maria Olindina, na linha dos baianos é só sorriso e alegria, deixou para trás a vivência sofrida em terras nordestinas para ser nossa mãe, amiga e confidente para todas as horas. Sarava Dona Maria Olindina da Luz


Salve todos Irmãos de Fé
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com

Baiano Zé do Coco



Seu Zé antes era Zezinho, gostava tanto de cocada que seu apelido logo surgiu, Zé do Coco é seu nome, sua vida foi difícil e dos animais sempre cuidou, subia em coqueiros e gostava de apreciar a paisagem, eita mundão de Deus, dizia quando lá de cima derrubava os cocos, tinha um facão afiado, e não cortava planta sem precisão, sua Santa desbotava dentro de seu chapéu de palha, muito úmida de tantos beijos com sabor de cachaça, boêmio, de arrastar o pé nas modas de viola e nos berros da sanfona desenfreada, que só parava de dançar quando o dia raivada ou a pinga acabava, fazia o bem, para pobres ajudava na lavoura sem nada cobrar, apreciava um bom prato de comida regada na pimenta e a pinga para endurecer o fígado como dizia, contador de prosa e as mocinhas gostavam de ouvi-lo cantar, mas cuidado ela acaba seu canto quando a pinga terminar.
Seu Zé do Coco é lembrança de um começo para mim, minha mãe de Santo antes de partir com ele trabalhou, e nas caminhadas comigo ele ficou, e hoje por poucas vezes ele aparece em nossa casa, ele diz que mesmo que não o vejam, ele sempre esta por perto, nunca abandonará a quem sempre lembra dele.

quarta-feira, 25 de março de 2015

A História do Caboclo Sete Luas e o Curumim Joãozinho

Caboclinho Pequenino, Onde  É Que Eu Vou Morar?
Eu Moro Nas Matas Virgens Com Jurema, Juremá,
Nas Matas Pai Oxossi É Meu Protetor,
Medo Não Tenho, Sou Um Guerreiro Mirim,
Guardo Minha Aldeia Com Muito Amor,
Eu Sou Joãozinho Das Matas, O Pequeno Grande Curumim.



**********************************************************************

Kiô Kiô Sua Mata Em Festa,
Saravá Seu 7 Luas, Ele É Rei La Da Floresta.
Eu Vi,
Um Caboclo Eu Vi Surgir Da Mata Virgem,
E A Luz Do Sol A Ele Clareou,
Vinha Conduzindo A Sua Caça,
Com Sua Flecha Certeira Ele A Pegou.
Kiô Kiô Sua Mata Em Festa,
Saravá Seu 7 Luas, Ele É Rei La Da Floresta.
Ele É Caboclo Forte,
É Cacique De Aldeia,
Ilumina Sua Luz,
O Seu Filho Ele Clareia.
Traz A Paz De Aruanda,
Nos Caminhos De Iemanjá,
Coroando A Nossa Umbanda,
Com A Coroa De Oxalá.
**********************************************************************

    Um Curumim que desejava firmemente ser um guerreiro de sua tribo,
e um Cacique guerreiro que comandava seus valentes e destemidos
lutadores em prol da paz e segurança de sua aldeia.

    O Cacique guerreiro tem como seu nome Sete Luas, e o pequeno
Curumim era chamado pelo seu povo de Inaiê (Águia Solitária).

    E como será que essas histórias se entrelaçam?
    Como será que esses personagens foram escolhidos para trabalharem
pela caridade dentro da Umbanda?

    Tudo começou em uma aldeia indígena na região Norte do Brasil,
isso no final do século XIX e início do século XX.

    A aldeia era isolada no meio da extraordinária Floresta, ali os
índios só tinham contato com a Mãe Natureza, que era maravilhosa, e
dela retiravam seus alimentos.

    A Aldeia era chefiada por um índio extremamente forte, de poucas
falas, observador, que quase nunca sorria, sempre com seu olhar
penetrado, sereno e extremamente dedicado a seu povo, fazendo assim
com que todos os respeitassem acima de todos e apenas abaixo de seus
Deuses.

    Esse Cacique tinha o nome de Sete Luas, dado por seu pai após seu
nascimento e após ter pedido aos Deuses orientação para selar o
caminho de seu filho com um nome que poderia o levar a ser um grande
guerreiro e um supremo líder quando esse estiver dentro da idade de
herdar o carinho e respeito de seu povo, quando Tupã chamar seu pai e
antigo Cacique para o reino dos espíritos.

    Ao Olhar para o céu em uma noite clara, com seu filho nos braços,
o antigo Cacique e pai de nosso personagem o ergueu a avistar uma
formação não comum no céu da noite estrelada. Parecia-lhe 6 pequenas
Luas com uma grande ao centro. E essa Lua maior irradiava uma luz azul
linda, na qual ia de encontro com a criança, iluminando intensamente o
seu rosto.

    E assim o Cacique entendeu, que os deuses estavam mostrando que o
nome de nosso futuro guerreiro seria "Sete Luas", e logo foi dito a
todo povo da aldeia, que festejaram com danças e alegria, entendendo
que acabara de nascer o futuro Cacique Guerreiro da aldeia.

    Os anos passaram, Sete Luas cresceu, e ao completar seus 20 anos,
teve a perda trágica de seu pai, amigo, protetor e Cacique. E com isso
ele mesmo tomado pela tristeza de não ter mais seu ponto de apoio e
sua base de vida, teve que assumir o lugar de seu pai, virando assim o
Cacique Sete Luas, o guerreiro que agora deveria proteger seu povo,
chefiar seus guerreiros, encaminhar seus caçadores, ensinar o
companheirismo

    O Cacique Sete Luas tinha uma irmã consanguínea, na qual ele tinha
ficado responsável após o desencarne de seu pai, ele passou então a
cuidar dela como uma filha.

    Essa menina cresceu, se tornando uma linda mulher, sendo desposada
por um dos mais bravos guerreiros sobre o comando do Cacique Sete
Luas. Após algum tempo do entrelace, a irmã/filha do Cacique guerreiro
deu a luz a um menino, lindo como a mãe e robusto como o pai.

    Esse menino foi batizado com o nome de Inaiê (Águia Solitária),
pois como era de tradição entre as tribos indígenas, o nome dado ao
recém nascido, seria de algo que chamasse atenção do pai no momento da
apresentação da criança a mãe natureza.

    E no momento que apresentava o pequeno curumim, saia, em voou de
encontro aos dois, uma grandiosa águia branca, que posou diante dos
dois, de asas abertas, como abençoando aquela criança.

    Essa águia era companheira das andanças, caças e proteção da
aldeia do Cacique Sete Luas, pois onde ele se encontrava ela estava,
ou próxima ou mesmo sobre o ombro do guerreiro.

    Quando a irmã consanguínea começou a gerar uma nova vida em seu
ventre, a águia passou então a ficar nas copas das enormes árvores,
observando cada passo da índia gestante.

    Muitos observaram esse fato, e sempre apontando para a águia
solitária e protetora, como se ela fosse uma deusa entre os
indígenas.

    Então por esse motivo o pai do pequeno recém nascido, vendo a
atenção e a proteção daquela águia solitária, colocou o nome da
criança de Inaiê.

    Antes de completar dois anos de idade, o curumim Inaiê já foi
atacado por um fato extremamente dolorido e triste pelo senhor
destino, seu pai e sua mãe, como era de tradição deveriam ir em busca
de ervas raras para fazerem um amaci, que pedido pelo Pajé da aldeia,
serviria para a entrega do filho aos deuses da mata, ao completar dois
anos de idade.

    Na busca dessas ervas, o casal indígena, ao se aprofundarem em
matas distantes, se depararam com o mais terrível inimigo dos índios
naquela época, o homem branco.

    Os dois foram caçados e assassinados pelo inimigo, deixando seus
corpos jogados e inertes sobre a terra mãe e sobre o olhar dos
espíritos da mata, que choraram em forma de chuva.

    Ao longe a águia solitária observava tudo, e reconhecendo a força
do destino, apenas voou após o fato ocorrido, para ir em busca do
Cacique guerreiro, que prontamente foi ao local onde se encontrava os
corpos já sem vida dos seus irmãos de aldeia.

    A partir desse dia o Cacique Sete Luas passou a se responsabilizar
pelo pequeno menino indígena, fazendo seu juramento de cuidar da
criança por todos os dias de sua vida. Esse juramento foi feito pelo
nosso Guerreiro aos deuses da floresta, com os olhos lacrimejados e
dor no coração por ter perdido a sua doce irmã e seu mais nobre
guerreiro.

    Após o juramento ele vê um vulto ao longe que parado junto a uma
árvore sagrada, lhe diz:

    "Os Deuses das Matas reconhecem sua dor e também reconhecem seu
carinho e amor com o pequeno Inaiê. Contudo alertamos que a criança
está prometida aos espíritos superiores. Faça dele um pequeno
guerreiro, o mais rápido possível. Pois seu tempo é curto, ele partirá
antes da quinta lua grande aparecer, na volúpia sanguinária do atroz e
temido oculto ameaçador das matas. Mesmo assim você deverá lutar para mostrar sua força aos espíritos da floresta, para que um dia você possa cumprir sua promessa."

    Com essas palavras o vulto desaparece, sem deixar vestígios, sem
deixar uma resposta de entendimento do que poderia vir pela frente.

    O Cacique Sete Luas tomou para si a responsabilidade de mostrar ao
pequeno Inaiê a arte de ser um caçador destemido, de ser um peixe na
água, de ser um entendedor dos ventos, nuvens, estrelas e todas as
partes cedidas pela a Mãe Natureza.

    E mesmo com a pouquíssima idade terrena, o pequeno curumim já
demonstrava ser especial, entendendo tudo e demonstrando a todos tudo
que aprendera com o seu Cacique.

    Se passaram apenas 2 anos, o menino parecia realmente um guerreiro
destemido, e por todo lado que o Cacique Sete Luas ia, e tudo que
fazia, o pequeno Inaiê estava junto, fazendo, observando, aprendendo.

    O Cacique na lembrança das palavras do vulto que viu e ouviu na
floresta, começou a monitorar e proibir o pequeno curumim de se
embrenhar pelas matas, lhe dizendo sobre os perigos, e lhe pedindo que
só fosse entrar nas sombrias matas com a companhia dele, o Cacique
guerreiro.

    O Menino obedecia sem pestanejar o seu protetor e cuidador, não
queria preocupar o grande guerreiro.

    Mas certo dia, por andanças entre uma oca e outra, o curumim se
depara com uma conversa entre um velho índio e sua esposa, sendo o
assunto exatamente a morte dos pais do menino.

    Ele para escondido por entre as sombras e ouve sobre o
assassinato de seus pais pelos homens brancos dentro da floresta mãe,
e também da lenda que foi criada pelo fato ocorrido de que um grande
felino pintado, que seria um espírito negro da floresta, teria mandado
os atrozes homens brancos matarem seus pais.

    Inaiê tomado pelo ódio, saiu das sombras que o escondia, foi a sua
oca, pegou seu pequeno arco e flecha, que lhe fora presenteado por seu
Cacique e partiu adentrando na floresta negra em busca dos assassinos
de seus pais e também da grande onça pintada, que em sua mente seria o
espírito negro da floresta que teria ordenado a execução.

    Ele foi sem se lembrar do perigo que tanto seu Cacique tinha lhe
falado, sem se lembrar das lições que recebera de seu protetor.
Apenas foi, uma pequena criança que não entendia que o ódio e a
vontade de se vingar seria o fim de sua vida terrena.

    Já mais tarde, e já de volta a aldeia, o Cacique Sete Luas procura
seu curumim por todas as partes, e em essa procura, algumas crianças,
que o viram saindo rumo a floresta falaram o destino ao guerreiro.

    O Cacique se desesperando, lembrando das palavras ouvidas anos
atrás, lembrando-se que faltavam 21 dias para o menino completar seus
cinco anos, saiu desesperadamente em busca de seu sobrinho.

    Foram algumas horas de busca dentro da floresta. Gritando pelo
seu nome, e sem obter respostas, imaginava o pior.

    Olhando para o alto viu sua águia branca sobrevoando um local, ela
descia como um raio e subia como um foguete, tentando chamar atenção
dele para o local.

    Ele adentrou pela floresta com seu arco na mão, num ar de
desespero, ao longe viu a cena que jamais desejaria ter visto, o
pequeno curumim frente a frente com o grande felino pintado, que num
só bote esmaga os ossos frágeis do menino, que cai sem vida diante dos
olhos do seu tio.

    Sem esperar o enorme felino tenta abocanhar o corpo do curumim, com
intenção de levá-lo para longe dali. Vendo isso o Guerreiro Sete Luas,
no ápice de seu desespero e raiva, corre atacando a fera pintada, de
primeiro momento para tentar salvar a vida de seu curumim, e após um
breve momento de entendimento, observando que o menino já não estava
vivo, continuou atacando o felino para tentar resgatar o corpo do
pequeno índio, para poder levá-lo a aldeia.

    Num ataque de ira, a feroz onça pintada ataca nosso guerreiro
arrancando-lhe parte de seu pé direito, que mesmo se esvaindo em
sangue luta incansavelmente com o felino grandioso, tentando assim não
deixar que o animal levasse o corpo inerte do curumim.

    Por algum tempo eles lutaram, e quando o Cacique Guerreiro já
perdia as forças, o animal grotesco, também bastante ferido, fora
atacado pela a águia, que num ímpeto feroz atira suas garras
certeiras nos olhos da onça, ferindo-os intensamente ao ponto de
deixá-la numa escuridão descomunal.

    Com esse fato o felino corre sem destino por entre as árvores da
floresta, deixando ali nossos três personagens heroicos, a águia
branca, o Cacique Guerreiro e o pequeno corpo inerte de Inaiê.

    O Guerreiro Sete Luas, com seu coração atormentado, mais
dilacerado do que todas as machucaduras de seu corpo, se levanta
pegando algumas ervas, e macerando com a seiva do orvalho das folhas,
fazendo assim uma massa que lhe ajudaria a conter o sangue que se
esvaia do seu pé ferido. Após esses cuidados ele pega o corpo do
pequeno curumim em seus braços, e seguindo a águia branca, se
encaminha para fora da floresta fechada, rumo a sua aldeia e a seu
povo.

    Ao chegar na aldeia, o Pajé toma conta dos seus ferimentos, e
também prepara o corpo de Inaiê para ser entregue aos espíritos da
mata.

    Todo ritual indígena foi feito sem perder nenhum detalhe da
tradição durante o sepultamento do menino. Diante disso o Cacique
Guerreiro se tornou mais fechado, das poucas palavras que dizia, era
tão somente ordens a seus discípulos e guerreiros, ele passava a
maioria do seu tempo solitário, ou apenas na companhia da águia
branca.

    O tempo passou, e numa noite de Lua cheia, com as luas menores em
volta, da mesma forma de que no dia de seu nascimento, o Cacique Sete
Luas sentado as margens de uma linda cachoeira de águas límpidas, ouve
uma voz vindo de um vulto, o mesmo vulto que já teria visto a anos
atrás, lhe dizendo:

    "Grande Cacique Guerreiro, chegou a hora de seu reencontro com o
seu curumim Inaiê. Após todos esses anos de espera, hoje é o dia.
Antes de sua partida, quero dizer que sua missão não acabou, seu
corpo fica na terra, sua alma vai aos céus. Nessa ida junto aos
espíritos superiores, você vai buscar a evolução final, para que um
dia bem próximo, retorne em forma de Entidade de Luz, assim como virá com você o Espírito do menino Inaiê.
    Seu trabalho será ajudar a necessitados, salvar os corpos das garras de atrozes, assim como fez com o pequeno curumim, trabalhará em prol da caridade em nome do Deus Maior, assim como da mesma forma que o pequeno Inaiê já está preparado a fazer."

    Após essas palavras o vulto desaparece, assim como da primeira
vez, e após minutos, o Cacique Guerreiro desencarna sobre a luz da mãe
Lua.

    Nos dias de hoje e nos terreiros de Umbanda, o Cacique Guerreiro
trabalha em favor a caridade, conhecido pelo nome de Caboclo Sete
Luas, ele vem a terra incorporado em médiuns preparados, para fazer
limpezas, combater doenças e pragas, abrir caminhos, lutar contra
obsessores e salvar os filhos que nele tem fé.

    Da mesma forma vem também nos terreiros de Umbanda o pequeno
curumim Inaiê. Chegando aos trabalhos espirituais em forma de Erê,
demonstrando toda sua inocência e amor pelo seu trabalho. Tem imensa
alegria de ser chamado de pequeno guerreiro, admiração pelo seu tio
amado, o grande Cacique Sete Luas. E dentro dos trabalhos Umbandista
foi batizado como Joãozinho das Matas, sendo assim para ficar mais
familiarizado com as crianças terrenas.


    Saravá o Caboclo Sete Luas, salve o Erê Joãozinho das Matas!

Okê Caboclo!

Oni Ibeijada!

Carlos de Ogum

Pomba Gira Maria Pimenta







Pomba Gira Maria pimenta 

Esta pomba gira geralmente vem na falange de Maria Padilha e da Malandragem , assim como a pimenta  sua ferramenta de trabalho é bem apimentada , lida com o poder da discórdia como ninguém é totalmente alegre e consegue  tirar qualquer pessoa do serio em segundos, lida com facilidade em trabalhos de brigas e grandes confusões geralmente quem carrega essa pomba gira e  a deve atrai muitas brigas e discórdias e tem poucos amigos, gosta de bebidas fortes , gosta de bebidas misturadas e carregadas de pimenta admira vermelho e amarelo , pomba gira nova desencarnou a poucas décadas adora rosas vermelhas no cabelo .

Quando se deve essa pomba gira ela atrai muito seu cavalo para bares e bebidas e confusões .

Quando a pomba gira é tratada seus cavalos tem sorte no amor e na parte financeira .

 Pomba gira geralmente escrava de nanã e oxum e oya .

Pomba Gira Sete Cobras



POMBA GIRA DAS 7 COBRAS

Pomba gira rara, vista apenas em sessões de magia negra e catimbó, muito perigosa e extremamente pontual , se com ela for feito um acordo logo será cumprido e cobrado  , tem uma beleza hipnotizadora seu alhar é tremulo ,  e sombrio , é uma pomba gira de palavra e para ela só a palavra basta  , suas magias são difíceis de serem desfeitas sua ferramenta são sete chocalhos de cobra e suas vestes são escuras de cores fortes verdes , pretas  e corais , sua gargalhada e baixa e junto com o barulho de cobra , não é de virar , quando vira é para trabalho, e logo se vai , essa pomba gira não é de brincadeira , suas atividades são voltadas a feitiçaria , magia negra , e suas ferramentas de trabalho são perigosas .

Sua falange pertence aos espíritos da mata
Trabalhos : separações , traições , amarrações , defesa dos inimigos, encantos .

terça-feira, 24 de março de 2015

A HISTÓRIA DE RUBIA, A POMBA GIRA ROSA VERMELHA





A tarde caia lentamente. Assustada, Rubia apertou o passo quando percebeu que um homem a seguia. Era Felinto, o bêbado da cidade. Tentou entrar por ruelas estreitas para despistar seu perseguidor. No entanto, ele continuava caminhando, a poucos passos dela.
 
Rubia lançava olhares para todas as direções tentando encontrar alguém que a pudesse ajudar, mas era vão. A cidade estava deserta. Nem os moleques que costumavam correr por ali todas as tardes se faziam presentes nesse dia.
Já tinha ouvido falar das grandes bebedeiras daquele homem, porém nunca soube que ele houvesse feito mal a alguém. Mesmo assim, a respiração pesada que ouvia, vinda dele, a cada passo que dava, deixava-a apavorada e insegura quanto ao motivo daquela perseguição.


Nunca saia sozinha. Aos dezessete anos, era uma moça de rara beleza e seus irmãos mais velhos nunca permitiam que fosse às ruas sem ter, ao menos um deles, como acompanhante. Nessa tarde escapara da vigilância cerrada e fora ao campo respirar um pouco de ar puro. Ao retornar, satisfeita por ter fugido um pouco da rotina, percebera os passos de Felinto e seu coração gelou. Havia algo de muito errado naquela atitude. Agora já estava correndo. Ele corria também. As mãos fortes do homem agarraram-na e uma delas imediatamente cobriu-lhe a boca.
A mão livre corria pelo seu corpo. Ela já não tinha dúvida quanto ao interesse que despertara. Freneticamente tenta se livrar, mas ele é muito forte. Uma dor aguda anuncia que chegara ao fim. Aquele infeliz tomara sua virgindade à força. 


Com os olhos nublados
pelo ódio vê o homem levantar-se com um sorriso cínico dirigido a ela. Num relance, percebe, perto de si, uma grande pedra pontiaguda. Com rapidez se ergue já com a pedra na mão. Felinto está de costas, absorvido na tarefa de fechar a calça. Sem titubear, ela atinge sua cabeça com um golpe certeiro. Surpreso, o homem se vira. O sangue corre pelo seu rosto. Tomado de ódio e dor, agarra Rubia novamente e aperta-lhe o pescoço com extrema violência. Caem ambos por terra. A moça ainda vê a morte passar pelos olhos do homem, antes de também exalar o último suspiro.


O caminhar do espírito de Rubia, por vales sombrios, foi longo e doloroso. De outras encarnações trazia pesada carga. O assassinato de Felinto só fez aumentar, seu período de sofrimento em busca de conhecimento e luz. 


Hoje, em nossos terreiros, se chama Rosa Vermelha, a pomba-gira dos grandes amores. Discreta e bela, sua incorporação encanta a todos que a conhecem.

Laroiê Rubia! Laroyê divina moça! Salve a tua banda, salve a tua força!