segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Fundamentos da Meditação (7) - Reconhecendo Obstáculos

 

Fundamentos da Meditação (7) - Reconhecendo Obstáculos



  Hoje vamos conversar sobre obstáculos específicos que o iniciante enfrenta na prática da meditação. Há muitos obstáculos para a meditação e em palestras anteriores destacamos alguns dos pontos mais fundamentais:

  1. Não conhecimento do que seja a consciência e não conhecimento em como trabalhar com ela. Todos temos ideias sobre consciência, porém precisamos saber experiencialmente, no momento, o que seja e como usá-la. Esse foi o motivo daquela palestra: Fundamentos da Meditação (2) –Consciência:(https://arcadeouro.blogspot.com/2019/01/bases-fundamentais-da-meditacao-2.html)

   2. Falta de Energia. Normalmente não temos energia, uma vez que a gastamos, a esbanjamos, por tê-la investido em ações nocivas. Necessitamos aprender como economizá-la, transformá-la a fim de nutrirmos a consciência diariamente. Eis porque demos esta palestra Fundamentos da Meditação (3) – Energia:

  3. Cometendo ações que impedem a meditação. Temos tendência a agir de modo a contradizer nossos objetivos espirituais. Necessitamos firmar os pré requisitos para boa prática; precisamos de boa ética, de sabermos como as ações conduzem para consequências quando nos comportamos de algumas maneiras, e que, de certos resultados, sempre decorrerão consequências: assim, a ignorância sobre isso é um enorme obstáculo diante de nós. Eis porque demos a palestra: Fundamentos da Meditação (4) – Ação e Consequência:

  Na palestra de hoje vamos além daqueles obstáculos preliminares. Estaremos falando sobre obstáculos que surgem quando de nossa prática ou mesmo quando acontecidos durante nossos exercícios preliminares, ou ainda, na real prática da meditação. Anteriormente explicamos que o estado de meditação é um estado preciso da consciência que viremos acessar quando tivermos aprendido como aproveitar a concentração e a imaginação juntas – ao mesmo tempo. Para fazermos isso é requerido treinamento; nesse sentido, a maioria dos iniciantes logo começa com esse desenvolvimento.

   Treinamento Preliminar da Concentração

  Nas seis primeiras palestras desse curso vimos encorajando-lhes a praticar diariamente:
  1. Auto-observância
  2. Concentração

  Auto-observância é atenção plena nas ações pessoais. Significa estarmos sempre atentos conosco mesmo, presentes no momento, cônscios de nosso corpo e coração, cônscios de nossa mente e cognizantes do que estejamos realizando naquele instante. Esse é o primeiro exercício; aquilo que estabiliza o início de tudo da meditação. Se não o estivermos fazendo nunca aprenderemos a meditar.

  O segundo exercício é para desenvolvermos nossa concentração diária ao estarmos fazendo as práticas preliminares da concentração. Uma prática fácil para isso é a observação das sensações da respiração. Se estivermos seguindo esse curso estaremos fazendo aqueles exercícios agora, para doze ou catorze semanas.

   Entremos agora numa outra fase do trabalho em que estaremos deixando para trás os exercícios preliminares, algo que seja mais difícil, porém incrivelmente importante: visualização.

  Treinamento Mais Profundo da Concentração

  Concentração, serenidade é um estado de consciência; é uma ação da consciência onde ela utiliza energia. Vemos esses fatores aqui?

  1. Consciência
  2. Energia
  3. Ação

   Necessitamos estar bem cônscios dessa trindade. O poder dos três cria e criará de acordo com a ação. Estamos aprendendo a concentrar nossa consciência pelo uso da energia no modo certo; e o resultado é serenidade. O resultado do uso daqueles três em harmonia é  prontamente começarmos a avançar através dos nove estágios da serenidade anteriormente explicados. Isso acontece devido a uma causa e efeito procedidos; e não por crenças, teorias ou por um presente dos deuses.

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  Figura 1
  Os Nove Estágios da Serenidade Meditativa

  Serenidade é o resultado de como colocamos nossa consciência e energia em ação. Isso é tudo o que determina nosso progresso através dos estágios da concentração. Significa que se não estivermos experienciando uma mudança em nossa concentração será simplesmente por não estarmos ainda produzindo a causa que cria o resultado desejado.

  As Definições das Características da Concentração

  Nessa tradição aprendemos que concentração como um estado da consciência tem dois importantes atributos os quais necessitamos estar aptos a identificar em nossa experiência prática, especificamente na prática meditativa. Esses dois distintos atributos são:

  1. Vívida intensidade, intensa clareza mental
   2. Estabilidade, convergência única na concentração

  Estabilidade – convergência única na concentração – é a habilidade de permanecermos focados em alguma coisa sem oscilações. Vívida intensidade é visual, imagem, algo perceptível; não sendo imaginário, não exatamente metafórico. Significa que a concentração real é uma forma de percepção visual. Daí, para desenvolvermos a concentração real devemos usar imagem visual. Isso destaca o fato de que a maioria das práticas que as pessoas chamam “meditação” são exatamente treinamentos preliminares de exercícios para relaxamento ou início de tudo para os objetivos da concentração. A concentração real utiliza o poder integral da consciência, cuja verdadeira natureza e função é a percepção da imagem.

  As palavras “clareza” e “vívida” indicam a habilidade em perceber algo sem qualquer obscuridade. Se eu perguntar-lhes para lembrar o que tiveram no café da manhã, uma imagem salta em suas memórias e perceberão aquilo, mesmo que seja somente por um instante. Quão clara será aquela imagem? Podem sustenta-la sem se distrair? As qualidades dessa recordação são um reflexo de sua habilidade em concentrar. Se aquela imagem for fraca, passageira e de difícil percepção então vocês terão muito trabalho a realizar. Todos temos habilidade em perceber imagens não físicas; chamamos a isso imaginação ou visualização. Podemos também chamar clarividência; é a mesma coisa. Isso é simplesmente habilidade em perceber imagens sem os sentidos físicos. É um poder da consciência, desenvolvido pelo estabelecimento de forte concentração e serenidade. Quando nossa psique está bem calma essa habilidade em perceber sem os sentidos físicos é aprimorada, ficando muito mais vibrante. Quando temos grande quantidade de energia disponível para a percepção consciente, a imagem resulta muito mais intensa.

  Uma vez não tenhamos boa disponibilidade de energia a visualização se revelará impossível. Muitas pessoas ao procurarem aprender meditação e não conseguindo após algumas tentativas, desistem, dizendo: “Impossível, não consigo fazer isso”. Qualquer um consegue. Visualização e concentração são habilidades naturais da consciência, mas precisamos restaurar o ambiente no qual possam funcionar adequadamente. Significa primeiramente precisarmos remover os obstáculos iniciais anteriormente mencionados. Necessitamos também trabalhar com a consciência, conservar energia, coloca-la na correta ação e melhorar nossa ética. É através desse processo que a concentração e a visualização se tornam possíveis florecer e desenvolver adequadamente

  Em nossos exercícios essas são as qualidades que necessitamos estar buscando na medida em que desenvolvemos a concentração:
  1. Vívida intensidade, intensa clareza mental
  2. Estabilidade, convergência única na concentração

  Como iniciantes não temos ainda essas qualidades. Então não esperemos tê-las, mas entendamos que se praticarmos meditação no modo certo as desenvolveremos. Notemos também que ao estarmos observando as sensações de nossa respiração ou a algum outro fenômeno físico não podemos ainda desenvolver a visualização. Eis porque nessa fase do desenvolvimento da concentração é melhor descartarmos esses tipos de práticas. É mais efetivo usarmos práticas que aproveitem o poder da consciência para imaginar. Dessa maneira, como exemplo, observaremos uma imagem e então fecharemos os olhos e a visualizaremos.

  Um Objeto Visual de Concentração

  Olhemos essa figura, fechemos os olhos e imaginemos
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  Figura 2

  Avaliemos nossa clareza mental e convergência única na concentração. Podemos perceber a imagem em nossa visualização? Se pudermos, quanto tempo a manteremos até que fiquemos distraídos e ela se desvaneça, ou antes que outra coisa qualquer apareça? Por quanto tempo manteremos essa imagem claramente em nossa imaginação, vividamente e estabilizada? Essa é uma mensuração de nosso poder de concentração e visualização. Ao termos essa habilidade desenvolvida conseguimos manter essa imagem por quanto tempo quisermos: clara e vividamente. A consciência tem natural e espontaneamente esse poder; não é algo sobrenatural. Por que isso é importante? Porque essa habilidade é que abre as portas para a meditação real.

  Explicamos em palestras anteriores que nossa meta é prajna – sabedoria profunda. Necessitamos da percepção profunda de nosso sofrimento; precisamos compreender porque sofremos; precisamos compreender porque as coisas são do modo como são. As causas estão profundas em nossa psique e está muito difícil percebe-las em nosso estado psicológico atual, mas se aproveitarmos os poderes da consciência na concentração e visualização conseguiremos acessar um estado de percepção chamado samadhi, que é o portal para prajna, a sabedoria.

  Samadhi significa êxtase e se refere a um estado da consciência quando liberado de todos os fatores condicionantes, tais como o corpo físico, o orgulho, a luxúria. No samadhi a consciência percebe perfeitamente, claramente, sem filtros, e vê o que seja real; vê a verdade. Se tivermos aquele poder poderemos observar o que nos estará causando o sofrer, e ao invés de responder com aversão, medo, lamento, remorso, dor, ressentimento, orgulho, etc., poderemos observá-lo como ele é e vermos o que é o quê, entendermos nosso carma, como responder corretamente e como mudá-lo.

  Esse é um tremendo poder que permite ao animal como um de nós tornar-se um ser humano, um deus, um mestre. É o poder de vermos a verdade, de responder de modo cognizante, conscientemente, apropriadamente. Essa habilidade em sermos capazes de visualizar algo e vermos aquilo claramente, sem reação, é o fundamento que nos introduz ao próximo nível de práticas, que é o nível que necessitamos. Então é uma habilidade muito importante possuí-la.

  Existem muitos objetos que podemos usá-los para a concentração, porém para desenvolver essa habilidade e analisar a realidade necessitamos do poder da visualização e eis porque para a real prática, para a real preparação, necessitarmos abandonar a concentração nas coisas físicas, aprendendo a desenvolver a habilidade em sustentar uma imagem. É mais árduo, mas o resultado em ordem de grandeza é mais poderoso que a habilidade em observar nossa respiração. Uma vez tenhamos essa habilidade estaremos aptos a meditar sobre qualquer coisa e adquirirmos informação daquilo. Essa é a realidade do porquê desejarmos aprender a meditar: de recobrarmos o conhecimento em nós mesmos não tendo de nos ligar a nada, unicamente às nossas próprias habilidades.

  Os Primeiros Estágios do Desenvolvimento da Concentração

  Começando o desenvolvimento da concentração passamos por três estágios
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  Figura 3

  Estágios do Exato Enfoque
  1. Fixação da psique. Atingida pela “aceitação”
  2. Fixação continuada. Atingida pela “reflexão”

  Como iniciantes temos ainda a mente completamente indômita. Sentamo-nos com nossa postura, relaxamos, tentamos colocar a atenção no objeto da concentração, mas estamos constantemente distraídos; a mente e o corpo recusam cooperar. Ficamos distraídos pela dor, pelo desconforto e agitação; queremos sair, levantar, beber um pouco d’água ou o que for.

  No estágio um, encontramos constantes batalhas na tentativa de fixar a psique, e isso está ilustrado pelo monge que persegue os animais. Os animais representam a qualidade da mente constantemente distraída, sempre buscando coisas, não se fixando em nada. Entretanto, com alguma força de vontade, com estudo, aprendizado dos ensinamentos podemos avançar para o segundo estágio. Eis porque esse estágio é chamado “atingido pela aceitação”. Aceitação significa que realmente começamos a escutar às instruções sobre como concentrar, refletindo, e durante o esforço para meditar, nas tantas vezes em que nos pegamos distraídos, mantermo-nos relembrando: “esse é o caminho; é esse!”.   

  Não nos frustrarmos, não ficarmos desencorajados, mas nos mantermos relembrando os ensinamentos: “tenho de recolocar minha atenção, tenho de recolocar minha atenção!”. É assim, é ouvindo [aceitando] em nós próprios a instrução. Ao fazermos isso repetidamente, realizando diariamente aqueles esforços da prática, dez ou vinte minutos por dia, pouco a pouco, na conformidade do trabalho com nossa consciência o dia inteiro, na medida em que economizemos energia, agindo apropriadamente na duração do dia, começamos a nos mover para o estágio dois, que é “fixação continuada”. Isso significa simplesmente que agora, ao praticarmos nosso exercício de concentração, nossa atenção permanecerá estável por um pouco mais de tempo. Mente e coração começam a se fixar um pouco mais.

  Juntos esses dois são chamados “Estágios do Exato Enfoque” ou “Engajamento Forçado”. Isso significa que tomam muito do esforço para continuamente retornarmos a atenção ao objeto da concentração.

  A segunda fase é alcançada pela “reflexão”, significando estarmos começando a refletir mais sobre aquele ensinamento e estaremos realmente começando a digerí-lo, a refletir do que vemos, em como a concentração estará começando a se fortalecer, pois a mente começa a se fixar e estaremos sentindo um pequeno benefício. Começamos a refletir do que estejamos aprendendo.

  Esses dois estágios do desenvolvimento são difíceis, duros, a nada comparável. São exatamente como são. É entrarmos neles para os conhecermos. É entrarmos preparados, sabedores de que é onde estaremos face aos obstáculos. Onde seremos desafiados e onde a maioria desiste; um triste fato. Qualquer um pode desejar aprender a meditar, mas é necessário educar-se acerca de como fazê-lo, pois é necessária força de vontade para realizar adequadamente. Estando aptos para compreendermos os ensinamentos e a reconhecermos os obstáculos, então podemos aplicar-lhes os antídotos.

  Falhas que Impedem a Serenidade

  Vão aqui as principais falhas que obstaculizam nessas fases iniciais:
  1. Preguiça
  2. Esquecimento das instruções
  3. Não reconhecimento da agitação e empedernimento.
  4. Não aplicação de antídotos
  5. Excessiva aplicação de antídotos

  Se pudermos reconhecer esses obstáculos enquanto estivermos praticando, podemos superá-los. São os únicos obstáculos que teremos pela frente. É isso. Não são de tanta dificuldade.

  Realmente somos sortudos: estando aptos a aprendermos meditação e praticá-la, e esses sendo os únicos obstáculos com que teremos que manobrar, somos muito sortudos. A maioria das pessoas do mundo nesse momento não tem essa oportunidade. Existem pessoas com muita dificuldade, ou em circunstâncias dolorosas, que desejariam pudessem desenvolver suas vidas espirituais, mas não têm acesso aos ensinamentos; vivem em lugares que não as permitem prática-los. Podem estar morando onde hajam guerras ou onde são duramente perseguidas e não têm liberdade. E aqueles de nós que podemos ouvir desses tipos de estudos e colocá-los em prática, somos verdadeira e extremamente afortunados. E se os abandonamos somos tolos.

  Preguiça
  A tendência para evitar a prática. Causada por:
  1. Derrotismo
  2. Apegos com ações nocivas
  3. Falta de vontade

  Antídoto: cultivar a fé: contemplar as vantagens da serenidade e as desvantagens da distração.

  A primeira falha e a mais comum é a preguiça. Essa é simplesmente de evitar a prática da meditação ou de evitar práticas espirituais em geral. Temos todos os tipos de desculpas, mas realmente a preguiça é exatamente isso.

  A primeira causa para a preguiça é o derrotismo; acontece quando dizemos a nós próprios: “não posso fazer isso, não sou capaz, minha mente é muito louca, meu carma é também muito pesado, minhas circunstâncias são terríveis. Não tenho esposa, professor, escola, amigos espiritualistas, etc.”. Temos um monte de desculpas, mas nenhuma delas é verdadeira. Todas as desculpas são o ego lutando para se preservar.

  Nosso ego não quer desistir do controle sobre nossa energia e consciência e usa esse tipo de processo mental para enfraquecer a consciência, enfraquecer a alma. Como uma alma, uma consciência, precisamos reconhecer a preguiça que é principalmente derrotista – o derrotismo é veneno. Não devemos nunca permitir o derrotismo em nossos pensamentos, sentimentos ou ações mesmo com piada, mesmo estando a falar com outra pessoa a dizermos coisas assim: “não sou capaz de meditar, não consigo fazer isso”. Isso é muito negativo e infeccioso.

  A segunda causa para a preguiça é o apego com ações nocivas. Possamos saber muito sobre os ensinamentos, possamos amar a espiritualidade, o dharma, possamos estudar tudo, mas continuando viciados na fofoca, na tv negativa, no álcool, nas drogas, no cigarro, na masturbação ou em outros tipos de ações: essas coisas estarão diretamente contraditórias aos objetivos espirituais. Em outras palavras: tendo vício ou embaraço com ações eles nos impedem praticar no modo correto.

  Havendo lutas contra a meditação existirá uma causa. Estando com dificuldades, com resistência às práticas, achando aquilo impossível, a causa não será a prática ou o  ensinamento, mas a nossa psique: há algo em nossa mente. Quando alguém se sente negativa acerca da prática da meditação é devido a estar fazendo algo errado. Ao sentir isso, precisa identificar a causa. Algumas vezes prende-se à falta de vontade que é a terceira causa. Ter falta de vontade significa que mesmo estando interessada nos ensinamentos e em seus valores, a pessoa não detém o mesmo necessário zelo para realmente coloca-los em prática. Falta-lhe melhor compreensão da realidade. Ao compreender a realidade, imediatamente acompanha-a grande zelo e força de vontade. É como alguém que subitamente entende estar numa casa que está pegando fogo no porão, e esse reconhecimento da verdade provoca-lhe imediata ação.

  Todas essas formas da preguiça podem ser manobradas no mesmo modo, entretanto a primeira coisa a se fazer é reconhece-las e imediatamente aplicar-lhes o correto antídoto.

  Em geral, a preguiça é vencida pelo cultivo da fé que é multifacetada. Não significamos fé como crença; a entendemos em seu original significado que é confiança através da experiência. A fé real tem seu conhecimento pela experiência, pela confiança, uma vez tenhamos provado que os ensinamentos funcionam. O modo de cultivarmos a fé nesses ensinamentos é colocando-os em prática e medindo seus resultados. Tendo adquirido resultados saberemos por nós próprios que funciona; precisamos refletir naquilo, nos tornarmos cônscios daquilo e reconhecermos: “Fiz isso e aquilo e obtive esses resultados, e de fato funciona”. Isso edifica a fé. O que acontece quando edificamos a fé? Edificamos confiança. Ao edificarmos confiança, edificamos diligência; estaremos animados a trabalhar duramente uma vez que isso funciona. Eis como superar a preguiça, é simples.

  Outra coisa sobre superarmos a preguiça é contemplarmos as vantagens da serenidade ou concentração. Ao notarmos que não estamos inclinados a praticar meditação, necessitamos nos sentar e realmente conversarmos conosco, falar com nossa mente, e saindo da caixa, dizer: “Okay, você não quer meditar? Vamos contemplar o que acontecerá se nunca mais meditarmos. Qual será o resultado se evitarmos a prática?”. Utilizemos nossa imaginação e sigamos a lógica, a realística causa e efeito do que acontecerá. Então comparemos isso com o oposto; mostremos à nossa mente: “Okay, se eu realmente praticar qual será o resultado, quais serão as vantagens em manter-me responsável nesse caminho?”. Numa realidade mostremos à mente os dois lados. Ensinemo-nos sobre isso. Esse é outro caminho para vencermos a preguiça: não é complicado, não é difícil: é um simples antídoto a ser aplicado, mas importante. Todas as vezes em que sentirmos resistência para meditarmos trabalhemos isso imediatamente, não deixando a resistência grassar, do contrário se tornará pior.

  Esquecendo as Instruções
  Distração: Perda do objeto da concentração
  Antídoto: Atenção plena

  O obstáculo seguinte é o esquecimento das instruções. Refere-se a enquanto estivermos praticando. Durante a meditação se nossa atenção vagueia do objeto da concentração e nunca voltamos a ele, deve-se ao nosso esquecimento das instruções. Por conseguinte, estaremos perdendo nosso tempo. Enquanto estivermos distraídos não realizaremos nada. Há pessoas que se mantêm praticando dessa forma: sentam-se para meditar, mas se tornam distraídas e nunca superam esse estado de distração. Óbvio que eventualmente desistirão e faz sentido – por que nos mantermos tentando meditar se não estamos avançando em nada?

  O antídoto é estarmos atentos. Atenção plena é a habilidade em permanecermos côncios de tudo o que estejamos fazendo.

  Fazermos uma coisa a cada vez
  Estarmos plenamente cônscios do que estejamos fazendo
  Tornar a atenção plena continuada de momento a momento
  Não se permitir ficar distraído

  Ao dirigirmos nosso carro é nada mais que estarmos dirigindo nosso carro: desligamos o rádio e o telefone. Somente dirigirmos prestando atenção ao que estejamos fazendo e ao que estará acontecendo em redor. Existirão muitas coisas diante de nós as quais necessitamos observar. Não é somente mais seguro dirigir desse modo – estarmos salvando e protegendo nossa própria vida e as vidas de outros – mas também estarmos desenvolvendo nossas habilidades na meditação. Quando estivermos trabalhando, façamos exatamente nossa tarefa sem nos distrairmos; ao lavarmos pratos, lavemos exatamente pratos com integral e plena atenção em todos os momentos em que ali estivermos. Ao terminarmos de lavar e ao caminharmos a fim de cruzar o ambiente observemo-nos enquanto fazemos isso. Concentremos: coloquemos nossa atenção sobre o que estejamos fazendo, observando-nos a cada momento, nunca permitindo à atenção ir-se. Isso é perfeita atenção plena. Fazendo assim o dia inteiro entraremos bem rápido pelos primeiros níveis da estabilidade meditativa. Então, atenção plena é o antídoto; auto- observância é o antídoto contra o esquecimento das instruções.

  Excitamento / Agitação
  Inquieto estado da mente

  1. Atraído por objetos prazerosos, memórias, pensamentos, sentimentos, sensações
  2. Causas psíquicas a serem dispersas, busca externa com sentido de prazer
  3. Resultado: impede a estabilidade da psique e o desenvolvimento da concentração
 Antídotos: Introspecção. Refletir na impermanência e nas falhas das distrações

  Excitamento, agitação é quando a mente não se encontra fixa; os pensamentos permanecem vindo e nos mantemos pensando em outras coisas: memórias, sonhos de dia, imaginário, conversas, pensamentos sobre o que temos a fazer na próxima semana, sobre a conversa que tivemos na semana anterior, etc. Esse constante fluxo de distrações é o que chamamos excitamento ou agitação. Simplesmente colocado é um estado de inquietação da mente.

  A fim de compreendermos a agitação necessitamos ver o que ela seja, como funciona. O estado agitado da mente é um tipo de desejo, um tipo de fixação; estar sempre a procura de objetos de prazer, memórias, pensamentos, sentimentos e sensações. É a mente procurando pelos seus desejos. A situação é representada pelo macaco naquelas imagens. O macaco ilustra aquela agitação – o aspecto distraído de nossa psique – sempre pulando daqui para lá, de galho em galho, buscando frutas e coisas de paladar. O problema é que quando deixamos a mente assim proceder o resultado é o estado inquieto da mente; isso impede nossa possibilidade em concentrar.

  O antídoto é muito simples: necessitamos da introspecção, de trazermos a atenção para o nosso interior não permitindo às distrações levar-nos de volta; ao invés disso nos mantermos voltados sempre para o nosso interior. Ou seja: nos tornarmos cientes de nós próprios, cônscios.

   Podemos nos aplicar a isso durante o dia inteiro; não somente durante a prática da meditação, mas sempre. A mente indômita busca por sensação, distração, então a trazemos continuamente de volta para estar ciente aqui e agora. Ainda mais que ela se reflete na natureza das distrações que nos afligem. Observemos nossa mente como se ela não fosse nossa, como se fôssemos um cientista que estuda alguma criatura estranha. Consideremos as falhas do estado de distração. Consideremos a impermanência daquelas distrações, desejos, etc.

  A mente está sempre sofrendo: “aquele novo show está chegando, mal posso esperar. É como estar na tv, estou tão excitado”. O estado da mente é sofrer aquela experiência; é um estado de agitação. Observemos aquela agitação e reflitamos sobre ele: “aquele show está chegando e vou assisti-lo, então terminará. E daí? O que levarei daquilo? Uns poucos minutos a ficar distraído de meus sofrimentos? Uns poucos momentos identificado com um grupo de atores? Não ganharei nada com isso, perderei meu tempo e minha energia. Por que ficar tão agitado? Por que perder a consciência sobre mim e desperdiçar tanta energia pensando, fantasiando e falando sobre aquilo? Não é importante”.

  Outro exemplo em que sofremos por possuir algo, por querermos comprar alguma coisa, conhecer certa pessoa. Novamente reflitamos na impermanência: “se eu conseguir aquele objeto ou aquela pessoa, então que mais? Não me tornarei fundamentalmente diferente. Se eu conseguir aquele carro ou um computador novo, então que mais? Continuarei sendo a mesma pessoa; unicamente terei essa coisa nova. Estarei dentro da mesma condição psicológica que tinha antes de obter o objeto. Não só isso, porque ao ter essa nova posse terei medo de perdê-la; estarei sofrendo, daí um dia a perderei mesmo, pois tudo é impermanente. Então estarei sofrendo por não tê-la e estarei sofrendo por tê-la e ainda sofrendo por perdê-la. Estarei sofrendo por todo o processo! Por que me aborrecer com tudo isso? Por que não dissolver os apegos agora e evitar estar perdendo tanto tempo e energia?”.

  Esse ciclo que estamos constantemente repetindo ocorre porque os apegos da psique e aqueles apegos, desejos por sensações, querem repetição. O objeto em si não é relevante. Ao conseguirmos o que desejamos ainda não ficamos satisfeitos. Nosso desejo sempre quer mais. O objeto que havíamos ambicionado é deixado de lado e ambicionamos algo mais. Os objetos não causam o problema, mas nossa atitude psicológica é que cria a mente instável. Não importa um modo ou o outro espiritual, sejamos ricos ou pobres, se temos belas roupas ou não; podemos tê-las mas isso não importa. O que importa é nossa relação psicológica com elas, com as coisas. Se nossa mente é instável, distraída, então reflete na impermanência, reflete na inevitabilidade da morte. Observemos quanto de tempo e energia são gastos focalizados em posses e circunstâncias externas, nenhuma delas confiável ou duradoura.

  Estamos sempre aborrecidos com o que nossos amigos pensam de nós, o que a sociedade pensa, quanto de dinheiro temos, o quanto tenhamos avançado em nossa carreira. Nunca paramos de pensar sobre isso até o momento em que morremos e nada daquilo importará em nada. Deixaremos tudo para trás. Por que ficarmos tão aborrecidos sobre todas essas coisas quando a morte é inevitável?

  Status social e posses não nos ajudam com a morte. Mas se mudarmos nosso estado do ser, experienciaremos a morte de modo completamente diferente, não com medo, mas abordando-a cognizantes e habilitados a usarmos isso com vantagem. Essa é uma possibilidade, mas não enquanto a mente seja inquieta. Necessitaremos de habilidades para estarmos conscientemente diante da morte; excitamento e agitação são severos obstáculos nesse sentido. Necessitamos reconhecer quando a mente esteja naquele estado e aprendermos a manobrar com isso na prática de nossa meditação.

  Laxismo / Estupidez
  Falta de clareza

  Antídotos: expandir a consciência evocando algo que nos afete como água fria na face: visualizar uma luz brilhante ou sol ou refletir sobre algo realmente aturdente, tal como uma experiência pessoal com uma divindade, a compaixão dos grandes mestres, etc.

  Estupidez, laxismo, significando falta de clareza

  Primeiramente, relacionado a quando estamos tentando visualizar uma imagem e não conseguimos vê-la. Ocorre porque a consciência é fraca, não está treinada, não tem qualquer energia e devido a isso temos um monte de maus hábitos. Falta de clareza para nós parece normal pelo que experienciamos o tempo todo, mas não é normal.

  Algumas vezes experienciamos falta de clareza; tentamos visualizar, mas nos sentimos como nos arrastando pela lama. Não nos é possível percebermos a imagem, a mente não está agitada, mas não conseguimos exatamente visualizar; sentimo-nos como se uma nuvem estivesse a nos envolver.

  Estranhamente algumas pessoas pensam que aquele estado seja meditação; sentem que uma vez esteja a mente “quieta” estejam “meditando". Isso não é meditação, é um estado de rigidez. O antídoto é expandir a consciência por evocações de algo que nos afete como água fria no rosto. Imaginemos um sol de extrema luz brilhante. Esse sol estimulará a consciência. Visualizemos ou reflitamos sobre alguns fatos aturdentes; de alguma experiência espiritual que tenhamos tido ou de alguma verdade sobre a espiritualidade que realmente nos impressione, como a grande compaixão dos deuses. Podemos igualmente trazer à mente o impressionante sofrimento no mundo: visualizemos todos esses que sofrem e passemos a expandir nossa visualização ao mundo inteiro enquanto imaginamos estarmos irradiando uma intensa luz de amor a todos aqueles em dores. Façamos sinceramente com toda a nossa força de vontade e desfaremos a rigidez.

  Usando Antídotos
  Tanto quanto sejam úteis esses antídotos, podem ser também superutilizados ou mesmo ignorados. Eis porque os obstáculos quatro e cinco são:
  Não aplicando antídotos
  Super aplicando antídotos
 
  Todos sabemos da necessidade de comer alimentos saudáveis, porém muitas pessoas continuam a comer alimentos não saudáveis. Similarmente, em nossa prática da meditação, escapamos para os maus hábitos não saudáveis ou nos mantemos com práticas inócuas exatamente porque estamos familiarizados com elas. Também, usando ou não usando antídotos podem do mesmo modo as práticas tornarem-se mecânicas ou equivocadas. A saída para evitar tudo isso é revisarmos continuamente nossa prática, olhá-la objetivamente, como faria imparcialmente um cientista, sem orgulho ou apego. Nesse sentido podemos descobrir onde devemos incrementar. O diário espiritual é uma grande ferramenta para essa intenção: através da recordação do que estejamos fazendo criamos um arquivo que ajuda a nos mantermos com olhos imparciais sobre nossa própria pessoa.

  Exercícios

  1. Ao correr do dia desenvolver a auto-observância
  2.Diariamente pelo menos por 10-20 minutos desenvolver a concentração meditativa pela visualização da imagem.
  3. Continuar com o diário espiritual.

  Continuar desenvolvendo a atenção plena o dia todo expandindo a consciência na extensão da quantidade do tempo em que permanecer cônscio de si próprio. Em outras palavras: tornar-se cônscio da continuidade da consciência. Quando estiver na lavanderia estar cônscio do que estiver fazendo; notar também se precisar continuar cônscio de momento a momento. É algo para tornar-se cônscio do momento e algo a mais para continuar cônscio. Então desenvolver a continuidade da consciência.

  Daí, todos os dias fazer essa prática da concentração meditativa. Ao invés da prática que demos anteriormente, da observância das sensações da respiração, agora, de início, tomar uma “foto mental” dessa imagem.
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  Figura 4

  Então, fechar os olhos e visualizá-la. Quando inicialmente olhar para a imagem, ficar bem cônscio dela; não é necessário analisá-la mentalmente, nem precisar investiga-la, medi-la, olhar o interior dela, o que representa todo o seu simbolismo; assim esquecer toda essa informação intelectual. Fazer uma fotografia mental e então fechar os olhos e imprimir aquela figura na mente. É tudo o que estará fazendo com essa prática: reviver na memória o que viu. Assim, não especular, não analizar e descartar crenças, nomes e simbolismos. Nada além que tomar a foto mental e então fechar os olhos projetando essa imagem na mente. Por dez, quinze ou vinte minutos visualizar aquele quadro.

  Se eventualmente a imagem assustar ou aborrecer, pegar outra imagem sagrada ou de divindade, porém verificar que seja algo com que você não tenha já associação mental com ela.

  Com relação a visualização não filtrá-la. Você já tem a habilidade de visualizar; pode provar isso agora. Com o que um macaco se parece? Você vê a figura pular em sua cabeça? O que é uma banana? Você pode ver a figura na mente, certo? Ela pula sem esforço. É tudo o que você precisa nesse exercício. Não filtrar para visualizar. Não mover os olhos ao redor, não contrair a face ou o cérebro. Você não precisa de qualquer tensão ou esforço. Somente recordar em memória e deixar a imagem pular por ela própria, espontaneamente. Se ela se for, relaxar e recorda-la novamente, não forçar nada, não exercer nada, não comandar: unicamente relaxar. Relaxar e recordar a imagem repetidamente. Ela aparecerá por ela mesma, sem esforço, e não acontecendo será porque sua concentração estará fraca ou você estará agitado. Se sua consciência não tiver a energia ou força para sustentar fixamente a imagem, desistir por instantes, depois tentar novamente e manter-se fazendo isso.

  Pouco a pouco, com persistência e relaxamento, algum dia você subitamente acusará que aquela imagem está permanecendo sem esforço, e isso é bonito. É nesse modo que deve ser desenvolvida. Ela justamente aparecerá lá e será sem esforço da mesma maneira com que você sonha. Você estará se utilizando da mesma e exata habilidade que quando sonha não faz esforço: unicamente fecha os olhos, relaxa e então as imagens simplesmente acontecem. Queremos que use a mesma e exata abordagem de quando desenvolveu esse poder. Deve relaxar completamente e atrair a imagem; se ela não surgir, permanecer paciente; unicamente recordar aquela imagem completamente relaxado. O terceiro exercício é continuar com o diário espiritual.

  Perguntas e Respostas

  1. P – Pode lembrar-nos qual a intenção da retenção daquela imagem?

  R. – Imagine que ao final de um longo e duro dia tenhamos a habilidade de nos sentarmos em nossa postura de meditação, fechar os olhos e visualizar alguma coisa que nos tenha acontecido naquele dia cheio de confusão, tormento ou de dificuldade, e que a cena nos apareça em mente sem o menor esforço, e estejamos aptos a observar exatamente o que aconteceu. E agora observamos uma nova informação que aparece em tela da mente: uma memória de nossa infância ou alguma outra visão que nos pareça familiar, e que não estejamos certos, mas em nosso coração sintamos uma compreensão e comecemos a compreender coisas que nunca havíamos compreendido antes. Isso é uma simples descrição do que chamamos meditação psicanalítica, que é a real intenção da meditação. O poder de visualizar nos conduz ao entendimento.

  Para estarmos aptos a fazer isso, necessitamos desses poderes que expliquei hoje. Necessitamos da habilidade para que a nossa concentração obtenha uma vívida intensidade e uma convergência única. Caso não a tenhamos, então chamaremos aquela imagem ou o que nos tenha acontecido hoje, daí que nossa mente imediatamente começará dizendo: “bem, eu não desprezo isso. Eu estava certa e eles errados. E eles aí a culpar: fizeram isso e aquilo”. E nossa mente exatamente continuará, continuará e continuará justificando-se e nunca chegaremos a lugar algum.

  O que queremos é compreensão, sabedoria e entendimento. E para termos isso necessitamos que a mente esteja estável, fixada; necessitamos da atenção que possa ser colocada sem distração; necessitamos da habilidade dela em sustentar-se e nada mais que isso. Quando estivermos observando determinado evento – digamos um trauma, ou alguma coisa terrivelmente acontecida – teremos a habilidade em permanecer sem reagirmos emocionalmente? Provavelmente não. Porém, ao desenvolvermos essa habilidade, sim teremos. Estaremos aptos a visualizar e imaginar coisas que sejam dolorosas, perturbadoras e difíceis e não estarmos distraídos em nossas reações emocionais, por nada, mas capazes de ver a realidade daquilo, a verdade; é isso que precisamos a fim nos desconectarmos das ilusões – ilusões da nossa mente, de nosso coração, ilusões que nos obstruem a vermos a verdade. Eis porque isso é importante. Estarmos treinando nossa consciência para ter a habilidade da percepção de uma realidade. O que pode ser mais importante que isso?

  2. P- Gostaria de saber se podemos usar uma imagem mais simples?

  R. – A imagem que estamos usando é sofisticada por uma razão: nossa consciência tem a habilidade de projetar detalhes incrivelmente sofisticados. Aqui temos um fácil exemplo: nossa memória. Não fazemos qualquer esforço para armazenar fatos. Lembramos como conseguimos chegar aqui: podemos lembrar uma porção de informações detalhadas, certo? Por onde andamos, por onde estejamos dirigindo, como fizemos coisas antes de chegarmos até aqui, e como não fazemos qualquer esforço para armazenarmos todos os dados ou para nos recordarmos. Então a imagem que estamos visualizando nesse exercício é muito simples comparada com todos aqueles dados que podemos relembrar de nosso dia. Essa imagem é unicamente um campo plano de informação visual que armazenamos em nossa memória ao olharmos para ela por um momento. Porém, em nossa memória do dia não temos somente o dado visual e sim informação de todos os outros sentidos. E ainda assim está tudo lá em nossa memória sem o mínimo esforço.

  Então de fato esse exercício de visualização é fácil: é darmos uma olhada por um momento e já teremos o quadro, como num instantâneo de uma câmera; tiramos a foto, fechamos os olhos e a imagem está lá em nossa memória. O problema é que nossa mente interfere. A psique interfere porque ela é agitada: é inquieta, quer distrações e a coisa principal é: ela não quer fazer o que nós queremos que ela faça. Não temos ainda prudência. Não temos força de vontade estabelecida sobre mente e corpo. A mente que possuímos é mimada, um animal indômito. Ela quer fazer suas próprias coisas, não quer dobrar-se ante nossa vontade; se fizesse, ficaria quieta quando a quiséssemos quieta; estaria focalizada quando a quiséssemos focalizada, mas ela não quer aquilo. Fica lutando contra nós o tempo inteiro porque a fizemos desse modo. Não tem de ser desse modo. Com treino, aquela psique inconstante torna-se esse elefante branco, um suporte da vontade e total ajuda no caminho.

  Vemos no começo que o elefante encontra-se fora de controle e dando voltas – essa é aquela mente doida que somente deseja fazer suas próprias coisas, mas quando vamos para o procedimento desse treinamento a mente se torna calma, serena, estabilizada. É quando se transforma numa amiga leal da consciência. Então ela fará o que lhe dissermos para fazer e sem o mínimo de esforço. Nesse estágio – realmente na maioria desses estágios mais elevados – ao visualizarmos tipos de imagens se tornará bem fácil: somente escolhemos a figura, fechamos os olhos e lá estará ela suavemente uma vez que já teremos a habilidade. Bastará recordar qualquer memória que tenhamos e aquela memória estará permanentemente gravada em nossa psique: certas coisas que tenhamos visto ou que nos tenham acontecido nunca mais esqueceremos, e não faremos nenhum esforço para trazê-las à memória, certo?

  Por tudo, recomendo fazerem o esforço para tentar aprender a usar sua memória e visualização nesse modo. Vale a pena.

  Pensamento do Dia
“Os mais tranquilos momentos da vida são precisamente os menos favoráveis para o trabalho sobre si mesmo”.

Samael Aun Weor, Tratado de Psicologia Revolucionária

POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO

  Tradução Inglês / Português: Rayom Ra

Rayom Ra