sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O Eterno Giro do Presente - X

 

O Eterno Giro do Presente - X


 A casa de meu Pai tem muitas moradas. Eis que aqueles que conhecem os verdadeiros caminhos às iniciações sabem muito bem conduzir-se.

  Ao candidato às primeiras iniciações não basta despender horas e horas em estudos esotéricos armazenando a memória, absorvendo pilhas de ideias, não concretizando quase nada, ficando unicamente nisso e a fazer palestras. Não bastam associações com amigos para discutir teorias. Não, nada disso determina ou conduz à caminhada verdadeira e frutuosa do ser para sua consequente entrada no caminho real. Não é isso que os mestres das iniciações maiores ensinam ou praticam. Pois verdadeiramente entrar no caminho real é chegar às iniciações maiores.

   As escolas tradicionais do ocultismo com abrangentes ensinamentos espirituais prestam indiscutíveis serviços aos seus seguidores e a humanidade. Mas suas iniciações não se equivalem àquelas Grandes Iniciações realizadas em Shamballa ou na sua aura, e nem reservam um lugar à mesa da Grande Fraternidade Branca Universal. São sete as Grandes Iniciações do Mestrado na Terra. A primeira das grandes iniciações na verdade é a terceira de nove, pois as duas primeiras não são ainda consideradas grandes. As grandes iniciações são as sete que começam a partir da segunda iniciação.

  Essas duas primeiras iniciações apesar de consideradas preparatórias são de grande e fundamental importância ao verdadeiro e orientado buscador, e tal como as sete seguintes não são também de responsabilidade ou atribuição das escolas tradicionais. Podem até ser alcançadas pelos obreiros enquanto estejam no corpo de uma das escolas tradicionais, mas acontecerão fora delas. Ou seja: são principalmente pelos méritos alcançados pelo candidato em seu ininterrupto trabalho interior ao longo de muitas encarnações. A possível vantagem que esse iniciando possa ter – comparativamente aos candidatos que não pertençam a uma escola tradicional – é sua permanente presença na egrégora daquela escola que o acolhe e o protege contra os ataques dos malignos. A primeira e a segunda dessas primeiras iniciações evocam apadrinhamento e acompanhamento do próprio Cristo.

-----------------

  Sorman vem conhecer Lucéa, ficando impressionado com a beleza da moça. E o inusitado encontro com Bruno cravou-lhe na alma elementos indissolúveis com os quais ele passaria a conviver. Sabem candidatos às iniciações o quanto interagem com verdadeiros iniciados logo em seus primeiros contatos. Palavras e gestos adentram diretamente na alma daquele que busca por uma revelação, por um real sentido de vida ou por respostas às suas pessoais inquirições e comiserações. E provindos de alguém como Bruno com quem Sorman dialogara, basta uma única vez para a derrubada de algumas barreiras interiores a fim de que uma transformação comece a tomar forma em seu íntimo.

   Tudo tem seu momento certo e sua hora. O andamento do tempo nas dimensões superiores detém um ritmo diferente deste aqui embaixo, neste mundo de energia densificada. Lá mais acima segredos são revelados a místicos ou iniciados, futuros são desvelados e planejamentos são traçados sem que o eu inferior consiga saber, senão por rápidos lampejos, até que a linha do tempo comece a mostrar claramente o que sucede ou sucederá.  

  Cada candidato tem uma história íntima e pessoal, e ele se reúne com pessoas próximas e com outras que precisará conhecer melhor para fazer novas amizades e entrelaçamentos mais significativos. Pode acontecer de um candidato, particularmente, passar anos em preparação para uma iniciação sem que saiba. Porém estando consciente dessa possibilidade, e a desejando, irá logo atestar que em certo momento seus caminhos de vida normal começam a se estreitar e ele vai se afastando naturalmente dos amigos até ficar quase completamente a sós. Esse seu afastamento da vida exterior, lhe será muito útil, pois sem distrações e gastos desnecessários de energia pode melhor concentrar-se para se trabalhar intimamente. As atividades domésticas e profissionais continuam seguindo os seus cursos, mas ele precisará, mais do que nunca, colocar-se em posturas de autocontrole, buscando resolver dificuldades com a inteira confiança de não estar só. E suas boas obras multiplicam-se.

   Nesse período o candidato tem sonhos, visões e premonições que mais adiante, de muitos modos, algumas dessas revelações se confirmarão na vida física. Mas há que existir uma prova introdutória em circunstâncias que o candidato desconheça ou não espera, onde precisará confirmar que é aquilo mesmo que deseja e quer, estando disposto até a sacrifícios para seguir em frente. E esta prova introdutória em etapas ser-lhe-á difícil na medida em que possua valores já antes conquistados, porquanto não poderá contar com eles em algumas ocasiões. Assim, por sua própria e pessoal capacidade e vontade desenvolvida nesta encarnação, o candidato precisará dobrar as dificuldades que lhe são antepostas.

  O tempo é o maior revelador de mistérios e segredos. E dois meses depois Sorman voltaria a restabelecer contato com Bruno. Vejamos como isso aconteceu:

  (...)- “Desde o dia em que conversamos, alguma coisa ficou martelando minha cabeça. Gostaria de conhecer sua ciência, se o senhor estiver disposto a passar-me um pouco dela. Bruno sorriu.

       - Chame-me de você. Venha, entremos.

  Havia simplicidade naquela sala e conforto. As paredes e o teto eram brancos. O chão era de tábuas corridas. No meio do ambiente havia um sofá espaçoso, duas poltronas e uma mesinha de centro sobre um tapete persa. Uma mesa de refeições ao canto rodeava-se de quatro cadeiras. No lado oposto ficava um aparelho de televisão. Bruno sentou-se no sofá e Sorman na poltrona diante dele.

       - O que lhe fez crer que posso ajudá-lo? – começou Bruno sem formalidades.

        - Uma série de acontecimentos em minha vida vem-me apontando para esta direção. Passo por difícil processo de autoconhecimento; isto, creio, inclui também esta diferente experiência, como, aliás, você mesmo já antecipara.

  Bruno desviou o olhar para cima, depois o mirou dizendo:

       - Honra-me saber que posso ser útil a um irmão de mente tão brilhante. Optamos e decretamos. Nada além do que exercitar o livre arbítrio; as leis da natureza assim dispõem e no-las permitem. Para uns as disciplinas de minha ciência são excessivamente árduas, e logo desistem. Outros a querem de qualquer maneira, sem, contudo, merecê-la. Poucos realmente caminham. Mas vejo em você possibilidades. Conte comigo!

       - Grato Bruno - os olhos de Sorman brilhavam; seu rosto aliviava-se da tensão.

       - Com licença! - a moça que o atendera trazia uma bandeja com duas xícaras de chá.

       - Esta é Lucen, minha outra pérola. À Lucéa você já conhece. Sorriram e Sorman a cumprimentou com aceno de cabeça, enquanto estendia as mãos e segurava o pires. Ao final do chá, Bruno levantou-se.

       - Venha comigo! - ordenou e Sorman o seguiu”.

   Sorman o segue e Bruno o leva a conhecer a Casa Rosa, dentro dos limites de sua grande propriedade onde ali, naquele local, fazem rituais da FIA – Fraternidade Irmãos Atlantes, e Sorman recebe um estranho livro que precisará lê-lo. Na oportunidade Bruno o informa de que não precisará passar por um estágio de pré ingresso na Fraternidade, pois via em Sorman uma alma bastante experiente. Este pré-ingresso, entretanto, não é o mesmo introdutório das provas a que Sorman haverá de passar, em que precisa confirmar sua decisão de prosseguir em frente e passar pelas provas as quais precisará submeter-se. Vejamos trechos:

  (...)- Saiba então que devido a sua condição, estará guardado de submeter-se ao estágio do que denominamos “pré-ingresso” do neófito. Este introdutório estágio, aliás, parecendo simples e de pouca importância, não o é, todavia. Muitos não vão além e cedo se aborrecem por ter de estudar ou passar por necessárias provas, sequer tomando conhecimento do livro. A propósito disto, o livro lhe será entregue imediatamente: você terá, exato, uma semana para lê-lo. Mas não se preocupe por que a leitura será tarefa relativamente fácil, sem qualquer empecilho ou prejuízo para o tempo que dedica aos afazeres profissionais. É perfeitamente possível lê-lo à noite ou na tranquilidade da madrugada.

  Surpreso e aguçado Sorman rapidamente refletiu. O estranho homem falava-lhe como instrutor consumado, parecendo já conhecer suas dúvidas e curiosidade. Isto, ao invés de tranquilizá-lo, o constrangia. A reflexão foi interrompida quando Bruno levantou-se buscando num dos cantos uma escada que logo abriu, nela subindo e alcançando um livro negro. Tendo descido, sentou-se no mesmo lugar, colocando o livro sobre o tampo vítreo da mesa.

       - Leve-o. Abra-o em casa. Evite, porém, que curiosos lancem-lhe mãos. Não o conseguiriam lê-lo, afinal, mas você teria trabalho dobrado a fim de recuperá-lo!

       - Como assim?

       - Nada mais devo dizer-lhe sobre o assunto, é regra da irmandade.

   Sorman desviou o olhar para o decantado objeto e estendeu as mãos segurando-o. Ao contrário do que parecia, era leve, muito embora fosse bem maior do que os padrões habituais, e um tanto grosso. A reluzente e negra capa pareceu-lhe, a princípio, de fino couro, mas não era possível afirmar; tinha, ademais, uma tira e um fecho de pressão que atava capa e folhas. A julgar pela aparência seria novo, porém, considerando tudo o que Bruno lhe contara, teria já passado por muitas mãos em diversas gerações, isto é, fosse o único exemplar existente e jamais substituído. A curiosidade quase o dominou, mas resistiu. Bruno, fingindo não perceber esta luta, levantou-se e foi em direção da saída.

       - Há algo mais que desejo mostrar-lhe!

  Sorman largou o livro sobre a mesa e o seguiu. Saindo pela porta ao final do corredor, alcançaram o pátio do fundo. Alguns metros adiante principiava uma elevação relativamente inclinada. Tinha o formato de um quadrilátero, limitado por duas cercas vivas e paralelas de cedrinho, por uma terceira e igual cerca lá em cima, e pelo pátio aqui embaixo. No seu interior havia limoeiros, pés de tangerina e pequenos pessegueiros. No lado esquerdo, uma escadaria de cimento colava-se à cerca, ligando dois níveis do terreno, vindo terminar num grande portão de madeira clara e envernizada, enfiado na cerca superior.

  Vencendo pequena distância os dois chegaram ante os degraus e os escalaram, abrindo finalmente o portão. Em percurso contrário ao realizado lá embaixo, caminharam aqui numa viela que se alinhava entre o cedrinho e a base de uma nova elevação. Esta segunda elevação, com maior inclinação que a primeira, formava outra figura de um quadrilátero num terceiro nível do terreno. Tinha três lados demarcados por muretas de tijolinhos e uma área interna plantada de verde e bem aparada grama. Bem no meio cortava nova escadaria, alcançando mais acima novo e bem confeccionado portão de madeira clara, inserido noutra cerca viva, alta e compacta, que conformava o lado superior. Além, nada mais era possível divisar-se, exceto copas do arvoredo. Pararam ao pé da escadaria.

        - Detrás daquele aparente frágil muro, reside o nadir da iniciação, onde todo o neófito determinado precisará pisar - apontou o anfitrião. Sorman olhou para o lugar com interesse e curiosidade, mas se absteve de fazer qualquer comentário ou pergunta”.

  Daqui em diante o leitor pode continuar a leitura através do livro Enigma Eu. A saga do personagem acontecerá em planos ou dimensões extra físicos, em cujos cenários ele virá inserir-se. As conclusões sobre tudo o que se passa com o personagem, ficam por conta do leitor atento que certamente se prenderá aos relatos.

Enigma Eu: https://arcadeouro.blogspot.com/2015/07/enigma-eu.html

  A continuação do livro Enigma Eu está em “A Face Negra da Terra” que o leitor pode acessar no link:

https://arcadeouro.blogspot.com/2015/08/a-face-negra-da-terra-parte-i.html 

                                                                  Rayom Ra

http://arcadeouro.blogspot.com