sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Mistérios Gnósticos da Cruz

 

Mistérios Gnósticos da Cruz


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     Figura 1.

 "As almas humanas e as divinas são precisamente chamadas noivas. Todos conhecem o termo “almas gêmeas”, mas enganosamente acham que encontrão suas “almas gêmeas” no mundo físico, e esse pensamento é equivocado. O matrimônio dessas almas é uma jornada conduzida interiormente e não exteriormente, ainda que realizada pela utilização de forças exteriores do mundo chamado Malkuth”.

  Mergulhemos no significado alquímico e cabalístico da cruz, um símbolo muito antigo relacionado com muitas religiões. A despeito deste fato as pessoas atualmente o associam unicamente com a cristandade

  A fim de compreendermos os mistérios da cruz primeiramente temos de compreender o mistério de Cristo e dessa emblemática palavra grega relacionada com o fogo. Em gnosticismo temos uma oração que diz: “acredito no Filho, o Krestos cósmico, o poderoso mediador astral que une nossa personalidade física com a suprema eminência do Pai Solar”.

  Daí que na gnose Cristo é cósmico e universal. Na cabala essa força cósmica está relacionada com o Ain Soph Aur, a parte do espaço abstrato absoluto imediatamente atrás de Kether, a primeira Sefira da Árvore da Vida. Explicamos então em outras palestras que o Ain Soph Aur – aquela luz do divino incognoscível, mais os três aspectos da coroa que em cabala são as sefirot Kether, Chokmah e Binah – vêm constituir-se nos quatro aspectos chamados em grego de Tetragrammaton, o sagrado nome de Deus: Iod, Hei, Vav, Hei, que é luz e fogo. Em latim aquele fogo do Senhor está simbolizado pelo mantra assinalado no topo da cruz como I.N.R.I. – Ignis Natura Renovatur Integra, significando “o fogo renova a natureza incessantemente”. Aquele fogo é um fogo solar: é o Krestos cósmico que ao manifestar seu poder o faz através da cruz. Assim é algo que temos de analisar para compreender, pois a cruz é formada por dois madeiros: um vertical e outro horizontal. O madeiro vertical representa o masculino, o positivo, a força solar que emerge do espaço abstrato absoluto, o Ain Soph Aur que penetra o universo quando está fecundando a matéria. É aquela outra substância que em sânscrito é chamada Akash. Em outras palavras: aquilo que em sânscrito é chamado Prana é Cristo a energia positiva, sendo Akash a energia negativa, e ambas as energias são provindas da mesma fonte. A junção das duas vem originar o universo. Partindo dessa premissa podemos entender que o Cristo Cósmico é universal e origem de tudo o que existe em qualquer galáxia de matéria ou antimatéria.

  Desse modo aquelas forças, Prana e Akash, positivo e negativo são as primeiras manifestações da cruz cujos significados estamos decifrando. Daí que o cruzamento ou junção dessas duas forças faz surgir aquilo que chamamos de universo. Bem, o objetivo intentado para aquela energia surgir no universo é de formar consciência de sua própria entidade em seus diferentes aspectos.

  Quando essa luz abstrata se torna manifestada pelo primeiro triângulo da Árvore da Vida é chamada de Krestos Manifestado. O primeiro triângulo é conhecido na cristandade por Pai, Filho e Espírito Santo; no induismo por Brahma, Vishnu e Shiva; na cabala pelas sefirot Kether, Chokmah e Binah. Assim esses três aspectos da coroa formam o Cristo Manifestado que na cabala é chamado de Adão Kadmon. Esse Adão Kadmon é infinito e relacionado com o mundo de Atziluth na Árvore da Vida e como sabemos é formado pelas dez sefirot.

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    Figura 3.

   O primeiro triângulo da Árvore da Vida (as sefirot Kether, Chokmah e Binah) é controlado pela coroa Kether relacionada com nossa cabeça, especificamente, os dois hemisférios de nosso cérebro e a glândula pineal. É o triângulo controlado pelo Pai. A seguir vem o segundo triângulo da Árvore da Vida formado pelas sefirot Chesed, Geburah e Tiphereth; esse triângulo é controlado por Chokmah a segunda sefira da coroa. Eis porque dizemos que o reino do Pai está na cabeça, mas o reino do Filho está no coração, e esse segundo triângulo está relacionado com os pulmões e o coração. Os pulmões tomam o espírito, a respiração, o ar da atmosfera; os pulmões estão relacionados com as sefirot Chesed e Geburah – o Espírito e a Alma Espiritual – enquanto que o coração está relacionado com Tiphereth. Tiphereth é a alma humana, também chamada o filho do homem (Adão Beni), e Chokmah está relacionada com a alma humana. É assim que temos de ver isso em nossa fisicalidade.

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  Figura 4.

  Em seguida e abaixo do segundo triângulo encontramos o terceiro triângulo formado pelas sefirot: Netzach, Hod e Yesod. É chamado o triângulo de sacerdócio ou triângulo de magia (o significado é o mesmo). O centro de gravidade desse triângulo está em Yesod, relacionado com os órgãos sexuais, sendo controlado pela sefira Binah – o Espírito Santo. Por isso o reino do Espírito Santo – Binah – está nos órgãos sexuais. Em nosso organismo a potência sexual está relacionada com os rins: as sefirot Netzach e Hod estão relacionadas com os rins. Eis porque essas sefirot precisam ser vistas alquimicamente a fim de podermos entender o significado da cruz. Nosso corpo físico está propriamente na base significativa da Árvore da Vida; é Malkuth o reino.

 “Do solo [Malkuth] fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradável à vista e boa para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”. – Gênesis 2:9


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  Figura 5.

   Daí que se observarmos alquimicamente nosso corpo físico veremos que ele é uma árvore agradável à vista, um reino, uma fusão dessas forças sefiróticas. E a partir dessas bases compreenderemos existir duas árvores em nosso corpo: a Árvore da Vida dentro de nossa coluna central que é a medula espinhal e, adjacente à Árvore da Vida, duas colunas ligadas cada uma a um lado da coluna central, que são a coluna do bem e do mal, Sol e Lua, positivo e negativo, Pingala e Ida, Adão e Eva; essas também relacionadas com a cruz. É desse modo que Adão e Eva, positivo e negativo, Sol e Lua se encontram relacionados com a árvore do bem e do mal. A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento compartilham com as raízes nos órgãos sexuais. 

  Nesse sentido quando vemos esses elementos em nós próprios entendemos que, para podermos acessar a Árvore da Vida, localizada em nossa medula, a fim de que a força neutral adentre o centro da coluna que estabiliza a direita e a esquerda – ou seja: as duas colunas respectivamente do bem e do mal – precisamos cruzar essas duas colunas, as duas forças na sua verdadeira base, no centro, para despertar a terceira força relacionada com a consciência!

  As duas forças a direita e a esquerda são chamadas em sânscrito Pingala e Ida e no taoísmo Ying e Yang. Sushumna fica no meio e é aquela onde queremos chegar porque é no meio da cruz que aparece o crucificado. Na cristandade o crucificado é chamado Jesus, que é o Verbo com origens hebraicas: “Yeshua” significa salvador. Esse Yeshua salvador é o fogo que emerge da união das duas polaridades da cruz em qualquer parte do universo. Porquanto na cruz estaremos nos acercando alquimicamente de nossa fisicalidade a fim de entendermos o que são o Cristo e a cruz em nós, dado que o homem crucificado é o mais profundo símbolo do gnosticismo.

  Quando nos aproximamos da cruz de modo alquímico não estamos nos acercando de um instrumento de tortura, conforme a maioria cristã pensa, pois aquela cruz foi unicamente um instrumento no qual Mestre Aberamentho, Jesus de Nazaré, foi crucificado. De fato ele morreu na cruz, ainda que ele tenha vindo aqui para representar esses mistérios conforme os estamos explicando-lhes. Esses mistérios crísticos nos ensinam a maneira como atrairmos o Cristo Cósmico em nós a fim de que Cristo se autorrealize em nosso particular Ser. Ao vermos um homem crucificado na cruz isso cosmicamente representa o universo, entretanto em nós isso representa I.N.R.I o fogo que necessitamos despertar. Esse fogo, essa luz se relaciona com a vida; luz, fogo, a vida interrelacionada entre eles conforme explicamos na palestra “Let Yehi be Lights”.

CRIANÇAS DA CRUZ 

   No organismo físico somos divididos em dois sexos, duas sexualidades. Ao dizermos sexo estamos significando a genitália visto que é através dela que podemos diferenciar entre macho e fêmea. Como neste mundo físico a fim de que qualquer espécie multiplique-se seja necessário o cruzamento das duas polaridades sexuais, do mesmo modo um homem penetra uma mulher e seu falo vem se tornar a haste vertical que cruza a haste horizontal, a vagina, o yoni da mulher. Consequentemente todos nós somos filhos da cruz.

  O esperma que emerge dos órgãos sexuais do homem fecunda o óvulo que emerge dos ovários no útero da mulher. Como podemos ver a natureza necessita de um útero a fim de atrair todos os necessários elementos para construir um corpo físico. Ao observarmos o desenvolvimento do esperma dentro do útero da mulher, verificamos que as primeiras coisas a serem formadas são o cérebro e a medula espinhal. Em seguida o restante: os braços, ossos, etc, a inteira complexidade do corpo físico é formada como por mágica no útero da mulher. Isso é chamado em latim de matriz onde somos fisicamente gerados.

  Contudo quando nos aproximamos do Cristo Cósmico também nos aproximamos do útero da mulher. Em esoterismo, em alquimia, quando dizemos mulher, nos referimos ao corpo físico, a Malkuth, quer sejamos gênero masculino ou feminino. Pois em cada um de nós a sefira Malkuth é feminina. Em nossa fisicalidade temos outro útero e esse outro útero é a medula espinhal. Fecundar a medula espinhal é entrar nos mistérios gnósticos da cruz relacionados com a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do bem e do mal.

  Atualmente qualquer homem sabe como fecundar o útero da mulher a fim de trazer crianças ao mundo, embora em tempos antigos fosse necessário o sagrado conhecimento da alquimia, o conhecimento da fecundação da medula espinhal para criar interiormente o Filho de Deus, ou seja: saber-se como cruzar as duas polaridades sexuais porquanto “exceto um homem seja de novo nascido ele não pode herdar o Reino de Deus” e somente a força sexual pode criar.

  Estamos agora nos acercando do mistério em como nascer de novo. “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é carne é carne; e o que é nascido do espírito é espírito” – João 3: 5,6.

   Somos nascidos da carne através do ato sexual. Do mesmo modo nascer do Espírito é também usar a energia sexual. Não existe outro modo. Cai-se na absurdidade do pensamento quando se acredita que para nascer de novo é bastante crer em alguma coisa; qualquer mulher neste mundo físico não tem de acreditar em qualquer coisa a fim de ter uma criança, pois tudo o que ela tem a fazer é se desempenhar do ato sexual com seu marido e engravidar.

  Como é embaixo é em cima e como é em cima é embaixo. Para nascer de novo a mesma lei é aplicada ainda que o procedimento seja diferente. Se fomos nascidos fisicamente através da cruz então vamos nascer espiritualmente também através da cruz; mesmo que o útero que tenhamos de fecundar esteja na medula.  A medula espinhal é chamada de útero de Maria, a Mãe Divina. A Mãe Divina encontra-se enroscada três vezes e meia no chakra Muladhara, o chakra situado entre o ânus e a genitália, ao passo que o Pai como Espírito Santo reside na glândula pineal. O fogo do Espírito Santo fecunda Maria, a Divina Mãe, no chakra Muladhara a fim de que INRI – o Filho – emerja. Porém para fazer isso, ambas as forças – a masculina e a feminina – necessitam estar cruzadas. Ninguém desperta essa força crística unicamente por acreditar.

  Em tempos antigos quando se entrava no caminho da gnose (conhecimento) era exigido aos homens tornarem-se monges e às mulheres tornarem-se monjas. Havia desde o início a necessidade de aprender como controlar a força sexual para eventualmente avançar na iniciação despertando a consciência, posto que é a consciência que é de novo nascida. Aquele de novo nascido não é o ego nem é uma nova crença na mente. As Crianças de Deus são “os quais não nasceram do sangue [linhagem] nem da vontade da carne [orgasmo], mas de Deus” – João 1:13

ALMAS GÊMEAS

Ao entrar para a iniciação todos entendiam que o objetivo como alma humana seria casar com a alma espiritual. No homem a alma espiritual é feminina porquanto sua alma humana é masculina. Na mulher a alma humana, embora relacionada com a força de vontade é feminina, ao passo que sua alma espiritual é masculina.

  A alma espiritual pode polarizar o masculino ou o feminino dependendo da vontade do Espírito, do Deus interior. Eis porque a alma humana numa mulher guerreira era chamada de Amazonas enquanto que num homem guerreiro era chamada de Cavaleiro, ambos lutando para a conquista de suas almas espirituais. A alma espiritual foi sempre guardada por um dragão. E a fim de noivar com a alma divina o guerreiro tinha de conquistar o dragão; blindava-se com muita coragem e força de vontade e então desafiava sem medo o dragão para após poder casar com a alma divina.

  As almas humanas e as divinas são precisamente chamadas noivas. Todos conhecem o termo “almas gêmeas”, mas enganosamente acham que encontrão suas “almas gêmeas” no mundo físico, e esse pensamento é equivocado. O matrimônio dessas almas é uma jornada conduzida interiormente e não exteriormente, ainda que realizada pela utilização de forças exteriores do mundo chamado Malkuth.

CONQUISTE O DRAGÃO

  Quem é o dragão? É Lúcifer o portador da luz. Porém Lúcifer não é uma pessoa. É energia. É a força que granjeia o impulso sexual, a força, a ereção no homem e a umidade na mulher para o desempenho no trabalho alquímico sexual. Lúcifer (luce-fer) significa “o portador do fogo”. Aquele dragão expele fogo de sua boca? Sim, ele faz isso. Eis porque a sefira Geburah, a Alma Espiritual, é sempre representada pela mulher porque seu yoni, o órgão sexual feminino, qual um vulcão em Malkuth, expele o sangue, o fogo de Geburah; assim unicamente o homem com sua lança, seu falo, pode perfurar o dragão e derrotar Lúcifer.

  Infelizmente a maioria dos cavaleiros que entram na mulher é derrotada pelo fogo do dragão, visto que não entendem que o yoni feminino é o aspecto que representa a boca do dragão. Eis porque o dragão na forma de uma serpente falou a Eva no Jardim do Éden – עדן significando voluptuosidade, prazer – o que seja a experiencia no ato sexual:

  “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse a mulher: é assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim?. Respondeu-lhe a mulher: do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore no meio do jardim, disse Deus: dele não comereis para que não morrais. Então a serpente disse á mulher: certo não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele  comerdes  vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. Gênesis 3: 1-5

  Verdade, a árvore do sexo, do conhecimento do bem e do mal nos trará conhecimento, sabedoria se derrotarmos o dragão. Adão não derrotou o dragão de Eva. Adão caiu diante dos pés do dragão de Eva. “Dos perversos [o dragão מרשעת] se desvia a sua luz, e o braço levantado [Ida] para ferir se quebranta”. Jó 38:15 .

  Isso é algo que necessitamos entender a fim de compreender nossa natureza sexual. Temos de derrotar dragões masculinos e femininos, pois essa é a maneira em como entrarmos nas Iniciações Maiores.

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    Figura 6.

  Quando o homem e a mulher derramam suas forças sexuais no ato sexual, quando alcançam o orgasmo são derrotados pelos dragões. Eis porque cada um neste mundo é uma vítima do dragão. É raro encontrar grandes cavaleiros ou amazonas que estejam controlando seus dragões ou em outras palavras: seus fogos sexuais que são nossas forças animais que precisamos transformar.

  No começo o iniciado aprende como trabalhar com as duas polaridades que ele ou ela tem em seus próprios corpos. Essas duas polaridades são o positivo e o negativo, Pingala e Ida, que no homem estão relacionadas com seus dois testículos e na mulher com seus dois ovários. Daí que ao cruzarem suas forças ambos – o monge e a monja – ensinam seus corpos como trabalhar com as duas forças do dragão preparando-se assim para entrar nos mistérios maiores.

   Tal preparação conduz a nove iniciações dos mistérios menores nos quais ambas as almas estarão aprendendo como trabalhar com as duas polaridades nos seus corpos físicos, como despertar suas consciências e como derrotar as crianças do dragão, chamadas luxúria, orgulho, preguiça, gula, ambição, inveja, ira e demais defeitos que carregamos intimamente.

  Em tempos antigos quando monges e monjas celibatários avançavam e conquistavam a si próprios, despertavam suas consciências, uma vez que a força sexual os estava permitindo acesso às nove iniciações dos mistérios menores. Estando então com suas consciências despertas entravam nos mistérios do Senhor.

  Bem, a fim de que o Senhor adentre como um Salvador – como Yeshua – na fisicalidade de qualquer iniciado, esse iniciado precisa nascer de novo, e é aqui precisamente que repousa o problema. Pois no sentido de criarmos dentro de nós o Filho de Deus – que na cristandade é chamado Jesus, no antigo Egito é chamado Horus e no México Quetzalcoatl – esse Messias ungido precisa surgir-nos por duas individualidades, macho e fêmea, que necessitam cruzar suas duas forças draconianas no ato sexual.

  Falando fisicamente temos o Pai na cabeça, o Filho no coração e o Espírito Santo na força sexual. Desse modo são esses os centros de gravidade da Trindade, em ambos, homem e mulher. Obviamente que a força criativa sexual do Espírito Santo está dividida, separada em duas polaridades, pois o Espírito Santo, Binah, necessita estar dividido em Daath para poder criar dentro de nós.

  Consequentemente o monge e a monja já estarão preparados. E com suas consciências despertas terão recebido os ensinamentos, o conhecimento do ato sexual a fim de exatamente fecundar suas próprias medulas, seus próprios úteros espirituais. Como celibatários sabem agora controlar suas forças sexuais. Então quando entram na Nona Esfera – Yesod – a fim de estar sexualmente unidos, sabem o que fazer, uma vez que já vinham realizando sexualmente unidos a mesma transmutação sexual. Ambos sabiam que seus dragões, aqueles que lançam fogo através de suas bocas, estiveram ali presentes. Eis que derrotar aqueles dragões não foi fácil.

  Desse modo aqueles neófitos estiveram entrando no processo quando em suas fisicalidades, no ato sexual, cruzaram suas três forças primárias de nomes Kether, Chokmah e Binah ou Pai, Filho e Espírito Santo ou Brahma, Vishnu e Shiva e uniram essas forças. Estiveram assim trabalhando e despertando o raio que denominamos nas Runas nórdicas, a Runa Sig. O Sig é o fogo que emerge da nuvem plena de água. Quando o raio emerge da nuvem é devido a que as duas polaridades, ceu e terra se cruzam, daí vir surgir o raio que é a Runa Sig.

   A partir daquele Sig, do raio ígneo da nuvem, vem o que no esoterismo é chamado Siegfried, Sig-fried ou Sig-Fired – tal é o significado esotérico de Siegfried. Ele tem o mesmo significado do Jesus hebreu; eis porque está escrito que Jesus, Yeshua, é o Filho da Virgem Maria e do Espírito Santo. Ao dizermos Yeshua nos remetemos a Cristo, INRI, o raio que emerge de seu verdadeiro contato sexual.

  Esse Siegfried, Jesus, raio ígneo do chakra Muladhara emerge do cóccix e se eleva pouco a pouco através da medula espinhal. Na medida em que essa transmutação sexual seja praticada entre esposos – marido e esposa, homem e mulher – o fogo se eleva pelas 33 vértebras da coluna espinhal. Vemos aqui a idade sagrada de Jesus, seus 33 anos. Vemos também os 33 graus da Maçonaria, os mesmos graus que adquirimos quando o fogo ascende. Quando esse fogo desperta pela primeira vez no organismo físico aquela individualidade passa a conhecer os mistérios do Salvador, do Senhor, a um nível ainda inferior.

  “Mas, a todos quantos o receberam [em Geburah], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que creem em seu nome, os quais não nasceram do sangue [linhagem],(nem da vontade da carne) [orgasmo]) nem da vontade do homem [estatutos], mas de Deus”. – João 1:12, 13

O CORPO DA LIBERTAÇÃO

  Nesse meio tempo em Malkuth, neste mundo físico, algo mágico está acontecendo com a ascensão daquele fogo na coluna espinhal, na medida em que pouco a pouco esse fogo se eleva através da medula. Do mesmo modo ocorre no útero da mulher, falando fisicamente, quando o feto aparece e aquela célula fecundada leva nove meses para se desenvolver.  E após sair do útero ela é uma criança que precisa crescer para se tornar fisicamente um corpo adulto, corpo que todos nós aqui temos similarmente. E quando o Kundalini do corpo físico está se elevando através da medula espinhal um corpo superior está sendo criado – aquele que Mestre Samael chama de “o corpo da libertação”. Esse corpo é o primeiro resultado da união das duas forças sexuais masculino-feminina.

   Vejamos Krishna e Radha para ilustrarmos esta palestra. Radha representa a alma espiritual enquanto Krishna é a alma humana que está se desempenhando do trabalho. Isso nos demonstra de fato não somente da existência na cristandade dessas duas polaridades, mas também delas serem mostradas em diferentes religiões. Revela-se assim que a alma espiritual é sempre casta, ainda que esteja dentro de nossa Mônada. Krishna representa a energia crística que desce de Chokmah e mistura-se com a alma humana. Krishna é negro, uma vez que Krishna significa “negro” ou “aquele negro”. Krishna simboliza a força crística em cada um de nós que inicia esse caminho. Somos negros falando psicologicamente, visto possuirmos defeitos e vícios. Entretanto aspiramos casar com Radha, a alma espiritual.

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   Figura 7.

  Samael Aun Weor exemplifica que em sânscrito a alma espiritual é chamada Buddhi, nossa consciência superlativa. “Buddhi, nossa consciência superlativa foi engendrada por nosso divino Deus dentro das negras águas do espaço. Atma-Buddhi formam o Mestre Interno... Manas Superior [alma humana] deve ser elevada mesmo para Atma-Buddhi, a fim de fusionar-se com ele.

  Eu digo para meus Arhats:

  “Quando a vontade humana se funde com o Mestre Interior ela se torna onipotente, ou seja: quando o Manas Superior se funde com Atman-Buddhi ele fica carregado com todos os poderes inefáveis do Mais Profundo Íntimo tornando-se onipotente. Dai que a quinta iniciação dos Mistérios Maiores é a primeira Iniciação Nirvânica. Por consequência quando contamos desde acima, começando por Atman (Chesed ou Gedulah), terminando com Sthula Sarira (Malkuth no corpo físico), a quinta serpente é a terceira serpente”.

  Radha e Krishna são ambos belos e qualquer um deles simboliza a sefira Tiphereth (em hebreu “beleza”). Se você for uma mulher se trabalhando, e eventualmente você se case com sua alma espiritual, que é masculina, o oposto se dará com um homem. Entendamos porém que o Ser pode materializar ou manifestar qualquer das duas polaridades uma vez que o Espírito é andrógino. Na maior parte do tempo pensamos que a masculinidade da alma humana é aquela relacionada com Yesod, os órgãos sexuais, mas na realidade é com Tiphereth, o coração, aquela força masculina relacionada com a força de vontade. Daí que Tiphereth, a força de vontade, é masculina, mas Tiphereth como alma humana, pode estar encarnada num corpo feminino como de uma “Amazona”. Obviamente essa Amazona se mostrará por sua alma espiritual, que será masculina. Então de novo: as forças do Ser podem assim se polarizar de ambos os modos. Temos de pensar sob a visão alquímica.

  Sequencialmente qual é o corpo que começa cristalizar do excesso de hidrogênio no organismo humano? O Mahabharata chama-o de Yudhisthira, nascido para ser Rei ou um Malachim. Yudhisthira está relacionado com a consciência, o Bodhichitta. Quando começamos trabalhar alquimicamente com nossa energia sexual, essa energia é o Bodhichitta. Esse é Yudhisthira desenvolvido como nossa consciência, nosso Bodhichitta. Então Yudhisthira é o primeiro arquétipo que emerge nascido para ser Rei se a pessoa continua no caminho.

   O segundo filho do rei de acordo com o Mahabharata é Bhima, a forte criatura que simboliza o extractum que o iniciado toma da fisicalidade. Mestre Samael chama a esse extractum de o “corpo da libertação” E esse corpo é um extractum do corpo físico. Vamos ler o que Mestre Samael escreveu em seu livro Christ’s Will: A Vontade de Cristo:“Eu digo aos meus Arhats que dentro de cada Buda há sete Budas. Eu digo aos meus Arhats que quando buscarem por seus Self, quando realizando seus Self interior, nossa divina eterna Tríade é pai, mãe, crianças, esposa, irmãos.

  “Eu digo aos meus Arhats que o Corpo da Libertação é extraído do Corpo Físico.

  “Eu digo aos meus Arhats que o corpo dourado [Soma Psychikon] é extraído do Corpo Etérico.

  “Eu digo aos meus Arhats que a Alma-Cristo é extraída do Corpo Astral: o Cristo Interno é o Glorian, o dragão resplendente da sabedoria.

  “Eu digo aos meus Arhats que a Mente-Cristo é extraída do Corpo Mental.

  “Eu digo aos meus Arhats que cada Buda tem seu Bodhisattva.

  “ Eu digo aos meus Arhats que o Bodhisattva é a Alma Humana com extratos psíquicos dos quatro corpos do pecado.

  “Então é assim como o quaternário inferior vem reforçar nossa divina, eterna Tríada. Casamos com a bela Helena por meio do intercurso sexual.

  “Casamos com Buddhi por meio de intercurso sexual. Todo esse trabalho é de Alquimia Sexual. A Magia Sexual transforma todo o nosso Mais Profundo Íntimo num Deus. O Mais Profundo Íntimo é o Filho do Cristo Interno. O Cristo Interno é o Glorian de cada ser humano. Nosso Glorian é uma centelha desprendida do Sol Central.

  “O Sol Central é o Grande Fôlego. O Grande Fôlego é o Exército da Voz. O Exército da Voz é uma hoste de seres divinos. A hoste dos seres divinos forma o Cristo Cósmico, o Logos Solar, o Mundo”. – Samael Aun Weor.

  Então o corpo da libertação é extraído do corpo físico. O corpo da libertação é formado na quarta dimensão sendo um corpo que será usado por Atman-Budhi, a Mônada. O que nós como egos faríamos com o corpo da libertação, que é um corpo imortal? Mestre Samael disse em A Vontade de Cristo:

  “A primeira serpente ígnea é levantada na primeira iniciação dos Mistérios Maiores. A segunda com a segunda iniciação, A terceira com a terceira iniciação. A quarta com a quarta iniciação. A quinta com a quinta iniciação. A sexta com a sexta iniciação e a sétima com a sétima iniciação.

  “Cada um de nossos corpos de pecado deve ser substituído por um corpo de beleza [Tiphereth].

  “Por meio da serpente ígnea do corpo Físico construímos o corpo da libertação feito do mais puro almíscar.

  “Por meio da serpente ígnea do corpo Etérico construímos o Soma Psychikon ou corpo dourado.

  “Por meio da serpente ígnea do corpo Astral formamos o Auto-Cristo.

  “Por meio da serpente ígnea do corpo Mental formamos a Mente-Cristo.

   “Daí que o corpo da libertação, o Soma Psychikon, o Auto-Cristo e a Mente-Cristo substituem os corpos Vital, Astral e Mental.

  “Daí que o fogo renova todas as coisas e o Homem Paradisíaco substitui o Homem Terreno.

  “As sete serpentes ígneas são levantadas e se colocam sobre um polo quando os esposos – sacerdote e sacerdotisa – estão praticando a Magia Sexual. Precisa haver conexão sexual mesmo que uma simples gota de semem escape. Reprimindo o desejo se fará que o chi de nosso líquido seminal se eleve diretamente em direção da cabeça. Decorre então como nossos Seres são transformados em deuses onipotentes do universo. E daí decorre também em como elevamos nossas sete serpentes ígneas colocadas sobre um polo, como fez Moisés no deserto.

  “Solteiros e solteiras transmutam suas energias sexuais com música, devoção e orações amando Deus e seus semelhantes. Pelo poder do sacrifício solteiros e solteiras fazem seus chi de cada uma de suas sete serpentes elevar-se.

  “A abstinência sexual é um tremendo sacrifício. Somente o caminho da castidade e santidade pode nos conduzir às grandes realizações. Unicamente o caminho da perfeição e o serviço desinteressado em favor do infeliz, da humanidade sofredora, pode nos levar à indescritível felicidade do Nirvana.” – Samael Aun Weor.

  O corpo da libertação continua a se perfeccionar ao longo das iniciações. Então o que construímos quando estamos nascendo de novo na primeira das iniciações dos mistérios maiores? Construímos o corpo da libertação com o excedente da energia, visto que o fogo Crístico é obtido do Espírito. O excedente do hidrogênio sexual de que estamos tratando edifica o corpo da libertação tal como a mulher forma um corpo físico no seu útero. Assim do mesmo modo, de dentro da medula espinhal, que é o útero espiritual, o corpo da libertação se expande: sendo pouco a pouco formado.

  Não é como as pessoas pensam que isso aparece de repente como num passe de mágica. Sim, aparece por mágica, mas pela mágica sexual. Assim como o feto se desenvolve lentamente dentro do útero, do mesmo modo seu desenvolvimento posterior fora do útero é um processo alquímico muito lento.

  E quando entramos na segunda iniciação dos Mistérios Maiores, ao adentrarmos nos fogos de Yesod que é o corpo vital, é explicado por Mestre Samael que formamos um corpo dourado chamado Soma Psychikon [grego “corpo substância-alma”], extraído do corpo etérico. A união do Soma Psychikonand, o corpo da libertação, aparece na quarta dimensão, no que também chamamos de Éden. É um corpo que está sendo formado ao longo da consciência. Desenvolve-se dentro do iniciado. É o primeiro degrau para o nascer de novo. Mestre Samael explica:

  “O Bodhichitta emerge no aspirante que se sacrifica por seus semelhantes, muito antes que os corpos Mercuriais tenham sido formados”. – The Gnostic Bible: The Pistis Sophia Unveiled.

  “Extraímos o corpo da libertação do corpo físico. Esse corpo é feito com carne, porém é carne que não vem de Adão. É um corpo preenchido com perfeições milenares. É elaborado com os mais evoluídos átomos de nosso corpo físico.

  “O Corpo Dourado [o Soma Psychikon, corpo substância-alma] que interpenetra o corpo da libertação é extraído do corpo Etérico– Treatise of Sexual Alchemy.

  Desse modo o Soma Psychikon ou Bodhichitta e o corpo da libertação são criados antes da criação dos corpos mercuriais, denominados Hod, Netzach e Tiphereth que estão acima de Yesod. Não cometamos o erro de acreditar que o Soma Psychikonand, o corpo da libertação está relacionado com o corpo Astral. O corpo astral é algo diferente. Mestre Samael explica que o corpo Astral é o Alma-Cristo, extraído do espectro ou fantasma do corpo Astral Lunar. Leiamos:

  “A terceira serpente se eleva através do canal medular do espectro Astral. A terceira serpente deve alcançar o campo magnético da raiz do nariz para daí descer ao coração através de uma passagem secreta, dentro da qual existem sete câmaras sagradas. Quando a terceira serpente alcança o coração, a mais bela criança é nascida – o Cristo Astral. A resultante de tudo isso é a iniciação. O neófito tem que experienciar dentro de seu corpo Astral o inteiro drama da Paixão de Cristo. Ele tem de ser crucificado, morrer e ser enterrado. E após tem então de ressuscitar e precisar também descer aos Abismos lá permanecendo por quarenta dias antes de ascender”. – O Matrimônio Perfeito por Samael Aun Weor.

  Desse modo a terceira serpente se eleva pelo corpo astral fantasma [espectro], visto que por termos um fantasma astral não temos um corpo astral solar e aquele fantasma é chamado de Kama Rupa [sânscrito], “o corpo dos desejos”. Daí que pelo aprendizado de como transformar desejo em força de vontade a serpente vai subindo por aquele corpo lunar fantasma. Então o corpo astral solar se desenvolvendo na medula, está sendo formado pouco a pouco, pois a medula é o útero.

  Quando o fogo do Kundalini se eleva para a cabeça alcançando o coração então uma nova criança é nascida dentro de nós! Eis porque na cristandade a criança é chamada Jesus, no induismo é chamada Krishna e no judaísmo é chamada Moisés. Desse modo a criança nasce muito pequena e seu desenvolvimento acontece pouco a pouco, lentamente. Finalmente o corpo astral é formado no útero do corpo lunar que possuímos.

  Após a experiência daquele nascimento outro corpo tem de ser criado, pertencente à quinta dimensão. Para isso precisamos entrar na quarta iniciação onde a Mente-Cristo é extraída do corpo mental. Qual corpo mental? O corpo Mental Lunar que possuímos. E aqui precisamos aprender como controlar a mente, o que vem se revelar numa iniciação muito difícil, uma vez que dentro de nossa mente temos um antro de defeitos e vícios. Porém enquanto estivermos fazendo isso estaremos também edificando outro corpo chamado de Mente-Cristo. Esse corpo é a Mente Solar. Mestre Samael ressalta que é desse modo como o quaternário inferior, a sefirot Malkuth, Yesod, Hod e Netzach, vem reforçar nossa Tríade eterna divina, a sefirot Chesed, Geburah e Tiphereth.

  A sefira Tiphereth é o Bodhisattva. Quando alcançamos esse nível e temos já criado esses quatro corpos entramos então nos mistérios da quinta iniciação, relacionada com Tiphereth a alma humana. E vemos na escala que nascer de novo significa utilizar a cruz no corpo físico, no corpo vital, no corpo astral, no corpo mental, finalmente no corpo causal. São esses mistérios da cruz, do nascer de novo. Ou como Mestre Jesus sustenta nos evangelhos: nascer de novo da água e espírito. A água é a energia sexual em nossos órgãos sexuais. E Espírito é o fogo do dragão que estamos controlando. Esse é o processo alquímico de criação do ser humano dentro de nós.

  Tendo chegado a esse nível de Bodhisattva ou Tiphereth temos o direito de nos intitularmos seres humanos. Antes disso não podemos. Somos somente germes de sementes no processo de nos tornarmos seres humanos. Tudo isso é desempenhado através da cruz formada pela união sexual entre homem e mulher; por isso está escrito nos mandamentos: “honrarás teu pai e tua mãe”, visto a mãe ser a água e o pai o Espírito que se juntam na cruz.

  Lembro que certa vez andando pelas ruas... Bem, como sabem algumas vezes encontramos testemunhas de Jeová que nos tentam convencer de que precisamos nos tornar um deles para sermos salvos, etc. Parei então a conversar com eles:

  “Concordo com tudo o que vocês dizem que para eu ser salvo preciso me tornar uma testemunha de Jeová, mas escute, Jehovah Elohim é o nome sagrado de Deus em Binah, cujo reino está em Yesod, sexo. Assim as duas testemunhas de Jeová são os testículos. Eis porque “testis” em latim significa testemunha. Então eles ficaram muito zangados comigo.

  “Você não pode ensinar-me o que realmente significa ser uma testemunha de Jeová. Não, não, não!”. Disse a pessoa. “Sabemos dos mistérios da cruz e isso é pecaminoso. A cruz simboliza o ato sexual”.

  “Ah, então você sabe sobre isso”. Disse-lhe.

  “Sim”, respondeu a pessoa. “Por isso que não nos devotamos à cruz”.

  “Ah, é?” – disse-lhe. “Mas você desempenha a cruz, certo? Você tem filhos?”.

  “Sim”

  “Mas você disse que não se devota à cruz? Então você verdadeiramente devota muito à cruz, disse-lhe, mas de maneira errada, uma vez que se você é uma criança da cruz então todas as suas crianças são também crianças da cruz. Ninguém neste mundo nasceu sem a cruz”.

  “Não, ele respondeu, refiro-me à cruz dos católicos”.

   “Concordo com isso também, disse-lhe, pois os católicos não estão trabalhando com a cruz, começando pelos monges, uma vez que eles sendo celibatários não se devotam à cruz. Eles somente falam sobre a cruz”.

  Conhecer os mistérios da cruz é saber como nascer de novo e não somente ter a cruz no altar Se alguém for monge estará unicamente trabalhando com o madeiro vertical. Se for monja estará unicamente trabalhando com o madeiro horizontal, apesar de que na idade média, monges e monjas realizassem o casamento para unir-se sexualmente em segredo a fim de trabalhar com a cruz alquímica. Porém agora, falando exatamente da cruz, acreditam nela, mas no momento em que precisam se desempenhar com a cruz eles não fazem isso.

  Então aquelas testemunhas de Jeová ficaram perplexos com o que eu lhes estava dizendo. E eu disse-lhes ainda: “Bem, isso é a verdade. Só não me digam que vocês não gostam da cruz, não me digam que vocês odeiam a cruz porque esse é o ponto ou então se torne monja e seu marido um monge. E vocês serão inimigos da cruz”.

  Há muitas pessoas que reverenciam a cruz ainda que não se desempenhem com a cruz. Mas se estão se desempenhando o fazem de modo errado. Daí que esse é o ponto principal desta palestra. Entremos agora mais fundo nesses mistérios da cruz.

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  Figura 9.

OS SETE ENUNCIADOS NA CRUZ 

O PRIMEIRO ENUNCIADO

  “Contudo Jesus dizia, Pai, perdoai-lhes; porque não sabem o que fazem” – Lucas 23:34

    “Depois de o crucificarem, repartiram entre si as suas vestes, tirando a sorte”. – Mateus 27:35

  Encontramos que este primeiro mistério da cruz está relacionado com a veste de Jesus. Sua veste esta descrita nas seguintes citações do Pistis Sophia:

  E todos os governantes e aqueles que estavam no acontecimento, entraram em agitação e se empurravam excedendo-se em grande medo ao ver a grande luz que se fazia em mim. E eles olhavam minha veste de luz vendo o mistério de seu nome em minha veste, caindo em agitação maior; e com grande medo, diziam: “como pode o senhor do grande universo estar entre nós sem que soubéssemos? ”E todas as suas obrigações e as de seus empregados e as de suas casas estiveram dispensadas; todos vieram imediatamente ajoelhar-se ante mim, adorar-me e todos cantaram juntos cantigas de louvores de seu mais profundo intimo, estando com grande temor e grande agitação”. – Pistis Sophia.

  Alguém perguntou: “Essa veste de luz está relacionada com as cinco palavras: Zama Zama Ozza Rachama Ozai que Mestre Samael coloca? São palavras da linguagem da Luz”?

  Eu diria que estas palavras estão relacionadas com os cinco corpos solares dos Bodhisattvas, chamados, físico [Corpo da Libertação], vital [Soma Psychikon, Bodhischitta], astral [Alma-Cristo], mental [Mente-Cristo e Causal [Bodhisattva], pois a fim de o Cristo encarnado receber sua veste, a luz de Chokmah (sabedoria” hebraica), ele necessita de alguém que alcance o nível do ser humano, uma vez que somente num ser humano, somente num Bodhisattva, pode o Senhor encarnado desenvolver sua luz e brilhar inexcedivelmente. Assim isso também se relaciona com a transfiguração. Mestre Samael faz a citação:

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  Figura 10.

  “A transfiguração ocorre quando Ele interpreta a Lei de Moisés com total inteligência, pelo ensinamento junto ao povo e revelando em Seus trabalhos todo o maravilhoso zelo de Elias”. – Samael Aun Weor

  Elias e Moisés aparecem na transfiguração onde as vestes de Jesus brilham como relâmpago. Tal luz está colocada nos órgãos sexuais. Contudo ninguém consegue brilhar como Jesus se ele ou ela não estiver em castidade, se ele ou ela não estiver transmutando e trabalhando com a cruz. O trabalho de Jesus é o trabalho entre ele [Tiphereth] e Maria Madalena [Malkuth], pois como podem os sete chifres ou medulas ou úteros espirituais ser fecundados e os sete olhos ou sete chakras brilhar dentro dos sete corpos, se o Cordeiro não for crucificado? Sem a cruz é impossível.

  “Para aquele que sabe, o Verbo lhe confere poder. Nenhum proferiu; nenhum virá proferir, exceto aquele que tenha encarnado o Verbo. A substância do Verbo é poder, é onipotência”. – Huiracocha.

  Bem, como Mestre Samael enuncia: “O desenvolvimento do Verbo de Deus está relacionado com Moisés [o corpo da força de vontade] e Elias [mente solar]. Moisés escreveu os primeiros cinco livros da Bíblia baseado nos reais mistérios da cabala. Então falar sobre os mistérios da Alquimia e Cabala é expressar às pessoas os mistérios de Moisés, o qual simboliza Tiphereth. Eis porque os grandes Mestres que têm alcançado o nível de um Bodhisattva brilham segundo seus próprios raios. Moisés brilha em sua veste, que é sabedoria escrita no Pentateuco, onde ele mostra o Verbo de Deus, que é a luz de sua veste, demonstrada nos livros que ele escreveu”.

  Com a luz de Jesus de Nazaré – Mestre Aberamentho – o Verbo de Deus é mostrado em seu livro Pistis Sophia, que Mestre Samael desvelou com cabala e alquimia a fim de que pudéssemos compreende-lo. Toda a sabedoria de Cristo está escrita ali, uma vez que a luz de Cristo, o Verbo de Deus, se manifesta através de diferentes níveis, de diferentes meios.

  “No princípio era, o Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” – João 1:1

  Cristo, o Verbo de Deus, é universal, ainda que para Cristo tornar-se humano, necessitamos nos tornar humanos. Mas se não tivermos interiormente os corpos astral, mental e causal, se não tivermos edificado o Bodhisattva e o corpo da libertação dentro de nós, então não somos humanos. E como Cristo virá encarnar em nós se não formos humanos?

  “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós [humanos], cheio de graça e de verdade, e [nós bodhisattva] vimos a sua glória. Glória como do unigênito do Pai”. – João 1:14

  Arjuna que representa Tiphereth no Mahabharata surge em minha mente neste momento. Em corpo causal Arjuna vai conversar com Krishna. Também quatro irmãos de Arjuna-Krishna, o Bodhisattva, estão igualmente ali representados; esses cinco Pandavas formam os cinco corpos do Bodhisattva, denominados, Nakula e Sahadeva [Hod e Netzach], estes gêmeos, Bhima e Yudhisthira [Malkuth e Yesod]. São cinco irmãos contados com Arjuna [Tiphereth] dentro dos quais Krishna, que representa Vishnu, o Cristo encarnado, forma o Bodhisattva.

  Portanto, o completo Mahabharata encontra-se desdobrado, escrito e relacionado com esses cinco Pandavas e Krishna. Analogamente com Arjuna e Krishna está Jesus e Cristo o mesmo símbolo. Daí que Krishna, Jesus Cristo, Muhammad, Buddha, etc., são diferentes nomes que remetem ao mesmo arquétipo.

  Bem, então esses Mestres trabalharam e passaram o mesmo conhecimento. Ainda, pessoas que ignoram a verdadeira doutrina começam tirar proveito de suas doutrinas. Eis porque a primeira palavra que Jesus falou na cruz foi: “Pai perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem.”

  Estas palavras significam que eles não sabem o que fazer com sua sabedoria. Subsequentemente está escrito: “Os soldados, pois, quando crucificaram a Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e a túnica. A túnica, porém, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sorte sobre ela para ver a quem caberá – para se cumprir a escritura. Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Assim, pois, fizeram os soldados”. – João 19: 23, 24.

  Isso pode ser complementado daquilo que foi falado pelo profeta Davi: “Cães me cercam: uma súcia de malfeitores me rodeia; transpassaram-me as mãos e os pés. Posso contar todos os meus ossos; eles me estão olhando e encarando em mim. Repartem entre si as minhas vestes, sobre a minha túnica deitam sortes”. Salmos 22:16-18

  Analisemos estas citações em que os soldados jogam dados a fim de saber quem levará a veste de Jesus. Se analisarmos olhando a cristandade entenderemos que qualquer cabeça de uma organização cristã haverá de dizer: “detemos o conhecimento verdadeiro de Jesus Cristo; sigam-nos!”.

Por exemplo: temos o papa em Roma que representa a igreja católica e os princípios de muitas outras seitas da cristandade que se proclamam únicos possuidores do verdadeiro conhecimento de Cristo.

  Do mesmo modo podemos analisar qualquer religião e veremos que dizem a mesma coisa. Todos os seguidores daqueles iniciados sempre interpretam as escrituras à sua própria vontade e lançam a sorte; jogam dados para saber quem será o ganhador da veste de luz, da sabedoria crística.

  Mestre Samael Aun Weor, que alcançou a autorrealização de seu Ser, escreveu mais de setenta livros. E tristemente agora, no mundo físico Malkuth, há uma disputa entre grupos gnósticos. Cada grupo estabelece: “detemos os direitos; os demais grupos estão errados; nós estamos certos”. Daí também a dizerem que para cada um de nós escolher o certo precisará seguir aquelas suas organizações.

  Outros jogam dados a fim de determinar quem estará à testa de suas organizações. Nessa linha existem presbiterianos, mórmons, testemunhas de Jeová, católicos, etc, a quem os dados rolarão para sortear suas lideranças. E como acontece com qualquer partido político, vez por outra eles mudam. E votam para saber quem virá a ser seus presidentes.

Com relação ao conhecimento do gnosticismo que estamos incluindo aqui neste grupo, temos egos como muitos outros grupos também têm. Contudo estamos tentando não cair nos mesmos erros daqueles que dizem: “somos os únicos, vocês precisam nos seguir”. O que dizemos é: sigam o Senhor, o Cristo, que está dentro de vocês.

  A maioria dos Hasnamussen alega serem eles próprios únicos, daí recair nos mesmos erros de lançar os dados debaixo da cruz. É isso que o Senhor de qualquer adepto cristificado vê nos mundos internos. Muhammad vê como os muçulmanos estão lutando. Moisés vê como todas as seitas do judaísmo estão lutando. Jesus vê como todas as seitas do cristianismo estão lutando. Samael vê como as modernas seitas da gnose estão lutando. Aqueles seguidores não entendem, estão adormecidos e fazendo da doutrina algo fanatizante. Eis porque Jesus disse: “Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem”.

  Existem agora milhões de gnósticos de diferentes denominações que não devem recair no mesmo erro ao se tornarem envolvidos com políticas, achando esse ou aquele grupo “o certo”. A doutrina escrita por Samael é aquilo que é o certo, uma vez que o Verbo de Samael está em sua doutrina e não fora dela.

  Desse modo isso se refere ao primeiro enunciado que o Senhor proferiu na cruz.

O SEGUNDO ENUNCIADOO segundo enunciado que Jesus proferiu na cruz foi: “Tenho sede”. Este segundo enunciado está relacionado com o que Jesus proferiu na Judeia.No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. – João 7: 37, 38.

  Se lermos cuidadosamente a citação inicial [tenho sede] entenderemos então tratar-se de uma afirmação alquímica relativa ao tipo de água que Jesus necessita. Para entendermos melhor leiamos a seguinte citação em Pistis Sophia:

Eis porque disse eu a vocês: Eu vim lançar fogo na terra”. Ou seja: Eu vim para purificar os pecados do mundo com fogo.

  “Eis porque disse Eu à mulher Samaritana: se soubesses da dádiva de Deus e quem é aquele que te diz: dá-me de beber, rogarias, e ele dar-te-ia da água viva, e em ti existiria uma fonte que brotaria por toda a vida”.

  “E eis porque eu também bebi uma taça de vinho, abençoei-o, dei-vos e disse-vos: eis o sangue de minha aliança que será derramado para o perdão de vossos pecados”.

  “E eis porque também cravaram-me a lança em meu flanco, para que dele jorre água e sangue”.

  “E eis porque estes são os mistérios da Luz que perdoa os pecados, ou seja: estes são os nomeados e os nomes da Luz”. – Pistis Sophia.

  Precisamos entender que o enunciado “tenho sede” é uma citação alquímica sexual, visto que o Senhor está sempre trabalhando em Tiphereth, no coração do iniciado, procurando desenvolver aquele iniciado. Entretanto para seu trabalho ele necessita de água mercurial. Cristo diz da sefira Tiphereth, “tenho sede” e na sefira Yesod, crucificada com o Senhor na cruz, na exata base, na sefira Malkut, está Maria Madalena.

  Cristo o Senhor da luz simboliza o Espírito que é a união com a alma humana. Contudo a alma humana que quer desenvolver interiormente Cristo necessita beber a água da vida, que brota de nosso próprio abdome na sefira Malkuth. Consequentemente é necessário que nos desempenhemos com a cruz a fim de nascermos da água e do Espírito.

  Os sete enunciados que o Senhor proferiu na cruz estão relacionados com a magia sexual. Esses são mistérios que estamos desenvolvendo, mistérios que são mensurados na mesma medida em que nos desempenhamos deste caminho alquímico.

O TERCEIRO ENUNCIADOMergulhemos no terrível símbolo do qual muitos são temerosos. Na realidade é um símbolo do Querubim, como estabelece o livro do Gênesis:

  “E expulso o homem, colocou querubins ao oriente do Jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”. – Gênesis 3:24

  A Árvore da Vida está na medula espinhal, o útero onde nos desenvolvemos interiormente como uma alma. Mestre Samael Aun Weor estabelece:

  “Inquestionavelmente a ascensão do Cristo íntimo em cada um de nós pode ser alcançada por meio do Décimo Quinto Mistério, o Mistério do Baphomet Tiphon que é resolvido com o Sexto Mistério; vocês sabem disso....”

  “Lúcifer-Baphomet granjeia-nos o impulso sexual, através do qual a realização da Grande Obra é possível.

  “Quando ferimos mortalmente o Baphomet com a lança de Longinus transmutamos o chumbo em ouro. A transmutação sexual é fundamental para a cristificação. Esse é indubitavelmente o Mistério da Barométrica. Se derramamos do Vidro Hermético então a transmutação metálica é absolutamente impossível.

  “Aqueles que aprendem como utilizar o impulso sexual inteligentemente pode desempenhar-se da Grande Obra. A ascensão do Cristo Íntimo em nós é absolutamente possível quando tivermos compreendido o Décimo Quinto Mistério, que é o mesmo Mistério de Lúcifer-Baphomet.

  “Os Guardiões [querubinsdos portões dos Aeons querem proporcionar ao iniciado o direito de passar, porém quando veem nele muita vivacidade, entendem que ele não está ainda preparado.

  “Sophia é encontrada no caos sexual, no Azoth bruto. Devemos libertar Sophia de dentro da negritude do Caos. Isso é possível pela transmutação do sagrado esperma em energia criativa.

  “Existem dois caos: o primeiro do Macrocosmo e o segundo do Microcosmo. O Caos do Microcosmo é encontrado em nossos órgãos sexuais...”. Samael Aun Weor.

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   Figura 14.

  “Era a hora terceira quando o crucificaram. E por cima estava em epígrafe a sua acusação: O REI DOS JUDEUS” – Marcos 25-26.

A inscrição de sua acusação estava escrita acima “I N R I” Iesus Nazarenus Rex Iudaerum.

  “Chegada a hora sexta houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. À hora nona clamou Jesus em alta voz “Eloi, Eloi. Lama Sabachthani? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns deles que ali estavam, ouvindo isto, diziam: vede, chama por Elias”. – Marcos 15: 33-35.

  O terceiro enunciado está relacionado com a terceira hora quando o Senhor está crucificado. Lembremos de que quando entramos na iniciação a primeira sefira é Malkuth, a segunda é Yesod e a terceira é Hod porque estamos subindo a montanha de Deus. Está escrito: 

  Era a hora terceira quando o crucificaram. a inscrição de sua acusação estava escrita acima “I N R I” Iesus Nazarenus Rex IudaerumIsso significa “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”. Quando nos remetemos aos judeus não estamos falando sobre os judeus, os hebreus, os israelitas que vivem no Oriente Médio ou em qualquer parte do mundo, não. Na cabala, judeu é soletrado Iod, Hei, Vav. “Yew” é também lido IAO. Daí que judeus são aqueles que se trabalham com IAO, as três forças Crísticas primárias, que são Prana, o Iod, o Hei e o Vav de Yew” Judá, a força solar em nossos três cérebros. Significa que qualquer Mestre surge neste mundo como um Filho de Cristo, quem em Tiphereth é o Rei-Sol de qualquer iniciado. Naturalmente estamos aqui explicando IAO relacionado com as letras hebraicas.

  “Assim Iesus Nazarenus Rex Iudaerum está relacionado com aqueles iniciados que se trabalham com INRI; isso não se refere ao povo de nenhuma raça. Sempre temos necessidade de ler os evangelhos com olhos espirituais a fim de entender. Eis porque está citado que os judeus crucificaram Jesus. Porque se nós, os judeus, os leões de Judá, Tiphereth, não trabalharmos com a cruz alquímica então como virá o Senhor salvar nossa Pistis Sophia? A cruz nos salva.

  “O Senhor da Perfeição precisa viver através do drama cósmico por inteiro em nossas mais íntimas profundezas. Uma pessoa fica atônita ao contemplar toda a tortura que o Senhor da Perfeição suporta no Mundo Causal. No Mundo Causal, o Cristo Oculto suporta todo o indescritível amargor em seu Caminho da Cruz.

  “Sem dúvida que Pilatos [nossa mente] lava suas mãos e se justifica, para finalmente condenar o Bem Amado à morte na cruz. Para o iniciado clarividente a ascensão ao Calvário é extraordinária. Indubitavelmente, [Tiphereth], a Consciência Solar integrada com o Mais Profundo Cristo crucificado na majestosa cruz do Calvário, profere frases terrivelmente poderosas que seres humanos comuns não podem compreender”. –  The Great Rebellion por Samael Aun Weor.

  O Senhor crucificado pode certamente eliminar de dentro de nós as causas intrínsecas de nossos erros, as coisas malignas do carma que possuímos. Daí que para o Senhor nos salvar ele precisa ser crucificado dentro de nós. As pessoas não entendem isso. Quando leem o que está escrito nos evangelhos elas interpretam erradamente e começam acusar aquelas pessoas que vivem no Oriente Médio, de terem assassinado Jesus de Nazaré. Continuam ainda acusa-las. Quem sabe o que aconteceu há 2.000 anos? Contudo nós aqui estamos falando alquimicamente e cabalisticamente. Que os judeus mataram Jesus? Sim, porque se Cristo não morresse dentro de nós, como uma alma, não ressuscitaríamos com ele.

  A morte é o trabalho do Senhor e ele faz isso intimamente com o fogo chamado I.N.R.I.. Eis porque em tempos nos desempenhamos do ato sexual como um Alquimista. Jesus está sendo crucificado dentro de nós porque ele é a luz ou o fogo que emerge das forças positivas e negativas que se unem no ato sexual. Está escrito:

    “Chegada a sexta hora houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. À hora nona clamou Jesus em alta voz “Eloi, Eloi. Lama Sabachthani? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”Esse é o mistério que chamamos a noite espiritual.

  O que encontramos entre a sexta e a nona hora, melhor dizendo: entre a sexta sefira Tiphereth e a nona sefira Yesod? Vemos cabalisticamente que as trevas estão relacionadas com a coluna esquerda da Árvore da Vida e na coluna esquerda está Hod entre essas mencionadas Sefirot. Assim segundo a iniciação Hod é a terceira hora.

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  Figura 15.

  “A terceira hora de Apollonius:” As serpentes, os cães e o fogo (Magia Sexual; trabalho com o Kundalini).”

  Na sefira Hod temos o Kama Rupa, o corpo dos desejos. Então quando o iniciado alcança aquele nível com sua cruz, também lá no paraíso eles examinam o iniciado. Tenha ele todos os corpos solares, seja ele duas vezes nascido, porém ó misericórdia, ele ainda tem muitos egos de orgulhos, egos de luxúrias, egos de ódios. Dai que essa multidão dentro dele clama: “crucifica-o, crucifica-o, crucifica-o!”.

  Então os examinadores dizem: “Não podemos ainda recebe-lo aqui, uma vez que ele está sujo! Ele precisa descer, trabalhar com a cruz e ferir o dragão para aniquilar com o ego. Necessita estar unido com sua Maria Madalena”. Eis porque o Senhor sente como se estivesse abandonado, pois no mundo físico ele encontra somente degeneração, nada o alegra. Estamos falando sobre aquele iniciado que esteja unido com Cristo.

  Onde formos a qualquer parte deste planeta, a qualquer país, encontraremos muita degeneração, muita loucura. Então o iniciado não quer permanecer aqui, ele quer entrar no Reino do Paraíso, conforme seu Jesus interior contou-lhe. “Nascer outra vez para entrar no reino do Paraíso”.

  Porém os Mestres que comandam o reino do Paraíso dizem: “Por que iríamos colocar Barrabás aqui conosco no paraíso, com o demônio que ele traz interiormente? Ele tem os corpos solares, ele é duas vezes nascido, sim, mas vejam o homem; vejam quantos defeitos e vícios ele tem! Não! Deixemo-lo primeiro morrer na cruz!”.

  Então esse Senhor Interior diz: “Bem, estamos agora de novo nas trevas”. Isso ocorre quando o iniciado diz: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Daí ele entra em sua noite espiritual. Mestre Samael explica num de seus livros que Beethoven sofreu sua noite espiritual. Ele lutou quase toda a sua vida tentando sair dela; ele teve uma têmpera bastante forte e muita ira. Por isso não foi muito fácil admiti-lo, mesmo que tivesse recebido informação e trabalhasse duramente para sair de sua noite espiritual. A terceira hora ocorre na vida de qualquer iniciado.

  No começo os deuses, os Elohim, nos asseguram luz, experiências a nos mostrar que o caminho no qual ingressamos é real, verdadeiro. Daí em diante quando começamos a nos trabalhar pessoalmente, passamos a entender que eles não nos aceitarão facilmente lá mais acima no paraíso, e aqui neste mundo físico não acharemos nada que nos traga satisfação ou alegria. Por isso entramos em nossa noite espiritual, que é das seis horas às nove horas, significando que temos de trabalhar em nosso Hod, nosso Kama Rupa, nosso corpo dos desejos, a fim de aniquilar com todos os desejos.

  Então tendo aniquilado com nosso Kama Rupa interior, eles nos aceitam ingressar em seu reino. Mas com Hod, o Kama Rupa, o corpo dos desejos estando ainda muito vivo intimamente, eles entendem que nós como indivíduos somos ainda Hanasmuss; então dizem: “deixemo-lo que primeiro morra se quer entrar em nosso Reino do Paraíso”. Podemos assim perceber que a cruz está relacionada com a morte, nascimento e sacrifício.

  Entremos agora no próximo mistério da cruz. Mestre Jesus pronunciou sete enunciados na cruz e cada enunciado é um ensinamento relacionado com a cruz alquímica.O QUARTO ENUNCIADO

  Ele foi crucificado entre dois ladrões, um à esquerda e outro à direita. Isso é um símbolo alquímico.

  O ladrão que está crucificado à esquerda simboliza aquelas pessoas que têm Cristo como uma imagem e adoram a cruz, porém no íntimo não seguem o Senhor. No esotericismo elas estão relacionadas com Gestas, que é o ladrão maligno que rouba a energia sexual para sua satisfação animal, mesmo que ele/ela fale sobre Cristo e os evangelhos. Porém quando ele/ela se desempenham do ato sexual não adoram o Senhor. São fornicadores.

  À direita de Cristo está o bom ladrão. O bom ladrão é um bom gnóstico que conhece todos esses mistérios, que diz durante do ato sexual: “Eu sou um ladrão e agora é hora de eu roubar a energia para o meu Senhor”.

  “Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também”. – Lucas 23:39

  “Para vergonha vo-lo digo. Não há, por ventura, nem ao menos um sábio entre vós que possa julgar no meio da irmandadeMas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante incrédulos?

  “O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?

  “Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos próprios irmãos.

  “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros nem idólatras, nem adúlteros nem efeminados, nem sodomitas.

  “Nem ladrões, nem avarentos nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.

  “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.

  “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.

  “Os alimentos são para o estômago, e o estômago para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo.

  “Deus ressuscitou ao Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder.

  “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não.

  “Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque como se diz, serão os dois uma só carne.

  “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele”.

  “Fugi da impureza! Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer, é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo.

  “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, e que tendes parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?

  “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo. – 1 Coríntios 6: 5-20

  “Então o bom ladrão disse a Jesus: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. Lucas 23: 42-43.

  Jesus disse: Hoje! Não amanhã! O ladrão da direita relaciona-se com a mente. Quando estamos presentes em nós próprios, vivendo momento a momento, estamos roubando as impressões, a luz, as forças de nosso organismo a fim de nutrir nosso Senhor interior.  Ao nos esquecermos de nós próprios então nosso mau ladrão relacionado com ambição, orgulho e gula, adentra-nos e nos rouba a energia para a satisfação de seus desejos – o ego.

  Desse modo o iniciado como uma alma está sempre crucificado em meio ao Senhor. Dai que na cruz ele precisa estar em equilíbrio, colocando seu pé direito sobre o esquerdo, ou seja: se ele estiver tratando com o rebanho da esquerda (cabras) ele precisa saber como não se identificar com seus males. Se ele estiver tratando com o rebanho da direita (ovelhas) ele precisa do mesmo modo saber como não se identificar com seus fanatismos, uma vez que as ovelhas da direita dizem: “não precisamos fazer isso, basta acreditarmos em Jesus que isso será o bastante”. É o que elas dizem.

  Ouçam: ninguém precisa ser um bom ladrão, o que significa saber como extrair a consciência para fora do ego. Por isso Jesus disse: “em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. O que vale significar que o bom ladrão já tinha conquistado o Bodhischitta e consequentemente estaria com ele na quarta dimensão, no paraíso.

  Não é como as pessoas pensam que acreditando em Jesus irão para o paraíso ao morrerem. O Senhor disse ao bom ladrão: “Hoje”. Ou seja: se nos mantivermos trabalhando em nossa consciência hoje, não amanhã, não ontem, mas hoje, estaremos com Cristo no paraíso. Hoje é aquela experiência que sempre associamos com Samadhi, êxtase; hoje, imediatamente, não amanhã, não ontem. Quem se importa se ganhamos ou perdemos ontem? E quem saberá o que ganharemos em futuro? Hoje é o dia do Senhor.

  Mestre Samael Aun Weor escreveu:

  “Desse modo, filosoficamente, estabelecemos que quando almas malfeitoras perdem seus corpos, ficam imersas dentro da Lua Negra (Lilith), dado que nada é fora de nós, todas as coisas estão dentro de nós; o exterior é o reflexo do interior. Nesse sentido quando uma alma deixa seu corpo ela não faz nada, mas submerge dentro dela própria, aqui e agora.

  “Quando a química dos raios solares fizer o éter da atmosfera ficar visível, as almas da morte então ficarão visíveis e tangíveis a qualquer um; consequentemente aqueles negociantes que lucram nas sombras daquela problemática do “além”, ficarão fora de moda.

  “Quando Cristo no Gólgota disse ao bom ladrão, “em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. Ele não levou em conta o conceito de tempo inventado pelos homens. A fim de compreendermos esta resposta dada por Cristo ao bom ladrão, estudemos os versículos 15, 16 e 17 do capítulo 11 de Revelação.

  “O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.

  “E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados nos seus tronos, diante de Deus, prostraram-se sobre os seus rostos e adoraram a Deus, dizendo: graças te damos Senhor Deus Todo-Poderoso e que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar.

  Para compreendermos o significado da súplica feita pelo bom ladrão, estudemos o versículo 42 de Lucas 23:

  “E acrescentou; Jesus lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. O bom ladrão disse: “...vieres no teu reino”. Ele não disse quando “fores” ao teu Reino. Logo a qual reino estava o bom ladrão se referindo? – O Livro de Revelação 11.

  “Dizendo: graças te damos Senhor Deus Todo-Poderoso e que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos”.

  “Por estes versos bíblicos nos damos exata conta das palavras do bom ladrão: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. E a sábia resposta do Mestre: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”.

  “Esta passagem do “bom ladrão” prova que ele sabia sobre reencarnação e não ignorava que o Mestre retornará em corpo etérico ao seu Reino, a Terra etérica do futuro.

  “A transição de um estado de consciência para outro é o que chamamos ‘tempo’. Ainda que estados de consciência sigam um e outro no eterno agora. O bom ladrão sabia sobre a reencarnação da luz e sabia que Cristo tinha de retornar ao ‘seu Reino’, a Terra etérea, a ‘Nova Jerusalém’. Por isso ele pedia ajuda ao Mestre. Se fizermos abstração sobre o conceito de tempo; ‘o verdadeiro fato de nos tornarmos totalmente arrependidos’, significará estarmos ‘hoje no Paraíso’. Contudo podemos vir a estar ‘exatamente agora no Paraíso’” – Samael Aun Weor.

  Precisamos entender que isso se refere alquimicamente a algo sobre o que estamos nos desempenhando hoje ao entrarmos no desenvolvimento do Buda Interior, uma vez que adentramos no reino da mente – adentramos no reino de Buda. Qualquer pessoa que alcance a quarta iniciação torna-se um Buda, um ser iluminado que controla a mente.“Vendo Jesus sua mãe, e junto a ela o discípulo amado disse: mulher eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: eis aí tua mãe. Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa”. – João 19: 26-27.

  “O nome do discípulo é João, Ἰωάννης Iōannēs, nome cujo som deve ser dividido em sete vogais esotéricas, do seguinte modo: I.O.U.A.M.E.S. Iōannēs é O Verbo; Iōannēs é o filho que sempre é nascido do útero de uma mulher. O que queremos significar com a declaração anterior é que unicamente se praticando a magia sexual é que podemos encarnar o Cristo dentro de nós próprios. Iremos nos ater às Iniciações Venústicas trabalhando unicamente com o Arcano A.Z.F. O Verbo – Cristo – é sempre nascido de concepções imaculadas. O Filho do Homem é sempre o filho de uma Mãe Virgem”. – A Mensagem Aquariana, por Samael Aun Weor.

O QUINTO ENUNCIADO 

  Então estudemos este próximo enunciado relacionado com Tiphereth. Estamos vindo da sefira Netzach e indo para a sefira Tiphereth. A sefira Tiphereth está no centro da Árvore da Vida onde encontramos o Filho do Homem, João, que em grego é Iōannēs, IOUAMESIōannēs oculta IOUAMES, as sete vogais esotéricas. Jesus está aqui se dirigindo à sua Mãe. Entendamos que a Mãe de Yeshua não é sua mãe física, visto não estarmos nos referindo a Jesus de Nazaré que veio há cerca de 2.000 anos.

  Estamos nos remetendo a Mãe de Cristo, o fogo que sobe pela medula, o útero da Mãe Divina que está em Akaza. O Akaza é o aspecto feminino da força solar, polarizada de maneira passiva. Quando Akaza se une com o Espírito Santo, que é o Prana, então o Senhor, a terceira força no meio da Árvore da Vida – a medula – e no coração, é nascido. Cristo diz: “Mulher eis aí o teu Filho!”, significando, mãe, contempla a alma humana, que é teu filho que eu estou desenvolvendo para ti. E então ele diz: “Filho, eis aí a tua Mãe!”.

  A alma humana precisa sentir o que chamamos amor filial, sentir que aquele é um filho de Deus. A Mãe Divina é aquela que nos desenvolve na medula, aquele útero espiritual. Ela é aquela que cria todos os corpos dentro de nós. Ela se eleva do chakra Muladhara ao cérebro e cria todos os corpos solares em nós, um a um. O filho ingrato não avança nesse caminho. Isso é o que Jesus está nos ensinando aqui: “Mulher, eis o teu Filho! Filho, eis a tua Mãe!”. Há aqui uma comunicação de forças.

  Vem à minha mente Mestre Samael falando sobre Gurdjieff. Ele disse: “Gurdjieff foi um grande mestre, mas que não chegou a autorrealização porque ele se esqueceu de sua mãe. Ademais, ele se posicionou contra a sua mãe trocando o Kundalini pelo Kundabuffer. Eis porque ele não alcançou a realização de seu Self, pois o filho que se esquece de sua Mãe não avança neste caminho”. Mestre Samael disse ainda: “Eu quase cometi o mesmo erro”.

  Mestre Samael disse: “Eu encontrei nos planos internos o guardião do templo que me parou quando eu entrava no templo, a Igreja Gnóstica, e disse-me: ‘Voce dentre todos os iniciados da Terra que se apresenta aqui, foi um dos mais avançados neste templo. Porém agora você se encontra estagnado’ E Mestre Samael disse: ‘Mas eu não sei onde ela está’, dado que ele pensava sobre sua mãe física. E o Guardião disse; ‘O quê? Como um filho não sabe onde sua mãe estáEstou falando para o seu próprio bem’”.

  Então Mestre Samael Samael voltou ao plano, onde começou a procurar por sua mãe física. Ela tinha morrido e ele tentava entender como poderia encontra-la. Passaram-se dias e subitamente um fio de luz acendeu em seu cérebro e ele disse: “Ah, o guardião estava se referindo à minha Mãe Divina e não à minha mãe física”. E lembrou-se: “Honrar mãe e pai”. Então ele começou a meditar sobre sua Mãe Divina e ela apareceu-lhe começando a ajuda-lo no aniquilamento do ego. Naquele tempo ele tinha despertado 60-70% da consciência, porém tinha ficado estagnado uma vez que o ego estava vivo e a única que podia desintegrar o ego era a Mãe Divina.

  O que sucedeu com Gurdjieff que havia despertado bastante, foi que ele se pronunciara contra a Mãe Divina e por isso ficara estagnado. Então é bom sabermos disso e nos lembrarmos.

  O Logos – Cristo – está sempre unido com a alma humana no coração, em Tiphereth. É ali onde nós trabalhamos. Chokmah unido com João, que é Iōannēs, IOUAMES, o Verbo, trabalha junto com a Mãe Divina. O três deles trabalham na cruz. Lembremos de que no ato sexual temos de orar para a nossa Mãe Divina porque é ela quem está dando o nascimento e nos limpando. Assim como neste mundo físico, quando éramos uma criança e estávamos nos sujando com fezes em nossa cama, nossa mãe nos tomava e limpava nosso bumbum. E além disso ela nos alimentava com seu seio. Ocorre o mesmo no mundo espiritual. Nossa Mãe Divina precisa nos limpar; não devemos nunca nos esquecer disso. Eis porque Mestre Jesus pronunciou aquele enunciado, desse ensinamento na cruz da sexualidade.

  Eis porque Iōannēs é o símbolo do pescador. Quando digo pescador Moisés vem à minha mente. Ele também foi nascido nas águas de Yesod, mas tornou-se um crocodilo em Tiphereth; o mesmo símbolo que está relacionado com o coração. Ou seja: o iniciado em Tiphereth que está unido ao Senhor e trabalhando com a cruz em Yesod. O caminho da cruz é o caminho da Alquimia Sexual.

  “Ocorreu então, quando João havia terminado de pronunciar essas palavras, que dissera a Jesus em meio aos seus discípulos: ‘Bem, disse João, a Virgem é quem virá comandar no Reino da Luz’” – Pistis Sophia.

  “João, a Virgem, o Verbo, comanda nos Reinos da Luz. I-E-O-U-A-N, Ieouan, João é [IOUAMES Ἰωάννης Iōannēs] o Verbo, o Exército da Voz, o Hospedeiro coletivo do Criador Elohim.

  “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. – João 1:1.

  “O Exército do Criador Elohim, o Logos, o Verbo, cria com o poder do Verbo”.

  “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito, se fez.” – João 1:3.

  “O Logos sonoriza; está escrito. O Elohim criou o universo pela virtude do Verbo, e com o Verbo. O Exército da Voz, pela virtude de [Nun, o peixe], o luminoso e Espermático Fiat do Primeiro instante, criou o universo.

  “O Luminoso e Espermático Fiat do Primeiro instante [Nun, o peixe] deu vida a tudo o que é, foi e será.” – Samael Aun Weor.

O SEXTO ENUNCIADOE chegando a um lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho com fel, mas ele provando-o, não quis beber”.

  “E logo um deles correu a buscar uma esponja, e, tendo-a embebido de vinagre e colocando na ponta de um caniço, deu-lhe a beber”.

  “Os outros, porém, diziam: deixa, vejamos se Elias vem salva-lo”. – Mateus 27: 33, 34, 48, 49.

  “Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: está consumado! E inclinando a cabeça, rendeu o espírito”. – João 19: 30

  Estudemos o próximo enunciado que é Consumatum Est... Alguém perguntou-me: “é aquele mesmo caniço a lança de Longinus? Eu disse, não, aquele caniço estava seguro por outro soldado romano. Conforme lemos... “E logo um deles correu a buscar uma esponja, e, tendo-a embebido de vinagre e colocando na ponta de um caniço...”.

  Então um soldado segura uma esponja presa a um longo caniço, como uma cana; quando ele espreme a esponja o vinagre então sobe por dentro do caniço, e vai até a boca de Jesus. Em outras palavras, ele está dando vinagre a Jesus que significa em latim: “Consumatum Est”, que em inglês significa “acabou”. Isso está relacionado com a sefira Geburah, uma vez que Geburah está relacionada com o sagrado trabalho com o dragão. Lembremo-nos de que Geburah é Neshamah, a alma feminina.

  “Maria Madalena marcantemente amou o Divino Rabi da Galiléia; dai que permanecendo encostada a um muro, ouvindo a terrível palavra: “Tibo, Tibo, Tibo!” – que condenou o Cristo a passar pelo evento do Gólgota – foi ela tomada de indescritível terror.

  Certos segredos e maravilhosas passagens foram intencionalmente eliminados dos textos originais [da Bíblia] pelos escribas e doutos da lei. Certamente é lamentável que a Bíblia Hebraica Sagrada tenha sido tão cruelmente mutilada, adulterada, deformada...” – Samael Aun Weor.

  Os fogos da sefira Geburah são os fogos do dragão na sefira Malkuth, que se elevam em direção a Tiphereth. Então ao desintegrarmos a totalidade do ego, o amargo trabalho com o dragão está terminado. No plano físico o dragão como a serpente tentadora do Éden, oculta dentro de Maria Madalena, nossa alma, os sete pecados capitais. Daí que a hipocrisia farisaica retirou dos evangelhos os mistérios da sefira Geburah, relacionada com Jesus e com a sefira Tiphereth. Então se tornou muito raro encontrar Jesus mostrando seu trabalho alquímico – a alquimia sexual – com Maria Madalena.

  Maria [hebreu מרים Miriam, significando “elevar”] é Malkah a Rainha, Malkuth. Madalena é Mag-Dalene, Mag, Magician [magician vem da palavra sânscrito Mag, Magi (várias línguas) “sacerdote” ou “sacerdotisa”, ou seja: Rei ou Rainha em Malkuth, o Reino, que, como o corpo físico, é o veículo da alma que pratica Magia Sexual; Mag-dale-ne, Magdal [hebreu מגדל significando “Torre”] uma Alma-Magi que eleva o fogo sexual até Binah, o topo da Torre [Glândula Pineal]. Os fanáticos não gostam de trabalhar com magia sexual. Eles acham que podem realizar o Senhor com celibato, ainda que isso não seja possível. O trabalho alquímico é somente possível na cruz, conforme Mestre Jesus nos mostrou com a sua crucificação. Eis porque está escrito: “E chegando a um lugar chamado Gólgota [sinônimo de morte], que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho com fel, mas ele provando-o, não quis beber....”

  O símbolo disso é muito simples. Quando trabalhamos com a cruz alquímica temos de passar pelo processo de putrefação. O que o vinagre simboliza é putrefação. Daí que quando Jesus terminou seu trabalho, ele pendeu sua cabeça e expirou.

  Vinho como natural fermentação simboliza Fermentação Alquímica que é um processo a dois passos do início da Putrefação, no qual a matéria está prestes a primeiro apodrecer e decompor-se, e então fermentar ou de novo voltar em Espírito. Simboliza a transmutação das partículas da consciência do corpo físico para um veículo de consciência espiritual. Isso é gradualmente uma separação de elementos cognizantes do corpo físico em veículos paradisíacos para a consciência espiritual. Essa purificação está associada com a morte.

  Noutras palestras temos ensinado que a sefira Geburah está relacionada com a sefira Malkuth e a força de Geburah desce para Malkuth. Então quando estamos trabalhando com Malkuth e extraindo tudo da consciência de nossa fisicalidade, a consciência sobe para Geburah, a alma espiritual.

  É desse modo que desempenhamos nossa lua-de-mel com nossa alma espiritual. Se me perguntarem: quando o cavaleiro casa com a dama e derrota o dragão, eles se desempenham do ato sexual? Sim, eles se desempenham do ato sexual, mas esse ato é um processo de alquimia, transmutação, onde é tomado tudo o que seja puro de nossa fisicalidade e de nossa psique, que então é enviado até nosso Ser.

  Esse processo está estruturado em diferentes graus. Por isso é chamado “Consumatum Est”. Dizer “Consumatum Est” não é experienciar o que Jesus esteve fazendo lá. Tal processo é por demais amargo uma vez que o vinagre é misturado com fel.

  Já provaram do fel? Realmente é muito amargo e misturado com vinagre...! Eu pessoalmente bebo todas as manhãs vinagre dissolvido; é bom para o corpo. Jesus também sabia que necessitaria beber daquilo por nós, mas ele não gostava, pois é muito amargo. O fato está relacionado com o karma, visto que a sefira Geburah está relacionada com karma. Está relacionada com aquilo que temos de aniquilar, com certos elementos em nosso corpo físico envoltos com karma e aqui o iniciado sofre bastante; ele sofre dores e isso é mais amargo que o fel.

  Assim se acharmos que o despertar da consciência é alguma coisa muito fácil, não é não. Ouçam: antes de aniquilarmos qualquer ego relacionado com karma, os Senhores do Carma dizem: “Antes da aniquilação daquele ego, a pessoa de tal ego relacionada com o que tenha feito em vidas passadas, primeiro tem que pagar aquele carma! Com efeito, se ela paga aquilo então pode aniquilá-lo”. Daí que isso representa vinagre misturado com fel! Aquele que entra nesse caminho – esse do fio da navalha, o do ser de novo nascido – pensa que doravante tudo será macio como pêssego.

  Eis porque os fanáticos hipócritas na Idade Média retiraram de cena tudo o que se relacionava com Maria Madalena, a fim de mostrar que unicamente trabalhando através do próprio celibato, sem a necessidade de trabalhar com o outro polo, podia a Grande Obra realizar-se em nós. Ignoraram que a cruz a que se devotavam era a cruz de um homem com sua mulher no ato sexual – o Sagrado Matrimônio que eles negavam a eles próprios e a outros.

  Leiamos o que Hermes Trimegistus ensinou sobre a cruz na alquimia sexual. Disse ele:

  “O Pai daquela Única Coisa é o Sol, sua Mãe é a Lua; o vento a carregou em seu ventre, mas seu Nórdico é uma Terra Espiritual”.

  “Aquela Única Coisa é o Pai de todas as coisas no universo. Seu poder é perfeito após se ter unido com a Terra Espiritual”.

  “Separa aquela Terra Espiritual do denso ou bruto por meio do calor suave, com muita atenção”.

  “Com grande medida isso ascende da Terra para o Paraíso, e novamente desce de novo nascido na Terra; e o superior e o inferior estarão acrescidos de poder”.

  “Com isso tu participarás das honras do trabalho completo. E as trevas partirão de ti”. – Hermes Trimegistus.

  Separar o Espírito da Terra do denso ou bruto por meio de um calor suave, com muita atenção, significa não se desempenhar do ato sexual como um animal. O que o homem necessita é simplesmente ereção. É isso. Manter aquela cruz; o madeiro vertical ativo na horizontal e então transmutar calor suave. Não acender uma fogueira porque então se queimará. Significa separar isto com muita atenção.

  “Com grande medida isso ascende da Terra para o Paraíso, e novamente desce de novo nascido na Terra; e o superior e o inferior estarão acrescidos de poder’. Esse é o mesmo significado do que aconteceu com Jesus, após ter dito: “está consumado; e gritando novamente com voz alta, expirou”.

  “Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes. De alto abaixo: tremeu a terra, fenderam-se as rochas. Abriram-se os sepulcros e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na idade santa e apareceram a muitos. – Mateus 27: 51-53

  Como disse o grande trabalho de Hermes: “Com isso tu participarás das honras do trabalho completo. E as trevas partirão de ti”. Estudemos agora este último enunciado.

O SÉTIMO ENUNCIADOEntão Jesus clamou em alta voz: Pai [Elohim], nas tuas mãos entrego meu espírito! [Ruach, o alento] E, dito isto, expirou”[seu Neshamah]. –  Lucas 23:46.

  Este enunciado está relacionado com Chesed, o Espírito. A fim de compreender este enunciado, lembremos de que o sistema nervoso central é o trono do Espírito. “E Jeová Elohim formou Adão do pó de Adama e soprou em suas narinas o Neshamah Chaim [a alma de Geburah na Árvore da Vida]; e Adão se tornou uma alma vivente [Nephesh Chaiah – a Shechinah]. Então Adão [como pó] é um produto trino de vida [Nephesh], Espírito [Ruach], e Alma [Neshamah], e pela mistura e união daquilo ele se tornou um espírito vivente, uma manifestação do Divino”. – Zohar.

  “E a Adão disse: visto que atendeste [teu cérebro] a voz [desejo] de tua mulher [a genitália], e comeste da árvore que eu ordenara não comesses: maldita é [Adama] a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado, porque tu és pó e ao pó voltarás” – Gênesis 3: 17-19.

  O pó é formado por partículas de muitas coisas (Hebreu דברים - Debarim). Assim Adão é poeira, דברים Debarim, que significa tanto “palavras” como “coisas”. Debarim, como “palavras” significa todos os arquétipos que caem ao chão (Adama) por causa da fornicação. Assim, pois, Debarim tem de voltar, e como eles voltam? Voltam para cima através da castidade. Estudemos então a sentença uma vez que se trata de uma sentença alquímica que nela necessitamos meditar a fim de compreendê-la. Por isso Jesus gritou em voz alta: “Pai”. A que pai ele se dirigia? À sefira Kether, que é parte da Santíssima Trindade, visto Jesus ser a Sefira Chokmah. Ele diz: “Pai, em tuas mãos eu entrego [Chesed]; meu espírito; e tendo dito isso, ele entregou sua vida [seu Neshamah]”.

  Para melhor entendimento daquele enunciado, leiamos o que o rei Salomão escreveu: ”e o pó volte à terra [Adão], como o era, e o [Ruach] espírito volte a Deus, que o deu”. – Eclesiastes 12:7.

  Daí que quando Jesus pronunciou na cruz: “Pai, em tuas mãos eu entrego meu espírito”, precisamos entender. É o derradeiro processo. Pois ele desce e vai ao sepulcro porque precisa ir para dentro da Terra, ao Klipoth, o inferno, a fim de libertar todos os arquétipos do pó. Salomão diz: “Então para que o pó volte à terra”, e aqui há uma palavra hebraica על, significando “sobre”.

  Então o pó voltará à terra. Que terra? Não se trata desta terra física, mas da Jerusalém Celeste a qual, portanto, ele adentra através da transmutação-transformação no Éden, que se encontra sobre Malkuth. É על, sobre. Voltar à terra! Não a esta terra poluída. “E o Espírito” que é Chesed, retorna ao Elohim; significando que o Espírito, Chesed, volta para juntar-se a Binah Elohim. Isso é a união do Espírito, o רוח Ruach do ser humano com Binah, do mesmo modo como todo o pó já tem retornado ao Éden, que é a terra superior, a Jerusalém celeste – e isto é a chamada ressurreição.

  Dessa maneira estes sete enunciados relacionados com o processo da cruz não são desempenhados somente pela crença em Jesus. É como diz Isaias 42:5;

  “Assim diz Deus, o Senhor [Ha-El Iod-Havah – o Deus Jehovah] que criou os céus e os estendeu, formou a terra, e a tudo quanto produz; que dá fôlego [Neshamah] de vida ao povo que nela está, e o [Ruach] espírito aos que andam nela”.

  Nesse sentido alcançar o nível do sétimo enunciado é um trabalho de alquimia, um trabalho com a cruz alquímica. Do mesmo modo com cada um dos demais enunciados que Mestre Jesus emitiu na cruz, onde todos eles estão relacionados com o trabalho de alquimia que acontece depois de encarnarmos o Messias, o salvador dentro de nós. Tudo aquilo está relacionado com os Mistérios Gnósticos da cruz.

  Ainda que Cristo venha nascer mil vezes em Belém e não dentro de nós, nossa alma estará desamparada. A Cruz no Gólgota, que a tenhamos visto, terá sido em vão, a menos que de novo a fixemos dentro de nós próprios. 

POR UM INSTRUTOR GNÓSTICO 

  Fonte:https://glorian.org/learn/courses-and-lectures/gnostic-mysteries/gnostic-mysteries-of-the-cross

  Tradução Inglês / Português por Rayom Ra

rayomra278@gmail.com

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