quarta-feira, 6 de julho de 2022

Gevurah: Força ou Julgamento.

 

Gevurah: Força ou Julgamento.


A Sephirah Gevurah

Gevurah

Gevurah ou geburah (em hebraico: גבורה, literalmente “Força”), é a quinta Sephirah na Árvore da Vida cabalística e é o segundo dos atributos emotivos das Sephirot. Fica abaixo de Binah, em frente a Chesed e acima de Hod.

Gevurah é “a essência do julgamento e da limitação” e corresponde ao temor e ao elemento do fogo.

No Bahir está escrito “E quem são os Oficiais? Aprendemos que existem três: Força (Gevurah) é o Oficial de todas as Formas Sagradas à esquerda do Abençoado. Ele é Gabriel.”

Gevurah está associada à cor vermelha.

Características e funções de Gevurah

Gevurah é a quinta das dez Sefiroth, e o segundo dos atributos emotivos da Criação.

Corresponde ao segundo dia da criação, segundo o livro do Zohar.

No Bahir, está dito: “Qual é o quinto (enunciado)? Quinto é o grande fogo de Deus, do qual se diz: ‘não mais verei este grande fogo, para que eu não morra’ (Dt 18:16), é a mão esquerda de Deus”.

Gevurah é entendido como o modo de Deus de punir os maus e julgar a humanidade em geral. É o fundamento do rigor, da adesão absoluta à letra da Lei e da estrita aplicação da justiça. Contrasta com Chesed, que é bondade.

Assim, falamos dos principais modos de ação de Deus como sendo a bondade e a leveza às vezes até irresponsável de Chesed, versus a severidade e a estrita responsabilidade.

É chamado de “poder” por causa do poder do julgamento absoluto de Deus.

Gevurah está associada na alma ao poder de restringir o desejo inato de conceder bondade a outros. Isso quando o destinatário desse bem é considerado indigno e passível de usá-lo para o mal.

Ou seja, só se deve ser bom de forma irrestrita com quem é bom. Caso contrário, deve-se aplicar um julgamento que não tem como ser movido pela ternura.

Gevurah é vista como a força que mede e avalia o valor da Criação, Gevurah também é referida na Cabala como Midat Hadin” (“o atributo do julgamento”).

É o poder restritivo que permite superar os inimigos, sejam eles de fora ou de dentro, com as más inclinações do homem, as tentações, os maus desejos, as ambições sem freios.

A ordem angélica dessa esfera é a dos serafins, governados pelo arcanjo Kamael (embora alguns textos cabalísticos também associem esta esfera a Gabriel).

A Qliphah oposta é representada pela ordem demoníaca Golachab, governada pelo arquidemônio Asmodeus.

Chesed e Gevurah agem juntos para criar um equilíbrio interno na abordagem da alma ao mundo exterior.

Enquanto o “braço direito” de Chesed opera para aproximar outras pessoas, o “braço esquerdo” de Gevurah reserva a opção de repelir aqueles que não são dignos, de afastar os que são impuros.

Por fim, o poder de Gevurah se torna o poder e a força para implementar o desejo inato de Chesed.

Somente pelo poder de Gevurah Chesed é capaz de penetrar na superfície grosseira e resistente da realidade.

A bondade não pode chegar ao mundo, decaído pelo pecado, sem passar pela esfera do Julgamento, sem que a humanidade seja julgada merecedora.

Gevurah aparece na configuração das Sephirot ao longo do eixo esquerdo, diretamente abaixo de Binah, e corresponde ao braço esquerdo.

O valor numérico de Gevurah, 216, é 6 vezes 6 vezes 6.

A Torá foi dada a Moisés e Israel, com o texto da Lei, a partir da “Boca da Gevurah”.

É bem significativo que o nome de nenhuma outra Sefirah tenha sido usado pelos antigos sábios para indicar o próprio Deus.

Isso se deu apenas com Gevurah.

Na Bíblia, Deus é referido como “a Netzach (eternidade) de Israel” (Samuel 1 15:29), mas não como Netzach sozinha).

Aqui, Gevurah implica o poder essencial de Deus para contrair e concentrar Sua infinita luz e força nas letras da Torá (especialmente naquelas gravadas nas tábuas da aliança, os Dez Mandamentos).

Gevurah = 216 = 3 vezes 72 (chesed).

Cada um dos 72 nomes ocultos de Deus possui três letras, num total de 216 letras.

E o significado final de cada um dos Nomes de Deus é Sua expressão de amor (Chesed) por Sua Criação.

Cada nome expressa Seu amor de uma maneira única.

E não nos esqueçamos que os componentes de cada palavra e nome, os “blocos de construção” da Criação, são as letras que se combinam para formar as palavras.

E as letras  refletem a Gevurah de Deus.

O Verbo, a Palavra, é luz condensada do Criador.

Fique atento para não ter um entendimento errado sobre Gevurah

Gevurah

A imagem mágica de Gevurah é ade um rei indo para a guerra em uma carruagem puxada por dois cavalos.

Esta Sephirah representa também a capacidade destrutiva da força, a ira de Deus.

Mas esta não é uma Sephirah má ou “pervertida”, como as Qliphoth. Toda Sephirah é importante e positiva.

Afinal, é através da destruição que vem a mudança, e dela vem o progresso. É como a carta da Morte do Tarot.

Essa Sephirah só seria má e pervertida se não houvesse Chesed para equilibra-la.

Quando o Adepto Iniciado transcende para a esfera de Gevurah, ele será reconhecido como Adepto Maior.

Isso porque ele se torna capaz de discernir de forma mais elevada o bem do mal, e de julgar de forma adequada, guiando-se pelo julgamento de Deus, não pelo dos homens.

É nesse sentido que São Paulo diz que devemos ser capazes de julgar até mesmo os anjos.

O arcanjo governante dessa esfera, o Arcanjo Khamael, costuma ser associado a Marte. Que, como sabemos, é o planeta da guerra.

Mas isto não deve ser entendido como destruição pela destruição. Marte é necessário para trazer renovação, para transformar, para purificar exercendo um julgamento severo, mas justo.

Os serafins, os anjos desta esfera, podem ser vistos como serpentes de fogo. Suas virtudes são energia e coragem, e seus defeitos podem ser a destruição e a crueldade, no caso dos serafins caídos das Qliphot.

A experiência espiritual atribuída a essa Sephirah é a visão do poder e da força. É a força e o ímpeto de Deus. É o movimento do poder da criação.

Gevurah e o julgamento de Deus

Gevurah reflete o julgamento de Deus.

Isso é sinônimo do rigor de Deus refletido em Binah e fornece discernimento universal.

O julgamento de Deus estabelece os padrões e limites para tudo o que é criado, e determina a necessidade de foco e disciplina.

O universo se mantém, de certa forma, graças a uma disciplina espiritual cósmica, que dá forma às suas leis, caso contrário simplesmente se desmancharia.

Da mesma forma ocorre nos nossos átomos, que se mantêm coesos graças à disciplina das leis da natureza.

Assim, percebe-se claramente que o que está no macrocosmo ocorre no microcosmo. O que está acima no que está abaixo.